Dependência de abraços escrita por Fiuri


Capítulo 1
Capítulo único: Os benefícios de um abraço


Notas iniciais do capítulo

?”? ✽Betagem por; Kagayama
?”? ✽Design por; Comedian
Sinopse por: Obscurious



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YURI

“Na Universidade de Carolina do Norte, nos EUA, a psicóloga Karen Grewn  pesquisou sobre os efeitos do abraço e comprovou que o carinho pode aliviar a dor. Ela e sua equipe recrutaram mulheres que sofrem com enxaqueca e, durante os testes, as participantes relataram melhora significativa na dor de cabeça.”

 

Esse fato científico não sou eu que estou falando, foi pesquisado, então se o abraço realmente faz bem para as duas partes envolvidas, porque algumas pessoas não gostavam de jeito nenhum? 

 

Tudo bem, tinha toda a história de passar o espaço pessoal ou até o fato que talvez nos abraços o seu corpo se colava ao da outra pessoa e isso gerava um desconforto, claro que entendia. Entretanto os prós eram muito maiores, pelo amor de Deus, não existiria um dia do abraço — que inclusive é dia 22 de maio, se alguém realmente estiver se perguntando — se não fosse algo saudável para os seres humanos. 

 

Acho que todos vocês estão se perguntando por que estou falando sobre essa ação que, para muitos, é uma coisa normal, alguns gostam e outros não. Para mim? Era sagrado, pois sempre que estava ansioso o meu corpo procurava um estímulo para se acalmar e o que seria? Um abraço. 

 

Sim, muitas vezes não poderia conseguir me controlar e passava os meus braços pela pessoa ao meu lado, quando não sabia nada sobre ela, muito menos o nome. Nem preciso contar que inúmeras vezes alguns me xingavam e, uma vez ou outra, já me empurraram, o que me deixava vermelho de vergonha no chão e com dor na minha bunda. 

 

Em meus longos vinte anos de vida, nunca houve uma pessoa que simplesmente me abraçou de volta, acho que isso envolvia muita confiança, pelo jeito gentileza era um sentimento em faltava no século vinte e um. 

 

Mais uma pergunta que deve estar passando pela mente de vocês: “foi um problema na infância que te fez começar a abraçar?” Não, pelo contrário, minha infância foi sem nenhum problema e não poderia ter conseguido pessoas mais amorosas. Todos nós quando temos algum transtorno emocional ou psicológico fazemos de tudo para achar algo que nos aterre novamente. O meu? Abraços. 

 

Talvez eu somente esteja fazendo esse monólogo em minha cabeça para tentar ficar mais relaxado. O que estava acontecendo? Hoje todos os alunos do terceiro semestre iriam fazer uma prova, que caia todas as nossas matérias, valendo quarenta por cento de nossa nota. Então, claro, minha ansiedade estava tão forte que era uma chaleira segundos antes de explodir. 

 

 — Hey Yuri, você consegue prestar atenção em mim?  — Conhecia a voz de meu melhor amigo de trás para frente, entretanto com a ansiedade tomando conta, e meus pensamentos indo cada vez mais rápidos, era impossível prestar atenção em alguma coisa, até porque meus olhos estavam cada vez mais desfocados.

Para tentar sair daquela névoa de me sentir extremamente claustrofóbico em um espaço grande, já que comportava pelo menos cinquenta alunos para aquela prova, comecei a andar de um lado para o outro. Algumas palavras chegavam em mim, como por exemplo: “cuidado” ou “olha para onde está andando”. Entretanto era como se estivesse somente fazendo as coisas no automático, meu cérebro estava muito cheio para conseguir prestar atenção nas interações de meu próprio corpo. 

— Yuri, olha para mim. — Chris gentilmente colocou a sua mão em meu ombro e, quando entrou em meu campo de visão, toda sua feição gritava o quanto estava preocupado. Como se fosse mágica, minha respiração diminuiu um pouco, entretanto ainda sentia o meu coração batendo tão forte que, por alguns segundos, a tontura passou por mim, tive que apoiar a minha mão na parede, para não cair. — Eu vou te abraçar agora, tudo bem? — O loiro sabia mais que ninguém, se estivesse naquela condição, a última coisa que iria fazer seria responder alguém verbalmente, por isso deixou claro as suas ações somente para me passar a segurança de que, se quisesse, poderia muito bem sair de seu abraço. 

Poderia parecer a maior loucura para as pessoas entenderem, mas no exato momento em que os braços passaram por meu corpo, deu para sentir o seu coração batendo, mesmo que fosse tão levemente, me deu uma paz de outro mundo. Respirei fundo, uma, duas, três vezes e quando o meu corpo se ajustou ao de meu companheiro, minhas batidas de coração conseguiram se assemelhar, fazendo com que a ansiedade saísse de meu corpo. 

Não era algo que poderia colocar em palavras, quando alguém me abraçava e parecia que, se a pessoa a minha frente não estava em pânico, era um lembrete para mim mesmo: eu não deveria ouvir as vozes em minha cabeça, por mais altas que fossem. Se a pessoa estava calma, ou pelo menos, mostrando essa sensação, porque eu não deveria estar? 

— Desculpa. — Quando a ansiedade finalmente saiu de meu corpo, pude perceber que todos a nossa volta nos olhavam. Tinha certeza que o abraço durou mais do que dois minutos, o que muitas pessoas estranharam. Meu rosto ficou quente de vergonha e enfiei-o no pescoço de Chris para ver se meu coração voltava ao normal, devido a atenção desnecessária. 

— Que isso gatinho, sempre vou estar aqui para te ajudar. — Suas mão passaram suavemente por meus cabelos, fazendo o cafuné que tanto gostava. Sério, não sabia onde tinha ganhado na megasena para ter a amizade de um cara tão atencioso como ele. 

— Alunos, dez minutos para o simulado começar. — Ainda que estivesse mais calmo, quando aquelas palavras foram pronunciadas no alto falante, era como se toda a sensação estivesse de volta novamente. 

— Oh merda, eu vou ir ao banheiro, sabe como os fiscais são chatos com a questão de sair de sala. — O meu amigo deu uma risada e revirou os olhos, pois as regras eram extremamente rígidas para alguma coisa natural, que seria beber água quando você estava com tédio ou nervoso, ou simplesmente se quisesse esticar um pouco as pernas ou esvaziar um a mente. 

— Tem certeza absoluta que irá ficar bem? — Os seus olhos passaram com desconfiança e cuidado por todo o meu corpo, pois os efeitos colaterais que tinha depois de um mini ataque de ansiedade duravam aproximadamente de cinco a dez minutos. Por mais que quisesse mais do que o mundo o seu abraço, Chris não deveria renegar ir fazer xixi somente por minha mente que não me ajudava. Isso era abusar de sua gentileza e amizade. 

— Sim, tenho certeza absoluta. — Coloquei o meu melhor sorriso, mesmo que Chris tivesse ficado alguns segundos a mais me checando, como se em qualquer segundo fosse passar toda a minha ansiedade. Como isso não aconteceu, deu um beijo em minha testa antes de correr para a porta. 

O meu sorriso caiu no mesmo instante que não o vi. Quando você tinha um transtorno psicológico por tanto tempo era como se seu sorriso fosse treinado para parecer verdadeiro quando tudo que quisesse no momento era chorar ou entrar em pânico

— Alunos, ocupem os seus lugares. A prova irá começar daqui a cinco minutos. — Oh porra, se antes estava conseguindo lidar com a minha ansiedade sozinho, todo progresso tinha ido diretamente para o lixo quando as palavras passaram por meu cérebro. Para piorar? A maioria dos alunos continuavam a conversar como se nada tivesse mudado, como se aquela nota não fosse mudar nada em suas vidas. 

Tentei acalmar minha respiração, assim como focar em alguma coisa em minha volta que não fossem barulhos. Entretanto por mais que falasse para mim mesmo que seriam questão de minutos até tudo voltar ao normal, era impossível me acalmar. Sabia muito bem que, nessa etapa, a única coisa que iria me aterrar ao normal seria um abraço. Olhei desesperado para a porta, vendo se Chris estava de volta e a cada segundo que se seguia, mais o desespero passava por mim. 

Senti que aquela era a hora que teria de me contentar com a pessoa ao meu lado e falar “tchau” para a confiança, pois se continuasse o esperando, aquela sensação iria virar um surto de ansiedade. 

— Desculpa. — Sussurrei para a pessoa ao meu lado no mesmo instante que passei os meus braços por aquele corpo. Fechei os meus olhos e já estava preparando meus ouvidos para os xingamentos ou para ser atirado ao chão, o que viesse primeiro. 

Notei duas coisas enquanto os segundos se passaram. 1) A pessoa não fez nada do esperado e sim passou os seus braços mais fortemente pelo meu corpo, como se gostasse realmente do abraço. 2) O seu corpo era magro, alto e de um homem. Quando abraçava alguém era como se a minha alma se tocasse com a da pessoa e, dependendo de como os nossos corpos reagissem, era o destino falando que nossas almas tinham aquele carinho, assim como os nossos corpos. Nunca em um milhão de anos essa sensação tinha passado por mim novamente, não depois de Chris. E porra, possuía a certeza absoluta que éramos feito um para o outro, tudo por causa de um abraço. 

— Prazer, Victor. — Se nossas almas estavam conversando entre si e não queriam soltar, quando vi o seu rosto… oh, meu Deus. Aquele sorriso direcionado para a minha pessoa fez as borboletas em meu estômago ficarem vivas depois de um longo período adormecidas. Até seu cabelo com a cor prateada tinha chamado a minha atenção do quanto o ser a minha frente era especial. — Depois do simulado, gostaria de tomar um café comigo? —  No mesmo instante que sua voz chegou aos meus ouvidos, o sinal bateu e todos começaram a ir a seus lugares, o que resultou em meu corpo sendo levado por uma multidão. Gritei um “sim” e rezei para que tivesse chegado a Victor. 

Por íncrivel que pareça, em nenhuma questão fiquei nervoso, uma coisa que nunca tinha acontecido comigo. 

Quando alguém que não goste de abraços falar isso para você, conte essa história. Um abraço pode mudar uma vida inteira. 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem, paz



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