alguém te quer escrita por Luna Mars


Capítulo 1
Capítulo 1 - fenda




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— Por que diabos veio comigo, Luffy?

Nami estava se perguntando isso desde o momento em que saiu do Sunny. Geralmente, a ruiva tendia a realizar as mesmas atividades durante o tempo em que param para registrar o Log Pose, especialmente enquanto nenhuma confusão ainda é arranjada. E como ela acreditou que hoje não seria diferente, achou que apenas precisaria dividir o dinheiro entre os membros da tripulação, se despedir de todos e sair a procura das suas amadas lojas de roupas.

A magnetização demoraria em torno de quarenta e oito horas, então seria tempo suficiente para que ela curtisse o centro da cidade, olhando lojas e mais lojas com bastante calma e ainda aproveitar um pouquinho do festival que aconteceria no outro dia.

Quer dizer, se não fosse o capitão ao seu lado. 

Por algum motivo, Luffy tinha declarado em alto e bom som que iria passear com Nami hoje e que, por favor, Usopp e Chopper não chorassem (“Eles já estão chorando, Luffy.”) porque no dia seguinte eles definitivamente iriam explorar juntos a ilha.

Isso foi há uma hora atrás. Incrivelmente, nem Robin nem Sanji se juntaram a ela e só restou o capitão de fato. Não que ela se importasse de passar um tempo com o rapaz, muito pelo contrário - discretamente, Nami sempre tentava aproveitar toda e qualquer oportunidade de ficar junto dele quando a mesma aparecia. 

Afinal, quando se ama alguém, ficar um tempo juntos sempre é bem vindo.

É. Amar. 

Não uma queda, não uma paixonite nem muito menos somente um afeto de amigos muito próximos. 

Atualmente, era muito mais que isso e Nami não negaria mais.

A garota esteve em negação por tanto tempo que desde que finalmente conseguiu admitir para si mesma que não, todo esse carinho e preocupação não pode ser só amizade, tudo pareceu ficar muito mais leve. E não é como se o mundo inteiro soubesse também - só Robin (e que ficasse registrado que não foi por vontade própria) porque, convenhamos que Nico Robin, infelizmente, é uma pessoa muito perceptiva.

Ah, e uma certa pirata também.

Então, como ela sabia que a amiga arqueóloga sabia, a vinda tão inesperada de Luffy só podia ser… 

— Robin! Ela disse que você precisava da minha ajuda!!

Claro. E em que exatamente, Robin?

— Entendo… e ela disse sobre que tipo de ajuda eu precisava?

Nami estava de frente para o espelho do provador olhando o reflexo de um Luffy completamente elétrico correndo de um lado para o outro. Como a ruiva já tem muito tempo de convívio, a hiperatividade do capitão não era nenhuma novidade, mas ela sabia que a moça da loja estava para ficar doida com tanto yukata aleatório que ele pegava e jogava nas mãos dela. 

— O festival de amanhã! Ela falou que você queria muito ir, mas que nem ela e nem Sanji poderiam te ajudar a escolher a roupa, então disse que eu podia e aqui estou eu! Nami, Nami… olha esse yukata? O que cê acha desse? Olha esse aqui!! E esse- 

— SE AQUIETA!

— Namiiii-

Ela não teve opção - um cascudo tinha que ser dado. E não é que a navegadora tinha se irritado com a inquietude do capitão, mas é que ela sabia muito bem o porquê de Robin ter sugerido e o porquê de Luffy ter aceitado. Mas, sinceramente, ela só queria ter um dia em paz.

Ela só queria ter um dia sem pensar em Monkey D. Luffy.

Mas tudo bem, Nami é uma mulher crescida. Seus tempos de fazer birra com o garoto e ficar enraivecida por causa de seus próprios sentimentos não existiam mais. Se o destino (Será que também posso dizer que o destino se chama Robin?) decidiu que hoje ela teria que aguentar toda a loucura do seu melhor amigo, então que assim fosse. Ela é muito mais dos que seus sentimentos não correspondidos.

A amizade dos dois é muito mais dos que seus sentimentos não correspondidos.

Na real, a ruiva nunca chegou a se confessar. Hoje ela consegue identificar que esses sentimentos sempre existiram desde o momento em que Luffy colocou o chapéu de palha em sua cabeça, mas foi somente cinco meses atrás que ela finalmente se deu conta. Coincidentemente, quando conheceu Boa Hancock, a Imperatriz Pirata. 

A navegadora admite o quão infantil foi, o que ela decifrou que podia ter sido uma crise séria de ciúmes. Nami nunca achou que podia sentir tanto ciúme assim em toda sua vida e isso quase acabou com toda a espiritualidade da visita da Imperatriz. Logo de início, a ruiva não gostou de como Hancock falava com Luffy, como o abraçava, como o olhava e muito menos de como disse várias e várias vezes que iria casar com o garoto.

Isso fez com que ela simplesmente reinasse o inferno dentro do Thousand Sunny, esbravejando com qualquer um a qualquer momento e chegando até ser mal educada com a mulher. Obviamente isso não passou despercebido pelo capitão e  Nami tem quase certeza que foi a primeira vez que Monkey D. Luffy chamou sua atenção de forma séria, o que a deixou se sentindo tão apreensiva e culpada que, no fim, foi o suficiente para fazê-la cair na real. 

"Eu não sei qual é o seu problema, mas você não está agindo normal. Hancock é nossa visita e é minha amiga. Eu não deixarei ninguém maltratá-la, nem mesmo você, Nami."

No mesmo dia, a navegadora se dirigiu sozinha a imperatriz, desculpou-se e deu uma justificativa esfarrapada que nem mesmo se lembrava, mas sabia que as palavras da bela pirata ficariam para sempre marcadas em sua mente.

"Eu sei que você não gosta de mim porque é apaixonada por ele. Eu entendo completamente e não a julgo. Mas, no fundo, você sabe que não é o suficiente para ele, não é? Não falo por mal, falo porque é o que vejo. Ele sempre terá que lhe salvar e você nunca vai conseguir pagar de verdade por tudo que ele fez, não acha? Tem certeza que conseguiria viver numa relação desse tipo?"

Poucas coisas magoaram Nami profundamente - a impotência diante do assassinato de Bell-mère, a falta de condições de salvar sua vila das mãos de Arlong, a necessidade de descartar uma boa parte de sua infância por uma causa maior… e agora, as palavras de Boa Hancock. Cada frase pareceu como se a imperatriz estivesse enfiando uma faca dentro do seu peito e girando. A verdade crua das palavras da shichibukai permaneceram com Nami da mesma forma que sua tatuagem permaneceu em seu braço depois desse todo esse tempo. 

Ela lembra o quanto chorou naquele dia escondida no banheiro depois que a festa para as piratas Kujas acabou. No fundo, ela sabia que era tudo verdade - ela amava Luffy mais do que alguém podia imaginar, sabia que ele realmente sempre arranjava um jeito de salvá-la de qualquer situação mesmo que ela não pedisse, mas que isso sempre pesava em seu coração porque a qualquer momento desse, o que diabos ela faria se ele se machucasse irreparavelmente por conta da sua própria fraqueza? Sabia que era uma relação desbalanceada. 

Sabia de tudo isso.

Machucou finalmente parar de fingir para si mesma e ao mesmo tempo descobrir que ela realmente não era suficiente.

Entretanto, no outro dia, Nami era um pessoa totalmente diferente com Hancock e toda a tripulação. Sem caras feias ou observações sarcásticas, ela tentou ser o mais simpática que podia, uma vez que a imperatriz, apesar de olhar feio para as duas mulheres da tripulação, não fez nenhum mal a navegadora. Além de que Nami tinha plena consciência de que estava agindo como uma criança apenas porque Hancock tinha razão em todas as suas observações e tudo que a ruiva podia fazer era somente aceitar. 

Além do mais, não é como se Luffy fizesse ideia do que significava gostar de outra pessoa mais do que um nakama. Nami não precisou nem se confessar para saber que o capitão realmente nem a via daquela forma. Poucas palavras foram necessárias para confirmar tal fato e ela estaria mentindo se dissesse que a firme negação dele sobre a mera ideia de ser possivelmente casado com ela também não tinha a magoado.

Isso escapou dele logo após a partida de Hancock quando Usopp e Chopper estavam o atazanando sobre o que ele achava sobre casamento e relações amorosas já que a bela pirata não deixou dúvidas nenhuma sobre sua verdadeira intenção com Luffy. Pergunta vai, pergunta vem e Usopp, incrivelmente atrevido, também perguntou se ele já tinha pensado sobre esse tipo de coisa em relação às companheiras de tripulação. 

"Haa? Não!! Robin é muito velha e Nami nem sempre faz algo divertido. Acho que num ia dar certo não, shishishi."

Aquilo realmente pegou a ruiva de surpresa - tanto que ela nem conseguiu socar a cabeça dele por ter sido rude. A reação (ou falta de) não passou despercebida pelos Chapéu de Palha e muito menos por Luffy. Ele tinha o sorriso bobo e inocente de sempre no rosto, mas ao perceber que Nami apenas o encarava sem expressão alguma, o semblante do capitão tornou-se confuso e logo ele começou a entrar em pânico achando que a amiga iria bater nele e "por favor Nami, não faz nada, desculpa, desculpa"

De fato, a navegadora não fez nada. Depois de alguns segundos, ela ateu-se apenas a rir forçadamente e concordar com Luffy ("Talvez você tenha razão, capitão."), mas todos perceberam que desde então a relação dos dois mudou quase imperceptivelmente apenas porque Nami era boa em mentir. Mas, secretamente, todos estavam tentando consertar esse "algo" que parecia ter sido quebrado nesses últimos meses, mas que ninguém sabia exatamente o que era.

Nem mesmo Nami sabia. Ela tentou não transparecer nada, mas inconscientemente, evitava afagar os cabelos de Luffy (embora muitas vezes ela não tivesse sucesso), tentava não usar mais o chapéu quando ele o colocava em sua cabeça, passou a desenhar seus mapas com mais frequência na biblioteca, afastava-se quando estavam muito perto. Mas ainda sim, aproveitava todo momento que podia ter com o garoto borracha ao mesmo tempo que mantinha uma distância segura entre os dois. Desde então, Nami ficou presa nessa dualidade de querer se aproximar mas ao mesmo tempo se afastar. 

Não é como se tivesse sido formado um abismo entre eles, mas existia uma fenda levemente aberta para que ela soubesse onde deveria ficar quando ele estivesse completamente fora do seu alcance.

Também não era necessário dizer o quanto ela chorou escondida no banheiro por dois dias. E foi aí que Nico Robin descobriu. Nami realmente não tinha a menor intenção de contar para ninguém - seria o segredo que ela iria guardar a sete chaves. Mas Robin… Robin era muito observadora e inteligente. Obviamente, ela percebeu como Nami voltava de olhos inchados nesses dois dias que sucederam a declaração do capitão. 

No terceiro dia, a navegadora chorou no colo da amiga.

Inicialmente, Nami tentou ser o mais discreta possível, mas algo a dizia que Luffy tinha percebido e desde a fatídica visita da Imperatriz, o capitão tentava se aproximar dela sempre que podia. Ela cansou de dizer para o garoto que estava tudo bem, que ela não tinha ficado chateada, que ele podia ficar tranquilo, mas por algum motivo, ele continuava a persistir. 

O engraçado é que Luffy, de uma forma ou de outra, a ensinou e mostrou várias coisas, incluindo o que era um coração quebrado.

— Luffy, sinceramente, você não precisava ter vindo. Podia ter ido passear com Usopp e Chopper pela ilha sem problema. E amanhã, eu só pretendia dar uma passadinha no festival e voltar pro Sunny. 

A garota deu um suspiro pesado enquanto ajeitava os cabelos escuros do mais novo. Claro que ela queria passar um tempo com ele (ao mesmo tempo que não - e ela deu um duplo suspiro porque nada parecia fazer sentido nesses últimos meses), mas Nami não iria impor sua presença a quem não estava a fim de aproveitá-la.  Inicialmente, ela se sentia super ofendida e enraivecida toda vez que pensava em como quase nunca mais passeava com Luffy somente eles dois durante as paradas que faziam pelas ilhas porque ele sempre corria para ficar próximo de Usopp, Chopper ou Zoro, mas hoje em dia ela simplesmente aceitava que é assim que as coisas são. 

No fundo, ela queria que ele ansiasse pela sua companhia assim como ela ansiava pela dele, mas não se pode ter tudo, certo? A amizade de Luffy é um dos bens mais valiosos que ela possuía e definitivamente não iria pôr tudo a perder por desejos egoístas da parte dela.

Luffy aceitou o afago em sua cabeça e apenas inclinou o rosto sem expressão.

— Você não quer que eu fique aqui, Nami?

O tom repentinamente sério realmente a surpreendeu.

— Claro que quero. Só não quero obrigá-lo a fazer algo que não quer, seu besta. Eu consigo me virar aqui sem problemas. Tenho certeza que você prefere ir explorar a ilha do que ficar vendo roupas comigo, nee Lu-

— Você preferia que o Sanji tivesse vindo?

Luffy perguntou do seu jeito direto característico e Nami se assustou mais uma vez. Eu normalmente quero a sua companhia, seu idiota de chapéu, pensou a ruiva segurando a enorme vontade de revirar os olhos. 

— Haa? Não disse isso. Só quis dizer que você se divertiria mais se tivesse ido com Usopp ou Chopp-

— Yoshi!! Se você não se importa, então vamos continuar, Nami!! Ainda tem outros yukatas aqui que eu separei- Oe, Nami! Que horas é o festival? Vai dar tempo??

O garoto arregalou os olhos comicamente e Nami se segurou forte para não começar a rir. Ele mesmo acabou de dizer que o festival era amanhã e já esqueceu. É quase impossível ficar chateada com você, seu bobo! 

— Calma, Luffy. O festival é só amanhã. Vamos fazer o seguinte: você termina de me ajudar a escolher um yukata pro festival, aí eu te compro um sorvete e você tá liberado, pode ser?

— Sorvete?? Eu quero sorvete, Nami! Agora?

Outro cascudo.

— Você não ouviu o que eu acabei de dizer, seu pangaré??!! DEPOIS!! 

Luffy fez um biquinho e Nami quase cedeu, mas preferiu manter a carranca. O capitão conseguia realmente ser incontrolável quando queria. 

— Tá bom, mas você tem que me ajudar também, Nami! Eu vou precisar de uma roupa pra ir pro festival e você sempre diz que eu me visto mal, mas vou te mostrar que você é doida e tá enganada. 

— Você vai pro festival?? Por que?? E… d-d-doida? …DOIDA??

A ruiva levantou o braço pra agredir Luffy, mas ele foi mais rápido - jogou os yukatas no chão e saiu correndo. Mas antes de sair para a ala masculina da loja, ele olhou Nami dos pés a cabeça e disse de forma simples e alegre algo que ela nunca imaginou ouvir dele.

— Você tá muito bonita, Nami! Acho que esse é o melhor que você experimentou até agora!! Shishishi.

E ela não conseguiu nem responder nem impedir o rosto de corar.

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バカ baka.

 

 


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Notas finais do capítulo

A ideia veio do fato que eu acredito fielmente que Nami, no fundo, é apaixonada pelo capitão dela. Fora do universo das fanfics, eu realmente não sei se Luffy seria já que ele é tido como assexual, mas o ponto não é esse. O ponto é que eu realmente acho que ela já tá apaixonada por ele faz um tempo. Mas é só minha opinião, hah!

E Luffy é complicado, mas divertido de escrever. :D

E continuo na minha jornada de aprender a escrever, gente. Por favor, não desistam de mim. (. ♥ ‿ ♥).



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