Os sonhos de um jovem herói escrita por Kori Hime


Capítulo 1
Os sonhos de um jovem herói




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Ele se olhou no espelho, sorrindo orgulhoso por nada em especial.

Bateu as duas mãos nas bochechas e respirou fundo.

— Você vai conseguir. — Disse para seu reflexo e piscou, ajeitando os fios negros que insistiam em cair sobre a testa. Usou uma pomada modeladora nos fios, que Kirishima havia feito bastante propaganda, mantendo os cabelos no lugar. — Muito bem, agora sim, vai lá e fala para ele.

E mesmo que estivesse motivado, ele nunca falava de seus sentimentos. Sero possuía muitos sonhos, um deles era ser herói, o outro era ser correspondido no amor.

***

Hanta Sero sempre foi um rapaz tranquilo, ou pelo menos não se deixava enlouquecer quando problemas ocorriam. Na escola, não era nem o melhor e nem o pior aluno, levava a vida numa boa e tinha amigos. Sim, isso ele sabia fazer muito bem. Tinha facilidade de conversar com as pessoas, até mesmo com as garotas. Seus colegas sempre comentavam como era complicado conversar com meninas, mas Sero nunca encontrou barreiras para isso.

As coisas não mudaram muito quando entrou para a academia de heróis. Lá, conheceu outros jovens como ele, talentosos e divertidos. Alguns explosivos, outros passionais, e havia os tímidos também. Mesmo assim, Sero se sentia bem na turma 1 – A, mesmo que seu esquadrão formasse uma panelinha as vezes. Era natural estar ao lado de Kirishima, Mina, Kaminari e até Bakugo. Mas isso não significava que ele não tinha uma boa relação com os outros colegas de sala. Até mesmo Todoroki, ele não guardava nenhum rancor do rapaz que o congelou completamente (e de forma desnecessária) nas semifinais dos jogos da U. A. Havia dito que estava irritado com algo e Sero pensou que deveria ser alguma coisa bem séria, já que seu olhar era bastante triste enquanto o descongelava com a mão quente.

Naquele dia, quando foi à enfermaria, Kaminari apareceu preocupado. Fez algumas brincadeiras, falou algumas bobagens sobre sua performance na arena e fez Sero sorrir. Embora ele soubesse a diferença entre seu poder e o de Todoroki, sabendo que um embate de frente possuía níveis estrondosos. Afinal, Sero era mais adequado para dar suporte e cobertura, enquanto Todoroki possuía um poder de ataque direto, ainda assim, pensava que poderia mostrar um bom desempenho na luta.

— Relaxa, você é o melhor quando se trata de amarrar pessoas. — Kaminari falou, com uma risada divertida, fazendo joia com o dedo.

— É, pode ser. — Sero respondeu, se sentindo um pouco melhor. Não havia motivos para ele se envergonhar da luta. Respeitava bastante a individualidade de cada colega e reconhecia o quão preparado e forte era Shoto Todoroki. E por isso Sero investiu mais em sua evolução. Ele seria mesmo o melhor em “amarrar” as pessoas.

***

No recesso de verão, os colegas se encontraram na piscina do colégio, após o sensei praticamente obrigá-los a ir embora, decidiram se reunir na casa de Kaminari para uma noite de filmes. Sero foi responsável em ir até a loja de conveniência para comprar salgadinhos. Ele sabia que Kaminari gostava de batatinhas e Mina adorava aqueles amendoins verdes. Bakugo não possuía nenhum salgadinho preferido, comia qualquer coisa, enquanto Kirishima sempre optava pelos salgadinhos mais apimentados possíveis.

Sero escolheu cada pacote com sabores diferentes e colocou no cesto, olhou a prateleira com balas e chicletes, talvez fosse ajudar Kirishima quando ele enchesse a boca com um monte de salgadinho apimentado. Pegou também algumas caixinhas de Pocky, de chocolate e matcha, seu preferido. Estava na dúvida se levava mais alguma coisa, quando ouviu a porta do estabelecimento abrir com violência e algumas vozes mais alteradas começarem a dar ordens para o atendente, que gaguejava com medo.

Hanta escondeu-se atrás das prateleiras, observando com cuidado e analisando a situação. Havia apenas duas pessoas, um possuía chifres e uma argola no nariz, mais aprecia um touro. O outro era azul e usava uma jaqueta de couro. Eles não pareciam estar armados, mas Sero não poderia agir sem ter certeza. Contudo, ele possuía uma vantagem sobre a dupla. Se atacasse de surpresa, poderia dar tudo certo.

Olhou novamente na direção do caixa, o atendente separava o dinheiro dentro de um saco pardo, enquanto a loja parecia vazia.

Sero respirou fundo, então direcionou o corpo com velocidade na direção dos dois assaltantes e atirou suas fitas para amarrá-los, prendendo-os no teto da loja. Assim que se certificou de que estavam bem presos, Sero voltou até a cesta de compras e caminhou tranquilo para o caixa, pagando em seguida.

— Foi mal a bagunça. — Ele disse, apontando para a pilha de latas que havia se espalhado pela loja, quando atacou os assaltantes.

— O-obrigado pela ajuda. — O atendente falou.

— Melhor chamar a polícia logo. — Sero comentou e acenou, saindo da loja. Seu coração estava aos pulos dentro do peito e ele mal esperava para contar aos amigos o que havia acontecido. Todos ficaram surpresos e excitados enquanto ele contava como havia prendido os assaltantes no teto.

Na cozinha, enquanto tentava decifrar como ligar o micro-ondas para fazer a pipoca, Kaminari se aproximou dele, deixando claro que estava feliz por ele ter ficado bem naquela tarde.

— Sem problemas, cara, foi tranquilo. — Sero disse, mas a expressão no rosto do amigo parecia denunciar a sua preocupação.

Foi naquele dia que Sero passou a olhar melhor Kaminari. Não simplesmente ver, mas perceber pequenos detalhes que talvez as outras pessoas não notavam. Ele era um rapaz divertido, é verdade. Falava bobagens como qualquer outro garoto da idade, e quando se juntava a Mineta, as vezes até saía do controle. E a cada dia, Sero e Kaminari se aproximavam mais. Estavam sempre juntos, fazendo qualquer coisa, indo ao cinema ou apenas jogando fora o tempo na frente da televisão jogando videogame.

***

Embora tivesse consciência de que os seus sentimentos por Kaminari fossem mais do que de amizade, ele nunca havia declarado para o rapaz loiro o que sentia. Não até perceber que a rotina de heróis começava a afastá-los. O trabalho intenso nunca foi problema para Sero, mas os dias passavam e cada vez menos tinha a oportunidade de sentar-se no sofá e jogar conversa fora. Eles moravam em distritos diferentes, trabalhavam em agências diferentes e viviam atolados de serviço. O que era normal, dado ao fato de que ainda estavam consolidando suas carreiras e precisavam focar toda a energia nisso.

Em uma noite, ao encontrar Kaminari numa patrulha, totalmente por acaso, eles combinaram de sair no dia de folga. Eram raras as oportunidades, mas Sero agarrou com todas as forças. Eles foram ao teatro e depois caminharam pelas lojas do centro, encontrando uma feirinha com barraquinhas que vendiam todos os tipos de coisas gostosas para comer. No final da noite, Sero fez questão de levar o amigo até em casa, mesmo Kaminari brincando que não era necessário.

— Se bem que, se aparecer alguém querendo me assaltar, você pode amarrar eles, não é? — Kaminari tinha as mãos enfiadas dentro dos bolsos da jaqueta, andando ao lado dele na calçada. Seu bairro era bastante arborizado e tranquilo, não parecia um cenário que a qualquer momento apareceria alguém para sequestrá-lo ou coisa parecida.

Sero riu e, quando chegou na porta do apartamento em que ele vivia, ficaram em silêncio por algum tempo. Sero observou o olhar de Kaminari ir de seu rosto ao chão algumas vezes, os lábios movendo displicentemente, talvez quisesse falar alguma coisa. As mãos dele ainda estavam dentro do bolso da jaqueta, mas dava para notar que ele movimentava impaciente.

— Vamos marcar de sair novamente. — Sero falou, finalmente. Ele não queria deixar o amigo constrangido e por isso decidiu ir embora.

— Espera, Sero, você não quer entrar um pouco? — Kaminari mexeu nos cabelos loiros e desviou o olhar novamente. — Eu ganhei uma sacola cheia de Pocky de uma fã, acho que tem muito até mesmo para mim.

Sero sorriu, dando alguns passos na direção da porta. Antes de entrar, ele inclinou o corpo mais para frente, enquanto Kaminari colava as costas na porta, quando não tinha mais para onde ele ir. Mas seu olhar não desviou, nem seu corpo se moveu. Kaminari pressionou os lábios e sua respiração era um pouco mais acelerada, enquanto Sero decidiu diminuir a distância entre eles, unindo os lábios.

Levou um tempo para a ficha cair. Sero estava beijando o melhor amigo e sendo correspondido à altura. Seu corpo parecia perdido em meio aquela ebulição. O coração disparado, a respiração descompassada e a boca em movimentos ritmados, tentando se encaixar à de Kaminari. Sua língua percorreu os lábios dele e depois o mordeu levemente, voltando a beijar. Kaminari parecia mais afoito, com as mãos firmes em seu pescoço, enquanto as mãos de Sero encontravam aconchego na cintura dele, por dentro da jaqueta.

O beijo só se desfez, porque ouviram a vizinha de Kaminari pigarrear no corredor. Ela passou, fazendo comentários sobre a falta de respeito do casal. Enquanto os dois riam, entrando de vez no apartamento de Kaminari.

Sero já havia estado ali, mas nunca pensou que seria arrastado pelo pequeno lugar, como Kaminari o puxava naquele momento. Eles caíram no sofá, retomando o beijo de antes.

O sonho de Hanta Sero era ser um herói, ele também possuía outros sonhos, tão importantes quanto esse. E aos poucos ele estava conquistando seus sonhos, ao menos, no amor... ele já era correspondido.


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Notas finais do capítulo

Ele é um fofo. Espero que tenham gostado. Comentem!!!



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