Memories

Cinza

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"Todos os momentos representam um começo.
Todos os momentos representam um fim."
(Mark Salzman)

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Londres, Inglaterra - 1947

Roger nunca gostara da cor cinza. Lhe arremetia a impessoalidade, frieza, além de lhe trazer lembranças não agradáveis. Talvez fosse esse o motivo da angústia relacionada à mudança do interior para a capital. Deixaria o verde do campo para viver em meio à cor que tanto detestava.

Porque Londres era cinza. Desbotada, impessoal, fria. E essa impressão não vinha apenas da chuva fina que insistia em cair, batendo na janela do automóvel.

Pararam em frente de uma casa. A cor algum dia deveria ter sido um azul claro, porém estava desbotada, dando a sensação de acinzentada. Observou os pais saindo do carro e se dirigindo à entrada antes de abrir o guarda-chuva para fazer o mesmo sem o mínimo ânimo. Prestava tanta atenção no que fazia que colidiu acidentalmente com outra pessoa na calçada.

- Desculpe - disse sem chegar a olhar direito para o interlocutor. O mesmo provavelmente iria ralhar ou não responder,seguindo seu caminho.

- Não foi nada. - não tinha bem certeza de o que lhe fez encará-lo naquele momento. Talvez tivesse sido o tom jovial e gentil de sua voz ou mesmo uma curiosidade repentina, mas quando percebeu, já o encarava. - Parece que vamos ser vizinhos... Espero que amigos também. Seja bem vindo, sou Quillish. - e estendeu a mão, cordial.

- Roger... - respondeu retribuindo o gesto sem desviar o olhar. Uma coisa chamara a atenção naquele garoto cinco ou seis anos mais velho.

Os olhos dele eram cinza. E, pela primeira vez, o cinza não lhe pareceu uma cor ruim...