Na volta para casa Isaac apertou o interfone e acelerou a moto ate a mansão.
— Você não precisa fazer isso. - Falei depois de descer da moto.
— Preciso sim. - Respondeu descendo tambem.
Caminhamos ate a porta e Alexandre abriu.
— Sr... - Isaac me lançou um olhar.
— Me chame de Alexandre.
— Alexandre queria me apresentar... Você sabe quem eu sou e o que eu sou. Mas queria me apresentar como namorado da sua filha. Isso é se ela aceita namorar comigo. - Seus olhos azuis me observaram e eu revirei os olhos.
— Agora que ele faz o pedido. - Murmurei.
— Um pouco tarde depois das circunstancias não é meu rapaz? - Alexandre perguntou e Isaac ficou vermelho.
— Eu aceito namorar com você.
— Quer ficar para o jantar? - Alexandre perguntou.
— Pode ser... Você é vegetariano tambem? - Alexandre riu.
— Não. Esses dentes aqui servem para comer carne. - Ele debochou e eu entortei a boca.
Os dias se passaram mais rapidos que eu esperava. Conversava direto com Jesse, claro que Isaac não sabia ate por que a primeira vez que Jesse ligou para saber como eu estava, ele teve um chilique.
Entendo o ciume dele. O que Jesse e eu tivemos apesar de não ser tão forte quanto o que Isaac e eu temos, ainda assim foi uma historia. Foi anos de um relacionamento estranho, mas era uma relacionamento.
Nos conheciamos como ninguem. E trabalhávamos melhor que qualquer um principalmente em dupla. Ele me disse que arrumou uma nova dupla, mas claro que não era o mesmo que eu. Que sentia a minha falta. E eu tive que admitir que tambem sentia a falta dele. Não na cama ou como namorado. Mas como um amigo.
Em Los Angeles eu não tinha amigos. Isaac tinha conseguido entrar na faculdade e eu tambem. Estava estudando Artes com ele. Não tinha feito amigos na faculdade e Isaac e eu viviamos isolados do resto do pessoal. Estudar era chato principalmente por que eu não estava acostumada a ficar presa em salas de aula.
Estudar musicas, instrumentos musicais, obras de arte. Tudo era chato na verdade. Eu estava tentando achar um rumo para a minha vida so que a cada caçada que Jesse me contava eu sentia aquela falta corroendo minha pele.
Era como Isaac falou tinhamos as nossas divergências em opiniões. Mas sabiamos muito bem como contornar isso. Parar de falar e tirar a roupa. Brigar não levaria a nada.
Os meses foram passando e outubro chegou. Com ele meu aniversario. Eu não queria festa, mas Alexandre fez questão de fazer uma baile para praticamente a vizinhança toda. Isaac apoiou. Ele e Alexandre tinham se dado muito bem. O que me deixava muito feliz.
Acordei no meio da noite. Era a primeira vez que eu acordava no meio da noite desde que Isaac dormia comigo. De algum jeito os pesadelos sumiram quando eu estava com ele. Acho que era pelo fato de estar entre os seus braços. De me sentir protegida.
Me arrastei para fora da cama, mas os braços de Isaac me prenderam mais contra o seu corpo. Com muito esforço consegui escapar da prisão e levantei. Sua mão seguiu a cama me procurando e ele resmungou algo enquanto dormia.
Sorri vendo aquilo.
Fui no banheiro depois peguei sua camiseta e desci as escadas indo para a cozinha. Estava distraida quando sinto uma aproximação por perto. Me virei rapidamente e encontrei um cara parecido com Alexandre entrando na cozinha.
— Quem é você? - Perguntamos juntos.
Ele apontou o rifle para mim. Revirei os olhos agarrando o cano da arma e socando seu maxilar. Virei o rifle para ele e apontei para ele.
— Eu moro aqui. Quem me deve respostas é você! - Falei.
Isaac apareceu na cozinha vestido com sua calça de moletom e parcialmente transformado. O homem pegou um colt do cos da calça e apontou para Isaac, engatilhei o rifle e coloquei contra a sua cabeça.
— Quer brincar de quem atira primeiro? - Perguntei.
— O que esta acontecendo aqui? - Alexandre parou na porta da cozinha observando a cena.
— Esse maluco invadiu a casa e ainda acha que pode apontar uma arma para nós. - Falei.
— Abaixem as armas. - Alexandre mandou.
— Tem um lobisomem aqui, Alexandre.
— Se você não tivesse falado eu nem notaria.
— Você conhece ele? - Perguntei e Alexandre revirou os olhos.
— Ele é meu irmão. Abaixa a arma Alan.
— Quando a loira abaixar a dela tambem.
— Primeiro você. - Cutuquei sua nuca com o cano da arma.
— Abaixem as armas agora! - Alexandre gritou.
Ambos abaixamos as armas e Alan nos encarou. Me senti meio envergonhada por que estava nua por baixo da camiseta.
— Esta abrigando lobisomens agora?
— Ele é meu genro. - Alexandre respondeu.
— Genro? Você tem uma filha?
— Longa historia. Katrina e Isaac subam. Esta tarde e vocês não estão muito vestidos.
Entreguei o rifle para Alexandre e subi as escadas com Isaac na minha cola.
Assim que entramos no quarto Isaac trancou a porta e me encarou.
— Você sabia que ele tinha um irmão?
— Não sei muito sobre a familia de Alexandre. Nunca perguntei.
— O que sera que ele esta fazendo aqui?
— Visita de familia não é. Consegue ouvir alguma coisa?
— Alexandre esta contando sobre você.
— Vamos trocar de roupa e descer. - Ele assentiu.
Tomei um banho rapido e vesti uma calça jeans verde escuro com bolsos nas coxas, uma regata verde escura tambem. Coloquei um colete jeans e calcei meu tenis.
Esperei Isaac e descemos as escadas juntos. Quando chegamos a cozinha Allan levantou e se aproximou estendendo a mão para mim.
— Prazer sou Allan.
— Katrina Argent. - Falei apertando sua mão.
Ele lançou um olhar para Isaac e se afastou.
— Um pouco de educação e respeito seria bom. - Falei colocando as mãos na cintura.
— Pessoas como ele não merecem isso se é que posso chama-la de pessoas.
— Se não quiser ter meu punho enfiado na sua cara ou uma bala no seu peito é melhor começar a trata-lo melhor.
— Katrina. - Isaac falou e eu o encarei. - Eu vou subir e esperar no quarto.
— Não acredito que deixou coisas como ele ficar aqui.
— Eu ja tive pessoas como ele aqui dentro Allan. A casa é minha e aproposito Isaac pode ficar. Meu irmão não recebeu a mesma educação que eu por que não fomos criados juntos.
— Isso não justifica. - Falei. - So por que ele teve uma má educação não precisa segui-la para sempre.
— Ela é filha da Kate mesmo. - Murmurou lançando um olhar para Alexandre. - Não sei como você suportava aquela mulher infernal. Sem ofensas.
— Não ofendeu. Ela era infernal mesmo. - Falei.
Nos sentamos a mesa com eles.
— Allan esta de passada. - Alexandre respondeu. - Esta indo caçar algumas coisas no Mexico e resolveu passar por aqui antes de cruzar a fronteira.
— E pedir a sua ajuda é claro. - Allan falou e Alexandre revirou os olhos.
— O que você esta caçando? - Perguntei interessada.
— Algumas pessoas andaram sumindo em uma região. Sempre no mesmo mes. Na mesma cidade. Na mesma epoca do ano.
— Dia das bruxas. - Murmurei e ele assentiu.
— Vejo que você saiu da Caçada, mas a caçada não saiu de você. Qual seu status na Caçada?
— Primeira dupla em Caçada com um amigo. E comandante em qualquer missão de grupo. Primeiro lugar em tiro ao alvo. Eu não vou contar tudo o que ja fiz. Mas saiba que eu era muito boa.
— E arriscou isso tudo por ele. - Allan apontou para Isaac que se remexeu na cadeira.
— Quando se vale a pena a gente arrisca. Talvez um dia você entenda. Ou morra como a minha mãe sem um pingo de amor no coração.
— Eu devo dizer que gostei dela.
— Não posso dizer o mesmo de você. - Devolvi e ele gargalhou.
Alexandre levantou e foi preparar o café.
— Não vai ficar para o café? - Perguntei quando Isaac levantou.
— Eu meio que to sobrando aqui. E tenho aula extra hoje. Nos vemos mais tarde. - Ele beijou minha testa e saiu da cozinha.
Lancei um olhar mortal a Allan.
— So pra você saber. Não pode intimida-lo. Eu moro aqui, você não. Ele continuara vindo aqui.
— Eu nunca disse que não poderia.
— Ate por que você não manda em nada aqui.
— Não vou trata-lo melhor. E ele não ta interessado nisso.
— Ainda bem que você sabe que ele não se interessa na sua opinião de merda.
— Eu duvido que você não tivesse essa opinião ou ate pior antes de conhece-lo. - Abri minha boca para discutir, mas a fechei de novo e ele riu. - Eu sabia.
— Katrina? - Alexandre falou e eu o encarei. - Vou sair por uns dias com Allan para caçar. Sei que vai ficar bem. Isaac falou que Derek volta em breve.
— Sim. Ele encontrou Cora, mas não a convenceu a voltar.
— Sim. Se caso se sentir sozinha aqui va ficar na casa deles.
— Ok.
— Eu voltarei antes do seu aniversario. - Assenti.