Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 47
Fim/ Começo




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POV KATNISS

—Droga, eu não respiro!

Apoio a mão na mesa de cabeceira e ergo meu corpo, tomada de um grande incômodo.

De acordo com minhas, nada certas contas, estou no provável 8° mês.
Está chegando a temida hora.

Meus lamentos noturnos estão frequentes, Peeta é quem sofre com minhas reclamações.
Por mais que ele não goste das minhas fortes palavras, é algo que não mudarei.

Eu sinto as dores, os incômodos, a pressão e o medo.

Desisto levantando, vou ao banheiro liberar minha bexiga.
Prendo novamente o cabelo, respirando fundo antes que esse bebê resolva virar e acabar com minha paciência.

Ergo a blusa de Peeta, encontrando um generoso volume. Numa piscada fui jogada em algo renovador, uma vida que jamais imaginei e desejei pra mim.
E olha onde estou agora.

Não saio do lugar ao ouvir a porta ranger. Peeta acordou e não encontrou meu corpo com o seu.

—Está tudo bem?

—Não conseguia respirar.- ele estala a língua no céu da boca, chateado.
—Te acordei?

—Não.- seu corpo tomba, o ombro encostando na parede. Abaixo a blusa, esperando-o falar o que quer.

—Pode ir para cama se quiser.

—Qual o problema?

—Qual deles você quer saber?

—Katniss, sei que é demais pra você. De verdade, não imagino o choque que é ter um bebê dentro de mim. - está sendo solidário, ponto pro padeiro.

—Estou tentando, Peeta.

Ele sorri, finalmente me tocando. Massageia meu quadril, permito que minha cabeça tombe em seu peito nu.

—Você está se saindo muito bem, caçadora.

—Quero que ele saia logo daqui.- choramingo, volto a sentir a pontada no quadril.
—Não durmo, ando, nem respiro direito.
Estou uma pessoa extremamente chata!

—Tenho que concordar.

Não fico brava, é melhor do que se ele estivesse sendo descarado e falso. Odeio quando Peeta me idolatra.

—Posso fazer algo pra te ajudar a passar essa noite?

Nego, querendo deitar e apagar.

—Apenas faça o bebê parar.- Peeta me olha encabulado.
Faça qualquer coisa!

Ele balança a cabeça, espanta o sono. Sofro ao sentir o bebê se animar, chutando todos os meus cantos. Como se fosse possível, vejo minha pele mexer conforme sou chutada.

Gemo de raiva, não é uma boa noite.

O loiro abaixa segurando meu ventre enorme, o bebê continua suas atividades. Agarro a toalha de rosto, suspirando ao jogar frases feias pela garganta abaixo.

Pequeno padeiro ou pequena caçadora, é o papai. Aquele que sempre fala com você, lembra de nossas conversas durante a noite?

Aos poucos, em decorrer de minutos, os chutes e cambalhotas param.

—Continue.

—Quer deitar? Posso lhe fazer um chá.

Concordo, indo cair no colchão, macio o bastante para relaxar meu quadril sobrecarregado.
Esse bebê deve pesar de 3 Kg pra mais. Está realmente pesado.

Peeta toca na barra de sua própria blusa, ergue deixando minha pele exposta.
Sua bochecha encosta lá, o ar que sai de seu nariz bate quente contra mim. Sinto cócegas, provocando suas risadinhas baixas.

Vou lhe contar uma história que aconteceu a muitos anos, você nem estava previsto de acontecer.

Fico curiosa.
Peeta deixará escapar alguma de suas raras lembranças.

Afago seu cabelo, esperando a continuação. Relaxo ao passo que seu carinho desce até a base de minha coluna, sua tranquilidade é invejável.

Eu devia ter quase uns 7 anos, idade suficiente para sentir e lembrar das coisas.
E foi o suficiente para ser marcado por uma tarde estranha o bastante, já que naquela época, a tarde eu era obrigado a trabalhar na padaria com seu avô e tios.

Algo pesado e sólido trava quando tento engolir um bocado de saliva. Deve ser saudade da minha própria família.

Oh, o que meu pai não daria pra brincar com seus netos?
O quanto Primrose estaria encantada com seus sobrinhos e surpresa pelo fato de eu ter filhos.

Eu adorava decorar as receitas e tentar convencer meu pai a me permitir preparar uma fornada de biscoitos simples. Se não fosse por sua avó, ele deixaria. Mas ela insistia que eu iria estragar tudo, e perderíamos bastante dinheiro.

Realmente. Desde que nascemos, dinheiro era algo precioso o bastante para nunca deixar escapar. Tanto quanto comida.

—Mas, naquela linda tarde quente, ele me permitiu preparar uma pequena receita.
Com grande ajuda dele, preparei minha primeira receita, nunca havia estado tão feliz antes.

Quero perguntar onde sua mãe estava e pedir para provar esses biscoitos, mas me detenho não o interrompendo.

—Admito que ficaram feios, mas o cheiro estava ótimo. Não havia mais de 10 pequenos biscoitos, mas pareciam milhares.
Então, assim que meu pai os tirou do forno, me ensinou a jogar um bocado de açúcar em cima enquanto ainda estão quentinhos.

Todos os detalhes me mostram o poder de sua lembrança.

Lembro que bateram na porta dos fundos, tratei de pegar dois biscoitos para comer antes que minha mãe chegasse da cidade.
Fui atrás dele, sempre curioso. Agarrei seu avental encardido ficando atrás de seu corpo, e foi aí que eu o vi.

Sua pausa provoca um burburinho em meu estômago, ansiedade pura para saber quem é, porque é tão importante a ponto de Peeta querer dividir essa história com nosso bebê e consequentemente comigo.

—Já sabia quem ele era, já havia ido lá outras vezes, ele vendia esquilos pro meu pai.

Oh. Eu sei bem quem é.

Levo as mãos a boca, sendo lerdamente surpreendida.

Meu pai vendia esquilos ao padeiro. Era sua carne preferida. E meu pai, gostando muito do bondoso homem, sempre atirava no olho do bicho, deixando-o intacto.

—Meu pai...- sussurro, tomada de uma forte emoção.

A lembrança dele sempre me faz ficar emocionada, esta sendo assim durante a gravidez.
Quando mais queria sua presença.

—Ele me viu, dando um sorriso enquanto vasculhava a bolsa de caça e pegava os animais.
Eu sorri timidamente de volta, feliz pelo pai dela gostar de mim.

Rio mordendo o lábio, evitando mostrar demais minha emoção. Apenas quero que meu padeiro continue.

O bebê está imóvel.

—Enquanto isso eu mordia um biscoito, aprovando o sabor do meu primeiro feito no ramo da confeitaria. Me senti mais perto de meu pai, seguindo seus passos e tendo sucesso.
Mas então, sendo totalmente pego desprevenido, meus olhos encontraram o que eu mais amava ver.
Os olhos dela.

Eu estava junto. Provavelmente meu pai me levou depois de uma aula de caça.
Mais uma surpresa e saudade.

—Parei de mastigar, me sentindo idiota o bastante por deixar varias migalhas caírem. Olhei pra minha blusa, tentando disfarçar minha vergonha e foi ali que vi algo melhor que seus olhos, o seu sorriso.
Era tão inocente e divertido que me senti mais bobo do que nunca.

É exatamente como me sinto agora. Boba e apaixonada.
Sorrindo pro garoto que sempre me olhou assim, agora é minha vez de retribuir.

Era sua mãe. Sempre foi ela.

Com minha mão livre, me livro das lágrimas puras.

Ela saiu de trás do pai, ainda me jogando aquele avassalador sorriso. Nada mais do que uma piscada e eu caia nos seus braços.
Então, metido em uma coragem rara, ultrapassei a porta, ignorando nossos pais que negociavam.
Estendi minha mão, esperando-a retribuir o gesto. Tímida, mas ousada, sua mãe fez o mesmo e lhe dei o segundo biscoito que eu tinha pego.

Não acredito.
Por que não lembro de momento como esse?
Queria ter o privilégio de voltar ao passado e reviver, obviamente seria tudo diferente.

Ela sussurrou um fraco " obrigada",e aquilo rondou minha mente por semanas, várias vezes repassava sua voz, lembrava seu sorriso.
Lembro vagamente do pai dela ter soltado uma risada e me chamado de algo parecido com " conquistador", o que na verdade eu queria ser, mas faltava-me coragem.

Oh Peeta. Eu sempre fui sua.

—Assim que lhe dei aquele biscoito amador, sua mãe o levou perto do nariz e até deu uma leve lambida. Aposto que devia achar perfeito, mas não chegava aos que meu pai fazia. Eu queria dar o melhor a ela, mas não podia ofuscar o orgulho que sentir em lhe presentear com algo meu.

Solto um soluço. Bloqueio a boca, temerosa que possa interrompe-lo.

—Quando ela foi embora, eu não conseguia sair da porta. A vi partir, ainda segurando o biscoito e mostrando ao pai toda hora.
Desconfio que havia guardado para dividir com a irmã.

Ele está certo. Tudo que eu ganhava era dividido com Prim.

—Aquela tarde não poderia ter sido mais especial.
Algo tão pequeno, mas eternamente memorável.

Paro de acariciar seus cabelos. Com as mãos na boca, evito os profundos soluços do choro sentido que entrei.

—Oh, querida...

Seu peito cobre o meu, conforme abraço e aperto suas costas. Damos um jeito dele me abraçar sem sermos atrapalhados pela barriga.

—Não quis te fazer chorar.

—Não é ruim. Apenas não consigo me controlar.

Peeta solta um fraco sorriso antes de provar meus lábios, aproveito o gostoso contato e repito diversas vezes. Viro o rosto, tomando um lugar diferente de sua boca, aproveitando pra mandar boas sensações pro bebê.

Seus beijos me relaxam e ao mesmo tempo me deixam afobada. É misterioso como Peeta faz meu corpo trabalhar enquanto me tem em seus braços.

—Nosso bebê está quieto?

—Imóvel.

Ele parece satisfeito, arruma o travesseiro que coloco entre meus joelhos e fica na posição que lhe sugeri. Onde minha barriga fica sobre a sua, assim consigo uma boa curvatura pra minha coluna e de quebra durmo entre seus braços.

Me acomodo, beijando sua bochecha antes de lhe desejar boa noite novamente.

                            

Não lembro da última noite que consegui dormir tão bem.
A história de Peeta parece ter deixado nosso filho em êxtase, já que seus costumeiros chutes não vieram.

Jogo o braço pra cima, agarro a cabeceira auxiliando meu corpo a sentar.

Acaricio o ventre inchado, satisfeita por estar de bom humor.
Como é bem cedo, suspeito de Peeta esta em casa.

Ele abandonou a padaria os sábados também, deixou para Delly ser responsável esse dia, assim ganho meu marido pra mim mais um dia inteiro na semana.

Calço as pantufas que estavam guardadas, prendo o cabelo indo ao banheiro novamente.

Lentamente desço as escadas, ouvindo as risadas controladas.
Estranhamente a fonte não é a cozinha, onde eles estão?

Paro, voltando a tentar respirar normalmente. Está osso andar rápido, não quando um bebê tão grande tenta se acomodar em meu útero tão pequeno.

Sigo o baixo som, chegando ao quarto de pintura.
A luz sai na fresta da porta, colorindo o carpete.

Giro a maçaneta, tentando passar despercebida, mas Rye grita dando bambos passos na minha direção.

Peeta percebe o afobamento e o agarra antes que caia em algum pingo de tinta fresca no plástico.

Entro recebendo um aperto na perna de Wi, solto uma exclamação ao me dar conta de sua roupa, braços, mãos, rosto e cabelo.

—O que você fez? Caiu em alguma tela do seu pai?

Ela nega se divertindo, tiro as pantufas as chutando pro corredor, piso no plástico que Peeta coloca, evitando que o carpete seja sujo.

—Olha mamãe, é pro irmão ou irmã!

Agora entendo porque os pequenos estão tão sujos.
Peeta colocou um tela limpa no chão e os deixa a vontade para decorá-la.

Há desenhos abstratos, impressões de mãos e pés, uma grande mancha com um coração torto no meio.

—Está ficando lindo!- Peeta ergue Rye, beijo seus cabelos antes dele querer descer para sujar mais as mãos e passá-las no rosto, achando divertido.

—Bom dia.

Rio jogando minha cabeça em seu ombro, sendo uma boba apaixonada  o bastante para achar sexy qualquer mancha de tinta em seu corpo.

—Alguém está carente ou melancólica hoje?

—Os dois.- bato a barriga nele, provando que a causa é o caçula.
—Brilhante e perigosa ideia.

Ele afirma, beijando meu pescoço rapidamente, agarra minha cintura chapando a mão no ventre.

—Estão se divertindo pra valer.

—Ficou realmente bom.

—Está vendo aquela parte?- ele aponta pra mancha com o coração.
—Rye inicialmente tinha caído de testa ali.

Rio alto, imaginando a cena.

—E o coração?

—Pedi pra Willow fazer seu desenho favorito, saiu esse fofo coração.

—Ela puxou seu lado pra arte.

—Enquanto ele veio com seu modo estabanado.

—Não sou assim.

—Você está assim.- bufo, lembrando de Haymitch comparando meu modo de andar com os gansos que ficam soltos na Vila.

—Dê ouvidos ao Haymitch novamente e já sabe o que faço com você, padeiro.

Ele beija meu provável bico antes de ajudar Willow a tirar os rebeldes fios do rosto.

—Será um longo banho. Mas nada que você não resolva com uma esponja e um bom sabão.

—Claro. Eu assumo, enquanto isso, por que não senta um pouco?- suas mãos voltam a percorrem meu ventre, é um modo dele ficar perto do bebê.

Enquanto abomino os chutes, Peeta parece ama-los.

—Estou bem. Quero ficar com eles.

Rye levanta vindo até mim, mas sua pressa e maior que sua firmeza e logo esta indo ao chão.

Abaixo preocupada de seu queixo não ir pro chão, sempre fui afiada nos reflexos e seguro seu braço antes da queda.

Mas, para meu azar, devo ter encostado o joelho na tinta.

—Mulher, não faça isso!- Peeta pede, admito que foi impulso e não posso cair de joelhos todo o tempo, mas não...

—Peeta.

Não há tinta alguma nos joelhos ou na perna, infelizmente.

O loiro coloca Rye de pé, em seguida agarro seu braço, paralisada.

—O que...- seu olhar volta pro chão, onde um líquido molha meus joelhos.
—Oh não.

—Acho que aconteceu o que Effie me disse. Está na hora.

Quero chorar, mas não consigo.
Estou em choque.

Nas minhas contas tortas, não era pra ser agora.
Não pensei sobre como me sentiria agora. Em como seria passar por isso.

Peeta está paralisando, tanto quanto eu.

—Papai, tem água aqui.- ele parece acordar do transe, pega a tela colocando em um tripé. Em seguida manda as crianças irem pro corredor, enquanto se aproxima.

—Não toque em mim.- ele assusta, admito que meu tom foi grosseiro.

—Você precisa levantar.

—Não. Não ag...- uma dor rasgadora me força a apoiar no chão, solto um grito não aguentando permanecer quieta.
—Leve as crianças pra Effie, ligue para alguém, não sei como vou lidar com isso.

Sei como é um parto. Já viu vários.
Quantas vezes minha mãe recebia uma grávida e ajudava com o parto, Prim ficava fascinada pelo momento, enquanto eu corria.

Agora estou presa ao momento, serei uma das mulheres assustadas e escandalosas.
Não posso correr.

Sozinha, começo a pensar em como sair dessa posição sem aumentar a dor.
É angustiante, como uma cólica que te deixa imóvel, tamanha intensidade.

Acabo por deitar sobre o plástico, o bebê chuta como nunca fez antes, apressado pra sair do seu lugar quente e nem um pouco confortável.

"Droga, bebê. Não estou preparada pra isso!"

Pensando bem, nunca estou preparada pra nada.

Foi na morte de meu pai, na Colheita, nessa viagem no tempo, em amar Peeta, descobrir que estou grávida... Nunca estou pronta, é por isso que alguns desses momentos ficaram tão marcados.

Jogo o corpo pra trás, me arrasto até a parede, abro as pernas deixando-as bater no chão. O shorts largo que uso está encharcado e provavelmente ficará manchado de sangue em breve.

Uma barulheira na escada me avisa que Peeta voltou, Effie veio junto e trouxe Greasy Sae.

—Oh, chegou a tão esperada hora!- ela diz batendo palmas, ignoro movida a dor.

Suor acumula em meu pescoço e começa a incomodar.

—Peeta, leve ela pra cama.

—Não. Dor, muita dor.

—Querida...- ele cai ao meu lado, viro mirando meu olhar ao seu. Há preocupação e ansiedade.
—Me deixa tocar em você?

Afirmo, recebendo seus braços. Ele ergue meu corpo, só o solta quando estou na cama ja preparada.

—Peeta.- a parti do momento que vejo toda a correria e as dores voltam, o choro vem.
—Não saia daqui, estou com muito medo.

—Sempre. Não sairei daqui. Fique calma.- seu beijo em minha testa é como uma ruptura na barreira do imenso rio de lágrimas.

Berro, gemo, aperto a mão de Peeta e respiro.

—Katniss.- abro a boca, mas o ar falta e apenas trinco o maxilar.
—Menina, respire forte. Você está tendo contrações, precisa se concentrar e empurrar o bebê.

—Greasy, estou paralisada.

—Eu sei que dói. Mas você ja fez isso outras vezes, é a mesma coisa.

Jogo meu olhar no loiro, angustiada.
Não sei como fazer, nem como aguentar.

—Contarei até 3 e você empurra.

Sua contagem é rápida, tenho tempo apenas pra respirar e empurrar liberando um grito cruel, que fez Peeta estremecer.

Vejo a aflição se instalar no azul, tamanha sua aflição que logo sua boca está distribuindo beijos pela minha mão agarrada a sua.

—Peeta, pegue mais água.

O choque o domina quando agarro o colchão, a parte de empurrar é uma das piores.
Um mix entre alívio e mais dor.

É loucura imaginar por onde um bebê sairá, pequena saída pra algo tão grande.

—Peeta. Sei que é ruim, mas Katniss precisa de você!

Effie aparece segurando várias toalhas, logo estou sentindo um gostoso frescor em minha testa, vai descendo até meu pescoço e colo.

Desabo no travesseiro, cansada como nunca estivesse antes.

—Menina Katniss, você não pode parar.- Peeta volta ao seu posto, mas muda de posição.

Seu corpo entra atrás do meu, agora repouso minhas costas em seu peito. Agarro seus joelhos dobrados, empurrando até ficar tonta.

—Minha cabeça lateja.

—Vai acabar. Estou quase vendo o bebê.

Quase.

—Eu vou desmaiar, Greasy.

Effie geme auxiliando a mulher, uma toalha e jogada entre meus joelhos, tampando minha visão.

—Empurre, Katniss.

Obedeço, vendo estrelas mesmo estando sob o teto de casa.
Jamais imaginei o quão complicado seria.

Peeta continua refrescando minha pele, trocando a pequena flanela úmida.

—Traga nosso filho, caçadora.

Com uma simples frase, consigo imaginar como nosso bebê será.
A ansiedade me da energia, a força dele esta lá, me ajudando a não cair.

Mordo o lábio quase me rendendo a exaustão, por fim, repetindo mais três vezes, consigo ouvir Greasy gargalhar. Effie chora unindo as mãos, está maravilhada.

—Nasceu.
Você conseguiu, minha menina.

A senhora embala o bebê, sorrio sentindo as forças indo embora, escorrendo como a terra molhada entre meus dedos.

—Obrigado.-  Peeta beija minha testa, entre seus choro e engasgo, me beija fascinado.

Viro a mão recebendo seus dedos, encaixam nos meus perfeitamente.

Effie pega o bebê, sorri o trazendo até nós.
Dentro da grossa toalha, encontro um bebê ensopado de sangre, mas com o rostinho miúdo limpo.

De cabelos loiros ralos, pele morena e uma feição serena.

Peeta se transborda de emoção, apenas deixo as lágrimas caírem. Não me movo, sendo surpreendida pela mulher que abaixa o bebê até que esteja entre meus fracos braços.

Ele me ajuda a aguentar, sabe que estou molenga e ainda há o nervosismo.
É a primeira vez que sinto como se fosse mãe desde o começo.

Viro o rosto, encarando Peeta. Meus olhos a ponto de se fechar.

—Amo vocês.- digo caindo na curva de seu pescoço.

Mas tudo parece mudar quando sua boca fica na minha.
Sou dotada de um amor puro. Forte o bastante para me deixar sem ar.

Me surpreendo ao abrir os olhos novamente.

Oh não.

Como da primeira vez, tudo mudou.

Ao abrir as pálpebras, não estou mais entre Peeta, com um bebê em nossos braços.

O calor dos raios de Sol batem contra minha cara, avisando que tudo mudou novamente.
Mas não gostei dessa mudança.

Fecho novamente o olhos. Desejo voltar pra minha casa, ficar com minha família, saber qual o sexo do meu novo bebê, escolher um nome, beijar Peeta, ter Willow e Rye.

Katniss?

Peeta. Sua voz me faz ter a coragem de ver onde estamos.

A Colheita.

O encaro, nossas mãos ainda estão unidas. Seu aperto se intensifica, está em estado de pânico também.

—Não...Não pode ser!- ele sussurra, tão triste quanto eu.

—Nós voltamos.

— Não, ainda não te amei o suficiente!

Passo meu dedão por sua mão, relembrando de nosso futuro.
Não poderia ter sonhado com nada melhor.

—Você poderá me amar mais ainda.- sorrio, ignorando onde estamos e porque estamos aqui.

Tinha a impressão que seus olhos não haviam mudado nos anos que passaram, agora tenho certeza.

Aperto sua mão com mais força.

—Sou Katniss Everdeen, sua futura esposa.

Digo sorrindo, olhando toda a situação por outro ângulo.
Agora saberemos a história toda, terei mais tempo com Prim, e poderei me apaixonar mais uma vez pelo meu padeiro.

—Sou Peeta Mellark, pai dos seus filhos.

—É um prazer, padeiro.

Sorrio ouvindo um burburinho ao fundo, a colheita está acabada.

—Vamos jogar?- sorrio encarando seu rosto de 16 anos.

—Sempre, caçadora.

 

 


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Notas finais do capítulo

Acabou o que era meu bebezinho

Ahh gente.
Antes de tudo queria agradecer, a todas voces que leram, comentaram e votaram.
MUITO OBRIGADA!!!!!!

Queria avisar que vem fic nova por ai hehe

E tambem queria lembrar que temos um grupo no Whats app, quem quiser é so me passar o numero

Espero que voces tenham gostado do final

Mellarkisses



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