My heart with you escrita por Lux Noctis
Notas iniciais do capítulo
My heart with you - The Rescues
“My love, the reason I survive
Trust we'll be together soon
Should our fire turn to dark
Take my heart with you”
Via-o dormir, assistia como a quem decora a mais bela performance dos artista. Como se o ressonar baixinho fosse melodia a seus ouvidos em meio à noite escura quando nada mais que a luz da lua invadia a fresta da janela projetando-se ao chão.
O futon tinha espaço para dois, mas preferiu deitar-se no chão gélido como se ele pudesse aplacar em partes o calor que trazia no peito; inútil, soube depois. Levou a destra a tocar os fios escuros do cabelo de Hashirama, lisos e sedosos, pesados, ele sabia. Macios e cheirosos, constatou ao tocá-los de novo aquela noite, brincando com uma mecha entre o indicador, médio e polegar. Distraído de todo o resto que não fosse ele.
Tinha a vontade de deitar-se mais perto, de pousar a cabeça em seu peito e dormir tranquilo enquanto ouvia as batidas do coração do mais velho, mas não o fez. Não porque se o fizesse perderia de vista o discreto e quase imperceptível sorriso que Hashirama dava quando o cabelo esvoaçava pela brisa leve e lhe tocava o rosto.
Queria tocá-lo mais, por isso largou a mecha sobre o futon e desceu os toques suaves desde o ombro coberto pela veste, passando pelo braço, antebraço e lhe tocando o dorso da mão, o vão entre os dedos semi-estáticos sobre o lençol. Sentia o calor da pele, em comparação à sua, Hashirama sempre era quente. Como o brilho do sol naqueles olhos castanhos e pele amorenada, ou a quentura dos gestos afetivos para com seu povo e sua família. Quente, porque amor era calor, e ele emanava até pelos poros.
Tobirama cessou. Travou a respiração à meio caminho dos pulmões, o peito sequer mexia-se. Hashirama agora detinha os movimentos ao se mover, virando-se no futon como se seu corpo soubesse que não estava a sós, virando-se para encarar — mesmo que de olhos fechados — o rosto pálido de Tobirama. O ressonar voltou suave, assim como a respiração de alívio do mais novo a voltar a acariciar os dedos do irmão em meio ao sono, sem jamais tirar os olhos da feição serena de quem talvez tivesse um sonho bom.
Tornou a subir a mão, as falanges roçando a pele alheia de modo suave, impedindo que fosse de fato perceptível a quem dormia tranquilo, sabendo-se seguro em casa. A pele quente convidava-o a mais, assim como o torso levemente exposto pela posição à qual agora ele dormia. O coração batia forte ao peito, os lábios eram sedosos quando tocados por seu polegar enquanto os demais dedos acariciavam-lhe a maçã do rosto com esmero. Respirou fundo, inclinou-se na direção dele para selar os lábios, casto e apaixonado como nunca antes em toda a sua vida. Tudo resumia-se a ele. Todas as atitudes de Tobirama resumiam-se a buscar fazer Hashirama feliz, porque o amava, muito mais do que um irmão ama o outro. E tinha a certeza disso enquanto sentia seus lábios prensados aos dele, sentia o calor no peito não apaziguar com o chão gélido. Tocava-lhe o rosto e sequer notava que colocava uma mecha de cabelo atrás da orelha dele, tão afetuoso em seus gestos, tão apaixonado e perdido.
Afastou-se porque sabia que era o correto no momento, mas manteve-se no chão, deitado de lado enquanto observava o sono tranquilo do irmão que em breve casaria para dar continuidade aos Senju, assim como o esperado e previsto para ele. Era o fogo do amor virando aos poucos escuridão em seu âmago. Soterrado e impossível. Levantou-se então, descrente de uma vida verdadeiramente feliz ao lado de quem tanto amava. Mas vislumbrou o quarto mais uma vez, os cabelos escuros espalhados sobre o futon, o semblante de quem sonhava.
Pela manhã, meditava. Não que fosse de seu feitio, mas o fazia vez ou outra, ou tentava enquanto mantinha as pernas cruzadas a encostar o chão de madeira polida. Respirava fundo e lentamente, tomando para si a brisa matinal enquanto ouvia os passos se aproximarem lentamente.
— Chá? — Hashirama ofertou, sentando-se ao seu lado, deixando ali a bandeja com o chá para dois.
Olhou-o de esguelha, vendo o sorriso discreto tomar os lábios após um gole de chá.
— Teve uma boa noite de sono?
— Ah sim, uma das melhores — comentou voltando a saborear o chá quente, ofertando o que estava ainda na bandeja para Tobirama.
— Sonhou? Sempre fica bem humorado quando sonha.
— Sempre sonho com a mesma coisa. Um beijo.
O olhar perdido não fora notado, a atenção que dava a ele era extrema, mas isto, ah, também não era tão bem percebido quando Tobirama tinha feições duras como o gelo.
— Presságio?
— Não. Apenas um sonho. Um dos que nunca poderei realizar.
— Não sonha com o beijo de sua noiva? — O chá pouco o atraia, mas bebia-o mesmo assim.
— De certo que não, mas os lábios com os quais sonho, jamais poderei ter, Tobirama. Mas não impeço-me de sonhar. Um dia, quem sabe.
A verdade é que nunca tiveram a chance, que não às noites as quais o amor vencia os limites auto impostos por Tobirama. Talvez na eternidade do não mais existir, enfim teriam sua chance.
“I sailed a thousand ships in search of you
Traveled to distant land
I dove for sunken gold
I took what I could hold
But you're still the greatest treasure
I've held in my hands”
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That's all folks!