Capitulo um – O acidente

— Oi papai. Mamãe. – Rose cumprimentou os pais, beijando a bochecha de ambos.

— Bom dia, querida. – Sua mãe, Hermione, respondeu com um sorriso, enquanto Rose sentava na enorme mesa para tomar o café da manhã.

— Bom dia, Rosita. – Ronald, seu pai, falou em seguida. Rosita era um apelido que ele deu a filha quando ela era apenas um bebê.

A ruiva pegou um dos copos de vidro disponível na mesa e despejou um pouco do suco de maracujá, sorvendo um pouco do liquido em seguida.

— O que pretende fazer hoje, filha? – Hermione questionou, fingindo desinteresse.

— Vou passar no salão agora pela manhã para escovar meus cabelos, fazer as unhas e as sobrancelhas. Depois vou ao shopping comprar algo pra ir a festa de Lexie. – Contou, partindo um pedaço de bolo e colocando no prato.

— Lexie? – Ronald perguntou.

— Sim, Alexa Nott. Filha de Theodore e Pansy Nott. – Rose esclareceu e os pais assentiram.

— Eu esperava que hoje você me acompanhasse a empresa hoje. Lembra que prometeu semana passada? – A morena a relembrou com um semblante cansado.

— Putz mãe, é verdade. – Bufou ao lembrar da promessa idiota que fez a mãe. – Mas hoje não vai dá. Não posso faltar a festa da Lexie.

— A festa será de que horas? – A mais velha tentou manter-se calma.

— Será ás 22 horas, mas preciso estar fabulosa. Não posso aparecer de qualquer forma, obviamente.

— Mas ainda são apenas oito da manhã, Rose. Dá tempo de ficar na empresa pela manhã e ir no cabeleireiro á tarde. – Rony tentou argumentar para a filha, que sequer prestou a atenção, pois falava com os amigos no celular. Quando ele terminou de falar, o celular tocou e Rose sem se quer se despedir dos pais atendeu o telefone, se levantando da mesa.

— Eu não sei mais o que fazer, Rony. Mais do que tudo queria voltar no tempo e educar essa menina corretamente. Ela só pensa em compras e festas. Nada do que a gente disser vai mudar isso. – Hermione suspirou, massageando a cabeça. O dia mal havia começado e ela já estava com dor de cabeça.

— Eu sinto o mesmo, Mione. Nós erramos demais com ela, e agora Rose já é adulta. Não conseguiremos mais mudar seu comportamento, infelizmente. – Desolado, encarou a parede. Os dois amavam a filha, mais sabiam reconhecer seus defeitos. Rose sempre foi tratada como uma princesinha que tudo que queria conseguia, e grande culpa desse comportamento atual era dos pais.

— Tá tudo bem, família? – Hugo Weasley, irmão de Rose, perguntou confuso ao adentrar a sala e ver seus pais tão tristes.

— Tudo sim, meu filho. Só estamos preocupado com sua irmã. – Hermione respondeu, forçando um sorriso.

— Aconteceu algo com ela? – Hugo indagou assustado.

— Não, não. Nada de novo, pelo menos. – Rony apressou-se em responder.

— Ah, sim. – Hugo respirou aliviado. Nada de novo significava a irresponsabilidade da irmã mais velha. Mesmo sendo dois anos mais novos, com apenas 21 anos, Hugo sempre foi mais responsável que a irmã. Sabia o quanto seus pais lutaram para construir o império que hoje eram donos, e mesmo que ainda estivesse na faculdade de administração, sempre que podia ia até o local do trabalho dos pais para ajudar.

— Bem, não tenho nada de muito produtivo para fazer hoje. Se importariam de eu ajudar vocês hoje na empresa? – Sorriu. Sabia que os pais sempre ficavam felizes quando demonstrava interesse na Empire WG. No fim, todos sabiam que seria Hugo que tomaria conta de tudo após a morte dos pais.

Os pais também sorriram, visivelmente mais felizes.

— Ficariamos muito felizes, querido.

— Só queria que Rose fosse um pouco mais como você. – Hermione suspirou triste. Rezava todos os dias para a filha criar um pouco de juízo.

— Se não formos agora chegaremos atrasados. – Hugo mudou de assunto, propositalmente. Odiava ver seus pais tão arrasados.

— Oh, sim, verdade! – Rony exclamou ao conferir a hora no relógio.

—--X---

Já eram três e meia da tarde quando Rose saiu do salão de beleza. Como previsto tinha escovado os cabelos, feito a sobrancelha, os pés e mãos.  Atualizou também a depilação e fez limpeza de pele. Estava sentindo-se renovada. Seguiu para o estacionamento onde estava seu conversível vermelho que havia sido presente dos pais ano passado. Depois de 15 minutos dirigindo chegou até o shopping onde após três horas encontrou o vestido, sapato e acessórios perfeitos para a noite de hoje.

Tranquilamente voltou para sua casa, indo direto para o quarto. Prendeu os cabelos, tomou um banho relaxante e em seguida começou a se arrumar. Quando terminou de se arrumar já eram dez e quinze, mas não se importou. As festas nunca começavam no horário marcado mesmo.

Ao descer as escadas de casa encontrou seu irmão na cozinha conversando com Grace Stewart, filha do jardineiro. Grace tinha vinte anos e era uma garota engraçada, amorosa e gentil. Estudava na mesma faculdade que Hugo. Obviamente Grace tinha bolsa.

— Oi maninho. – Rose cumprimentou o irmão, o abraçando.

— Oi Rô. Está bonita. – Sorriu.

— Sim. Estou indo para festa de Lexie. Você não vai?

— Não. Essas festas nunca me atraíram. Prefiro ficar em casa fazendo outras coisas. – Olhou de relance para Grace, que corou.

— Tá né, você que sabe. – Rose já tinha desistido de entender o irmão.

— Boa festa. – Desejou.

— Valeu. – Rose agradeceu, saindo de casa.

Em meia hora chegou na casa de Alexia, e não demorou a achar a aniversariante.

— Rose! – Gritou feliz ao ver a ruiva.

— Oi, Lexie. Parabéns. – Entregou o embrulho para a loira, que abriu um longo sorriso.

— Obrigada, amiga. Ah, antes que me esqueça, Luke estava procurando por você. – Piscou maliciosa.

— Umm. Valeu pelo aviso. – Riu, saindo a procura do ficante. Ela e Luke Zambine estavam ficando a um mês, e Rose tinha que admitir que o sexo era maravilhoso.

Antes que pudesse encontrar o moreno, esbarrou em Lilian Potter, sua prima. Ela e Lily eram muito próximas, mas depois que o curto namoro de Lily e Hugo acabou ela se afastou de sua casa.

— Oi Rô. – Sorriu.

— Oi, Lily, quanto tempo!

— Verdade. Acho que já faz uns três meses.

— É, acho que sim. Então, como você está?

— Estou ótima! Estou namorado o Lysander Scamander. – Rose não era boba. Sabia muito bem que a prima falava isso para que Hugo ficasse ciente do fato.

— Que ótimo. Ele é um gato.

— É sim. – E nesse momento Rose viu Luke acenar para ela.

— Então Lil. Vou ter que ir, depois a gente se fala. – E andou em direção até Luke.

— Oi gato. – Beijou os lábios do moreno.

— Oi gostosa. – Ele respondeu após separarem os lábios.

E assim passou a festa. O relógio marcava duas da manhã e Rose, assim como metade da festa, já estava visivelmente bêbada. Mesmo assim ela não quis ficar e dormir na casa da amiga. Mesmo tonta pegou o carro e dirigiu até sua casa. Porém, antes mesmo de chegar, se viu surpreendida ao escutar um grito. Assustada desligou o carro, descendo do mesmo. Atônica, viu o corpo desacordado de uma jovem garota. Sem pensar muito, pegou o celular e ligou rapidamente para a ambulância que não demorou a chegar, junto com a polícia. A garota logo foi para o hospital, e Rose foi submetida ao teste do bafômetro, e ao ver o alto nível de álcool em seu sangue, foi encaminhada para a delegacia.

Em outras circunstâncias ela com certeza tentaria subornar para os policiais, mas estava preocupada demais para isso. Não conseguia acreditar que poderia ter matado uma pessoa. Ela se negava a pensar nisso. Aquela garota estava bem, tinha que estar bem.

—-- X---

Rony dormia quando foi acordado pelo barulho irritante do celular. Grogue de sono, atendeu o celular.

— Boa noite, falo com o senhor Ronald Weasley?

— Sim, é ele. Quem gostaria?

— Sou Scott Carter, delegado. Estou ligando para informar que sua filha, Rose, se envolveu em um acidente de trânsito agora de noite. – Arregalou os olhos, despertando no mesmo momento.

— Ela está bem? – Perguntou nervoso.

— Sua filha está sim. Mais infelizmente ela atropelou uma adolescente.

— Ai meu Deus. Mas ela está bem?

— Felizmente sim. Só está com alguns arranhões e torceu o braço esquerdo. – Suspirou aliviado. – Como sua filha é real primário, ela só terá que pagar uma fiança e será liberada. – Informou o delagado.

— Certo. Obrigado, senhor Carter. Logo estarei aí.

Estava chocado. Sabia que sua filha era irresponsável, mas não ao ponto de colocar a sua vida e a de outra pessoa perigo. Rose estava incontrolável.

— Amor, o que foi? – Perguntou Hermione sonolenta. Rapidamente ele explicou para esposa o que havia acontecido e juntos partiram para delegacia. Pagaram a fiança e Rose foi liberada. Nenhum dos pais queria falar com a filha, estavam decepcionados demais com a jovem. Mesmo sentindo o clima péssimo, Rose precisava perguntar.

— A garota está bem?

— Está. – Rony respondeu grosso. O caminho até a casa foi feito em silêncio.

Rose, exausta, foi para o quarto. Depois de saber que a menina estava bem, conseguiu dormir tranquila. No fim, tudo tinha terminado bem. Pensou aliviada.

Rony e Hermione encaravam em silêncio a parede do quarto. Estavam desolados com toda situação. Então, em pensamento, Rony imaginou como seria fácil se nunca tivesse tido Rose. E mesmo se sentido culpado, pela primeira vez em sua vida desejou de fato nunca ter tido a filha. Sem perceber uma estrela cadente passava no momento e prontamente atendeu o pedido do pai cansado.