Era seu aniversário. Sanji escutava todos cantando parabéns alegremente, comemorando aquele dia tão especial. 

Sentia as lágrimas pesadas caindo de seus olhos e molhando todo seu rosto. Não conseguia enxugar os olhos, a máscara de ferro não deixava. Não, os parabéns que ouvia não eram para ele. Para ele, havia apenas a dor de uma cela fria e imunda. Todos comemoravam o aniversário de seus irmãos gêmeos no palácio. 

O dia em que alguém nasceu. Tinha uma razão de ser comemorado. A celebração de mais um ano de vida. Mais um ano de existência nesse mundo.

Às vezes, chegava a cantar parabéns sozinho. Em sua voz fraca e desafinada. Fingir que alguém no mundo queria sua felicidade e bem-estar.

Às vezes, chegava a concordar com eles. Odiava aquele dia. Odiava a si mesmo. Odiava o dia em que teve a infelicidade de nascer naquele mundo que não o queria.

Naqueles momentos ele desejava sumir, desaparecer. Para sua família, era fácil ignorar sua existência, era tão simples apenas fingir que aquela falha nunca havia nascido. Sanji desejava que fosse tão fácil assim para ele mesmo. Não aguentava mais o peso da sua cabeça presa naquela máscara, não aguentava mais o cheiro dos trapos imundos que vestia, não aguentava mais a própria existência. Só queria desaparecer. Ou quem sabe nunca ter existido. Se naquele dia apenas seus três irmãos tivessem nascido, tudo seria bem melhor.

Nunca desejava nada em seus aniversários patéticos, pois sabia que não se concretizaria.

Agora, não desejava nada, pois já tinha absolutamente tudo que poderia querer. Tinha duas famílias maravilhosas e uma grama, e isso era suficiente. A única coisa que faltava, seu sonho, ele conseguiria eventualmente. 

Seu capitão sempre exigia uma grande festa para ele em seu aniversário e, mesmo que soubesse que Luffy estava pensando mais na comida do que em tudo, ainda assim se alegrava. Ele amava saber que ele era necessário, que o capitão achava sua comida a melhor do mundo, que o achava indispensável. Que iria até onde fosse preciso para tê-lo em sua cozinha.

Todos os outros membros do bando comemoravam e lembravam do seu dia especial. Comemoravam o fato dele estar vivo. E até mesmo ele se de vez em quando deixava acreditar que deveria viver.

Até mesmo Zoro, que esquecia o próprio aniversário todo ano, que não sabia nem que dia da semana era na maioria dos dias. Zoro também lembrava. Sanji se sentia muito idiota por ficar tão feliz por algo minúsculo. Por ficar emocionado com as tentativas ridículas de presentes daquele brutamontes sem noção.

Mas, se sentia a pessoa mais especial do mundo por isso. Porque aquela era a única data que o marimo lembrava. De todos os 365 dias do ano, apenas o seu. De todas as pessoas do mundo, apenas ele.