Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 12
Nós


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores(as)!!!!

Obrigada por acompanhar e fazer parte dessa história.
Espero que estejam gostando!!!

Mellarkisses



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787573/chapter/12

POV KATNISS

 

O aperto no peito serve como um aviso, o embrulho no estômago mede a ansiedade pulsante que me acompanha desde a floresta.

Pela hora decido ir para casa, fora que o local do trabalho de Peeta não é um bom lugar para discutirmos isso.

Ao ultrapassar a entrada e seguir pelo caminho de pedrinhas, Effie vem ao meu encontro.

—Estava caçando, querida? 

—Sim.- ergo o arco, dando um mínimo sorriso.

É difícil me afeiçoar a ela, tenho em mente a mulher exótica e totalmente alienada. 

Como aceitar algo novo se minha mente continua velha?

—Peeta está em casa?

Ela me olha assustada, esconde algo.

—Ah, não. 

—Sabe onde ele esta?- são quase 4 da tarde, duvido que está la ainda.

Seus olhos desviam na direção da grama, toco seu ombro querendo a verdade. 

—Eu o vi na praça, brincando com as crianças. 

—Obrigada. 

Largo o arco na porta dos fundos e marcho até a praça, há brinquedos, escorregador, balanço, gangorra, gira-gira.

Procuro Willow, a encontro pronta para escorregar. Rye se diverte na areia junto a uma criança loira que conheço bem. Anelise. 

E não há surpresa quando vejo Delly sentada colada ao Peeta no banco de cimento próximo as crianças. O incomo na boca do estômago se faz presente, tão intenso que chego a estranhar.

Aproximo escutando as fortes batidas de meu coração, aposto que não são de amor. Algo parecido com raiva esquenta minha cabeça, cega meu lado racional. 

Essa garota está me dando dor de cabeça, não me arrependo de não ter sido nada simpática no passado. 

—Peeta?- chamo ao ficar na reta de suas costas, ele levanta rápido virando o corpo para me encarar. 

—Você voltou.

—Achou que eu não iria? - com passos espertos me grudo a ele, o sorriso mais bonito que já vi vem acompanhado de um beijo do tipo borbulhador de sangue.

Mesmo surpreso e desconfiado, não me deixa sem uma boa resposta. 

Sua gargalhada mostra o quão aliviado está, deixo a discussão e raiva pra depois. 

So quero tirar essa garota do pescoço dele e de perto dos meus filhos. 

Admiro seus olhos ficarem miúdos a cada vez que seu sorriso aumenta. 

—Demorei?

—Um pouco. 

Trouxe as crianças para brincar..

—E me chamou! - Delly se intromete, aperto os ombros dele irritada com sua presença. 

—Que bom, podemos ir pra casa? 

—Claro.- ele sobe a mão até meu cabelo.- Tem folhas nele.

—Obrigada. Deve estar horrível. 

—Não, gosto do jeito bagunçado.- beijo sua bochecha me rendendo a mais um elogio do padeiro.

Peeta se afasta para chamar as crianças, cruzo os braços ciente que Delly me observa de canto de olho. Estou alerta a qualquer movimento seu, não confio.

—Você ainda vai a floresta? 

—Eu acabei de voltar de lá.- dou uma resposta atravessada, espero que ela tenha entendido o recado.

—Escuta, o que você tem contra mim?

—Nada, pelo que eu lembre.

—Então por que não me deixa ficar perto do Peeta? 

—Não sou cega, Delly. 

—Você não acha que eu...- ela sorri soltando o ar pelo nariz, morde o lábio olhando pro loiro. -Vocês são casados, Katniss.

—Como se isso fosse uma ótima justificativa. - mordo a bochecha tendo cuidado com as palavras.

—Não sou uma vadia!

—Eu disse isso?- ergo as sobrancelhas, espero sua resposta que não vem.

—Eu sempre soube que você era deprimente, mas agora tenho certeza... e pena do Peeta. 

Quando meus pulmões ardem e meu corpo formiga, sei que não dará coisa boa.

—O que você disse?

—Você me ouviu.- enfim o lado verdadeiro dela aparece.

Peeta volta com as crianças, ambas correm para me abraçar. Sorrio dando um beijo em cada um.

O afeto que peguei é gigante, já os amo.

—Você demorou, mamãe! -o tom indignado de Willow me arranca boas risadas. 

—Desculpa, querida. Prometo que irei ser mais rápida da próxima vez.

E levarei você!- o azul se ilumina, como num dia ensolarado de primavera. 

—Você vai me ensinar a caçar?

—Ainda não, é pequena demais.

4 anos não é uma boa idade, fora que seus braços não aguentarão segurar o arco e puxar a corda.

—Mas, podemos colher flores.

—Coloridas?- afirmo a pegando nos braços, Rye pede para o pai o capturar do chão. 

—Foi ótima nossa conversa, Delly. 

Te vejo amanhã na padaria?

A loira desvia seu olhar fulminante de mim, assente sorrindo pro loiro.

—Até amanhã, Peeta. 

Saio em passos firmes, temendo que minha mão seja desobediente e vá parar na cara dela.

—Ei.- Peeta me alcança, segura meu pulso obrigando a esperá-lo.

—O que?

—Aconteceu algo entre você e ela?

—Ainda não. 

Ele resmunga, sabe que odeio quando fica retrucando em voz baixa o bastante para que eu não ouça. 

Na metade do caminho sou surpreendida por sua atitude, tão contrária ao que achava que seria.

Sua mão prende a minha, Peeta quer se aproximar. 

Permito, sei que depois de ter uma conversa horrível com Gale, eu só preciso de sua boca e braços para me ajudar.

—Você quer me deixar maluco, garota?- seu tom é baixo o suficiente para que somente eu possa ouvir.

—Qual o problema? 

Ainda estou brava e com raiva de você!- digo travando o maxilar ao sentir seus dedos acariciando as costas da minha mão, suas demonstrações de carinho me desarmam como nenhuma outra pessoa faz.

—Por que? Eu so quero te proteger, Katniss.

—Não, você ficou na padaria atrasando e me impedindo de sair.

Não precisei pensar muito para chegar nessa conclusão, pelo pouco que o conheço, sei o quão Peeta é afetado por minhas ações.

—Certo, só queria que você não fosse.

—Por que? Acha que Gale iria ser uma ameaça? 

Sua feição cai, os olhos passeiam pelos cascalhos que estão cobrindo a rua, o dedo para conforme a Vila aparece no horizonte.

Sofro por antecipação, sei que se tratando de nós de cabeça quente, não dará boa coisa.

                             

 

Fecho o livro coçando os olhos, a história deu sono até em mim. 

Levanto do chão ajeitando a coberta sobre Willow, ela está crescendo rápido demais.

Sento na ponta da cama aproveitando os minutos que tenho a sós, uma pessoa que jamais imaginei existir, capturou meu coração. 

—Primrose iria amar tanto você, Wi.- toco sua mão, acariciando com cuidado para não despertá-la.

Depois de observá-la por minutos, beijo sua testa tomando coragem de entrar na conversa com Peeta.

Ao sair do quarto me deparo com seu corpo encostado na parede oposta, os braços cruzados, costas curvadas e nuca encostada na superfície fria pintada de cor creme. 

Assim que seu olhar me acha, a ruga em sua testa volta a aparecer. 

Ele está chateado. 

Apesar de não demonstrar igual a mim, em forma de ignorância e grosseria.

—Acho que temos que conversar.

E como sempre faço, fujo.

—Estou com sono.

A coragem se foi no momento que admirei o azul, é forte demais para me fazer pensar no quão ruim será se tivermos uma discussão e dormimos separados.

Me acostumei a dormir do seu lado, ter seu calor complementando o meu.

—Vai fugir de novo? Assim como fez naquela tempestade? 

O gosto amargo da verdade, sobe me dando um choque de realidade.

Não sou mais sozinha, de alguma maneira preciso me adaptar a essa forma de tê-lo ao meu lado.

—Não.- murmuro encostando na parede oposta a sua frente, esfrego a superfície gelada do aro dourado em meu dedo anelar.

—Então me resposta.

—Me diz o que quer saber.

—Por que você quis vê-lo?- balanço o pé enquanto mordisco as peles do meu lábio inferior, logo sinto o cheiro de sangue.

—Eu não gosto de ser interrogada, Mellark!

—Me responda e te deixo em paz.- uma pontada de medo assusta, não quero que Peeta me deixe em paz. 

—Eu não fui ver o Gale, só quis saber o que aconteceu pra ele ter a matado. 

Porque esse não era o Gale que conheci, ele faria de tudo para cuidar dela quando eu não podia.- as lágrimas aparecem, distorcem a visão que tenho.

Suas sobrancelhas se unem, seu semblante cai.

Chorar não era opção, mas se trantando do assunto da minha irmã, que mesmo cronológicamente aconteceu há anos, dói com um força pulgente forte demais para aguentar. 

—Estou tão perdida!- revelo, sua postura muda. -Num dia acordo e vejo minha realidade destruída, minha mãe em outro distrito, minha irmã morta, duas crianças que saíram de mim e... você!

Peeta da alguns passos firmes, diferente de mim que estou a ponto de ruir.

—Eu só queria ouvir da boca dele, ver seus olhos nos meus enquanto revelava a razão de ter matado-a...- palavras morrem no ar.

—Ele fez isso?

Suas mãos erguem até chocarem na parede, uma colada a cada braço meu.

O ar falta quando a energia que nos certa fica mais poderosa, seu toque provoca as sensações mais remotas que estou a descobrir.

—Fez.- as gotas caem, mas logo são impedidas por seus beijos. Cada um me fazendo soltar o choro.

Seguro a gola de sua camisa, enterrando meus dedos em busca de apoio ou cairei.

Suas mãos, percebendo meu estado, descem até firmarem na curva de minha cintura, tão natural e bom.

—Estou perdida, não sei o que fazer.- choco minha testa em seu peito, temendo cair numa sessão terrível de soluços. 

Sua mão direita sobe traçando as vértebras de minha coluna, deixando um rastro de calor.

—Eu também não, mas estamos juntos nessa, caçadora.Sempre.

Uma simples palavra de 6 letras, acelera meu coração, sei que significa muito mais do que lembro.

—E se eu perder o controle? 

—Eu vou estar aqui para ajudá-la a achar.

Sorrio virando a cabeça, o ouvindo encostado buscando ouvir as batidas de seu coração acelerado.

—Me desculpe por ter sido tão rude mais cedo.

Sou bem difícil quando estou dominado de ciúme. 

—Você não precisa.

—Como não terei se não sei o que somos realmente? 

—Bom, somos casados.

—Sim, mas antes éramos apenas conhecidos. Que agora se beijam...- ele sorri me fazendo lembrar o quão bom são seus lábios. 

—Ainda é cedo para que eu possa falar que amo você. - consigo sentir sua decepção daqui.- Mas você está no caminho certo.

—Estou?

—Eu sou uma pessoa difícil, você sabe pois várias vezes mostrou me conhecer melhor que eu mesma. Nunca beijei ninguém antes de você e agora não consigo parar, isso deve significar alguma coisa, não é?

Sua resposta vem tão rápida quanto a minha vontade de retribuir cada aprofundada de seu beijo, Peeta Mellark faz minha tempestade interna ganhar força. 

A cada vez que nossos lábios se apertam, que sua língua raspa na minha, que sua respiração bate contra meu rosto, que seus dedos roçam minha pele transmitindo calor; sei que minha resposta a Gale é verdadeira e nada impulsionada.

É ele.

Por mais insano que pareça, meu corpo sabe o que meu coração e mente custam a descobrir, que o amo.

Nesses anos desenvolvi algo extremamente forte e sem controle pelo padeiro bonito, as prováveis dificuldades que passamos me fizeram ter uma ligação forte, sei que ele irá me proteger não importa a circunstância. 

E eu sempre farei o mesmo por ele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ao Tempo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.