Affectio escrita por vitto


Capítulo 1
Maldito Lobo | Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Aqui estou eu trazendo uma fic que originalmente era uma PWP e virou um fluffy! O mundo é cheio de surpresas, né.
Essa história foi postada no Social Spirit e no Wattpad também, o link para a minha conta nesses sites está aqui no meu perfil ⟡❤
Gosto muito de Sterek e dessa fic, espero que gostem também!
Até as notas finais; boa leitura

— v i t t o -



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Sem Kanimas, sem Pack de Alfas, sem Druida do mal e sacrifícios humanos. Stiles quase poderia respirar e dormir bem novamente se não fosse o fato de que seu melhor amigo ainda era um lobisomem, o Nemeton tivera sua magia renovada (o que indicava que a qualquer momento algum ser sobrenatural poderia dar as cara em Beacon Hills e querer matar todo mundo) e o jovem Stilinski fora possuído por um Nogitsune há um tempo, o que causara diversos problemas - como a morte de Allison.
Ainda se sentia mal, sentia-se incapaz de ajudar os amigos e se achava o causador dos problemas. Mas estava se esforçando, o sarcasmo nas alturas enquanto fingia não se afetar com os acontecimentos passados, mesmo que algumas noites acordasse quase sem ar devido algum pesadelo, ou com seu pai, acordado pelos gritos, o acalmando.
Eles agora eram uma espécie de pack, Scott era o Alfa genuíno e ninguém tinha problemas em aceitá-lo como seu alfa -mesmo que Stiles não entendesse muito bem como funcionam os sentimentos dos lobisomens em relação à isso. Deaton era o conselheiro da pack, além de médico de lobisomens nas horas vagas. Derek estava mais próximo de todos, até mesmo de Stiles.
O Hale e ele conversavam mais e não tentavam se matar ou insultar a todo momento. Sabiam que ambos eram quebrados e estavam tentando não se quebrar mais ainda, talvez até ajudando um ao outro a juntar seus pedaços.

 

I


Stiles estava em seu quarto, o laptop na mesa e sua mente concentrada em ler as palavrinhas disponíveis na aba aberta. Era um post sobre transformação completa de homem para lobo.
— O que está lendo? — Stiles quase caiu da cadeira, enquanto virava-se rapidamente apenas para ver Derek ali, com aquela cara de quem chupou limão, um sorrisinho mínimo nos lábios como quem se diverte com a situação.
— Você está se divertindo com a minha quase-morte? — Stiles perguntou ácido, mas deixando um riso escapar. — Já disse para não fazer isso, Sourwolf. Existe algo chamado porta, que é por onde pessoas normais entram, não pela janela!
— Stiles.
— Quê?
— Cala a boca.
Derek sentou-se na cama do garoto, enquanto o outro o olhava indignado.
— Você está na minha casa, seja gentil. — O lobisomem revirou os olhos. — Diz logo o que você quer. — Stiles voltou sua atenção para o laptop.
O homem não respondeu. Stiles virou-se para olhá-lo novamente, e encontrou-o deitado na cama como se esta o pertencesse.
— Qual é, Sourwolf. Minha cama vai ficar com cheiro de cachorro sujo, sai daí. — Alfinetou, ouvindo um rosnado em resposta e engolindo em seco. Derek não era uma boa pessoa para se estressar. Lembrava-se de quando o lobisomem ameaçara estraçalhar sua garganta com as próprias presas.
Mas que diabos, pensou, andando em direção a Derek.
— O que aconteceu para você vir parar aqui?
— Não sei.
— Como não? Algo deve ter acontecido, desembucha.
— Não sei como vim parar aqui, — murmurou — eu só... Peguei o carro e estava em frente à sua casa, do nada.
— Você fez uma rota automática? — Indagou o jovem Stilinski. — Por que minha casa é uma rota automática para você?
Derek o encarou.
— Não sei.
Stiles mexeu nos cabelos, olhando confuso para o mais velho.
— Você está bem? — Perguntou.
Derek olhou para o chão mordendo os lábios e sem responder.
Não, Stiles respondeu a própria pergunta, nada bem.
— O que aconteceu, Derek? — ao chamado do seu nome, levantou os olhos até encontrar os do garoto. Stiles o chamara pelo nome, nada de apelidos bobos e sarcásticos, o tom de voz sério e o coração aumentando a batida. Preocupação? Derek indagou em sua mente. — Por que está sorrindo?
O lobisomem fechou a cara no mesmo momento, olhando para o lado oposto ao rosto do garoto. Por que sorrira com o pensamento de Stiles se preocupar com ele? Eram uma pack agora, óbvio que se preocupariam uns com os outros.
Sentiu um gelar em sua bochecha e se assustou: Stiles estava com as costas da mão direita em sua pele, daí vinha o frio. Derek sentiu seu interior se agitar com o súbito toque, seu lobo estava inquieto.
— Bem, você não está com febre. — Stiles concluiu, passando a mão pelo rosto alheio, se demorando na testa — Na verdade, eu nem sei se lobisomens podem ficar com febre. Digo, esse lance de cura e essa fodendo imunidade, vocês podem ficar com febre? Se usarem wolfsbane em vocês, isso pode acontecer? Porque aí vocês ficam…
Stiles parou de falar ao sentir a mão de Derek sobre a sua própria. Abaixou a cabeça, tentando tirar sua mão do rosto do outro, mas o lobisomem agarrou-a.
Sourwolf?
Stiles engoliu em seco ao ver as íris de um azul gélido no lugar do típico verde. Ouviu o rosnado que saiu do fundo da garganta do homem em sua frente e paralisou.
Se surpreendeu ao ter o rosto tocado pelas mãos de Derek, o azul ainda em seus olhos. E sentiu o coração querer rasgar sua pele ao ver a movimentação do lobisomem, suas testas quase se encostando.
Ai meu Deus, gritou a voz na mente de Stiles.
— Der-.
Os lábios de Derek pressionaram os seus bruscamente.
Stiles sentiu-se dormente, a mente mal processava o momento, e quando finalmente conseguiu entender o que ocorria, empurrou Derek do jeito que podia e se encolheu para longe.
— Ai meu Deus. — Murmurou. — Que merda você está fazendo, seu lobo estúpido?
Os olhos azuis se voltaram para Stiles. O lobisomem se aproximou novamente e puxou o queixo do garoto para olhá-lo. Encostou suas testas, enquanto o Stilinski engolia em seco novamente, até colar os lábios aos do mais novo lentamente.
Stiles amoleceu outra vez, sentindo uma das mãos de Derek segurar os fios em sua nuca com força. Gemeu com o toque, repreendendo-se mentalmente em seguida. Seus lábios foram abertos facilmente pelos do homem agarrado a si e sua língua foi tocada com agilidade e desespero pela de Derek.
Estava sem ar. Empurrou o lobisomem e puxou o máximo de oxigênio que podia colocar em seus pulmões.
— Derek vai me matar. — Se encolheu com a ameaça de movimentação alheia. — Fica aí! Derek vai acabar comigo quando voltar a si, e a culpa é sua! Cachorro mau.
Maldito lobo, Stiles pensou.
O homem fechou os olhos, virando o rosto em direção à bela lua que era visível no céu. Quando voltou seu olhar para Stiles, o verde hermético estava de volta. O filho do Xerife fez menção de se afastar, e choramingou ao sentir o aperto da mão de Derek em seu braço.
— Me desculpe. — Stiles olhou surpreso para o homem. — Lua cheia, eu… Perdi o controle, meu lobo… Não sei o que houve.
Stiles acenou e se encolheu mais ainda.
— Vou embora. — Derek anunciou.
— Ok.
— Tchau.
O Stilinski não respondeu. Não saberia o que falar, de qualquer forma.
Derek ficou um bom tempo sem falar direito com Stiles. Estava com vergonha do que fizera, do que seu lobo fizera. Não entendia a agitação que seu interior ficava ao estar perto de Stiles, não entendia porque seu lobo parecera tão domável aos toques dele.

Mas o Stilinski agia como se estivesse tudo normal entre ele e Derek, por isso o lobisomem se rendeu e voltou a falar com o garoto normalmente. 

 

II

Stiles estava cansado, a culpa se alastrava por seu corpo. Tirava várias noites sem conseguir dormir para se remoer e chorar. Todos os problemas eram culpa dele. Sua mãe morrera por culpa dele. Allison morrera por culpa dele. Tudo era culpa dele, porque ele era fraco. O Nogitsune se apossara de seu corpo porque Stiles era fraco, inútil. Ninguém iria desconfiar de um moleque magricela como ele, certo?
Estava encostado no canto da parede adjacente à porta; enfiou a cabeça entre os joelhos e praguejou quando as lágrimas começaram a cair.
— Você está fedendo. — Stiles travou, levantou o rosto e viu Derek parado perto da janela. — Consigo sentir esse cheiro de longe. De tristeza.
O Stilinski voltou a si, virou o rosto para o lado e limpou as lágrimas.
— O que você está fazendo aqui?
— Scott disse que você parecia mal. — Comentou.
— Ah, ele disse? Você acha que pareço mal? Porque acho que estou a mesma merda de sempre. — Stiles atacou com escárnio.
Derek se calou. Você parece péssimo, quis dizer, mas se conteve, porque tudo que Stiles não precisava agora era de sua sinceridade rude.
— Por que está assim? — o lobisomem ousou perguntar.
— Por que você acha que estou assim? — O garoto se remexeu contra a parede e suspirou.
— Allison?
Stiles o olhou, a culpa faltava escorrer de suas orbes castanhas.
— É tudo minha culpa, Derek. Sou sempre eu, sempre dá errado porque eu estou envolvido.
— O que você está falando? Não foi culpa sua, Stiles! — Derek rosnou as últimas palavras, e Stiles choramingou, se empurrando contra a parede e tentando conter as lágrimas.
Derek se aproximou e ajoelhou no chão, em frente ao corpo do garoto. Segurou o rosto alheio com as duas mãos, grandes e ásperas, e sorriu. Derek Hale sorriu.
— Não é sua culpa. De jeito nenhum pense nisso. Você é incrível, Stiles. Já salvou nossa pele várias vezes.
Stiles assentiu timidamente.
— Meu pai está bebendo muito ultimamente. — Comentou, desviando o olhar. — Está tão difícil, Sourwolf.
— Eu sei que sim. — Derek não queria soltá-lo, porque se sentia confortável tocando-o. Sentou no chão, as pernas uma de cada lado aos pés de Stiles. Se pegou acariciando o queixo do Stilinski.
Obrigado”, viu o garoto murmurar sem som, deixando a cabeça ser apoiada pela mão carinhosa de Derek. O garoto estava um caco.
Stiles dormiu encolhido contra a parede, mas acordou na cama, embrulhado em seus lençóis.   

 

III

 

Estava no fim da tarde. Stiles estava em seu quarto. John estava ali também. E isso era péssimo.
— Eu já disse que-
— Cale a merda da boca quando eu estiver falando, Stiles! — John cuspiu, a voz reverberando pelo aposento. — Eu estou com problemas na polícia! É difícil explicar aquele bando de casos medonhos, e você está se afundando nessa porra de quarto!
— Você precisa tomar um banho gelado. — Stiles falou.
— Eu não preciso da porra de um banho, Stiles! Eu preciso que você faça alguma merda, que você aja! — John gritou, levantando a mão numa ameaça quando o garoto ousou andar.
— Pai…
— Que inferno! — John falou, embolando as palavras. — Eu odeio você, odeio o que você está fazendo conosco! Odeio como destruiu sua mãe, me destruiu e está se destruindo!
Stiles sentiu os tapas estalarem em seu rosto, os socos indo para as costelas e empurrou o pai.
— Vai pro banheiro! — Stiles vociferou, empurrando o homem porta adentro, e mais um pouco até o box.
Ligou a água fria e deixou-a cair em cima do Stilinski mais velho. John se debatera o caminho todo, e continuou até estar encharcado e com frio, o que rendeu a Stiles dores, hematomas e arranhões e cortes no rosto e nos braços.

O garoto conseguiu enfiar o pai na cama, trocou de roupa -porque a sua estava toda molhada- e pegou as chaves do Jeep. Saiu de casa quase correndo e dirigiu feito um louco.
Parou no loft. De todos os lugares, o loft.
Desceu do Jeep desnorteado e foi até o portão metálico. Bateu algumas vezes, o pulso fraco. Tinha um nó de lágrimas presas em sua garganta, os ouvidos zumbiam todas as discussões que tivera com o pai ultimamente.
— Vai ficar aí? — Ouviu Derek perguntar e levantou os olhos. Péssima escolha.
Os olhos verdes, profundos e enigmáticos, o encaravam tão fortemente que Stiles se sentiu ainda mais vulnerável. — Entra.
Stiles assentiu e se pôs dentro do loft. Continuava o mesmo que se lembrava: poucos móveis, uma cama posta perto da enorme janela de vidro que dava vista para os prédios, um sofá em um canto, uma bancada para a cozinha estilo americana.
— Você comprou uma TV? — Observou Stiles, olhando para um móvel novo perto do sofá, que abrigava em si uma televisão média, que parecia muito boa.
— É. — Concordou o lobisomem. Sentiu um aroma de dor vindo de Stiles e olhou-o. — O que aconteceu? Você está todo machucado.
— Não é nada, está tudo bem.
— Stiles, mesmo que você seja bom em mentir, eu ouço o seu coração. Literalmente. — Derek disse calmamente.
— Ok. — Pareceu pensar, dando de ombros — Discuti com meu pai. Ele tava bêbado, e aí ficou gritando comigo. Enfiei ele debaixo de água fria, e ele parecia um gato querendo fugir de um banho.
Derek assentiu em um movimento de cabeça e puxou Stiles para a cama, perto da janela. Não falou mais nada, não perguntou mais nada a não ser se ele sentia dor em algum lugar. Stiles respondeu-o onde doía, e viu Derek segurar sua mão e as veias negras surgirem na pele do homem, pegando um pouco da dor de Stiles para si. Mas sabia que a pior dor ele não conseguiria tirar. Sua mente estava um caos, e Derek não podia consertar isso.
As mãos se soltaram lentamente. O Stilinski olhou Derek nos olhos, e sentiu a enxurrada de lágrimas presas vindo à tona.
Stiles abaixou a cabeça instintivamente e levou as mãos ao rosto, tentando parar de chorar e limpando as lágrimas.
— Você pode chorar. — Derek disse baixo — Não precisa esconder, garoto.
O Stilinski negou com a cabeça, escondendo o rosto de todas as maneiras. Derek o surpreendeu puxando o corpo magro contra o seu, e Stiles se permitiu chorar mais, escondendo o rosto no vão do pescoço do lobisomem, que o abraçou tentando confortá-lo.
O filho do Xerife se agarrou à camisa de Derek e ficou ali, mesmo depois que suas lágrimas acabaram.
— Obrigado. — murmurou abafado contra o corpo alheio. Derek não respondeu; acariciou os fios castanhos do garoto com um carinho que Stiles não sabia que existia no homem. Bem, óbvio que Derek podia ser carinhoso; tratava Cora muito mais ternamente que os outros, mas ela era sua irmã, por isso Stiles se surpreendeu com o toque direcionado à si.
O Stilinski, que não tinha uma noite decente de sono há dias, relaxou o corpo e fechou os olhos. Derek era como uma cama quentinha e confortável, que abraçava o garoto e convidava-o a adormecer.


Acordou com um barulho de metal arrastando e se mexeu na cama, que constatou larga demais. Aquela não era sua cama!
Stiles abriu os olhos e se sentou num pulo, olhando para os lados atentamente. Quando percebeu que estava no loft, pôde respirar com mais calma; se lembrou de como chegara ali e como Derek o ajudou.
O barulho que o acordara era a porta do loft sendo fechada pelo lobisomem, que carregava algumas sacolas.
— Você acordou. — Derek disse, ao parar com os olhos no filho do Xerife. O garoto quase soltou uma resposta sarcástica automaticamente, mas se conteve; Derek o ajudara quando chegou na casa dele do nada, chorando, não era justo agir daquela maneira, mesmo que fosse algo natural seu.
— É. — se contentou em responder, levantando da cama. — Por que tantas sacolas?
— Eu comprei algumas coisas para comermos.
Stiles sorriu minimamente. Se sentia acolhido, mesmo que Derek ainda tivesse em seu rosto aquela carranca séria.
— Obrigado, Sourwolf.
O lobisomem se limitou a um olhar de afirmação; nunca fora de muitas palavras, afinal.
— Não sabia que você cozinhava. — começou Stiles.
— Achava que eu só comeria em fastfoods e restaurantes?
— Algo parecido. — confessou. — Pensei que quem cozinhava era Cora.
Derek balançou a cabeça, entendendo o pensamento do garoto. - Eu quem fazia isso. Minha mãe me ensinou essas coisas quando eu era mais novo, e por Cora ser minha criança eu cuidava dela quando estava aqui.

Minha criança, Stiles riu em pensamento com o termo.
Cora tinha ido embora. Decidiu viajar, resolver alguns problemas, conhecer pessoas novas.
— Nunca pensei que você seria tão preocupado com alguém. — Stiles falou. — Mas ela é sua família, então…
— Você também é importante. — Derek falou sem perceber. Stiles engasgou de surpresa e o homem tentou consertar: — Vocês da pack estão se tornando uma família para mim também.
— O Sourwolf tem sentimentos, então? — Stiles ironizou, tentando se recompor.
Derek rosnou, mas Stiles incrivelmente não se sentiu ameaçado com aquilo.
Comeram macarrão e verduras. Stiles suspirava dramaticamente sempre que colocava mais uma garfada na boca, e Derek revirava os olhos de quando em quando, deixando um sorriso de canto pairar nos lábios.
— Obrigado. — Stiles disse, terminando de colocar os pratos na secadora. Derek o olhou questionador, e o garoto sorriu. — Por me ajudar. Obrigado. Eu apareci aqui do nada e você me deixou ficar e tudo mais.
O lobisomem balançou a cabeça, murmurando algo.
— Eu só fiz o que era certo. — Disse por fim.
— Meu Deus do céu, homem, aceite meu momento de gentileza. — Stiles rebateu, deixando um sorriso escapar no final.
Derek deu de ombros, passando pela bancada da cozinha e indo em direção ao sofá.
— Então… — Stiles seguiu o mais velho — acho que eu devia ir para casa, parar de te incomodar.
Derek virou o corpo no sofá, mirando o Stilinski.
— As coisas com seu pai… estão ok?
— Não sei.
— Pode ficar, se quiser. Até os nervos do Xerife se acalmarem.
Stiles suspirou, passando as mãos pelo rosto.
— Não sei o que fazer, Sourwolf.
— Fique aqui então, criança.
— Eu não sou criança!
Derek fez pouco caso da afirmação do outro e apenas riu sarcástico enquanto Stiles ia em direção ao sofá e se jogava lá de qualquer jeito.
— Posso mesmo ficar aqui?
— Se eu disse que pode, então pode. — Derek retrucou. O Stilinski nem ligou para o fato de Derek ter dado uma resposta daquelas – afinal, o próprio Stiles vivia dando aquele tipo de resposta, não podia falar nada. Estava mais concentrado no fato de que dormiria na mesma casa que Derek Hale, o lobisomem gostoso – Stiles já tinha aceitado isso – que o ameaçava 99,9 por cento das vezes que trocavam algumas palavras.
Era até engraçado que, mesmo com tantas ameaças, Stiles não se lembrava de já ter sido realmente machucado de por Derek.
Estavam os dois largados no sofá do loft. O Stilinski pensou em ligar para o pai, mas não queria falar com ele. Stiles só queria esvaziar a cabeça e dormir mais uma noite completa, coisa que só conseguiu ali, na casa de Derek. Era como se, ao ter a porta de metal fechada atrás de si, Stiles pudesse se isolar de todos os problemas que estavam rondando sua cabeça.
O garoto estava perdido em seus pensamentos e não percebeu que encarava Derek – e o lobisomem o encarava de volta, consciente do que estava acontecendo. Ambos estavam com a cabeça encostada no sofá de um jeito não tão confortável, o corpo de Stiles estava encolhido com os pés encostados no sofá, enquanto Derek mantinha uma perna dobrada e a outra quase esticada, o pé tocando no chão.
Quando Stiles percebeu o que estava fazendo foi pior ainda, já que seu cérebro decidiu simplesmente entrar em pane e os olhos do garoto continuaram grudados no rosto de Derek, porém agora ele tinha plena consciência do que fazia e capturava os detalhes do rosto alheio.
O Hale se mexeu um pouco no sofá apenas para se aproximar mais de Stiles, mas sem deixar de encará-lo. O ar parecia pesar para o Stilinski enquanto via o corpo do lobisomem chegar mais perto do seu. Não sabia direito o que pensar. Seu olhar caiu para a boca de Derek e o garoto se mexeu no sofá também, ajeitando a postura e desviando o olhar. Não estava entendendo o que estava passando por sua própria mente.
Derek suspirou e passou uma das mãos pelo cabelo, o que fez Stiles voltar seu olhar para ele. O Stilinski realmente não sabia o que passava por sua própria mente. Queria beijar Derek.
Mexeu o corpo mais para perto de Derek e mordeu o lábio inferior antes de se apoiar nos joelhos e beijar o Hale. As mãos do lobisomem foram para a nuca de Stiles para puxar o garoto mais para perto, o corpo de Derek praticamente deitado no sofá e o do Stilinski por cima do seu.
Derek segurou o rosto de Stiles e mordeu o lábio dele de leve, passando os beijos pela mandíbula do garoto e depois para o pescoço. Stiles fechou os olhos com força e apertou a cintura do lobisomem.
— Derek… — Sussurrou e ouviu um resmungo como resposta. — Derek, o que estamos fazendo?
O Hale mordeu o pescoço de Stiles e o garoto apertou sua cintura ainda mais.
— Eu estou te beijando. — Respondeu, a voz saindo como um rosnado, antes de voltar a encostar os lábios nos de Stiles.
O Stilinski sentia o corpo todo responder a um simples beijo de Derek. Tudo bem que o beijo de Derek não tinha nada de simples; as línguas se encostando afoitas e as mordidas que o Hale deixava em seus lábios, puxando-os para si com carinho e a mão segurando o rosto de Stiles, guiando-o durante o beijo para que o garoto ficasse a mercê do lobisomem, tudo isso fazia o corpo de Stiles amolecer e seus pelos arrepiarem.
Derek segurou o corpo de Stiles contra o seu e começou a se levantar do sofá. Os dois ainda se beijavam quando finalmente conseguiram ficar em pé. Os fios castanhos de Stiles foram firmemente segurados por Derek e, em resposta, o garoto apertou o tecido da blusa alheia.
Stiles enfiou mãos por baixo da camisa do Hale e arranhou com força a base das costas malhadas. Derek beijou a mandíbula do garoto e então o pescoço dele e encostou o nariz ali para aproveitar o cheiro de Stiles. O aroma de dor e tristeza não estava mais ali, mas o lobisomem sentia nervosismo exalar do corpo pequeno e magrelo e esse cheiro escondia quase que totalmente o de excitação que estava ali no fundo.
Stiles mantinha os olhos fechados, apenas apreciando os beijos que Derek deixava em seu pescoço e o carinho que suas mãos faziam em sua nuca. O lobisomem se afastou devagar e andou de costas até encostar as pernas na cama e sentar no colchão. Encarou Stiles com aquelas orbes verdes marcantes e deixou o garoto sem reação.
Ficaram se encarando, Derek sentado na cama e Stiles em pé a alguns passos dele. O Hale viu quando o garoto engoliu em seco sem saber muito bem o que fazer. Estendeu a mão para que o Stilinski segurasse, ainda encarando-o de maneira tão firme que estava prestes a deixar as pernas de Stiles bambas.
Meu Deus, pensou Stiles. O que eu deveria fazer agora? O que eu estou fazendo?
Derek balançou a mão direita, estendendo-a ainda mais firmemente na direção do outro. Stiles levantou uma das mãos devagar, ponderando se deveria segurar a mão que Derek estendia para si e o que aconteceria se o fizesse.
O Hale o olhava paciente e isso parecia tão estranho para o Stilinski. Estava acostumado com o Derek explosivo e agressivo.
Finalmente deu alguns passos para a frente e encostou sua mão na de Derek. O lobo girou o punho e entrelaçou os dedos de ambos. Usou a outra mão para puxar Stiles pela cintura e fazê-lo se aproximar mais.
O Stilinski respirou fundo e olhou para seus dedos entrelaçados aos de Derek, um sorriso mínimo se abriu em seus lábios por um segundo. Mas e agora? Não sabia o que fazer, o que dizer, se é que devia dizer ou fazer algo. As sensações anteriores passaram pela mente do Stilinski e seu rosto se avermelhou, assim como as orelhas. O que diabos estava pensando quando beijou Derek? O nervosismo voltou e acertou Stiles com tudo.
Derek olhou preocupado para o garoto. Stiles estava calado demais. Não tinha dito uma palavra e Derek estava esperando uma enxurrada delas. Stiles estava calado e Stiles não ficava calado nunca, mesmo quando estava mal.
— Está tudo bem? — O Hale perguntou, a voz saindo mais rouca do que pensou que estaria.
— Eu…— o Stilinski tentou soltar seus dedos dos de Derek — eu acho que… eu devia ir. Desculpa... eu...
Derek olhou-o sem entender. — Por que está pedindo desculpas?
— Eu… por ter… você sabe. — Desviou o olhar para o chão. — Por ter beijado você do nada. Não vou te atrapalhar mais. Obrigado pela comida e por me deixar dormir aqui. Minha mente tá uma bagunça, eu não devia ter feito nada disso. Não quero te deixar desconfortável, eu realmente devia ir embora e…
Stiles parou de falar ao sentir Derek segurar seus dedos entre os dele com mais força.
— Eu entendo se você quiser ir embora, Stiles. Mas você não está me deixando desconfortável. Não diga que não devia ter feito isso, porque eu quis que você fizesse também.
O Stilinski sorriu sem graça e passou a mão livre pelo rosto.
— Você quis? — Perguntou nervoso.
Derek concordou com a cabeça.
— Ainda quero. — Sussurrou.
Stiles encostou a testa na de Derek e sorriu, as orelhas voltando a avermelharem de vergonha.
— Obrigado. — Disse baixinho.
Derek puxou o garoto para si e deitou na cama abraçado com ele. O Hale o beijou ternamente nos lábios e então suas bochechas, sua testa e seu nariz. Stiles riu, os olhos fechados tentando não pensar muito sobre aquilo tudo. Podia só agir e sentir por um dia, não podia? Ele não precisava pensar sobre tudo o tempo todo.
Ficou ali por mais um dia. Derek tinha dito que podia, então podia. Se resolveria com seu pai depois, preferia a noite de sono decente que o abraço de Derek Hale podia proporcionar. 


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Notas finais do capítulo

Oi de novo!
Obrigada por ler até aqui! Espero que tenha gostado. ♥✩
Achou algum erro? Deixa um review aqui embaixo para eu corrigir! ✎
Comenta também o que achou da fic; críticas construtivas sempre são bem vindas (e comentários incentivam a gente a continuar!)
Até uma próxima história
❀ ✿ ✾

— v i t t o -



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