Entre treinos escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Único




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/787463/chapter/1

Suado. Mas aquela característica não resumia apenas ele, sequer o resumia, de fato. Suado, o coração acelerado pelos exercícios, mas Izuku estava em igual estado, talvez mais. A respiração dele era ouvida de onde Bakugō estava recuperando o fôlego. A garrafinha de água em mãos, despejando goles generosos na boca, deixando que respingasse no queixo e no tórax quente. O dorso da mão fora utilizado para —  não recolher, mas — esfregar a água restante desde o queixo à bochecha esquerda, mantendo a garrafa ainda aberta na canhota. 

A blusa preta colava ao seu corpo, como num abraço molhado, e naquele momento de brisa suave, refrescante. Assistiu-o fazer quase o mesmo, os goles na água, o excesso que escorria ao queixo e pingava na blusa já molhada de suor, mas ao contrário de si, Deku não secou o restante da água. Jogou-a ainda mais, agora nos punhos e rosto, e então na nuca, inclinando a cabeça para frente, evitando molhar demais os cabelos. Respirou revigorado. 

—  Cansou? —  implicou, como lhe era de praxe, bebendo em seguida mais um longo gole. Notando o sorriso de lado que lhe fora direcionado, junto a um meneio de cabeça negando seu cansaço, embora ambos estivessem. 

—  E você, Kacchan, cansado? —  A pergunta veio sem sua total atenção, virando-se para colocar a garrafa quase vazia no chão, alongando-se ao máximo para dar alívio às costas, e por tabela, proporcionar à Katsuki a belíssima visão dos glúteos bem malhados. 

Era a implicância, agora menos intensa, talvez sadia. Após tantos e tantos treinos supervisionados por Yagi Toshinori e Aizawa Shōta, aprenderam a enfim se portar como dois futuros heróis em busca da perfeição. Trabalhando em equipe, mesmo que por ora, apenas em treinos que poucos, ou quase ninguém sabia. 

Quando voltaram ao centro do tatame, encararam-se como dois caçadores analisando as presas. A destra de Izuku seguiu em linha quase reta, curvando ao se aproximar do rosto de Katsuki, que esquivou para a esquerda, usando a mão para impedir o ataque, virando a palma para que agarrasse o antebraço de Izuku. Treinos ritmados, quase ensaiados demais, tamanho o conhecimento que agora tinham sobre o outro. Bakugō, em seus treinos com Izuku, passou a ser um pouco menos explosivo. Tal como havia sido instruído por Aizawa. Tal comportamento poderia levá-lo a sua ruína como pró-hero. 

Abaixou-se de supetão, soltando o braço de Izuku, girando a perna para que derrubasse o colega de classe. Tentativa arriscada, porém, efetiva. Mas não cem por cento. Não quando Izuku caiu sobre ele, agarrando-se com ambas as mãos de modo cruzado na blusa de Bakugō, esgarçando um pouco o tecido. 

Uma virada e logo Katsuki estava por cima, os joelhos firmes no tatame, os cotovelos também, mantendo suas mãos presas aos punhos de Izuku, impedindo alguma nova emboscada. A proximidade era quase exagerada, a respiração de um indo de encontro a do outro. O resfolegar, os tóraxes a subir e descer num ritmo constante. 

Izuku sempre o notou. Notava e anotava cada peculiaridade que compunha o amigo, que fazia dele uma criatura tão interessante, e quando mais velho não perdeu o costume, não quando Kacchan havia crescido, desenvolvido e se tornado um rapaz atraente. Ainda mais quando Deku soube que sentia muito mais —  ou apenas — atração por caras. Se perguntado, ele não tinha tipo, mas, definitivamente, Bakugō Katsuki era o seu tipo. Estava, no mínimo, perdido ao repará-lo tão de perto. O suor na tez, o umedecer de lábios que fora involuntariamente copiado. Izuku nem ao menos notava o mordiscar de seu lábio inferior enquanto o observava, mas Katsuki havia notado, e não de hoje, mas de outros treinos. 

O movimento não fora bem pensado; Izuku envolveu as pernas na cintura de Bakugō, forçando o corpo sobre o dele num giro, buscando ficar por cima. Claro, devido a proximidade dos rostos, os lábios resvalaram de modo quase imperceptível, mas fora o bastante para que Deku afrouxasse o aperto na camisa do amigo. Sentado sobre sua cintura, próximo demais de seu rosto. Engoliu em seco.

—  Uma pausa…

Sugeriu, a voz tão baixa, não havia motivo nenhum para falar mais alto. 

—  Tudo bem. 

Mas ele não saiu de cima de Bakugō, não quando ao soltar seu braço ele apoiou ambas as mãos em suas coxas, talvez de modo impensado, a memória muscular agindo para trazer descanso aos braços que estavam até então cruzados. 

Eles deveriam notar, a tensão sexual era quase palpável entre eles, Shōta havia comentado com Toshinori uma vez. Claro que Yagi rebateu dizendo que eram apenas amigos numa fase de tensão. 

Talvez tudo ali fosse o calor do momento. As mãos de Bakugō que subiam pelas coxas de Izuku, o jeito que tão logo o puxava pela nuca para prensar seus lábios aos dele de modo quase brusco Não tardou para que as línguas movessem em desatino, buscando uma à outra. O calor dos corpos parecia apenas intensificar, e para Izuku tudo aquilo era novidade, embora, pelo modo como Bakugō o exigia, para ele não era novidade nenhuma. Agora, se eram os beijos ou beijar um cara, Izuku não teria como saber, não sem perguntar e isso ele não faria! 

Bakugō queria mais, soube disso no instante que viu-o se alongar, e não apenas naquele treino, mas no outros. Agora que sorvia de sua língua quente e lábios macios, queria mais. Não era do tipo de se contentar com pouco, e as curvas de Deku tinham tanto a lhe oferecer, sentia enquanto tateava-lhe o corpo moldado por treinos árduos. Sentia o peso sobre seu colo, e o calor despertava seu corpo. Deku o fazia ansiar por mais, por um pouco mais, e então ainda mais.

—  Ka-kacchan… —  o suspiro foi próximo aos seus lábios, lhe fazendo um arrepio gostoso pela palavra soprada de modo tão sensual. 

Sentia os cabelos macios em sua mão, fartava-se ao puxar os fios para que beijasse-lhe o pescoço suado, mas isso não importava. Sentia-o estremecer quando lhe tocava a coxa, apalpando com volúpia, apertando a seu bel prazer e deliciando-se com a vermelhidão que tomava a face e o pescoço. Izuku era tão tímido que fazia tudo ainda mais interessante, sensual. E isso, bem, apenas num beijo. O que dava asas à imaginação de Katsuki ao pensar em outras tantas formas de deixá-lo vermelho, sobre ou sob seu corpo. 

—  Uma pausa. Quer voltar ao treino ou paramos por hoje? —  Katsuki questionou-o como se nem ao menos há poucos instantes sua língua não estivesse dentro da boca de Izuku, enroscando-se em sua língua. 

—  E-eu… preciso de um banho. 

—  Então encerramos os dois treinos do dia? Posso te ajudar com uma coisinha ou outra na ducha. 

A oferta veio carregada de malícia, forçando Izuku a cobrir o rosto com ambas as mãos, tornando-se alvo fácil dos braços de Katsuki ao seu redor, puxando-o para que pudesse morder-lhe os dedos e o pescoço antes de soltá-lo, rindo inteiramente satisfeito por deixá-lo envergonhado, ou quase satisfeito. Mas isso poderia resolver num banho também, e nos próximos treinos também tiraria tempo para treinar com Izuku outras táticas de um bom desenvolvimento em duplo. A preferência era por treinos na horizontal e sem vestimentas, mas isso era coisa para conquistar com tempo, entre treinos. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entre treinos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.