Coffee escrita por Gamtan Nollaun


Capítulo 5
Café Longo




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Mila chacoalhava feito doida a mão do rapaz de sorriso brilhante, mas que no momento sorria um pouco constrangido. Ela se lembrou de repente de que os coreanos eram mais reservados em relação a toques físicos, mesmo que fossem meros apertos de mão. Soltou então rapidamente a mão dele. Mais um mico passado na Coréia!

—- Hoseok, você já está por aqui? -- A tia voltara do banheiro. -- Veio pegar um café? 

—- Sim e vim saber também como estava a moça de ontem, mas parece que ela está bem! -- Ele respondeu, coçando a nuca e dando um dos seus sorrisos brilhantes, mas ainda um pouco envergonhado.

—- Sim, sim. Ela está muito bem. -- A tia se aproximou da bancada onde estava o bolo. -- Eu só queria saber o que é que eu vou fazer com um bolo?

—- A senhora...

—- Senhora não, eu não sou tão velha assim. -- A tia interrompeu Mila, que sorriu sem graça.

—- A tia...

—- Tia também não. Já disse que não tenho sobrinhos da idade de vocês! -- Mila foi interrompida mais uma vez.

Confusa, Mila perguntou:

—- Você sabe que a cafeteria se chama "Cafeteria da Tia", certo?

A mulher mais velha estreitou os olhos para a moça, mas antes que respondesse, uma risada abafada chamou a atenção das duas.

O rapaz, que Mila ainda não tinha gravado o nome, segurava a boca com uma das mãos, mas seu corpo convulsionava tentando segurar a risada.

—- Que bom que alguém está se divertindo! -- A mulher disso em um tom que pretendia ser ríspido, mas que guardava certa ternura.

Ele então tirou a mão da boca e soltou a profunda gargalhada esplhafatosa que estava contendo e em meio a ela, sem fôlego disse:

—- Isso já é piada interna entre os meus amigos e eu. Sempre que a gente vem juntos na cafeteria, algum deles faz essa piada com a tia! -- Ele então continuou rindo.

—- Então, ele pode te chamar de tia? -- Mila apontou pro rapaz que ainda ria, agora de chorar.

—- Pode e não pode. Já desisti na verdade. -- A mulher fez um gesto de deixa pra lá com a mão.

—- Que piada contaram? Também quero rir! -- Um homem alto entrou na cozinha, trazendo sacolas nas mãos.

—- Você voltou e trouxe o que a menina pediu. Vocês não tem juízo!  O que a gente vai fazer com um bolo?!

Mila levantou a mão como se fosse responder uma pergunta na escola:

—- Comê-lo? -- O menino que tinha começado a se acalmar, voltou a rir muito. Mila fez um bico de desaprovação pra ele. -- Eu só queria agradecer vocês por terem me ajudado ontem. E eu sou boa fazendo doces. -- Começava a ficar ansiosa.

—- Não é isso meu bem. É que eu e meu marido não podemos comer doces. Somos diabéticos. E ele deveria ter te dito isso e não ido comprar mais coisas para o bolo! -- A mulher agora estreitava os olhos para o marido.

—- Ela só quer agradecer. Deixa a menina agradecer. -- O homem colocou as sacolas na bancada ao lado do bolo. -- Trouxe as cerejas.

A mulher balançou a cabeça, quase resignada.

—- Posso dar uma sugestão? -- O rapaz, que tinha parado de rir, se intrometeu na conversa. -- Vocês podem colocar pra vender. Aqui só vende café e chá, pelo menos dá uma diversificada nos produtos. 

Mila ficou agradecida de novo ao moço. Era uma solução para o seu bolo.

—- É uma solução. -- Confirmou a mulher. --  E falta o que pra ele ficar pronto?

Mila sorriu:

—- Só falta colocar as cerejas! -- Pegando os pacotes nas sacolas, que indicavam que as frutas já estavam esterilizadas, Mila terminou de fazer o bolo.

Finalizado o bolo, os quatro ficaram olhando pra ele.

—- Até que ficou bonito. -- Disse a mulher. -- Como chama esse tipo de bolo? -- Perguntou.

—- Naked cake de Floresta Negra. -- Mila disse o nome em inglês e português, porque não sabia como nomeá-lo em coreano.

—- O quê?? -- Os outros três perguntaram ao mesmo tempo.

—- Eu não sei como é em coreano, desculpem. Ele se chama assim lá de onde eu venho. -- Mila explicou.

—- Eita, que eu to atrasado! -- O rapaz falou olhando o relógio e acabando por mudar de assunto. 

Pegando um copo de papel o encheu de café. Mila achou que ele sairia logo em seguida, mas ele se virou e disse:

—- Eu vou ser o experimentador mor do bolo. Se estiver bom, depois eu passo aqui e pago pelo pedaço. 

Mila fez um pequeno muxoxo com os lábios, quando ele falou aquilo.

—- Tem como colocar em algum lugar pra eu levar? É que realmente estou atrasado. -- Perguntou.

—- Tem sim, comprei descartáveis. -- O homem mais velho confirmou.

—- Ótimo! -- O rapaz virou-se pra Mila e ficou encarando-a com seu olhar sorridente.

—- O quê? -- Ela enfim perguntou. Por que ficava encarando ela se disse que estava com pressa? Pensou.

—- Você não vai cortar o bolo? -- Ele indagou.

—- Aaaahhh, sim, sim. -- A mulher mais velha pegou uma faca em uma gaveta próxima a pia e passou para Mila. Enquanto ela cortava o bolo, um prato de papel foi colocado próximo ao bolo pelo homem e quando ela terminou de servi-lo o homem fez um pequeno pacote com colher, parecido com aqueles que levamos das festas infantis, e entregou para o rapaz, que antes de sair disse:

—- Até mais tarde! Ou não! 

Mila conteve o ímpeto de mostrar a língua pra ele. Começava a pensar que tinha se enganado e ele não era tão legal assim.

☕☕☕☕

Hoseok ensaiou muito e criou alguns passos de dança novos naquela manhã. No final do dia encontrou com Son sunbaenin e o mostrou os vídeos do ensaio com os meninos e dos passos novos que havia feito. Os dois ainda discutiram mais coisas acerca da coreografia da possível música de debut deles, mas nada confirmado ainda.

Quando ele finalmente parou, sentiu seu estômago doer de fome, foi aí que ele se lembrou do pedaço de bolo que havia sido esquecido. 

Pegando o pacote, o desembrulhou e deu a primeira colherada no doce, sem maiores pretensões. Porém, quando o colocou na boca, foi como se pudesse ouvir um coral de anjos cantando dentro dela! Aquilo era muito bom!

Comeu em tempo recorde o pedaço e juntando as suas coisas, saiu do estúdio e foi em direção novamente a cafeteria da tia, teria que pagar pelo pedaço, como havia prometido. E esperava conseguir mais um!

Quando entrou no café, a cena que viu o pegou de surpresa. Muitas pessoas sentadas nas mesas aguardando algo.

Curioso, entrou na parte restrita aos funcionários e viu a tia, o tio e a moça trabalhando intensamente em mais dois bolos.

—- O que está acontecendo? -- Chamou a atenção dos três. Eles levantaram a cabeça e o encararam, mas quem respondeu foi somente a tia:

—- Começamos a vender bolos e doces no café.

 


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