Lena escrita por Rapha Jorge


Capítulo 9
VIII - Em uma nova realidade




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Os olhos de Milena estavam parcialmente embaçados quando ela acordou. Conseguia ver, porém, a silhueta de um homem à sua frente.

— Quem... Quem é..._ Ela sentia dificuldade de falar.

— Não se esforce, Milena._ Uma voz masculina, que ela jurava saber reconhecer, falou calmamente.

— Roger?_ Ela perguntou, já conseguindo falar melhor.

— Sou eu. Tá tudo bem, se acalma.

— Aquele tiroteio foi real?

— Foi, mas felizmente você tá bem.

— E o resto das pessoas?

— O alvo era você, pode ficar tranquila.

— Como eu vou ficar tranquila?!_ Ela se alterou um pouco, mas ele colocou a mão em seu ombro para que se acalmasse.

— Você tá em segurança e ninguém vai voltar a te fazer mal.

— Não é por isso que eu tô preocupada, mas com o fato de alguém ter se machucado por minha culpa.

— Não tem ninguém ferido, Milena. Agora se tranquiliza por favor, senão daqui a pouco meu pai vem aqui e se vir que você tá acordada e bem o suficiente pra irmos pra nossa lua de mel, eu não terei como te defender.

— Não preciso de quem me defenda. E não seja falso, sei que você quer.

— Eu sou médico, Milena. Sei que você tá se recuperando de uma pancada que te deixou desacordada por quase 2 dias e que não é a melhor hora pra uma lua de mel.

— Até onde eu tô sabendo, meu pai me vendeu pra você, não pro seu pai. Ou será que tecnicamente eu fui vendida pro seu pai e tenho que fazer com você o que ele ordenar, sob pena de devolução da mercadoria?

— Quer parar de gracinha? O que eu tô te falando é sério.

— Vou ser clara e objetiva: já me casei contra a minha vontade, mas você não vai tocar em um fio do meu cabelo se eu não quiser.

— Ops._ Ele passou a mão pelo cabelo da garota_ Acho que já discumpri o acordo.

— Não me provoque.

— Isso não é um joguinho, Milena! Estamos casados e quero que você se porte como uma mulher!

— Mas até onde eu sei uma mulher não se faz por estar casada, mas sim por outras coisas. Ou será que eu já sou uma mulher nesse sentido e você não sabe?_ Ela levantou uma sobrancelha.

— Isso eu não vou demorar muito a descobrir e, pro seu bem, espero que ainda não seja uma mulher. Você sabe muito bem qual era a principal condição do acordo entre os nossos pais.

— Primeiro, eu duvido que você saiba a diferença entre uma mulher e uma menina, porque, pelo seu perfil, aposto que o máximo que experimentou foi uma prostituta paga pelo seu pai uma vez na vida.

— NÃO ME PROVOQUE, MILENA!_ Ele socou o encosto da cama, ao lado da cabeça da garota e ela se assustou_ E se você continuar me irritando, da próxima vez não vou socar a cama.

— Nunca admiti que o meu pai me batesse. Por que tenho que aceitar VOCÊ me batendo?

— Porque eu sou o seu marido.!_ Ele falou com os olhos brilhantes de ódio e fixos nos de Lena e aquelas palavras soaram terríveis nos ouvidos da garota.

Roger se levantou, saiu do quarto e trancou a porta. Lena se deitou novamente. Uma lágrima quis escorrer de seu olho. Ela a secou e voltou a dormir.

...

Algumas horas depois, com o sol já se escondendo, a garota acordou do cochilo da tarde. E novamente ele estava lá: os olhos fixos, como se velasse o sono da esposa.

— Vai ser sempre assim?_ Ela perguntou.

— Não. Geralmente eu vou estar deitado ao seu lado.

— Ah sim, uma pequena diferença.

— Você não comeu nada ainda.

— Realmente estou faminta.

—  Nosso jantar já está quase pronto. Seu vestido está no closet. Fique à vontade para se trocar e, assim que acabar, é só sair do quarto que a empregada vai te levar até a sala de jantar onde eu estarei te esperando.

— Tá ok._ Ele ficou parado olhando para ela_ Já pode sair daqui.

— Já vou. Até daqui a pouco.

Roger saiu e Lena foi até o closet, onde se trocou.

...

— Como está com a sua nova esposa?_ Rogério perguntou para o filho ao sentar-se na cabeceira da mesa da sala de jantar.

— Ainda não tivemos tempo de conversar bem.

— E de fazer outras coisas?

— Papai, ela acabou de sofrer uma pancada que...

— Chega dessas palhaçadas de médico! Se não treiná-la a te satisfazer agora, a garota sempre vai inventar desculpas.

— Ela não é um brinquedo, papai. É uma pessoa.

— E você também. E é uma pessoa que pagou para tê-la ao seu lado. Quero que se imponha, ou teremos problemas.

— Sim, papai.

Foi então que uma figura deslumbrante, vestida de um longo e brilhante vestido roxo, apareceu na sala.

— Boa noite._ Ela falou ao se aproximar da mesa em que os dois estavam.

— B... Boa noite._ Roger chegou a gaguejar ao ver a esposa.

Lena se assentou e os empregados serviram a comida. Roger ficou olhando fixamente para ela e ela para ele durante todo o tempo.

...

— A comida tava deliciosa._ Lena falou assim que colocou os talheres sobre o prato.

— Fico feliz que tenha gostado._ Rogério respondeu_ Agora vou para o meu quarto, e sugiro que vocês façam o mesmo, afinal é sua noite de núpcias.

— O Roger falou que por conta da minha pancada na cabeça eu...

— Você tá ótima._ Roger a interrompeu_ Vamos?_ Ele estendeu o braço para que ela segurasse.

Lena tentou parecer o menos assustada possível, olhou para o sogro, como que dando boa noite, segurou no braço do marido e os dois caminharam até o quarto.

...

— Eu tiro o seu vestido, ou você consegue tirar sozinha?_ Roger perguntou ao fechar a porta do quarto.

Lena olhou para ele como se não entendesse o porquê de o marido ter mudado de opinião tão rapidamente. Mas logo ela entendeu e entrou no jogo: tirou o vestido sem muita emoção e ali mesmo eles tiveram sua noite de núpcias. Ela sentia um arrepio e uma culpa cada vez que Roger a tocava, mas não se deixaria abater. Não. Ela não daria a seu pai ou ao sogro o prazer de verem-na sofrer com aquela situação. E muito menos ao novo marido...

 


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