Entre Extremos escrita por Bella P


Capítulo 47
Capítulo 46




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O ataque dos Comensais da Morte à Hogwarts começou com silêncio, depois veio os zumbidos de feitiços chocando um contra o outro e então ricocheteando nas paredes, e então vieram os gritos. Dallas estava na Biblioteca quando o ataque começou. As portas desta foram abertas com um estrondo violento e aurores entraram no local como uma onda, tropeçando uns sobre os outros e dando ordens confusas. Um deles apontou a varinha para a porta quando um feitiço de uma cor verde esmeralda atravessou o vão e atingiu um aluno da Lufa-Lufa do terceiro ano. Este caiu morto sobre a mesa de estudos antes mesmo de registrar o que acontecia, e diante desta cena que todos dentro da Biblioteca finalmente deixaram de lado o seu torpor de surpresa para dar lugar ao desespero. Os aurores fecharam as portas e montaram uma barricada de mesas, cadeiras e feitiços. 

Davon, que estava na mesa com Dallas porque tinha implorado que ela o ajudasse nos NIEMs, foi até a janela mais próxima e subiu no parapeito desta para observar os terrenos da escola. Ele xingou em alto e bom som e recebeu um olhar atravessado de Madame Pince que estava pálida feito folha de papel e tentava consolar alguns primeiro anistas chorosos. 

— O que foi? — Dallas aproximou-se dele e içou-se no beiral para ver o que ele via. Havia caos, bruxos e bruxas duelando enquanto alunos tentavam entrar as pressas no castelo para fugir do fogo cruzado. Corpos jaziam no gramado, muitos mutilados, outros intactos, prova de que o que deu cabo deles foi uma imperdoável. 

— Como eles conseguiram burlar as barreiras de Hogwarts? — Davon perguntou para ninguém em particular e naquele momento Dallas soube exatamente como: Draco. Matar Dumbledore não era a única missão do irmão, mas arrumar um jeito dos Comensais entrarem na escola, estabelecer o poder de Você-Sabe-Quem em Hogwarts.

Um estrondo chamou a atenção deles para a porta barricada. Os Comensais tentavam arrombá-la e pela forma com que a madeira envelhecida tremia sob o abuso de feitiços, Dallas podia dizer com firmeza que eles estavam quase conseguindo. 

— Atenção! — um dos aurores chamou. — Quem tem experiência em duelos? — Madame Pince arregalou os olhos e protestou:

— São crianças! — ela disse, completamente indignada, enquanto abraçava dois corvinais do primeiro ano contra o seu corpo, como se o gesto fosse o suficiente para protegê-los. 

— Que estarão mortas se ninguém se disponibilizar para ajudar nesta briga. Estamos em desvantagem aqui. — o auror rebateu com tom de impaciência e Davon desceu do parapeito em um pulo e com a varinha em punho.

— Arroubos grifinórios, Yale? — Dallas gracejou, mas imitou o gesto do colega. Os aurores os olharam com desconfiança. Afinal, eles usavam as cores e o brasão da Sonserina, não eram, pelo histórico da casa, para estarem lutando do lado dos mocinhos. — Vocês não estão no luxo de escolher quem luta ou não ao seu lado. — o auror mais à frente do grupo, grandalhão e com uma feia cicatriz que lhe marcava o rosto da testa até o queixo, assentiu para eles quando a porta deu uma nova chacoalhada e farpas voaram para todos os lados. Os aurores entreolharam-se e deram de ombros. Ao menos eles tiveram voluntários. 

A porta tremeu mais uma vez, a barricada estava a ponto de ceder, e alguém gritou uma ordem para os não combatentes irem procurar abrigo nos fundos da biblioteca.

— E nós também. — Davon comentou e recebeu olhares confusos e surpresos. — Ataques surpresas. A biblioteca é escura e cheia de cantos para se camuflar, se ficarmos parados aqui na frente da porta feito uns babacas esperando ela ser arrombada, morreremos fácil. 

— Ele tem razão. — um auror comentou e pela forma como os outros mais cedo haviam olhado para ele a procura de orientação, Dallas supôs que ele fosse o líder daquele grupo. — Apaguem as luzes, usem as estantes, você e você! — apontou para dois grifinórios. — Vão servir de guarda a Madame Pince e as outras crianças. — os grifinórios prontamente obedeceram e pouco a pouco, enquanto a porta sacudia e a barricada cedia cada vez mais, as tarefas e posições foram divididas. A biblioteca foi colocada em escuridão quase completa, com a luz da lua e da medonha Marca Negra visíveis pelas grandes janelas e a única fonte de iluminação. Silêncio absoluto imperou no lugar, a porta tremeu mais um pouco, a barricada cedeu, e então finalmente a entrada foi arrombada e Comensais avançaram em uma marcha lenta pelo local.

Dallas viu um passar bem perto da estante em que estava refugiada, o segurou pela barra da jaqueta e o puxou com força. Estava ficando boa em controlar de acordo com a sua vontade a força veela, portanto o Comensal, homem, maior e mais corpulento do que ela, veio com facilidade diante de seu puxão. Ele tentou reagir, mas Dallas já tinha o Estupefaça na ponta da língua quando o abordou e o Comensal apagou antes que pudesse emitir um som pedindo por socorro. Dallas amparou a queda dele e silenciosamente o colocou no chão, o amarrou e jogou sobre ele um feitiço de desiludir, o mesmo que usou em sua capa negra da escola, fortalecendo ainda mais o efeito da camuflagem sob a escuridão da biblioteca. Um feitiço de silêncio impedia que os seus passos ecoassem pelo chão de pedra. 

O próximo Comensal também foi pego desprevenido, desta vez por Davon. Dallas e ele lançaram os seus feitiços ao mesmo tempo, cada um escondido nas sombras das estantes, em lados opostos do corredor formado por essas. Somente se reconheceram porque o brilho dos feitiços por dois segundos iluminou os seus rostos, assim como denunciou a posição deles. Assim que o Comensal caiu, ambos os sonserinos sumiram nas sombras. Um duelo acontecia algumas estantes abaixo, um auror teve a sua posição revelada quando proferiu o primeiro ataque. Dallas rolou os olhos, o rosto do auror era familiar e então ela o reconheceu como um ex-grifinório que já estava em seu sétimo ano quando ela entrou em Hogwarts. Típico. Grifinórios eram péssimos estrategistas, como o símbolo de sua casa, o leão, eles eram ágeis em seus ataques e um bote bem dado era fatal, mas difíceis de passarem despercebidos. Dallas era uma Sonserina e como tal, aprendia desde cedo a ser inócua e ardilosa como uma serpente. E silenciosa, principalmente silenciosa. 

O próximo Comensal caiu com uma rasteira, o som de algo quebrando veio em seguida, um osso, talvez? E Dallas finalizou o trabalho com um feitiço estuporante. Embora a ideia inicial fosse de realizarem ataques surpresas, as posições dos aurores estavam sendo reveladas pouco a pouco, os Comensais eram burros de seguir Você-Sabe-Quem, mas não eram bruxos e bruxas medíocres. A grande maioria deles eram de centenárias famílias sangue-puro e com um vasto conhecimento de magia negra e nenhum medo de usá-la. 

Um grito soou ao fundo da biblioteca e Dallas lembrou com um certo pavor que era lá que os alunos mais novos estavam se escondendo junto com Madame Pince. A sua reação foi instantânea e digna de orgulhar a casa dos leões, se fizesse parte desta, o que graças a Merlin não era o caso, mas ela correu na direção do grito e descobriu a razão deste quando o grupo de alunos encontrou-se encurralado e os grifinórios que deveriam protegê-los, mortos no chão. Uma ideia louca veio à mente de Dallas que pensou que estava passando muito tempo na companhia de Potter, porque estava começando a ficar insana como ele.

— Ei! — ela gritou, chamando a atenção dos Comensais que encurralavam os outros alunos. Alguns deles viraram para mirar Dallas, os outros continuaram apontando as suas varinhas para as crianças. — Vocês sabem quem eu sou? — ela abaixou o capuz das vestes do uniforme, o que deixou o seu rosto exposto a claridade das varinhas. Uma expressão de reconhecimento começou a surgir no rosto de cada Comensal, e Dallas por um momento pensou em perguntar por qual feito ela ficou famosa entre os seguidores do Lorde das Trevas:

Por ser a namorada de Harry Potter ou;

Por ter mandado Você-Sabe-Quem se fuder. 

— Vem me pegar, vem. — incitou, disparou uma azaração no Comensal mais próximo, os incitando da mesma forma que se incita uma matilha, girou nas pontas dos pés e disparou em uma corrida. O som de pesados passos as suas costas lhe disse que o seu plano estúpido havia funcionado. Agora vinha a parte mais difícil: livrar-se de quatro Comensais da Morte em seu e encalço. 

Ao sair da biblioteca, o cenário que encontrou nos corredores de Hogwarts não foi muito diferente. Batalhas aconteciam em cada esquina, aurores e outros bruxos que Dallas não reconheceu, mas pela ausência do tradicional preto e expressão fechada que era o padrão de um Comensal, ela supôs que fossem aliados. Provavelmente integrantes da Ordem da Fênix aos quais nunca foi apresentada. Um feitiço estourou perto de seus pés e ela desviou com agilidade dos estilhaços de pedra enquanto revidava por cima do ombro. Ao passar por uma armadura, a derrubou no chão e pelo barulho de metal que ouviu, a mesma derrubou algum de seus perseguidores. Ao passar por um armário de medalhas, estourou a porta de vidro deste. Os xingamentos que ouviu indicou que alguém foi atingido. Ao chegar nas escadas moventes, permaneceu com a corrida, os feitiços ainda voavam a sua volta e ela revidava o ataque, quadros gritavam em suas molduras ao longo do fosso das escadas, um feitiço passou zumbido pela sua orelha e acertou o próximo lance de escada, arrancando pedaços do mármore, levantando poeira e cegando Dallas por um segundo, um segundo que foi o suficiente para ela pisar em falso, perder um degrau e na tentativa de recuperar o equilíbrio e evitar uma queda dolorosa, o seu joelho direito estalou, ela o sentiu sair do lugar e a dor subiu pelo seu corpo como um golpe violento. 

A queda foi tão dolorosa quanto a lesão. O impacto a fez perder a varinha, que quicou alguns degraus abaixo, e a sua visão ficou turva. Não conseguia respirar, o mundo a sua volta estava abafado, o som chegava aos ouvidos dela como se ela estivesse sob a água, a sua alma gritava para ela continuar, mas a sua mente só conseguia registrar a dor e o seu corpo não reagia a mais nada. Por um momento Dallas quis rir, porque era isto, este era o fim dela e ela nem partiu deste mundo de forma gloriosa. Ela nem disse a Potter aquelas três palavrinhas que ambos relutavam em dizer, mas que talvez fosse de grande ajuda para o relacionamento turbulento deles. Bem, era uma pena, não? Mas ao menos ela lutou até o fim, foi o máximo que conseguiu pensar antes de a sua visão escurecer de vez e o seu cérebro desligar. 

 

oOo

 

Dallas acordou com a violência de quem acorda após levar um banho de água gelada na cara: pulando na cama, tragando o ar e tentando entender o que acontecia enquanto debatia-se de forma incessante. 

— Dallas? Dallas! Está tudo bem, está tudo bem! — alguém a chamava ao mesmo tempo em que a segurava pelos braços e tentava imobilizá-la. Dallas apavorou-se, porque as palavras não eram registradas pelo seu cérebro ainda adormecido, a sua última lembrança eram Comensais a perseguindo, queda, dor e perder a sua varinha. Onde estava a sua varinha? Precisava dela. Onde estava?

— Ela acordou? — outra voz ecoou distante em sua mente enquanto ela tentava soltar-se das mãos que a seguravam, mas sentiu que não estava sendo muito bem sucedida. Os seus braços estavam pesados e mexiam-se com a morosidade de um Bicho Preguiça. 

— Ela não para quieta! 

— Deixa comigo. Dallas? — seguraram o seu rosto e Dallas prendeu a respiração e ficou imóvel. Talvez se simulasse ser uma estátua trouxa a deixassem em paz. — Dallas? Shhh, está tudo bem, tudo bem. — verde, era o que ela via. Olhos verdes, pele pálida e suja de fuligem, cabelo negro e desgrenhado, óculos de armações horrorosas e uma cicatriz. Ela conhecia aquele rosto, ela nutria sentimentos pelo dono daquele rosto, aquele rosto significava segurança. — Isso, está tudo bem. — as mãos deixaram as suas bochechas e ela quis gritar de protesto para que elas não a abandonassem. Felizmente, essas apenas mudaram o trajeto e a abraçaram pelos ombros e puxaram o seu corpo contra outro. — Está tudo bem. — a voz repetiu em um toque suave que parecia uma canção de ninar, e Dallas dormiu. 

Quando acordou novamente, o seu cérebro não estava mais entorpecido, a ala hospitalar era iluminada pelo sol da manhã, e Harry Potter dormia de forma desconfortável em uma cadeira ao lado de sua cama. 

— Harry? — chamou com a sua voz rouca que saiu quase como um sussurro. Mesmo assim, alto o suficiente para ele ouví-la, abrir os olhos e dar-lhe um sorriso. 

— Ei. — Harry trocou a cadeira pela beirada da cama, onde sentou e pegou uma mão dela entre as suas. — Como você se sente? — era uma pergunta estúpida, Dallas estava na ala hospitalar, como ele acha que ela se sentia? Mas, mesmo assim, a resposta avessa não veio e somente a verdade saiu de sua boca. 

— Dolorida. — Dallas franziu as sobrancelhas. A sua memória ainda estava confusa e os analgésicos percorrendo o seu organismo não a ajudavam a organizar as ideias. 

— Qual é a última coisa da qual você se lembra? — Harry perguntou, afagando a mão dela de forma carinhosa. Dallas só não sabia dizer se o gesto era para confortá-la ou confortá-lo. 

— Que eu deveria estar morta. — ele desviou o olhar e alguma coisa nessa história não se encaixava. — Harry? — rapidamente os olhos verdes voltaram para o rosto dela, surpresos com alguma coisa que ela não conseguiu compreender.

— É a primeira vez que você me chama de Harry. — ele deu de ombros. — Quero dizer, teve aquela vez no Beco Diagonal no segundo ano, mas acho que você estava só provocando o Ron…

— Harry! — ela cortou o tagarelar dele. Queria respostas, e as queria agora! Harry sorriu, mas a felicidade dele sumiu rapidamente em favor de seu rosto fechar-se em uma expressão séria. 

— Você teve sorte, isso sim. Madame Pomfrey mandou um alerta para os curandeiros que integram a Ordem e eles vieram prestar auxílio aos feridos. Você quebrou quatro costelas na queda, uma perfurou o seu pulmão, deslocou o joelho e ainda ganhou uma concussão. 

— Não é exatamente isto o que eu quero saber. — porque se Dallas perdeu a consciência, ela era alvo fácil, deveria ter sido morta pelos Comensais. Novamente o olhar de Harry desviou do rosto dela, mas desta vez foi para a mesa de cabeceira onde a varinha de Dallas estava e ao lado desta uma massa retorcida e enegrecida de metal. Quando prestou mais atenção aos detalhes do objeto, notou que era a sua pulseira, aquela que ganhou de Harry para proteção. 

— Você teve muita sorte. Quando viram que não conseguiam te matar, os Comensais seguiram o seu rumo, tinham pressa e você sangrava, provavelmente acharam que você morreria por conta própria de uma forma ou de outra. Felizmente os quadros da escola são grandes fofoqueiros, mas também são uma corrente de informações úteis. Eles que alertaram as equipes médicas onde estavam os mortos e feridos. Te encontraram a tempo de te salvar. — Dallas notou que Harry ainda segurava a sua mão com força e que ele tremia. 

— Harry. — Dallas aproveitou as suas mãos conectadas e o puxou para um abraço. Ou o máximo que conseguiu abraçá-lo com o corpo dolorido e o joelho imobilizado. — Draco! — lembrou-se e Harry saiu do abraço com uma carranca no rosto que não condizia com as lágrimas que começaram a encher os seus olhos. — O que foi? O que aconteceu? Draco…? — ela remexeu-se na cama, precisava sair dali, precisava encontrar o irmão, com urgência. 

— Malfoy está bem… acho. Não, o buraco é mais embaixo. — Harry disse com pesar e então relatou à Dallas todos os detalhes sobre o ataque, o encontro de Draco com Dumbledore na Torre de Astronomia, como o irmão não conseguiu matar o diretor e então Snape fez o trabalho sujo. Depois disso, eles fugiram juntos de Hogwarts. 

— Dumbledore está morto. — Dallas declarou com uma estranha sensação de dormência no peito. Não era próxima ao diretor, mal o conhecia, mas era estranho pensar na continuidade de Hogwarts sem Dumbledore nela. 

— Não haja com tanta surpresa! Você sabia que era isto que Malfoy estava tramando. — Harry declarou com amargura e Dallas soltou um suspiro e deixou-se cair sobre os travesseiros. 

— Sim, mas provavelmente Dumbledore também sabia, ele não era idiota. Eu tentei ajudá-lo, mas Draco via completar a missão como única forma de salvação. E antes que você pergunte, eu só sabia desta parte do plano, não tinha ideia de que Draco também foi encarregado de realizar um open-house em Hogwarts para os Comensais da Morte. 

— É. — Harry concordou e Dallas o olhou com surpresa. Não imaginava que ele fosse ser tão sensato assim diante de todos os acontecimentos, ainda mais ele que nunca gostou de Draco. — Dumbledore também tentou oferecer ajuda, mas Malfoy parecia desesperado, como se realmente não tivesse outra opção senão aquela.

— Quando você cresce sabendo das histórias mais sórdidas sobre o Lorde das Trevas, você acaba aprendendo que não há escapatória quando Você-Sabe-Quem está de olho em você. 

— Como é?

— Acha mesmo que Lucius não deve ter contado todos os feitos de Você-Sabe-Quem à Draco? Ele sabia exatamente com quem estava lidando e por isso achou que não tinha como fugir das garras do Lorde das Trevas. 

— Por que você o está chamando assim? Você antes o chamava de Volde…

— Porque Draco me confessou que os Comensais estão elaborando um feitiço de localização baseado na menção do nome de Você-Sabe-Quem. Então sugiro que você comece a adotar a prática de não mencionar o nome dele. É irritante, mas é sábio. 

— O chamarei de Tom, então.

— Tom?

— É o verdadeiro nome dele. 

— É assustador pensar que aquela criatura tenha um nome de batismo. 

— É, sei como você se sente. — novamente Harry desviou o olhar para os restos mortais da pulseira. — Eu quase a perdi hoje. — declarou com uma voz quase sumida, ainda apertando a mão de Dallas com a sua. 

— Harry, você sabe os riscos. Estamos em guerra, e eu não vou fugir e me esconder. Não é do meu feitio fugir e me esconder. Não fui educada para isto. 

— É, eu sei. — ele deu um sorriso fraco para ela. — Não é isso. Eu imagino um futuro ao seu lado, sabe. Apesar de todas as brigas e idas e vindas, eu quero um futuro ao seu lado.

— Mas? — porque tinha um mas ali naquela declaração dele, era fato. 

— Mas isto não será possível enquanto Tom estiver vivo. Todos falam que eu sou o salvador do mundo mágico, que é minha missão derrotar o Lorde das Trevas, foi profetizado, mas nós sabemos que mandar Tom para a prisão não será o suficiente, o nosso combate terá que ser definitivo.

— E? Não é como se você nunca tivesse ciência disto.

— Inconscientemente, sim. Sabe, nesses meses eu não estava tendo apenas aula de Oclumência com Dumbledore. — e Harry explicou sobre as visitas as memórias do diretor, sobre Tom Riddle, as buscas pelas Horcruxes e como ele sabia que precisaria terminar essa missão agora que Dumbledore se foi. — E somente agora que a ficha caiu: eu vou ter que matar Tom. Por isso eu entendo um pouco Malfoy, não é exatamente fácil tirar a vida de alguém, por mais que você precise fazer isto. E eu não tenho tanta certeza se na hora certa eu conseguirei.

— Você-Sabe-Quem já perdeu a alma, a humanidade, tudo, ao mesmo tempo. Lembre-se disto, acho que facilita o processo. 

— Será? 

— Você não está sozinho nisto, Harry. Só porque a porcaria da profecia fez Você-Sabe-Quem te escolher, isto não quer dizer que você tem que trilhar este caminho sozinho. Nós estaremos aqui. — Dallas apertou a mão dele em um gesto de conforto. — Eu estarei aqui. — garantiu e Harry lhe sorriu. 

Dois dias depois, os alunos de Hogwarts, mais bruxos da Ordem e visitantes de várias partes diferentes do Reino Unido reuniram-se para o funeral de Dumbledore. Dallas apoiava-se parte em muletas, parte em Harry, que a abraçava pela cintura enquanto ouviam bruxos e bruxas prestarem as suas homenagens ao diretor. Quando a cerimônia terminou, o cortejo seguiu para os pontos de apartação e chaves de portal e Harry parou sob uma árvore, ainda com Dallas em seu abraço. 

— Eu imaginei um futuro para nós. — declarou. — Mas até isto acontecer…

— Seria melhor cada um seguir o seu caminho, certo? Você tem horcruxes para caçar. 

— Sim. — concordou e Dallas sorriu fracamente para ele. Nisto que dava apaixonar-se por um herói, ela corria sempre o risco de ser a donzela em perigo, visada pelo vilão e antagonista da história, mesmo que ela não tivesse vocação alguma para o papel. 

— Ok. 

— Eu sinto muito, Dallas.

— Eu sei. — ela declarou, dando um longo beijo nele e afastando-se, vendo por cima do ombro de Harry que Patrick e Aurora a esperavam a uma distância respeitosa, dando privacidade à eles dois. Os Gordon a acolheriam por um período. Depois disto, Dallas não fazia ideia do que faria com a sua vida. — Toma cuidado, Harry. — pediu e como única resposta que recebeu dele foi um assentir de cabeça e separaram-se sob a promessa silenciosa de que um dia se reencontrariam. 


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