Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 17
Começando a Festa




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POV KATNISS

—Eles precisam nos levar pra lá de qualquer forma.- solto o ar lentamente, apertando o nó dos dedos sobre meus olhos, ficar longe é pedir demais?

—Para ser sincero.- encaro seu rosto parando de revirar as roupas nas pequenas malas. -Acho que nada estará igual. Digo, a mansão, as pessoas, a situação é bem diferente. 

—Peeta, você tem consciência que para eles nós ja viemos aqui várias vezes, mas para nós é a primeira?

—A imagem daquela Capital horrorosa ainda está gravada na sua mente também? 

—Parece que a qualquer momento vamos ser tirados desse luxuoso quarto e jogados em uma arena.- ao terminar de falar, seu corpo cola ao meu.

A tensão entre nós aumenta, traz a atmosfera, que foi interrompida, de volta.

Arfo quando seus lábios quentes deixam uma trilha na pele sensível no meu pescoço, Peeta descobre pontos que eu nem sabia que tinha.

—Tenho a sensação que vou acordar e esse sonho terá escapado entre meus dedos, perderei você e essas magníficas crianças. 

Toco seu rosto, temendo que eu sinta o mesmo. Porque sei que quando essa situação acabar, se acabar, vai me machucar. 

É como você passar um longo mês com alguém que ama, se acostuma com a situação tão boa que quando termina, te quebra por inteiro.

Não consigo dizer nada romântico, deixo essa parte pra ele.

—Podemos aproveitar enquanto ainda estamos aqui.

—É o que pretendo fazer...

Ao fechar meus olhos tenho o prazer de sentir todos meus batimentos contra seu peito, delicadamente sou deitada no tapete sob seu corpo.

O beijo é quebrado apenas para buscar um pouco de ar, aproveito para levar meus dedos até sua nuca, ouso descendo por suas costas até agarrar a barra de sua camisa.

Ele separa nossas bocas, espera que eu tome a decisão já que a sua está bem clara no tamanho que suas pupilas, dilatadas de puro desejo.

Começo a puxar o tecido, mas ao sentir sua pele fervendo um suspiro alto nos mostra onde realmente estamos.

Viro o pescoço encontrando nossos filhos dormindo nas camas ao lado oposto do quarto, bufo soltando-o.

Peeta ri nasalado, frustrado pela segunda interrupção. 

Ele recua, mantendo seu corpo longe.

A saliva desce raspando, o silêncio constrangedor não falicita que minhas bochechas voltem ao normal.

—Que horas é essa festa?

—As 21 horas. 

Olho por cima do ombro, mas o relógio da cabeceira é pequeno demais.

Levanto quando Peeta entra no banheiro, reparo que tenho 1 hora e meia até um carro vir nos pegar.

Preciso acordar e ajeitar as crianças, depois será a parte difícil... me arrumar.

Após o loiro sair banhado do banheiro, as acordo e dou um rápido banho, Peeta os veste enquanto comem um lanche.

Entro sob a água quente, deixando minha mente processar tudo que preciso fazer, mesmo não tendo a mínima ideia de como irei me produzir para uma festa.

Aposto que essas pessoas esperam a Katniss deslumbrante que aparecia para as câmeras no tempo contubardo dos jogos, mas aquilo não era eu.

Alguém me montava daquela maneira, com roupas extravagantes e maquiagens sufocadoras.

Mas não lembro de absolutamente nada, parece que foi ontem que eu estava acordando na minha cama com Prim no Distrito 12. Posto qualquer roupa limpa, feito uma trança em meus cabelos rebeldes e seguido até a floresta.

Não, nunca fui em nenhuma dessas festa.

Como adivinharei o que terei que usar? Como arrumar meu cabelo? 

E nem morta irei usar tanta maquiagem, fora que não sei como aplicar esses produtos em minha pele.

—Katniss, esta tudo bem?- Peeta bate na porta, me dou conta que ja demorei demais.

—Está, estou saindo!

Me seco rezando para algum milagre acontecer, pois se depender de mim, irei de pijama.

Abro a porta uns centímetros, colocando minha boca no vão. 

—Peeta?

Ele surge, tenta inutilmente esconder o interesse em me ver enrolada numa toalha, mas falha quando seus olhos investigam o que há por trás da madeira.

—Pode pegar um roupão para mim?

Ele recua procurando pelo quarto, tão perdido quanto eu quando fui procurar alguns cosméticos para o banho. 

Abro um pouco mais, dando espaço o suficiente para a peça passar.

—Obrigada.- agradeço me escondedo ao notar seu olhar em mim, cobiçando meu corpo como fez há minutos atrás. 

Saio do banheiro vendo duas crianças sentadas em frente a uma grande TV, sorrio ao me dar conta do quão belas são. 

Caio de joelhos na frente da mala, suspirando ao procurar algum vestido.

—O que foi?- sua mão ousada pousa na curva de meu pescoço, desce até o ombro.

—Preciso achar um vestido.

—Parece estar com um problema maior que esse.

Maldito homem que me conhece bem demais!

—Nunca fui em nenhuma festa dessas! Como saberei o que é apropriado para usar? Não sei passar maquiagem, andar com esses sapatos com esse salto tão fino e alto... Eu sou só uma garota da Costura.

Sento apanhando a ponta do tecido que fecha o roupão, cansada demais de fingir ser algo que algum dia posso ter sido, mas hoje quero ser a Katniss Everdeen com 16 anos.

—Essa realidade está pesando demais.

Ele senta abraçando minhas costas, lágrimas bobas ameaçam descer por meus olhos. As seco antes que marquem minha pele com um rastro molhado.

—Eu so queria ter 16 anos de novo. Estar na minha casa, meu Distrito, com minha irmã e até com minha mãe, apesar dela mal falar comigo.

Seus dedos entram nos meus, dando o apoio que preciso.

—Isso tudo é bom, mas até quando?

—Não sei.- ele solta num suspiro, deixo minha cabeça repousar em seu ombro, permitindo que as lágrimas deslizem.

Posso ser fraca por um momento.

— Não preciso ficar repetindo que sempre vou estar aqui, você sabe.

Assinto acariando meu polegar nas costas de sua mão, num mudo agradecimento. 

—Não importa se estiver num vestido luxuoso ou pijama, estará linda.- viro, jogando seu cabelo pro outro lado, bagunçando os fios molhados.

—E como sempre você estraga o momento romântico e bagunça meu cabelo.

Dou de ombros, tomando seus lábios em seguida.

—Gosto deles assim, rebeldes.

—Podemos resolver isso de outro jeito.- solto um riso nervoso, voltando a futucar minha mala.

—Quem sabe depois da festa.

—Está falando sério?- consigo sentir sua esperança me massacrando.

—Quando voltarmos eu te digo.

 

                             ****

—Você...- suas palavras se perdem quando saio do quarto pronta, um vestido vermelho simples com saltos baixos foi o escolhido.

Sorrio envergonhada, nunca me achei tão bonita antes. Meu cabelo bem escovado depois que apliquei vários produtos e realcei as ondas escuras, um toque mínimo de maquiagem em meu rosto foi o que consegui fazer.

Não quero arriscar tentar algo desconhecido e passar vergonha. 

—Muito simples?- encaro o loiro bem arrumado num terno escuro sobreposto a uma blusa branca social, Peeta está perfeito. Sua beleza exaltada na sua barba inexistente e cabelos penteados com gel.

—Perfeita.

—Jura?- desço o olhar para Willow, tão fofa num vestido rodado e Rye vestindo um terno igual ao pai.

—Ta linda, mamãe! 

—Obrigada, florzinha.- beijo seu nariz passando por Peeta na hora que seu perfume me captura, tão viciante e familiar.

—O carro está nos esperando. - o loiro oferece sua mão, a pego sorrindo só por ter capturado sua atenção. 

Quem diria que algum dia, o bonito garoto padeiro iria perder as palavras por mim.

Entramos no carro, ouvindo Rye cantar qualquer canção infantil que Peeta lhe ensinou. Fecho minhas mãos, entrelaçando os dedos ao notar a euforia das pessoas nas calçadas, estamos chegando.

Rodo a aliança, procurando qualquer fonte de atenção. O medo berrando dentro de mim, meus instintos gritando para que eu corra pra longe.

A situação é estranha, nova demais e desagradável. 

Tenho que tratar pessoas com familiaridade, já que me conhecem ha anos.

Como agir? 

Quem são? 

Peeta passa seu braço pelas minhas costas, me abraça de lado despertando meus pensamentos. Sorrio beijando sua bochecha, tendo consciência que precisaremos agir como se fossemos bem mais que simples adolescentes se conhecendo aos poucos.

Somos casados, maduros e com dois filhos.

Inacreditável, porém verídico. 

—Estará ao meu lado?

—Sempre.- deixo um rápido beijo em seus lábios, ele retira seu braço pegando minha mão. 

Flashs e uma grande multidão nos espera no começo da grande escadaria. É agora.

Ao dar o primeiro passo para fora do carro, recuo. Pacificadores fazem um cerco ao longo da escada, Peeta me olhar dando o sinal verde.

Eles não irão nos fazer mal.

Prendo minha mão a da minha filha, mantendo seu corpo colado ao meu.

—Mamãe, vai amassar minha roupa!

Ignoro incomodada pelas câmeras, pessoas insistem em nos filmar enquanto andamos.

Peeta sorri fazendo uma social, enquanto quero sair desse pequeno inferno.

Alguém na multidão joga algo na minha direção, acerta meu ombro quando Peeta me puxa.

Abaixo vendo uma boneca, tão bem feita que, se não fosse por um detalhe, eu iria amar.

É Primrose.

As duas tranças loiras, os olhos azuis, a pele branca... Tudo grita ela.

—Peeta...

Ele para descendo alguns degraus, encara minha mão pensando tão rápido quanto eu.

Largo a boneca chocada pelo fato de terem jogado logo isso, queriam me acertar. Seja fisicamente ou emocionalmente. 

Funcionou brilhantemente. 

Os pedaços estão descolando.

—Vamos, precisamos tirar as crianças daqui.

Concordo limpando rapidamente as lágrimas antes que alguém as veja, entramos num grande salão bem decorado.

Engolir a saliva parece uma tarefa mais difícil do que respirar, mas prossigo até encontrarmos Effie com Haymitch e sua filha.

As crianças começam a brincar, deixo aproveitando para me afastar e tentar respirar fundo sem derrubar nenhuma lágrima.

Peeta me segue até grandes portas de vidro adjacentes ao salão, há pessoas demais, dançando, comendo, conversando.

—Hey.- sua mão segura meu braço quando chego numa grande sacada, chapo as mãos no parapeito de granito branco, sentindo meu coração acelerado.

—Eu sabia que não era seguro ter vindo!

—Ei... Katniss.- viro o corpo o surpreendendo, abro so braços agarrando seu corpo. Uno as mão em suas costas, apertando o tecido firme de seu terno.

—Estou com medo.

Suas mãos acariciam minha coluna nu pelo decote, arrepio sentindo o toque quente fazer meu coração disparar mais.

—Caçadora, aposto que não deixei nada acontecer com você esses anos, então não será agora.- jogo meu tronco pra trás, podendo encarar seus olhos. -Você está em meus braços, acha que deixarei algo te acontecer logo agora?

Nego sentindo o poder de suas palavras aumentar com seu tom de voz tão confiante, uma de suas mãos me larga subindo até meu rosto para limpar uma lágrima fujona.

—Devo ter borrado toda a maquiagem que coloquei.- ele sorri negando, me prendo fortemente no seu olhar. Passa seu dedo sob meu olho, descendo até meus lábios. 

—Continua a mulher mais bonita daqui.

Jogo a vergonha ao vento, subo as mãos até sua nuca deixando meus dedos passearem por lá liberadamente.

—Você está perfeito para mim.

—Isso já é o suficiente.

Avanço no mesmo momento que sua cabeça pende pra frente pedindo um beijo, o qual faço questão de expressar tudo que minhas palavras não conseguem.

—Uou, esse casal está pegando fogo!

Afasto levando um dedo até minha boca limpando o batom, mesmo sendo num tom claro, deve ter borrado.

—Olá, Johanna.

—Padeiro, padeiro. Não me faça trancar a Katniss numa sala qualquer e vir abusar de você! - agarro o braço dele, mostrando que ela não pode passar dessa área. 

—Não me obrigue a bater em você. - digo entre os dentes.

Ela gargalha erguendo a taça com um líquido vermelho, se tiver álcool, aposto que antes do final da noite teremos uma boa confusão. 

—Como alguém pode ter medo de você?  

Garota, não assusta nem um mosquito!

Dou um passo na sua direção, mas sou impedida por Peeta.

—Que tal darmos uma olhada nas crianças?

—Ótima ideia.

—Nos vemos por ai, gatinho.- ela sai rebolando depois de piscar, bufo sentindo meu sangue ficar quente.

—Acredita nisso?- ele coça a nuca soltando um sorriso maroto. -Não infle esse ego, se tentar algo com ela, vai arrumar grandes problemas, Mellark.

—Que mulher brava você é, senhora Mellark!- ele chapa as duas mãos no osso de meu quadril, o apertando enquanto me puxa.

—Acredite, terei mais trabalho que você.

—Gale não é um problema.

—Prevejo outros.- ele joga os olhos pra direita me indicando qual direção olhar.

Um homem, escondido entre as cortinas fechadas, sai do meu campo de visão assim que percebe que foi flagrado. 

—É, será uma longa noite.


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