Calor escrita por Bhia chan


Capítulo 1
Capítulo Único




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Estavam os dois amigos, os dois melhores amigos, reunidos na biblioteca da escola naquela ensolarada tarde de quinta-feira. Isto é, reunidos na abafada biblioteca da escola naquela escaldante tarde ensolarada de quinta-feira.

—Lucas, pelo amor de Deus, está muito calor. –Mateus fizera da lição de química, um leque -que agora usava para se abanar desesperadamente. –Vamos dar o fora daqui, de preferência para a sorveteria mais próxima.

—Mas você precisa estudar para a prova de química, suas notas estão um desastre. Sabia que as provas já começam na segunda-feira?

—Na velocidade com que o H2O do meu corpo está evaporando agora, vou derreter antes mesmo de chegar segunda-feira.

Mateus não gostava da sensação daquelas gotículas brotando de todos os poros da sua pele, juntando-se em gotas de suor que sentia escorrer pelo seu corpo.

Mas Lucas gostava.

Era extremamente atraente a maneira como os fios castanhos grudavam-se ao rosto corado de Mateus. A maneira como ele entreabriu os lábios para respirar e expirar, respirar e expirar, respirar e expirar... ofegante por balançar com veemência o leque improvisado contra o rosto. A maneira como o uniforme escolar de tecido fino estava se colando ao corpo do amigo, moldando seu tórax. A maneira como Mateus ergueu os olhos cor chocolate até os seus e o flagrou olhando tão intensamente para si.

Ah, merda.

Lucas desviou o olhar, a expressão de quem é pego fazendo algo que não devia ficou evidente em suas bochechas, que se tornaram instantaneamente rubras.

—P-parece que pelo menos a fórmula química da água você sabe... –Tentou retomar o diálogo, forçando um tom debochado que só deixou claro o desconforto que sentia.

—Lucas, você estava me secando.

Não havia sido uma pergunta.

—Quê!? –O tom indignado que o loiro usou saiu ofendido demais, deixando claro que Mateus acertou em cheio. –V-você está imaginando coisas... –Escondeu o rosto em brasa com a lição de química.

Mateus puxou a folha do amigo, que facilmente escapuliu dos seus dedos trêmulos, levando-o a se mover impulsivamente para frente na tentativa de recuperá-la. O movimento fez seus rostos ficassem próximos. Bem próximos.

—Isso está de ponta cabeça. –Lucas sentiu o hálito quente do amigo roçando contra seu rosto. Seu corpo estremeceu por completo.

—Ok, você venceu! – Bruscamente o loiro se colocou de pé, assim quase acertando o nariz do amigo. O barulho alto do metal da cadeira raspando contra o piso de madeira da biblioteca ecoou pelo local, enfatizando sua ação exagerada. –Está calor demais para estudar, vamos para a sorveter... –Lucas se virou, pronto para marchar até a saída da biblioteca.

Sempre que o moreno se aproximava demais, seu cérebro entrava em combustão.

—Espera! –Mateus o agarrou pelo pulso, obrigando-o a dar meia volta. –Não foi para estudar que você me chamou aqui, não é?

—C-claro que foi! Você está indo muito mal em química, e as provas estão prestes a começar, e eu queria te ajudar porque... porque você é meu melhor amigo...

—Lucas! –O moreno quase gritou. –Me diz a verdade. —Foi quase como uma ordem. –Você realmente queria estudar?

—Não queria, droga! –Lucas bruscamente soltou seu pulso até então envolto pela mão quente do amigo, lançando um olhar afiado para os olhos castanhos que pareciam surpresos com seu ato. –Você está certo, não foi para estudar que eu te chamei aqui, foi porque eu queria ficar sozinho com você. Foi porque desde que a gente se beijou aquele dia, na sua casa, eu não consigo mais pensar em nada que não seja beijar você de novo. Eu nunca me senti assim antes.

Silêncio. Mateus arregalou os olhos, que fitaram assustados os olhos esverdeados.

Que merda.

Lucas ficou estático, incapaz de acreditar no que tinha dito. Definitivamente, o calor tinha subido até sua cabeça e fritado seus neurônios. Em condições normais, jamais teria dito algo parecido.

—Você... –Mateus desviou o olhar, hesitando por alguns segundos antes de perguntar: Você quer fazer aquilo de novo?

Oi?

Mateus pegou sua mão e, antes que o loiro pudesse entender qualquer coisa, já estava sendo levado pelo amigo até a parte mais escura e mais abafada da biblioteca da escola. E antes mesmo que pudesse dizer qualquer coisa, sentiu os lábios quentes e úmidos sobre os seus, enquanto a língua macia deslizava para dentro da sua boca.

Lucas não podia negar que Mateus fazia seu coração ficar cada vez mais quente.


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