Lena escrita por Rapha Jorge


Capítulo 4
III - Misterioso Pretendente




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— Estou falando com você, Milena._ Seu pai falou, enquanto a garota permanecia estática_ Roger veio te conhecer.

— É um prazer._ O jovem se aproximou e beijou a mão de Milena.

— Pra mim seria um prazer se eu não soubesse o verdadeiro motivo de você querer me conhecer._ Ela soltou sua mão da de Roger_ Muito obrigada, sendo assim, não tenho interesse.

— Milena!_ Seu pai a repreendeu_ Só um instante, Rogério, preciso falar com a minha filha._Ele falou para o homem de bigode parado ao lado de Roger, seu pai_ Eu acabei não conseguindo avisá-la da sua vinda antes. Milena, me acompanhe por favor.

— Qual a necessidade, papai? Eu já entendi. Não sou tonta como você imagina.

—Milena! Agora. Me acompanhe._Ele falou pausadamente e logo depois se virou para a esposa e o filho, sentados silenciosamente no sofá menor_ Rodrigo, Sônia, fiquem com eles, por favor.

Lena revirou os olhos e acompanhou o pai até o escritório. Lá, ele a empurrou para dentro e bateu a porta.

— Não precisava me trazer aqui, eu já entendi tudo.

— Da próxima vez que me desafiar na frente das pessoas, não vou me preocupar em fazer cerimônia antes de te dar a surra que você merece!

— Se fizer isso, não vai conseguir me trocar por benefícios políticos.

— Não ouse repetir isso! Depois conversamos! Já que já sabe o motivo, finja ser educada pelo menos para conhecer o seu pretendente.

— E o que eu ganho com isso?

— Não ganha nada, mas deixa de ganhar uma surra ou perder a liberdade que o seu irmão conseguiu que eu te desse com o passar dos anos.

— Pois é. Antes eu vivia em regime fechado, agora vivo em um semiaberto. Puta mudança...

— Se continuar com esse vocabulário, te entrego pro Roger agora.

— Vai me entregar de qualquer forma._ Ela falou com desdém, enrolando uma mecha de cabelo.

— Mas pelo menos terá a chance de se despedir dos seus amiguinhos favelados. Agora vá. E não quero ouvir nenhuma reclamação do Roger.

— Aquele sardento tem cara de insuportável.

— Então comece desde já a se acostumar com a forma dele de ser.

— Não vou te perdoar nunca por isso. E nem a mamãe, mesmo que ela finja que está feliz o tempo inteiro pra te agradar.

— Vai logo, garota maldita!

Milena secou a lagrima que tentava fugir de seu olho esquerdo, respirou fundo e andou em direção à sala onde estava seu pretendente.

— Desculpa pela minha reação, não passou de um mal entendido._ Roger seu nome, não é?_ Ela se aproximou para abraçá-lo.

— É sim. É um prazer._ Ele a abraçou e deu um suave beijo no rosto da garota.

— Milena,_ Sua mãe a chamou_ leve o Roger pra conhecer a fazenda à cavalo.

— Eu..._ A garota olhou para seu pai, que estava sentado em sua poltrona, sempre com o olhar severo e assustador_ Claro... Vamos. Vou pedir pra prepararem seu cavalo.

— Sim. Obrigado._ Ele se levantou_ Com licença.

Os dois saíram e foram buscar os cavalos. Como o funcionário encarregado não estava, Milena começou a encelar o animal.

— E você sabe encelar cavalos?

— Sei._ Ela continuou colocando os equipamentos, sem nem olhar para o pretendente_ E fique tranquilo, você não vai cair. Se eu te derrubar, meu pai me mata._ Ela balançou tudo para ver se estava bem firme_ Já pode subir, e me fala se tá firme.

O jovem subiu no cavalo e se balançou para confirmar se estava bem preso. Confirmado, Milena pegou outro cavalo e também subiu nele.

— Já podemos ir._ Ela falou.

— E você? Não vai colocar equipamentos pra se firmar?

— Não.

— E você não cai?

— Se eu cair vai ser a melhor coisa que poderá me acontecer.

Ela se virou e saiu com o cavalo, acompanhada por Roger.

...

— O que aconteceu de tão grave pro Rodrigo precisar ir até a estufa buscar a Lena?_ Henrique se preocupava enquanto jogava dardos em um alvo pendurado na porta de seu quarto_ Não deve ser nada, vou dar um passeio à cavalo pra parar de pensar bobagem.

Ele se levantou da cama, vestiu a camisa e saiu para cavalgar.

...

Após algum tempo de passeio, Lena e Roger passaram por um lugar no alto de um monte, do qual se tinha uma linda vista da paisagem. A vários metros dali, mas ainda no campo de visão, estava a estufa na qual ela e Henrique se encontravam.

— Podemos parar aqui?-_Roger perguntou.

— Pra quê?

— Admirar essa linda paisagem.

— Se insiste...

Ela desceu do cavalo em um pulo e amarrou o animal em uma árvore. Roger fez o mesmo. Depois, os dois assentaram em uma cerca de madeira de frente para uma imensidão de verde.

—Por que você é assim?

— Assim como?_ Ela se fez de desentendida.

— Seca... Fria...

— Você não imagina?_ Milena olhou com ironia no olhar.

— Nossos pais querem nosso casamento.

— E você tem cara de quem está amando essa "obrigação".

— Pareço estar me aproveitando da situação?

— Quer sinceridade?_ Ele assentiu com a cabeça_ Pra mim você não passa de um mauricinho insuportável e encalhado. Seu pai não quer que você termine sozinho e, por isso, é capaz de "comprar uma noiva" pra você em troca de apoio político.

— E você se incomoda com essa situação?

— Só me incomodo com o fato de EU ser a noiva comprada.

— Não sou tão ruim assim... Sou rico, bonito, inteligente, simpático...

— Exibido..._ Ela falou olhando para a paisagem, como se não se importasse em estar magoando ou não.

— Não sou exibido... Pelo menos, isso é o que todo mundo fala de mim.

— Com "todo mundo" você quer dizer seu pai e os bajuladores da sua família?

— Vai continuar arisca assim por quanto tempo? Até eu falar com o meu pai que não quero me casar com você?

— Seria uma excelente ideia. Eu poderia ter pensado nisso antes...

— Sinto em informar que, da mesma forma que você não pode recusar se casar comigo caso eu faça a proposta, não é tão fácil pra mim simplesmente não te pedir em casamento.

— E o que isso significa? Que você não me quer como sua esposa de livre e espontânea vontade?

— Não exatamente. Eu adoraria ter uma mulher bonita como você ao meu lado...

— Como um enfeite pra mostrar aos seus amigos riquinhos? Ou porque você acha que eu sou melhor na cama do que outras mais feias que eu?

— Talvez...

Quando Roger disse isso Milena o olhou com ódio nos olhos, como se quisesse bater no rapaz, mas algo chamou mais sua atenção do que a raiva: uma linda silhueta iluminada pelo sol, que ia a cavalo até a estufa. A garota olhava fixamente e mordia o lábio. Sim. Aquela silhueta podia ser reconhecida a quilômetros. Era o homem que ela amava. Aquele com quem ela se casaria sem hesitar. Era Henrique.

Roger começou a ficar incomodado com a situação. Sua futura esposa olhava para outro homem e mordia o lábio, sem reparar na presença do rapaz ao lado.

— Pode me explicar quem é aquele cara?

— Que cara?_ Milena pareceu ter acordado de um feitiço.

— Aquele a cavalo pra quem você tanto olha. Estava até mordendo o lábio.

— Que bobagem..._ Ela sorriu, tentando despistar_ Eu tava exatamente tentando ver quem era. Mordi o lábio porque não tava conseguindo enxergar.

— Me responde uma coisa?_ Ele desceu da cerca e se colocou de frente para Milena_ Pra enxergar alguém, você precisa parecer que vai dar pra essa pessoa?

— Do que tá falando?

— Você sabe muito bem do que eu tô falando! Você sabe muito bem quem era! E sabe como eu sei disso? Porque você sorriu e mordeu os lábios, sua cachorra!

— Você é louco, e imagina coisas que nunca existiram!

— Você é uma vaca!

Ao escutar isso, Milena deu um tapa na cara de Roger e tentou descer da cerca. Mas ele foi mais rápido, segurou a garota pela cintura e ficou entre suas pernas.

— Você não sabe com quem está lidando, mimado idiota!

— A partir de agora, você só abre as pernas pra mim.

E a beijou.


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