Após ser praticamente obrigado pelos amigos a baixar um aplicativo de relacionamento e finalmente sair da seca, Tomioka Giyuu baixou o tão falado Tinder. A primeira vez usando o aplicativo foi muito confuso e empolgante ao mesmo tempo, nunca pensou na vida que usaria esse tipo de coisa para encontrar alguém para dar uns beijos.

E lá estava ele, com uma cara de tédio, arrastando o cardápio humano para a esquerda repetidas vezes, até parar na imagem de um homem atraente de lindos e exóticos olhos heterocromáticos mistérios. Logo que seus olhos pousaram no homem, se interessou de imediato. Arrastou para a direita e surpreendeu-se com o match.

A conversa com ele era muitíssimo interessante, descobriu que seu nome era Iguro Obanai e era um veterinário de 25 anos. O primeiro encontrou foi em um café próximo ao trabalho de Giyuu, os dois foram usando preto, o que chamou atenção de todo mundo ao redor, que se perguntavam se eles estavam voltando de um velório, pois só assim para usar essa cor no calor de 35°.

Se conheceram melhor e tiveram uma conversa tranquila sem se importar com os olhares nada discretos. Giyuu descobriu que assim como ele, Obanai não era tão sociável, contudo, diferente dele que sempre foi tranquilo e introvertido, Iguro se irritava facilmente e não ficava calado quando algo o desagradasse. No fim da noite, o beijo foi a certeza que a química entre eles era perfeita e deixou os dois ansiando para o próximo encontro.

Saíram mais algumas vezes, mas não passaram de algumas conversas e beijos. Após um mês e três encontros, chegou o fatídico dia que Iguro Obanai fez a proposta que deixou Tomioka Giyuu confuso:

“Você quer vir hoje aqui em casa conhecer a minha cobra?”

Giyuu leu a mensagem no WhatsApp e, como o bom lerdo que era, não entendeu nada. Como assim conhecer a cobra do Obanai? Tomioka tombou a cabeça em confusão como um filhote e encarou o celular durante um tempo sem saber o que ele queria dizer, muito menos o que responder. Decidiu tirar print e mandar para sua melhor amiga Shinobu.

“Caralho, Tomioka-san, que lerdo! Ele 'tá falando aquela cobra! Sabe? Malaquias, pau. Se joga, sai dessa seca aí.”

Aquela cobra?!

A boca dele fez um “O” perfeito. Pensou por um momento e digitou a mensagem:

“Claro, mal posso esperar para conhecer sua cobra”

Logo veio a resposta:

“Você vai gostar dela! Mas vou logo dizendo para não se assustar, é grande.”

Tomioka se animou de imediato, pensando que havia tirado uma sorte grande. Foi até a farmácia aparentando calmaria, mas por dentro praticamente saltitava de alegria só de imaginar a cobra do Obanai.

Comprou lubrificante e camisinha néon, já imaginando o grande sabre de luz verde de um jedi. Seu desejo foi realizado! Que sorte!

Foi para a casa de Iguro, um apartamento no centro da cidade. Ao chegar, foi recebido com um abraço e um selinho. Assim que ele fechou a porta, Tomioka partiu para cima iniciando um beijo e o pressionando contra a parede.

— Então, vamos conhecer essa cobra. — Sussurrou no ouvido.

Obanai começou a rir e Giyuu ficou sem entender nada.

— Sim, você veio aqui conhecer a minha cobra.

— Era o que estávamos prestes a fazer.

— Sim, mas a minha cobra tá ali. — Ele apontou para um canto da sala, onde estava o sofá.

Tomioka seguiu o dedo e viu uma serpente albina deitada tranquilamente entre os travesseiros.

— Só que é esse tipo de cobra.

Nesse momento, desejou ser um avestruz e enfiar a cara na terra para toda a eternidade. Seu rosto ficou tão expressivo como nunca foi antes, estava tão vermelho que se fosse possível nunca mais olhava na cara de Iguro novamente.

— Olha a sua cara! — Ele gargalhava mais, o que deixava o outro ainda mais sem graça. — Mas tudo bem Giyuu, eu posso te mostrar a outra. — Deu um sorriso malicioso.

Cometeu um engano, mas não se arrependeu.

A cobra do Obanai era grande mesmo.