Still Loving You More escrita por MisuhoTita


Capítulo 14
Domingo em Família




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Pouco a pouco, os olhos de Maria Flor vão se abrindo para um novo dia e, tão logo ela acorda, a primeira coisa que nota é a estranheza do quarto em que se encontra, pois, não é o que ela está acostumada a dormir. Então, as lembranças da noite anterior voltam com tudo para a sua mente. Aquele homem estranho a agarrando e beijando do nada, bem como a forma como Arthur a defendeu e depois foi gentil com ela.

E, pensar em tudo o que Arthur fez por ela na noite anterior, em como ele a defendeu e, principalmente, em como a tratou, como fez de tudo para ela se sentir melhor, faz com que sinta seu coração aquecido, como há muito tempo ela não sentia.

Desde que saiu de sua terra natal e veio para o Rio de Janeiro, sozinha e grávida, tudo o que conheceu nesta cidade infernal foi a hostilidade e o desprezo, e, isso fez com que tivesse de não apenas amadurecer, como também se tornar forte e se fechar para tudo ao seu redor, a fim de não apenas se proteger, mas também proteger seu filho, a razão de seu viver.

Quando Arthur reapareceu em sua vida, ele agiu de forma totalmente prepotente e impondo suas vontades a ela, ameaçando, inclusive, tirar-lhe o filho, que é simplesmente a razão de seu viver. No começo, a convivência entre os dois não foi nada fácil, mas, aos poucos, os dois foram conseguindo se entender e passando a brigar um pouco menos, ela passou até mesmo a pensar que existe um bom homem por trás de toda a prepotência do homem de negócios.

E, então, veio o dia de ontem e, ele só serviu para provar que Arthur tem mesmo um bom coração, pois ele a defendeu com unhas e dentes, como ela nunca fora defendida por ninguém em toda a sua vida.

Com apenas um gesto, Arthur mostrou que se importa com ela, fazendo com que se sentisse segura, ante todo o estresse que ela passou no dia anterior. Pois, ele não apenas a defendeu no shopping, mas também cuidou dela em casa, mostrou que estava verdadeiramente preocupado e, isso é algo que ela simplesmente jamais irá esquecer, pois, o dia de ontem, foi o dia que ela descobriu que Arthur Montenegro tem um coração.

E, fazer esta descoberta foi algo que mexeu com ela, mais até do que poderia imaginar...!

Todos estes pensamentos fazem com que ela comece a sentir o seu coração um pouco mais acelerado, e, ela não consegue entender o motivo de estar se sentindo assim, e, por isso mesmo, resolve não dar atenção a isto.

Sem mais perder tempo ela se levanta, a fim de ir ver o filho, afinal, tem a impressão de que Sadrak já pode estar acordado, e, se não estiver, está bem perto disso. Além disso, quer devolver o quarto a Arthur, pois, ele pode ter sido gentil com ela, mas, ela não quer abusar.

Maria Flor se levanta da cama, arruma os cobertores e os lençóis, e, em seguida, deixa o quarto, indo diretamente para a sala e, tão logo chega ali, ela tem uma surpresa tão grande que, faz com que o seu coração s encha de ternura, pois, sentado na sala, com a televisão ligada em Papati e Patatá está Arthur, que brinca alegremente com Sadrak.

O bebê ri nos braços do pai enquanto Arthur faz gracinhas para ele, parecendo muito mais uma criança do que um homem. Aquele Arthur em nada lembra o homem de negócios que ela conheceu, e, se surpreende com o fato de que ele realmente está levando a paternidade a sério.

Ainda brincando com o filho, Arthur olha para o lado e, seus olhos encontram-se com os de Maria Flor, que sorri de forma sincera para ele. E, ele lhe devolve o sorriso, vendo as bochechas dela corarem no momento em que ele sorri.

Ele simplesmente ama ver Maria Flor corando, pois, percebe que é algo verdadeiro, que vem de dentro dela. Maria é sincera, transparente, não há uma única emoção que ela transmita que não seja repleta de falsidade, e, isso é algo que ele admira muito, pois, nos dias de hoje, é praticamente impossível encontrar uma mulher tão verdadeira quanto Maria.

Aliás, ele tem certeza de que ela é a primeira que ele conhece que não é falsa e que não está interessada em todas as mordomias que o seu dinheiro é capaz de proporcionar, e, para ele, isso conta muito.

Arthur não perde tempo e coloca Sadrak no chão, para então se levantar e voltar a pegar o menino no colo, caminhando até Maria e o entregando a mãe.

― Bom dia. – a voz de Arthur se faz ouvir – Você dormiu bem?

― Bom dia. – responde Maria – Dormi sim, e, a propósito, obrigada por ontem.

― Não há o que agradecer. Tudo o que eu quero é que você fique bem.

― Obrigada.

― A propósito, não quer aproveitar que hoje é domingo e passarmos um dia diferente? Tenho algo em mente que tenho certeza de que você irá gostar muito.

Ante as palavras de Arthur, Maria o encara com muita desconfiança.

― O que você está tramando? – ela não deixa de perguntar, arqueando as sobrancelhas.

― Um programa em família! – Arthur responde de forma animada – Apenas eu, você e Sadrak! Tenho certeza de que você irá gostar muito!

Maria se queda pensativa. Por um lado, acha que será bom passar um dia fora de casa com Sadrak e Arthur. Mas por outro... As lembranças da noite anterior voltam a sua mente e a perturbam de uma forma que ela jamais imaginou.

Arthur encara a mulher à sua frente, sabendo exatamente o que ela deve estar pensando. Mas, ele não passou metade da noite pensando em algo para alegar o dia dela para que ela coloque tudo a perder lhe dando uma negativa.

Não mesmo!

Hoje, o dia será apenas dos três!

Um domingo em família e, em um lugar que ela simplesmente irá amar!

― Arthur, eu não sei, não! – Maria fala de forma incerta, tirando Arthur de seus pensamentos – Depois do que aconteceu ontem, eu realmente não sei se quero sair de casa. Me desculpe.

― Você não vai deixar que um imbecil qualquer estrague um domingo tão bonito quanto este, não é mesmo? – Arthur não deixa de perguntar – Olha, eu não tiro suas razões de estar abalada, e, pode acreditar, eu entendo elas perfeitamente! Mas, você não pode deixar de viver porque foi vítima de um assédio! Eu não vou deixar que isso aconteça! Além disso, eu não passei metade da noite pensando em um programa legal para nós fazermos hoje apenas para ouvir você declinar o meu convite! Não mesmo!

Ante as palavras de Arthur, Maria sente o seu coração se aquecer, ao mesmo tempo em que ela sorri. Arthur disse que passou metade da noite pensando em um programa legal para eles fazerem, e, pensando bem, esta é a primeira vez que alguém faz algo assim por ela. Então, por que dizer não a ele quando ele está sendo tão gentil, apenas para vê-la sorrir? A verdade, é que dizer não a Arthur seria injusto para os dois.

― Está bem, Arthur. – Maria se vê dizendo – Nós vamos!

― Ótimo! – Arthur volta a falar – Agora vamos nos arrumar para que possamos sair!

Os dois então vão se arrumar. Maria segue para o quarto de hóspedes e, coloca o filho no berço, para então ir ao banheiro, escovar os dentes e voltar ao quarto, onde ela escolhe um vestido rosa bebê com estampas de delicadas flores brancas, de saia rodada e manga boneca. Calça uma sandália de salto baixo e penteia os cabelos, deixando-os soltos, e, em seguida começa a arrumar o filho, vestindo-o com um conjuntinho azul bebê e calçando uma sandália nos pés dele. Em seguida, ela arruma a sacola do filho, colocando fraldas descartáveis, toalhinha de boca, lenços umedecidos, o trocador, uma muda de roupinha extra e tudo o que ela sabe que o filho pode vir a precisar, para só então deixar o quarto e ir até a sala, onde, Arthur já está pronto e esperando por ela.

Quando seus olhos recaem sobre Arthur, ela o olha completamente espantada, pois, é a primeira vez que ela o vê se vestindo de forma tão informal. Ele está usando uma camisa polo azul marinho e, uma bermuda jeans, e, um óculos escuro estilo ray-ban pendurado em sua camisa.

Ele está simplesmente lindo! Não que ele não seja bonito de terno e gravata, mas, estas vestes mais formais sempre lhe dão a impressão de que Arthur é superior a ela, e assim, eles parecem iguais. Nunca, em toda a sua vida, imaginou ver Arthur se vestindo e, se dar conta, pela primeira vez, de que ela realmente o acha um homem bonito faz com que sinta o sangue subir para as suas bochechas.

Por sua vez, Arthur acha Maria simplesmente linda. Aliás, ele sempre a achou muito bonita, de uma beleza simples, mas, encantadora. Maria é o tipo de mulher que não precisa de muito para ficar bonita e atrair olhares para si. Aliás, parando para pensar friamente, ele sempre se sentiu atraído por ela, desde a primeira vez que a viu, com um sorriso em seus lábios e vendendo flores em Riachão do Dantas. Tem certeza de que levará aquela visão para sempre em suas memórias, não importa quanto tempo se passe.

― Vamos? – fala Maria Flor, tirando-o de seus pensamentos.

― Sim, vamos. – ele responde.

E, após dizer estas palavras, Arthur se aproxima de Maria e pega a bolsa de Sadrak, e, em seguida, os dois deixam a cobertura.

Após o elevador os deixar na garagem, eles seguem diretamente para o carro, onde tomam os seus lugares, e, Arthur não perde tempo em colocar o carro em movimento, deixando o prédio logo em seguida e começando a dirigir pelas ruas da cidade.

― E então, Arthur, você vai me dizer para onde está nos levando ou não? – Maria questiona, sem conseguir conter o tom de curiosidade em sua voz.

― Sem chance, Maria! – Arthur responde de forma totalmente descontraída – Eu disse que era uma surpresa! Mas, não se preocupe, eu tenho certeza de que você irá gostar muito de conhecer este lugar!

― Eu só espero que não seja um desses lugares chiques que você está acostumado! Eu não me sinto muito confortável neste tipo de ambiente.

― Relaxa, menina! Eu te disse que passei metade da noite pensando em algo que iria fazer o nosso domingo em família valer a pena e não irei te decepcionar!

Família!

Uma única palavra, porém, com um significado tão profundo.

Maria sente o seu coração doer um pouco ante a menção desta palavra, pois, há muito ela não sabe o que é uma família, já que está longe da sua.

Arthur diz que eles terão um domingo em família, mas, será mesmo que eles são uma família? Tudo bem que eles têm Sadrak e, com isso, um laço que vai para a vida inteira, afinal de contas o menino é filho dos dois. Mas, será que um filho é suficiente para fazer dos três uma família?

É certo que a convivência entre eles tem melhorado, mas, o medo, por muitas vezes, ainda ronda o coração de Maria, pois, ela tem medo do que o futuro tem para ela, afinal de contas, ela já apanhou tanto na vida que tem medo de estar vivendo em um sonho e, de uma hora para outra, ela acordar e se ver sozinha e desprotegida novamente.

E, muito embora Arthur esteja provando com suas atitudes que ele está mudando, a verdade é que ela sente um pouco de medo do que o futuro tem a lhe oferecer. Tem medo de que, de uma hora para outra, Arthur se canse dela e lhe tire seu filho, deixando-a sozinha nessa cidade que ela simplesmente passou a odiar, pois, para ela, o Rio de Janeiro infelizmente é como sinônimo de sofrimento.

― Está pensando em que? – Arthur questiona, ao ver como ela parece distraída.

― Nada de importante. – responde Maria, dando de ombros e se focando no momento – Estou apenas curiosa sobre onde você está nos levando.

― Calma, aguente um pouco esta sua grande curiosidade que logo você irá descobrir.

Ele dirige por cerca de quarenta minutos, e, durante todo este tempo, vai conversando com Maria de forma animada e, a troca de conversa entre os dois segue tranquila, sem qualquer troca de farpas entre eles.

Arthur então estaciona e, tanto ele quanto Maria descem do carro, Maria pega o filho no colo e Arthur a bolsa do menino, e, ao ver onde estão, Maria simplesmente perde a fala, pois, de todos os lugares que Arthur poderia ter ideia de ir, ela jamais imaginou que ele ia trazê-los para a Feira de São Cristóvão!

E, se dar conta de que realmente está ali faz com que um sorriso involuntário surja em seus lábios, sorriso este que não passa despercebido por Arthur que, fica feliz ao ver que, aparentemente, ela gostou do lugar em que ele escolheu para que possam passar os domingos.

Os dois então adentram a feira, e, tão logo começam a caminhar por ela, a ver um pedacinho do Nordeste ali, no Rio de Janeiro, é o suficiente para fazer com que Maria se solte totalmente, como se ela estivesse em casa. Arthur se surpreende em ver como ela se sente bem li, em como o lugar faz bem para ela.

Durante o dia inteiro, eles exploram o lugar, comem comidas típicas do Nordeste, se divertem e, Maia consegue até que Arthur dance forró com ela, muito embora ele nunca tenha dançado forró na vida.

Além disso, Maria começa a falar de sua terra, e, a emoção que ele sente vindo dela quando ela lhe conta sobre os costumes da cidadezinha onde ela nasceu dá a ele a certeza de que ela sente muito a falta de lá.

Aqui, neste lugar que se concentrar uma grande quantidade de tradições nordestinas, ele a percebe feliz, e, ele tem certeza de que esta é a primeira vez que ele a vê verdadeiramente feliz desde que se reencontraram.

E, ver o quanto Maria está feliz causa, no coração de Arthur, uma sensação de felicidade. Ele percebe que só o fato de ela estar feliz é o suficiente para fazer com que ele também se sinta feliz e, esta é a primeira vez que algo assim acontece em sua vida. E, se vê percebendo que quer ver este sorriso tão simples e verdadeiro no rosto de Maria todos os dois.

Se vê percebendo que, a felicidade dela importa muito para ele e que realmente fora uma excelente ideia ter vindo até a feira de São Cristóvão, tudo isso para ver a felicidade estampada no rosto de Maria.

Passam o dia inteiro ali, e, ao voltarem para casa, já de noite, percebem que Sadrak dormiu no bebê conforto, cansado após um dia inteiro fora de casa. Além disso, Arthur vê um brilho nos olhos de Maria que, ele não via desde que se conheceram no Nordeste, e, ele adorou voltar a ver aquele brilho de felicidade tão genuíno, tão verdadeiro!

Maria é uma pessoa transparente, ela não esconde o que sente, e, isso é uma das coisas que ele mais admira nela.

Ela é única!

Ela é incrível!

E, por isso mesmo, é que ele a quer em sua vida!

Tem sorte por uma mulher tão incrível como Maria ser a mãe de seu filho, pois, Sadrak não poderia ter uma mãe melhor.

Estaciona o carro na vaga e, por muito tempo, ele fica ali, parado, apenas observando a mulher que está no banco do passageiro, a pessoa mais improvável do mundo, alguém que ele jamais imaginou que pudesse cruzar o seu caminho, visto que as realidades que os dois vivem são completamente diferentes, mas, que, mesmo assim, o destino tratou de dar o seu jeitinho e unir os dois.

E agora eles estão ali, vivendo juntos e com um filho para criar.

Arthur sente todas as suas emoções aflorarem contra o seu peito e, de repente, sente a necessidade de beijar Maria, a atração que sentiu por ela no Nordeste voltando com força dentro de si.

Mas, por mais que queira, ele sabe que não pode beijá-la. Ele não é um troglodita como aquele idiota que a assediou ontem no cinema, e, por mais que os dois morem juntos e tenham um filho, ele prometeu que iria respeitá-la e, como é um homem de palavra, vai cumprir com a sua palavra.

Prometeu a ela que, enquanto eles morassem juntos, não iria encontrar em um único fio de cabelo dela e, por mais que sinta atração por ela, ele irá manter a sua palavra!

Eles descem do carro, e, dessa vez, Arthur pega o bebê adormecido em seus baços, enquanto Maria pega a bolsa do menino. Eles seguem em silêncio até a cobertura e, tão logo chegam lá, Arthur leva Sadrak até o quarto de hóspedes e o deita no berço, para, em seguida, voltar até a sala e ir até a sua adega, se servindo de um copo de whisky.

Maria se senta no sofá e, apenas encara Arthur, procurando as palavras certas para falar com ele, afinal, é muito grata pelo que ele lhe fez hoje.

― Arthur. – Maria resolve começar.

― Pode falar. – responde Arthur enquanto continua a tomar a sua dose de Whisky.

― Eu gostaria de agradecer. Sabe, a verdade é que eu não sou muito boa com agradecimentos, mas, você me deu um dia maravilhoso, hoje. E, para ser bem sincera, desde o dia em que eu cheguei a esta cidade, eu não havia tido um dia tão maravilhoso quanto eu tive hoje. Por um momento, eu realmente achei que estava de volta ao Nordeste, e, me sentir em casa foi uma das melhores coisas que poderiam ter me acontecido. Muito obrigada por isso, Arthur, de coração.

― Não precisa agradecer, Maria. E, se quer saber, fico muito feliz em ter lhe dado um pouco de alegria.


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Notas finais do capítulo

CONTINUA...



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