Libertinamente Marotos - HIATUS escrita por Lady Anna


Capítulo 15
Capítulo XIV


Notas iniciais do capítulo

Oieeee
Vontando naturalmente o mais normal possível após um tempão sem atualização haha
Bem, esse capítulo foi bem difícil de escrever (creio que vocês entenderam o porquê) e eu queria que ele expressasse meus sentimentos o melhor possível, então ta aí o motivo da demora.
Espero que gostem! Bos vemos nas notas finais. Beijooos!



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"É hora da tempestade."-Victor Hugo 

Dorcas observava a carta que Remus a enviara mais cedo, garantindo que chegara bem em Bristol e que provavelmente retornaria para Londres naquela tarde. Ela estava feliz por saber que tudo dera certo nos negócios do noivo e que em breve ele estaria de volta, mas a preocupação dominava quase completamente o seu semblante. A fina garoa que caia preguiçosamente poderia se transformar em um piscar de olhos em uma forte e imprevisível tempestade, o que dificultaria muito a volta de Remus.

—Não se preocupe, Dorcas. Tenho certeza que Remus logo chegará lhe trazendo algum presente incrível de Bristol. Isso que você está sentindo é só saudade.

Dorcas queria contrariar a mãe e garantir-lhe que não estava com saudade de Remus, apenas preocupada com ele. Por mais que a estrada fosse segura e a carruagem boa, uma chuva era algo ruim a se enfrentar, certo? Mas ela não queria preocupar a mãe com aquilo. Certamente era bobagem, apenas coisa da sua cabeça. Então, por que aquele aperto em seu peito não sumia?

—x-

Marlene bateu na porta de Lorde Potter e esperou-o levantar os olhos amendoados em sua direção para cumprimentá-lo.

—Srta. McKinnon, –Ele se levantou e indicou a cadeira a sua frente para que ela se sentasse. –Como vai? Não esperava recebe-la em meu escritório.

—Pode me chamar de Marlene, não precisamos de formalidades dadas...as circunstâncias. –Ela corou ao se lembrar de que ele havia lhe dito na noite anterior que, após conversar com a condessa e descobrir tudo sobre o passado dela, a considerava parte da família. Um sorriso singelo brotou no rosto de Marlene. –Eu só vim lhe entregar um bilhete que Lily mandou junto com a carta que escreveu para mim.

—Ela me mandou um bilhete? –O Potter parecia levemente extasiado e muito, muito confuso.

—Sim, eu não li, porém você não deveria esperar nada muito...lisonjeiro.

—Hã...claro. –Ele ficou um pouco vermelho ao pegar o pequeno pedaço de papel cuidadosamente dobrado. –Obrigado, Marlene.

—Por nada, Lorde Potter.

—Me chame de James, você é da família como eu disse. –Marlene já estava saindo do luxuoso escritório quando ouviu a voz hesitante de James chama-la. –Eu queria te falar sobre...hum...você e o Sirius. Bem, eu...

—Não há nada entre nós! –Ela cortou-o com a voz mais estridente do que gostaria. Clareou a voz antes de continuar: –Realmente, não há nada.

—Claro. Me desculpe, foi indelicado da minha parte. –Apesar das desculpas James possuía um estranho sorriso no canto dos lábios.

Mesmo querendo saber o motivo daquele sorriso, Marlene obrigou seus pés a saírem do escritório e foi para o seu quarto. Enquanto observava a fina chuva que banhava o jardim, foi impossível não se lembrar da conversa que tivera com Sirius bem ali, entre aquelas flores.

Flashback on:

Assim que adentraram o jardim, Marlene sentiu-se sendo puxada de encontro ao peito de Sirius e envolveu-o com seus braços, deixando que algumas lágrimas de alívio caíssem.

—Calma. Está tudo bem agora. –Ele distribuía beijos nos cabelos dela e acariciava sua nuca com a mão direita enquanto a esquerda segurava Marlene em um aperto forte.

Mas ela não se importava nem um pouco. Na verdade, a única coisa que desejava naquele momento era ficar nos braços dele e esquecer todo o medo e desespero de algumas horas atrás. Cedo demais Sirius a afastou um pouco e levou a mão ao rosto dela, acariciando sua bochecha com devoção.

—Nem acredito que tudo acabou bem. –Ele suspirou, aliviado. –Quando descobri o que minha mãe fez, eu fiquei louco, Lene. Nunca senti tanto medo em toda a minha vida. Todas as vezes que fechava os olhos imagens suas apareciam. Sozinha, com medo, ferida...

—Não precisa se lembrar disso agora, eu estou bem. –Percebendo que ele tremia, Marlene tentou sorrir, mas falhou ao sentir a água salgada na boca.

—Preciso sim. –Sirius encostou sua testa na dela. –Minha mãe não podia fazer aquilo que fez com você. Foi desumano, Lene. Eu queria que as palavras fossem o suficiente para dizer o quanto eu sinto muito, mas acho que nunca conseguirei...

Algo dentro de Marlene explodiu ao ver a expressão torturada de Sirius e justo ele, que não parava de falar um minuto, ficar sem palavras. Uma quentura se espalhou pelo seu peito enquanto ela ficava na ponta dos pés e colava os lábios aos deles. Os braços musculosos seguravam-na firmemente pela cintura e ela sentiu o coração dele tão acelerado quanto o seu. Marlene deixou um riso escapar quando seus pés saíram do chão e Sirius aproveitou para beijá-la no pescoço, preenchendo o ar com seu riso latido e com os suspiros de Marlene.

—Você é diferente, Lene. Acho que eu nunca... –Ele parou a frase e colocou-a no chão, olhando fixamente nos olhos de Marlene. –Eu nunca me perdoaria se algo tivesse acontecido com você. E pensar em tudo que minha mãe fez...ah...me perdoa, Marlene. Eu juro que nunca mais vou deixá-la chegar perto de você.

—Ela foi um pouco...exagerada para deixar claro o ponto de vista dela. –Marlene riu ao ver a sobrancelha arqueada dele. –Mas ela só queria o seu bem.

—Não. –Pela primeira vez desde que chegaram ao jardim, Sirius a soltou completamente. –Eu sei o que você está tentando fazer e não quero isso. Minha mãe não fez nada por mim, foi tudo pelo bom nome da família. Eu sei que você acha que eu me importo com a opinião dela, mas eu preciso que você entenda que eu não ligo nem um pouco para essa baboseira de sangue azul. Eu gosto de você pelo que você é.

Marlene sentiu uma fisgada na cabeça e massageou as têmporas, tentando aliviar a dor. Aquele era o limite que ela não se permitia cruzar com Sirius. Ter um relacionamento, qualquer que fosse, era impossível e não somente por causa das posições sociais diferentes. O grande problema é que Marlene se importava. Importava-se o suficiente para saber que se Sirius se envolvesse com ela e alguém espalhasse o fato dela ser bastarda, o bom nome da família dele e o ducado estariam perdidos para sempre. E, por mais que ele passasse a imagem de alguém que não se importava nem um pouco com isso, Marlene o vira até tarde no escritório resolvendo os problemas financeiros da família. Era esforço demais para alguém que “não se importava”.

—Mas você também se importa, Sirius. –Diante da expressão ultrajada dele, Marlene começou a explicar: –Você se importa com as suas responsabilidades como duque. Você pode me dizer que não, mas eu sei que você quer salvar as propriedades da família das dívidas que seu irmão deixou. –Sirius arregalou os olhos e ela se obrigou a respirar profundamente antes de continuar. –O Pasquim relatou alguns boatos sobre isso, foi assim que eu soube. Além disso, você passa horas naquele escritório, Sirius, porque se importa. E no fundo você sabe que nenhum nobre, além de James, aceitaria negociar com você se soubesse que você está se relacionando comigo, a ex acompanhante da duquesa.

—O nome da família já resistiu a coisas piores. –Retrucou. – E a condessa de Rynnor vai te amadrinhar na temporada social. Você vai ser, ou melhor, é uma dama respeitável como todas as outras. Na verdade, você é melhor.

 Um sorriso triste apareceu no rosto de Marlene quando ela percebeu que, por mais que debatesse com ele, Sirius era egocêntrico, corajoso e decidido demais para mudar de opinião.

—Não o suficiente para um duque.

Ele bagunçou os cabelos, crispando os lábios.

—Exatamente, eu sou um duque, pelo amor de Deus, isso deve servir para alguma coisa. Eu posso fazer o que eu quiser.

A dor de cabeça estava insuportável e Marlene apenas queria acabar com aquela discussão logo.

—Eu também posso fazer o que eu quiser, Sirius. –A voz dela soava triste e quebrada. –E nesse momento eu não quero ter nenhum relacionamento com você.

Ela pensou que Sirius simplesmente viraria as costas e iria embora, mas ele a surpreendeu com um sorriso torto.

—Eu vou te convencer, então. –O sorriso dele se tornou malicioso ao acrescentar: –Dos jeitos mais criativos possíveis.

Flashback off

Por mais que Sirius insistisse, Marlene já tomara sua decisão. A única certeza que tinha sobre o seu futuro conturbado era que Lorde Sirius Black, o duque de Secorfly, não estava nele.

—x-

James observava o papel dobrado com a letra inclinada e incrivelmente bonita de Lily que dizia apenas “Lorde James Potter" como se, a qualquer momento, algo pudesse saltar da folha e atacá-lo. Apesar da imensa curiosidade para saber o que a garota escrevera, ele ainda não encontrara coragem suficiente para abrir o papel. Irritado com a própria covardia, James foi até a janela e arrumou os óculos no rosto. Em seguida, abriu o papel e começou a lê-lo:

Caro Lorde James Potter,

Minha mãe disse que seria de bom tom mandar-lhe uma carta agradecendo pelo chá. Obviamente eu acho isso desnecessário , afinal foi a condessa que me convidou (e eu lhe enviei uma carta). Porém, como minha mãe não me deixaria em paz se eu não lhe escrevesse algo, aqui está: obrigado pelo chá, você foi inacreditavelmente menos chato que o normal.

Atenciosamente, Lily Evans,”

Surgiu-lhe um sorriso no rosto ao constatar que nada poderia ser mais a cara de Lily do que aquilo. Sem que ele percebesse, a pena já estava em sua mão junto com um papel com o brasão oficial da família para respondê-la.

—x-

Lily sentiu as gotículas de água caírem em seu rosto e fechou os olhos. A melhor parte dos dias chuvosos era, com certeza, poder sentir o cheiro da grama molhada enquanto lia um livro ao lado da janela. Ao escutar passos no corredor, fechou rapidamente a vidraça e tentou se sentar o mais naturalmente possível antes de Judith Evans entrar na biblioteca.

—A janela aberta de novo, Lily? Assim você vai estragar o acabamento de madeira da casa. –Apesar do tom de reprovação, o grande sorriso no rosto da sua mãe a deixava com um aspecto assustador. –Tenho uma carta para você. Adivinha quem te respondeu? Lorde James Potter!

Lily podia jurar que sua mãe dera alguns pulinhos, mas o vestido rodado não a permitia ter certeza. Antes que ela fizesse qualquer movimento, a carta fora enfiada entre seus dedos que queimaram com o contato com o papel caro. Percebendo que a carta estava lacrada com o brasão da família Potter, Lily esperou sua mãe sair para ler o que James escrevera, afinal sendo a resposta do bilhete que ela mandara não podia ser nada refinado. 

Porém, sua mãe continuou a encará-la com os braços cruzados. Arqueando uma das sobrancelhas, Lily guardou a carta entre os livros.

—Eu não vou ler para a senhora ouvir, mãe. –Quando ela começou a protestar, Lily completou: –Quanto mais tempo você ficar aqui mais tempo eu vou demorar a responder. Você é quem escolhe.

Com um grunhido contrariado a mulher mais velha saiu da sala.

—Seja rápida, Lily. O garoto dos recados está esperando. –Disse antes de finalmente sumir no corredor.

Lily esperou alguns segundos para ter certeza que sua mãe não voltaria e abriu o papel.

“Caríssima Srta. Lily Evans,

Não sei ao certo se foi um elogio ou uma crítica. Por hora, (in)felizmente não posso dizer o mesmo da senhorita, já que a considero eloquentemente energética.

Atenciosamente,

 Lorde James Charlus Potter, Conde de Rynnor”

Ela revirou os olhos, mas sentiu um pequeno sorriso brotar do rosto. Obviamente, James seria pomposo até em um simples bilhete. Intrigada com a forma que ele a descrevera, Molhou a pena na tinta preta e se apressou em responde-lo.

Caro Lorde James Potter,

Com certeza foi uma crítica, acredite. Agora, eu que estou em dúvida em relação ao “eloquentemente energética” ser um elogio ou uma crítica. Estou apostando na crítica.

Carinhosamente,

Lily

Ps.: você é pomposo até mesmo por carta!”

Andando rapidamente até a cozinha, onde um jovem garoto esperava sentado, Lily estendeu o bilhete, porém hesitou no último momento. Seria mesmo uma boa ideia manda-lo?

—Posso levar a carta, Srta. Evans?

Lily olhou para o garoto que tinha uma expressão indagativa no rosto e virou o rosto na decisão da janela, tentando evitar a pergunta. Nesse momento percebeu que a fina chuva ainda estava presente. Bem, ela não poderia deixar o pobre garoto ficar andando por aí e se molhar, certo? E se ele se resfriasse?

—Acho que é melhor você esperar a chuva passar. Só por precaução.

—Não! –O garoto subiu o tom algumas oitavas, mas logo corou e se desculpou. –Quer dizer, eu prefiro não esperar, Srta. Evans. Meu pai trabalha como o mordomo de Lorde Potter e ele é muito bom conosco. Não faz as crianças trabalharem e até paga uma professora para nos ensinar a ler. Ele me pediu para trazer a carta quando parasse de chover, mas eu queria ajuda-lo o quanto antes. Agora, posso levar a carta?

O rosto ansioso do garoto o fazia parecer muito mais jovem, quase como uma criança. Lily mordeu levemente os lábios e entregou o bilhete para o garoto, que rapidamente se levantou e correu porta a fora.

Ela não conseguiu se concentrar direito no livro que tentou ler, por isso foi até cozinha e ficou sentado em um dos bancos conversando com a cozinheira. Obviamente sua mãe não ficaria nem um pouco feliz de vê-la ali, mas ela estava anestesiada demais com o fato da filha estar se correspondendo com Lorde James Potter para se importar. Quando o garoto entrou na cozinha, enlameando o chão com o barro nos sapatos, afoito para entregar-lhe a carta, Lily sorriu.

—Lorde Potter também mandou isso. –O garoto lhe estendeu um bonito embrulho dourado de uma caixa quadrada.

—Obrigada, querido. –Ela o viu corar com o chamamento e mordeu a língua, segurando a risada.

O garoto ia respondê-la, mas foi repreendido pela cozinheira por sujar a cozinha. Levantando-se para ir responder a carta, afinal ela certamente faria isso, disse a cozinheira:

—Não implique tanto com ele, Maggie. Dê-lhe um pedaço daquele delicioso pudim que você faz e eu tenho certeza que ele vai ficar quietinho.

Antes mesmo de chegar à biblioteca, Lily já lia a carta:

“Querida Lily,

Não sei como não percebeu o elogio explícito em minhas palavras. Te considero incrivelmente encantadora, um quebra-cabeças na verdade. Aliás, estou lhe enviando esse porque é o meu preferido. Espero que se divirta solucionando-o.

Com carinho,

James.

Ps.: Tentarei me expressar de maneira menos egocêntrica!”

Lily abriu cuidadosamente o embrulho tentando não rasga-lo e encontrou uma caixa de madeira quadrada, com várias pinturas em sua tampa. Abrindo-a encontrou um pequeno manual de instrução, o qual dizia que haviam mil peças e que elas deveriam formar a pintura na tampa. Antes de começar, a ruiva pegou a pena para responde-lo:

“James,

Certamente não estou acostumada com seus elogios e, com certeza, não estou acostumada a receber quebra-cabeças. O solucionarei o mais rápido possível e lhe enviarei uma carta. Acredite: sou ótima nisso! Obrigada pelo elogio e pelo presente.

Carinhosamente,

Lily.

Ps.: Fico extremamente aliviada com sua grande decisão!”

Ao entregar a carta ao garoto, ficou surpresa quando ele retirou outra das vestes e a entregou.

—James me mandou outra carta? –Indagou, confusa.

—Não, senhorita. Uma moça na rua me entregou e me pediu para entrega-la, não vi o rosto dela porque estava encapuzada. Me desculpe.

—Sem problemas. –Sorriu.

Contudo, seu sorriso morreu assim que leu as palavras daquele bilhete:

“Sei da sua aventura noturna com o Potter. O que acha que a sociedade vai pensar ao saber que o honradíssimo conde de Rynnor sequestra jovens debutantes de seus quartos a noite? Se quiser impedir que isso saia na próxima edição do Pasquim me encontro no endereço do verso.”

Lily correu até o quarto e pegou a primeira capa que encontrou. Vestindo-a, ela saiu pela porta da frente e não ligou para os gritos da cozinheira e do garoto. Naquele momento a única coisa em que pensava era em proteger a reputação de James da maneira que podia.

—x-

Remus relaxou no banco da carruagem. O leve deslizar das rodas e o batucar das gotas na lataria o deixavam levemente sonolento. Com o dia cansativo que tivera, conversando com vários sócios e fornecedores do clube, não era surpresa nenhuma a exaustão que se apoderava de seu corpo.

Pelo relógio em seu bolso, o horário adequado para visitas terminara, mas mesmo assim, Remus tinha certeza que visitaria Dorcas assim que chegasse. Ele não esperava receber uma carta dela perguntando como estava e contando que já lera mais da metade do livro, o qual, segundo ela, havia um personagem extremamente encantador que se parecia muito com ele.

Tinha enviado uma carta a Dorcas na noite anterior, mas mesmo assim ainda desejava vê-la. Não queria pensar o que esse desejo implicaria, por isso apenas fechou os olhos e adormeceu, esperando o trajeto terminar. Porém, um grande baque fez Remus abrir os olhos assustado. Olhando pela janela, percebeu que uma roda da carruagem arrancara e, naquele momento, estavam caindo morro abaixo.

Sem reação, Remus sentiu uma dor incomensurável quando algo o atingiu na cabeça, nublando sua visão. Mesmo assim, tentou procurar a porta da carruagem para sair antes que caísse dentro do rio no fim do morro, porém desistiu ao sentir algo chocar-se com sua perna, quebrando-a com um estalo. A última coisa que Remus viu antes de se entregar a escuridão foram os brilhantes olhos de Dorcas e as covinhas em suas bochechas.

Aquele trajeto nunca chegaria ao fim. Terminava ali mesmo.

—x-

James levantou a cabeça dos papéis que analisava quando ouviu as batidas na porta. Esperava encontrar Georgie, o garoto que estava levando seus recados para Lily, mas viu um esbaforido e desesperado Sirius entrar em seu escritório.

—Sirius, está tudo bem? –Ele se levantou, preocupado. As roupas do duque a sua frente estavam desalinhadas e molhadas, nada parecidas com os bons trajes que Sirius normalmente usava.

—Não, James. Não está nada bem. –Pela primeira vez em todos os anos de amizade, James viu Sirius chorar, caindo desolado na cadeira a sua frente. –Um guarda foi até a mansão Black me informar que a carruagem de Remus caiu na água. Eles não o encontraram. –James sentiu as palavras o atingirem antes mesmo que fossem proferidas. –Acham que ele está...morto, James.

James ouviu soluçou e percebeu depois de algum tempo que eles vinham de si próprio. Era impensável viver sem a companhia de Remus, uma das únicas pessoas em quem ele podia confiar cegamente e que lhe ajudaria sem hesitar. Desde que James assumira oficialmente as responsabilidades do condado, era ao Lupin que procurava sempre que precisava de um conselho financeiro.

Para Sirius era pior ainda. James sabia que ele e Remus eram extremamente próximos devido a quantidade de tempo que o Black passava no clube do Lupin e que, após a morte de Regulus, Remus foi uma das únicas pessoas que conseguiu manter Sirius sóbrio.

Não, James não conseguia aceitar que um dos seus únicos amigos realmente leais partira. Ele não podia perder Remus. Com uma fisgada no peito se lembrou da última carta do amigo, na qual ele contara que havia beijado Dorcas e que as coisas estavam progredindo entre eles. Ah Deus, alguém teria de dar a terrível notícia a ela. Não, tinha que ser mentira.

—O que faremos agora, James? –Apesar de ter parado de chorar, o rosto de Sirius ainda estava molhado.

—Vamos procura-lo. –Decidiu. –Eu não consigo acreditar ainda. Mas de qualquer forma, precisamos dar a ele um enterro digno. Devemos isso a ele.

Após alguns minutos andando nos melhores cavalos do estábulo de James, os dois homens já haviam cruzado uma boa parte de Londres e naquela velocidade não tardariam a sair da cidade. James puxou rapidamente as rédeas quando um vulto tentou atravessar a rua e acabou caindo na frente deles.

Reconhecendo os cabelos ruivos, James desceu do cavalo e foi ajuda-la a se levantar.

—O que está fazendo aqui, Lily? –Quando ela conseguiu se firmar sobre as pernas, ele a soltou. –Está machucada? Aconteceu alguma coisa na sua casa?

—Não, eu... –Ela parecia perdida e desesperada. –Preciso falar com você, James. É urgente!

—Não posso falar com você agora. Aconteceu...algo. Vá para casa que passo lá amanhã assim que puder.

—Não! –A voz dela soou estridente. –Precisa ser agora, James. Eu estou indo me encontrar com alguém que me mandou uma carta e...

—Espere um instante. Você vai encontrar alguém agora? Nessa parte de Londres? –James sentiu um gosto amargo na boca. –Alguém com quem você se corresponde?

—Mais ou menos. –Ela mordeu os lábios, nervosa. –Preciso que você vá até lá comigo.

O gosto na boca de James piorou consideravelmente. Sentia uma dor profunda no peito pela perda de Remus e achou que aquilo não podia piorar, mas ao ver que Lily se correspondia com outro e que ia encontra-lo naquele momento sentiu os sentimentos dentre de si piorarem ainda mais. Possivelmente, aquelas conversas, as cartas e a pequena aventura procurando Marlene não significaram nada para ela. James não queria seu peito doendo ainda mais, na verdade tudo que ele queria era ficar longe de Lily Evans.

—Eu não tenho tempo para suas aventuras agora, Evans. Tenho coisas mais importantes para fazer.

Dizendo isso, ele virou as costas e subiu em seu cavalo, cavalgando o mais rápido possível como se pudesse deixar seus sentimentos para trás.

—x-

Lily sentiu as lágrimas nos olhos, mas corajosamente não as deixou cair. Aquela aventura, como James definira, tinha como único propósito salvar a reputação perfeita daquele idiota. Ela sabia a importância que o bom nome tinha para a sociedade e não queria que James perdesse o seu por ajuda-la a ir atrás de Marlene. Ela não podia condená-lo a ser mal visto socialmente.

Na verdade, somente pensara na própria reputação, a qual ficaria arruinada, depois que se encontrara com James e ele lhe disse aquelas palavras. “Eu não tenho tempo para suas aventuras agora, Evans. Tenho coisas mais importantes para fazer.” As palavras martelavam em sua mente e insistiam em apertar seu coração. Tomado por um sentimento que ela não sabia ao certo como identificar, Lily sentia-se indecisa entre encontrar ou não a pessoa que lhe mandara o bilhete. Obviamente não era seguro e exatamente por isso ela estava levando uma faca no bolso interno do vestido, mas não achava que aquele lâmina fosse o suficiente. Mas precisava salvar sua reputação e, por mais babaca que James fosse, salvar a dele também.

Porém ela não teve tempo de decidir ao certo o que fazer já que uma forte pancada na nuca fez os olhos verdes se revirarem e o corpo da garota ficar mole enquanto ela desmaiava.


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Notas finais do capítulo

Eu surtei escrevendo esse capítulo, sério. Para piorar (ou melhorar, não sei) eu estava assistindo HP e as Relíquias da Morte Parte 2 enquanto revisava então, sentimentos estavam a mil. Quero agradecer a vocês, leitores maravilhosos, que não desistiram da fic: muito obrigado♥♥ Comentem e me contem as teorias de vocês nos comentários: o que vai acontecer com a Dorcas? Como os Marotos ficam agora? Quem pegou a Lily? E por quê?
Enfim, espero vocês nos comentários!
Beijooos♥