Segredos Ilícitos escrita por lohanacarter, Avalon Ride


Capítulo 17
Capítulo 17 — Impasse




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Depois da conversa na biblioteca que esclareceu as coisas entre nós, minha relação com Alyssa voltou a ser como era antes. Embora minha amiga ainda estivesse receosa com aquele arranjo entre nós quatro, argumentando que isso não daria certo, pelo menos agora ela não sentia que estava me traindo, como pensava antes. Nem eu vivia com medo de que ela descobrisse meu segredo e se afastasse de mim. 

Meus encontros com Derek passaram a ser desculpas para os dois se verem com mais frequência. Como exigia as regras de decoro, eu não podia estar em nenhum lugar fechado com Derek desacompanhada, e por isso Alyssa sempre estava comigo quando ele me convidava para tomar chá ou simplesmente para conversar. Ela era minha dama de companhia, afinal, era seu trabalho me fazer companhia e garantir que minha reputação não fosse arruinada. Mas, desde então, eu passei a ser a dama de companhia — isso quando eu não encontrava um jeito de escapar do cômodo sem ser vista e procurar por Tracy para deixá-los sozinhos e à vontade.

— Nós temos que encontrar uma maneira de nos livrar desse arranjo de casamento — falei, enquanto colocava dois cubos de açúcar no meu chá. Na pequena mesa redonda, Alyssa e Derek sentavam um de frente para o outro, enquanto eu permanecia sentada em uma namoradeira, onde normalmente ela se sentava antes. — Se conseguirmos fazer isso, vai ser mais fácil para vocês dois. Alyssa tem sangue nobre, se conseguirmos desfazer esse arranjo você poderá fazer o pedido de casamento à família dela.

— Não é simples assim, Ti — Alyssa suspirou, olhando para mim como se eu tivesse perdido o juízo. — Meu pai aceitaria a proposta, é verdade. Mas o rei permitiria que Derek me cortejasse? Ele não é meramente um príncipe, é o herdeiro do trono, é natural que se case com uma princesa. Eu sou apenas a filha de um barão falido.

— Se eu não estivesse tão apaixonado por ela, diria que ela é irritante — Derek disse em tom descontraído, e eu ri em concordância. Alyssa nos fuzilou com o olhar. — Meu amor, você não precisa ser tão pessimista.

— Eu diria que sou realista — ela replicou, bebericando o chá. — Enquanto vocês dois vivem num universo de contos de fada. Vocês falam de desfazer o arranjo, mas algum de vocês tem alguma ideia brilhante para tal?

Nós dois nos calamos, ambos bebendo um gole longo de chá. Não, eu não tinha um plano, e nem ele. Quando eu analisava o acordo entre nossos pais, não parecia haver brechas. Era um bom acordo para ambos reinos, o que eu poderia dizer ao meu pai para que ele desistisse? 

— Nada é impossível — respondi simplesmente, mas incerta das minhas palavras.

— A única coisa que poderíamos fazer… — Alyssa começou, mas engoliu as palavras juntamente com um gole de chá, negando com a cabeça.

— O quê? — perguntamos eu e Derek, cheios de expectativa, os olhos arregalados na direção dela.

Alyssa lambeu o chá nos lábios, insegura.

— É a maneira mais segura. Tenho pensado nisso faz tempo, mas…

— Fale logo! — estourei.

Alyssa me encarou, os olhos brilhando com angústia.

— Vocês dois se casariam… Mas eu permaneceria como amante.

Meu queixo quase caiu.

— Ficou louca? — disparei, olhando para Derek sem acreditar, e ele também parecia chocado com a sugestão. — Você não nasceu pra ser amante de homem nenhum, Alyssa! E vocês dois se amam.

— Amor, eu jamais… Eu não poderia… — Derek engasgou com as próprias palavras. 

— Que diferença faz? Não é exatamente isso o que eu sou agora? — Alyssa falou friamente. Eu via em seus olhos, brilhando de tristeza, que não era o que ela queria. Mas era a única alternativa que ela encontrava.

— Não! Você não é amante dele — respondi, chocada com a insinuação. — A intrusa dessa relação sou eu, e acredite em mim quando digo que estou louca pra sair dela. Sem ofensa, Derek — retifiquei, olhando rapidamente na direção do príncipe, como se pedisse desculpas. Ele apenas assentiu em concordância. — Além disso, você precisa se casar, esqueceu? Seus pais contam com um bom casamento para quitar as dívidas — argumentei, odiando ter que recorrer aos pais mesquinhos dela.

— Amantes de reis normalmente são bem recompensadas, pelo menos as que aceitam ser amantes abertamente na corte — Alyssa retorquiu, a voz gelada. Ela tentava manter a seriedade, mas eu a conhecia bem. Ela só estava propondo aquela ideia por achar que era a única maneira de ficar com Derek sem complicações. — Meu pai me deserdaria, é claro. Seria uma vergonha ter uma filha que se sujeita a ser amante. Mas, debaixo dos panos, seria eternamente grato por receber uma gorda mesada que o ajudaria a pagar as dívidas.

— Não pode estar falando sério — Derek respondeu, consternado. — Eu não quero que seja minha amante, Lyssa. Quero que seja minha esposa. Minha rainha e mãe dos meus filhos.

Eu vi a dor passar pelos olhos dela.

— E que outra saída temos?

— Esse arranjo é ridículo! — falei irritada. — Percebe que isso implica que eu e ele ainda teríamos que ter filhos juntos? Eu não posso me imaginar tendo qualquer tipo de intimidade com Derek. — Se o que Tracy havia me dito antes era verdade, eu nem mesmo conseguiria. Eu não sentia qualquer tipo de atração pelo príncipe; ele era bonito e eu via isso, mas era só. Não havia nenhuma fagulha, uma pequena chama, absolutamente nada. E eu já havia aceitado que não sentiria qualquer tipo de atração por homem nenhum. Como esposa dele, seria um dever que eu cumpriria de olhos fechados até que ele terminasse, odiando cada segundo. — Primeiro, porque eu não seria capaz de fazer isso sabendo que ele ama você, e você o ama. Seria como traí-la. E segundo, eu não sinto esse tipo de atração por ele. 

Derek concordou comigo com entusiasmo. Provavelmente a ideia de dormir comigo o perturbava igualmente, principalmente sabendo que eu era o interesse romântico da irmã dele. E ele era cavalheiro demais para conseguir me forçar a algo que saberia que eu não estaria me sentindo à vontade. Nosso casamento estava fadado ao fracasso.

Alyssa abaixou os olhos, pensativa. Eu conhecia aquele tremor nos lábios e aquela maneira de desviar o olhar.

— Fale o que está pensando — pedi.

Alyssa fechou os olhos e mordeu os lábios, antes de erguer a cabeça e me olhar com compaixão. Aquele olhar fez meu estômago congelar e minha garganta se fechar.

— Tianne, eu sei que isso é horrível, mas você está em uma situação ainda mais difícil… Porque, mesmo que não se case com Derek, se casará com outro. Não há outra opção. — Ela se levantou da cadeira, sentando-se ao meu lado no estofado e segurando minhas mãos. — Eu estou pensando em você também. Derek ao menos entende e aceita, jamais seria contra você e a irmã manterem uma relação secreta, e ajudaria a acobertá-las. 

Senti meu estômago se afundar. Ela tinha razão, que perspectiva eu tinha? Cancelar meu noivado com Derek não resolvia minha questão com Tracy. Pelo contrário, me levaria para longe dela. Me levaria para outro reino, para outro príncipe. E talvez um que não fosse bondoso e gentil como meu atual noivo. Um que poderia mandar me matar se soubesse como eu sou. 

As lágrimas brilharam nos meus olhos, mas eu as sequei antes que descessem pelas bochechas. Dor e arrependimento passaram pelo rosto de Alyssa.

— Desculpe. Eu não devia…

— Não se desculpe — interrompi. — Você está certa. 

Alyssa respirou fundo, buscando os olhos de Derek, como se pedisse que ele fizesse alguma coisa. Meu noivo suspirou, se levantando da cadeira e se ajoelhando diante de nós, pegando nossas mãos unidas.

— Nós não vamos desistir — Derek falou, convicto. — Vamos achar uma solução. 

— Mas e elas, Derek? — perguntou Alyssa, olhando-o com exasperação. — O que vai acontecer com elas? O mundo não aceita Tracy e Tianne do jeito que elas são. Não podemos deixar que Tianne se case com um homem que jamais a compreenderá. Um homem que… — Alyssa buscou meus olhos, temendo continuar. — Um que a machucaria. Que a faria sofrer. Eu não posso fazer isso com ela.

É claro que Alyssa estava mais preocupada comigo do que com ela. Para que ela pudesse ser assessorada financeiramente por Derek, ela consequentemente se tornaria uma amante abertamente diante da corte, o que lhe garantiria uma vida humilhante diante da nobreza, que apenas a respeitariam quando ela estivesse ao lado do rei. Sua família seria obrigada a desfazer os laços com ela para não cair ainda mais em desgraça. E ela escolheria aquela vida humilhante, de pessoas fofocando sobre ela e dizendo que havia traído sua própria princesa, apenas para garantir que eu não seria enviada para outro noivo e definhasse em um casamento por dever e me deixar perto de Tracy? Era a cara dela fazer algo do tipo. Estava sempre disposta a se sacrificar pelos outros.

— Eu não poderia abandoná-las também, Lyssa — respondeu Derek com carinho. — Tracy é minha irmã, e Tianne é minha amiga. Mas eu também não vou submetê-la a humilhação de ser minha amante. Vamos achar uma solução, uma que resolva o problema de nós quatro.

Alyssa suspirou.

— Às vezes eu gostaria de ter a mesma percepção de mundo que você tem — ela falou baixinho. Os dois faziam um casal engraçado; Derek era um romântico incorrigível, sonhador e enxergava o mundo com mais possibilidades do que ele realmente tinha. Alyssa era pragmática e tinha os pés no chão. Sinceramente, eles eram perfeitos um para o outro. Ela precisava ser a rainha dele, e não eu. Eles se completavam.

— Não, eu concordo com Derek — falei. — Aly, você não vai se submeter a uma humilhação por causa de mim. Existe alguma solução para nós quatro. E nós vamos encontrá-la juntos, eu prometo — jurei, puxando a mão da minha amiga na direção dos meus lábios, dando um beijo carinhoso e de confiança. 

Eu não sabia como poderia resolver. Mas iríamos dar um jeito.

— Bem, acho que nós demoramos demais por hoje — Derek pigarreou, tirando um relógio do bolso do casaco e se pondo em pé. — Meu pai deve estar me esperando. Vocês sabem como é, toda a parte burocrática de ser o futuro rei. — Ele revirou os olhos. — Vejo vocês mais tarde?

Assenti com a cabeça, me colocando em pé junto com Alyssa. Derek beijou minha mão de modo comportado, e segurou a de Alyssa para fazer o mesmo, quando um brilho travesso nos seus olhos a fez arregalar os olhos. 

Derek a puxou pela mão, passou os braços pela cintura de Alyssa, e a beijou fervorosamente. Eu arregalei os olhos, desviando o olhar como se estivesse invadindo a privacidade deles, e senti minhas bochechas se aquecerem de vergonha. Mas acabei rindo; desde que ele havia assumido o que sentia por Alyssa, Derek estava muito mais divertido e desinibido. Agora, eu o considerava ainda mais um amigo querido. Ele não se via na obrigação de agir como noivo e nem eu, e isso tornou a relação entre nós mais amena e amigável. 

Agora ele não tinha nem mesmo pudor de beijar Alyssa na minha frente, embora nunca tivesse passado de selinhos rápidos que a faziam corar e lhe dar uma bronca pela ação indecorosa. Agora ele havia ido além.

— Derek! — ela exclamou, empurrando-o, assim que recuperou os sentidos, vermelha igual a um morango maduro.

Ele deu de ombros simplesmente, andando de costas até a porta, esboçando uma expressão falsamente inocente, inclinando a cabeça para o lado e apertando os lábios.

— Não resisti. Vejo vocês depois — disse, e jogou um beijo para Alyssa antes de sair pela porta.

Alyssa olhou na minha direção, com os olhos arregalados e a expressão clara de quem estava constrangida, como se pedisse desculpas pela atitude na minha frente. O rosado em seu rosto começava em suas bochechas e descia pelo pescoço. Eu estava apertando os lábios para não rir, mas acabei não aguentando seu semblante constrangido. Explodi em uma sonora gargalhada.

 

~x~

 

Depois que nós saímos da pequena sala onde tomávamos chá, atravessamos os corredores para ir em direção ao jardim. Minha mente vagou na direção de Tracy, que eu não havia visto o dia inteiro. Assim que acordei naquela manhã, Alyssa me entregou um bilhete da princesa que dizia que ela passaria boa tarde do dia ocupada, mas que fazia questão de se encontrar comigo depois do jantar. A expectativa do encontro fazia meu estômago flutuar, e eu só pensava em como queria que o tempo passasse mais rápido para tê-la logo comigo, envolvida em seus braços. O pensamento me fez suspirar, o que me rendeu um olhar curioso de Alyssa.

— Está pensando em Tracy? — ela perguntou. Havia malícia em sua voz e isso me fez corar.

— Eu não a vi o dia inteiro. Estou pensando em como quero que o dia passe rápido para poder encontrá-la — confidenciei, e minha amiga deu uma risadinha. — Era tão óbvio assim que eu estava pensando nela?

— Sua expressão muda. É nítido que você está apaixonada.

Apaixonada. Aquela palavra cabia muito bem para o que eu sentia pela princesa que deveria ser minha cunhada. Agora eu estava apaixonada por ela, e o irmão dela amava minha dama de companhia. Era uma história tão absurda que poderia ter sido escrita por um escritor sádico e com senso de humor deturpado. 

— Quem diria que uma coisa dessas aconteceria conosco? — refleti, começando a dar passos mais lentos. Alyssa acompanhou meu ritmo, diminuindo o passado. — Eu vim até esse reino para conhecer Derek e posteriormente me casar com ele. E agora estou determinada a me livrar desse casamento e fazer com que vocês dois se casem. E ainda me apaixonei pela irmã dele — falei baixinho, olhando para os lados, como se temesse que alguém nos ouvisse.

— Ouvindo assim parece um absurdo, né? — comentou Alyssa, e eu ri em concordância. — Mas sabe de uma coisa? Você nunca foi dada a flertar com os garotos que te abordavam nos bailes. E nós falávamos muito sobre amor e romance, sobre encontrar o príncipe encantado, mas… Você nunca ficou interessada em ninguém, não é?

— Eu sabia que teria que me casar por dever algum dia, então não prestava muita atenção nos garotos. A verdade é que eles me incomodavam quando me abordavam com claras segundas intenções, mesmo os mais respeitosos — refleti. — Mas não me incomodava com isso de verdade, sabe? Não pensava nisso, porque meu futuro estava traçado. 

— Mas você já se interessou por outra garota antes? — perguntou Alyssa. Não havia qualquer tipo de julgamento em sua voz, apenas curiosidade pura.

Refleti por um segundo.

— Não que eu lembre — respondi. — Quer dizer, eu me impressionava fácil com garotas que tinham presença, mas não sei se não passou de admiração ou algo além. Eu achava que sentia apenas admiração por Tracy, até ela me beijar e me fazer refletir sobre as coisas que estava sentindo, especialmente por gostar de ser beijada por ela. Eu… — Mordi o lábio, insegura. — Eu tentei beijar Derek depois disso. Desculpe, Alyssa — eu me apressei em pedir desculpas, mas ela apenas agitou a cabeça, indicando que estava tudo bem. — Mas não foi a mesma coisa. Foi… Estranho. Angustiante. Então eu comecei a perceber que era diferente.

— Entendo — murmurou Alyssa, assentindo. — As coisas deveriam ser mais fáceis para vocês duas. Não parece justo que vocês não possam ficar juntas, vocês têm algo tão bonito. — Alyssa agitou a cabeça para os lados, com uma expressão triste. 

Assenti. Às vezes me perguntava como seria se o arranjo pudesse ser rearranjado, me dando como noiva para Tracy. Na minha cabeça, parecia simples. O acordo com Savian ainda estaria em pé. 

Quem foi que decidiu que duas mulheres não poderiam ficar juntas? Por que na mente da sociedade isso parecia tão errado? 

— Ora, vossa alteza. Precisamos parar de nos esbarrar assim.

Parei de andar, e Alyssa parou ao meu lado. Viramos e demos de cara com lady Myrella, com um sorriso maldoso nos lábios. Sua dama de companhia vinha logo atrás, com as mãos posicionadas comportadamente diante da cintura e a postura ereta. 

— Lady Myrella — respondi. Ela e sua dama fizeram uma reverência diante da minha presença. 

Eu esperava que ela não tivesse ouvido nossa conversa. Eu havia checado o corredor momentos atrás, e ele estava vazio. Talvez ela tivesse acabado de chegar, mas eu não sabia dizer exatamente. De qualquer forma, fiz o possível para deixar minha expressão neutra, sem nenhum sinal de que ela poderia me ameaçar de alguma forma.

— Talvez devêssemos dispensar nossas damas para ter uma conversa particular? — Ela fez um gesto para a própria dama, que fez uma reverência e se afastou. Alyssa olhou em minha direção e quase fez a mesma coisa, mas a segurei pelo braço.

— Alyssa fica — disparei. — Minha dama é de minha total confiança. Não vejo motivos para dispensá-la. Se a sua é dada a fofocas, isso não é um problema de Alyssa. Ela é discreta.

— É mesmo? — perguntou Myrella com uma pontada de sarcasmo. — Presumo que ela guarde muitos segredos interessantes, vossa alteza. É bom ter uma criada em que se possa confiar inteiramente. Mesmo assuntos mais íntimos. E ela também deve confiar muito em vossa alteza.

Mantive a expressão neutra. Não daria a ela o prazer de me ver fraquejar, e nem daria a ela o que ela queria.

Ela queria saber o quanto Alyssa sabia. E sabe-se lá o que mais, se ela tivesse acompanhado nossa conversa sobre Alyssa e Derek.

— Naturalmente, há segredos que não compartilho com Alyssa. Não há necessidade — repliquei. — Mas não vejo como a senhora saberia mais do que ela, milady. — Embora meu tom fosse calmo, a ameaça estava nos meus olhos. Ela percebeu, mas não pareceu se intimidar.

— Naturalmente — ela respondeu com tranquilidade, inclinando a cabeça para o lado e os olhos profundos. — Então talvez devesse dispensá-la. A senhorita não vai querer que os ouvidos dela escutem coisas que não devem.

— Bem, os ouvidos dela podem ouvir várias coisas. Inclusive algumas incriminadoras sobre a senhora — ameacei, e pela primeira vez vi o medo nos seus olhos, mesmo que ela se esforçasse em não demonstrar.

Lady Myrella soltou uma risada debochada, fingindo que aquilo não a afetava.

— E quem daria ouvidos a uma criada?

— Ah sim. Ninguém, naturalmente — respondi despreocupada. Mas dei dois passos na direção de Myrella, que deu um passo para trás de forma inconsciente. — Mas dariam ouvidos a uma princesa. Minha palavra vale por um escrito, milady, como a senhora naturalmente sabe. Portanto, qualquer coisa que saia da boca de minha dama, será confirmada por mim. — Deixei as palavras no ar por alguns segundos. Lady Myrella engoliu em seco, quase imperceptível, mas eu percebi. — Então eu lhe aviso, lady Myrella: não faça ameaças a nós.

— Você não teria coragem. — Os dentes dela se trincaram. — As pessoas que poderiam se prejudicar…

Eu senti o desconforto de Alyssa do meu lado. Mas apenas abri um sorriso.

— Será? Gostaria de me testar, lady Myrella? — Eu realmente não tinha coragem de colocar Tracy em risco, mas não deixaria aquela mulher me intimidar e me ameaçar. Eu precisava colocá-la no lugar dela e mostrar que eu poderia destruí-la mais do que ela poderia destruir a mim.

Antes que ela tivesse oportunidade de responder, ouvimos sons de gritos do lado de fora do castelo. Além dos gritos, o som de lâminas se chocando também estava se tornando cada vez mais nítido.

Como se estivessem se aproximando. Entrando no castelo.

— O que está acontecendo? — murmurei, olhando ao redor. Senti meu estômago se afundar em agonia, assustada demais para sair do lugar. 

Um guarda surgiu correndo, e veio em nossa direção.

— Senhoras! — ele chamou, alarmado, sem perder tempo com cortesias inúteis que levariam tempo demais. — Vocês precisam sair daqui agora! Encontrem um esconderijo e não saiam de lá até que seja seguro!

— O que está acontecendo? — perguntou Myrella, alarmada.

Os olhos do guarda se estreitaram.

— Estamos sob ataque de rebeldes.


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