Mark 

Ser um anão em pleno século 21 era extremamente difícil. Não era por causa de todos os lugares que os objetos eram sempre feitos para pessoas com uma estatura mediana, se pessoas consideradas baixas — 1,50, ou 1,60 — já sofriam, imagina eu, com um metro. 

O mais complicado mesmo, era o julgamento da sociedade. Sentia no mundo de minha alma quando estava em um lugar público e não conseguiram tirar os olhos de mim, virava e mexia alguém falava algum desrespeito a mim, seja: " Oh meu deus, como você é fofo" ou "É tão bonito, uma pena que seja tão baixo" ou o pior: "poderia entrar no circo" 

O que me levava a essa situação. Estávamos no período de almoço da empresa, meus amigos até me convidaram para comer fora mas meu dia foi extremamente ruim, não precisava me estressar mais ainda por olhares maldoso. Por isso, peguei minha marmita e fui para o parquinho de criança para comer em paz. 

Pode parecer estranho, mas realmente adorava observar as crianças, pois tinham um coração tão puro e de ouro que nunca iriam me achar "defeituoso". Elas simplesmente me incluíam e isso era uma alegria para mim, de tanto ódio que tinha recebido, somente por não ter cinquenta centímetros a mais. 

Dez minutos depois de ter acabado minha comida, percebi um garotinho que deveria ter uns sete anos, correndo em todos os brinquedos possíveis, falando com todas as crianças presentes e sendo uma bola de felicidade. Mesmo que não tivesse o observado a muito tempo, com certeza quando crescesse, iria trabalhar com pessoas. 

Imaginem minha surpresa quando o menino de cabelos pretos, pediu licença antes de sentar ao meu lado no banquinho. 

— Finalmente posso falar para os meus amiguinhos e principalmente para minha mãe que conheci um gigante. — A criança sussurou quando seu corpo se inclinou para o meu, como se estivesse contando o maior dos segredos da terra. 

— Ela sempre deixou claro que fadas, gigantes e qualquer outra criatura de conto de fadas não existiam. Então,como explica o fato que estou sentado ao lado de um? — Bateu as suas mãos a cada palavra pronunciada, seus olhos passaram por meu corpo e poderia jurar que senti em suas pupilas uma felicidade tão grande, junto ao fato que eles praticamente brilharam, como se realmente estivesse vendo um desejo de muito tempo se concretizar em sua frente. 

Somente deu uma risada de outro mundo quando implorou para tirar uma foto, para mostrar para todos que quisessem. Quando fiquei ao seu lado, era no máximo um cinco centímetros mais alto, mas se aquele menino olhava para mim, como se fosse sessenta centímetros, qual seria a causa de não ter orgulho de minha altura? 

Se Jackson — que se apresentou depois — achasse que era realmente um gigante, deveria me sentir assim, certo? Independe do que a sociedade me falasse.