Noites na Escuridão escrita por Johnny Johnson


Capítulo 12
Julgamento no Caos


Notas iniciais do capítulo

E aqui chegamos no final, que será que vai acontecer?



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   Ao terminar do banho, com o cabelo arrepiado, ele vai para os quartos procurando novamente roupas, abre gavetas das cômodas, até que acha uma nova calça jeans e uma camisa azul. Porém, a calça era larga e não teria como usá-la. Então, teve a ideia de pegar seu cinto da roupa antiga, mas ao pegar rebenta em sua mão e procura um novo até que acha um escondido no final de uma das gavetas.
   Vestindo a calça nova diferente da anterior que estava desbotada e com a camisa azulada, vai em direção à televisão e começa a assistir reportagem às 11h38min da manhã, os protestos de pessoas por aumento de salários em vários setores do país usando sua vestimenta e observando aquelas imagens diz para si mesmo:
— As pessoas sempre procuram por algo maior, algo superior que nem pode existir, algo para seguir, ao invés de confiarem em si mesmos no que podem fazer. Pelo menos não perderam as esperanças.

   Logo em seguida, após mostrar vários lugares no país, pessoas com diversas máscaras diferentes pintadas de roxa. Na notícia seguinte informa um caso que um namorado matou sua mulher queimada e escondeu corpo no quintal, a repórter contando o caso, Johnny olha para canto superior direito da tela marcando a hora 11h38 e diz:
— Ainda é cedo, e as únicas coisas que passa é tristeza e sofrimento.

   Calmo consigo mesmo, ele tira a televisão do móvel jogando-a no chão e começa a pisar e dá chutes quebrando todo com raiva. Em questão de segundos de uma pessoa calma e tranquila foi para uma pessoa com rancor guardado para cima do aparelho. Depois de quebrá-la, voltando a si, pega e usa um casaco preto limpo e maior que seu antigo que estava em uma das gavetas. Antes de sair olha para a máscara que Kimberly trouxe, a cor era roxa como anterior só que mais escura e obviamente limpa, sem marcas de sangue, manchas ou quebrada. Colocou-se no rosto e se retirou da cabana.
   Enquanto caminhava saindo da floresta, os pássaros cantando e flores desabrochando, uma brisa de ar fresco que batia na sua máscara e em baixo estampado um sorriso no rosto. Estando limpo e um visual com a pitada do anterior, mas ao mesmo tempo diferente, seja nas roupas ou na personalidade.
   Com o céu nublado, saiu da floresta e caminhou uns minutos até um mercadinho de esquina. Ao chegar quase entrando é impedido de entrar por estar de máscara pelo próprio dono e gerente do estabelecimento e falando:
— Você não pode entrar e tem que tirar a máscara.
— Com licença, eu não posso, meu rosto é desfigurado. –na maior educação levanta a máscara.
— Desculpe... Mas mesmo assim você não pode entrar.
— Com todo respeito, eu só vou comprar um miojo não vou atrapalhar.
— Não pode! Quantos anos você tem?
— Catorze.
— Então, volta e chama seus pais para comprarem e, por favor, não use essa máscara.
— Eu só vou comprar um miojo, nada mais. Deixa-me entrar, por favor.
— Você está usando a mesma roupa que as pessoas estão usando nos protestos, sei que está do lado deles.
— Eu não estou do lado de ninguém.
— Você acha isso certo? O que eles estão fazendo? Estão se inspirando em um assassino e se vestindo deles nos protestos.
— Ora eu acho que cada um escolhe no que acreditar, caso não concorde pelo menos respeitar. Agora, me dá licença para eu entrar, só vou comprar um miojo.
— Mas você está usando a roupa de um assassino que matou pessoas.
— Que eu saiba, ele apenas matou pessoas ruins como ladrões.
— Mas eram pessoas! Que não tiveram oportunidades na vida, que eram pobres e mereciam ser presos e não uma morte. E você usando esse traje aqui em público, achando certo.
— Me desculpe, mas ser pobre não é desculpa para vira delinquente. Eu era e sou pobre e nem por isso sai roubando. Cada um tem suas dificuldades, mas não é pegando objetos que não é seu e nem tirando a vida dos outros. Que nem confundem pobreza com sujeira. Nem todo pobre tem que andar sujo ou imundo.  Agora, me deixa entrar, por favor. –Johnny diz com tom de voz um pouco alterada.
— Eu sei que você é jovem ainda e não sabe o que está falando, volta para casa, muda de roupa e se tiver outra máscara ai você poderá vim aqui. –disse dono.
— Olha só, eu só quero comprar miojo, você tá entendendo?! Mas nada. –aguentando as coisas que gerente dizia.
— Sei que vocês adolescentes acham que é tudo fácil, tudo vem em suas mãos. –enquanto ele falava Johnny ria e responde.
— Coisas fáceis?! Eu? Hahaha! Porra, quem me dera. Tenha minha vida que você saberia o que é. Por que porra, se isso é fácil não quero nem saber o que é difícil. –falando com ironia.
— Você está errado em usar essa roupa, você está incentivando a violência!
— Puta que pariu! Eu só quero comprar a merda de um miojo para eu comer. Mas nada. –pedestres que andavam na calçada começam a parar e ligar os celulares filmando e fazendo transmissões ao vivo. – Eu não estou incentivando nada, eu apenas quero comprar uma comida, mas você está me impedindo de entrar aqui.
— Olha com quem está falando você não me conhece. –parecendo que estava provocando-o.
— E por acaso você me conhece?! Você não sabe nada sobre mim, nada sobre o que eu passei até aqui. As pessoas são podres, elas humilham umas as outras como você está fazendo para se sentirem superiores. Ninguém mais se respeita, são pessoas se matando por coisas simples, e coisas graves sendo ignoradas. Ninguém mais tem empatia pelo o outro, ninguém pensa no próximo. Ninguém além de eu mesmo sabe o que eu passei tendo que lidar com várias coisas e pessoas que sempre me trataram diferente, com seu carinho especial, me pisando e rindo para crescer se achando os melhores. Vou te dizer uma coisa você jamais saberá a dor de uma pessoa até conhecê-la. –Johnny discutindo na frente do mercado e número de pessoas aumentou.
— E por acaso você tem alguma dor tendo apenas catorze anos? Você não sabe o que é dor. Você está errado. –diz o gerente - Volta para casa se não tenho que chamar a polícia. –enquanto ele repetia que ia chamar a polícia várias vezes Johnny responde alterado extremamente irritado:
— Aé?! Que tal você ser uma criança boa nessa sociedade, sem amigos, sem família, cheia de traumas no corpo e emocional enquanto te julgam pela aparência e ações! Você quer realmente conhecer minha dor?! Então me diga como ela é!

   Enquanto todos observavam e gravavam com celulares o que estava acontecendo, Johnny surpreendentemente coloca seu braço dentro do casaco por trás das costas e tira a foice encravando na cabeça do gerente. As pessoas assustadas se afastam, ele todo ofegante deixa a arma branca presa no crânio e corpo caí. Nervoso, mas aliviado. Assustado, mas sorridente. Emoções mistas dentro de si. Naquele momento ele tinha se revelado para todos.
   Enquanto isso, pessoas foram em cima dele e baterem, deram socos na máscara quebrando-a na região do lado direito onde esconde a boca. Porém, pessoas que estavam nos protestos, vestidas com a mesma roupa, vendo aquele caos na frente do mercado foram ajudá-lo. Defendendo Johnny, acontecendo uma pancadaria coletiva, polícia é chamada para intervir tentam separar, mas acabam dando tiros e alguns indivíduos foram feridos. Então, os três grupos apareceram nesse caos brigando entre si não dando para separá-los e outras ainda continuam filmando e fazendo transmissão ao vivo.
   No meio da confusão, Johnny aproveita e saí andando de volta em direção à floresta. Caminhando veio memórias na cabeça e uma música de fundo como se fosse um filme. A música “I Started a Joke” de Bee Gees tocando em sua mente, cada frase uma lembrança.

I looked at the skies”                                      (Eu olhei para o céu)
Lembrando-se do passado onde chorou pelos acontecimentos iniciais em sua vida e teve poucos momentos de felicidade.

Running my hands over my eyes”                 (Passando as mãos sobre os meus olhos)
Lembranças das pessoas que ajudou e pessoas que tirou a vida.

And I fell out of bed                                       (E eu caí da cama

Hurting my head from things that I'd said”    Machucando a cabeça com coisas que eu disse)
Ele rindo a caminho, diferente das outras vezes que voltava chorando.

Till I finally died                                        (Até que eu finalmente morri

Which started the whole world living         O que fez o mundo inteiro começar a viver

Oh, if I'd only seen                                      Oh, se eu apenas tivesse visto

That the joke was on me”                           Que a piada era eu
Já dentro da floresta, da pesar que tudo que tinha feito, não estava arrependido.

I looked at the skies                                 (Eu olhei para o céu

Running my hands over my eyes              Passando as mãos sobre os meus olhos

And I fell out of bed                                     E eu caí da cama

Hurting my head from things that I'd said”    Machucando a cabeça com coisas que eu disse)

Como ele estava relutante em aceitar o que ele era, um assassino. Chegando na cabana, abre a porta Kimberly estava ali dentro olhando para a televisão quebrada e olha para ele e pergunta:
— O que aconteceu?

Till I finally died                                        (Até que eu finalmente morri

Which started the whole world living         O que fez o mundo inteiro começar a viver

Oh, if I'd only seen                                      Oh, se eu apenas tivesse visto

That the joke was on me                            Que a piada era eu

Oh no, that the joke was on me               Oh não, a piada era eu)

Ele sentado no chão, com a máscara quebrada e visível uma parte de seu sorriso responde:
— Eu estou vivo. –acontece uma troca de olhares.


Finalmente, depois de tudo que aconteceu em sua vida percebeu, só começou a viver quando morreu por dentro.


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Notas finais do capítulo

Ele só realmente percebeu que estava vivo, depois que morreu. Bem, esse foi fim da história, espero que tenham gostado.



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