Just One Night escrita por Arcchan


Capítulo 1
Single Chapter — I'm Here to Warm You


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic Daifuku, aaaaaaa ♥

Amo os dois demais, demais. Espero que gostem! ♥



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Just One Night

By: Archie-sama

Single Chapter — I'm here to warm you

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Capítulo Único — Estou aqui para te esquentar

 

Perdoe o jeito como eu te olho

Não existe nada mais para se comparar

A sua visão me deixa fraco

Não sobram palavras para falar

Mas se você se sente como eu me sinto

Por favor, me deixe saber que é real

Você é linda demais para ser verdade

Não consigo tirar meus olhos de você

Eu amo você, querida

E se estiver tudo bem

Eu preciso de você, querida

Para aquecer as noites solitárias

Eu te amo, querida

Acredite em mim quando eu digo

Can't Take My Eyes Off You — Frankie Valli

 

Kofuku estava apagada. Depois de mais de vinte anos sem se divertir de fato, Daikoku finalmente dera o braço a torcer e fizera questão de levá-la para sair. Claro, isso depois da exceção em Capyper Land. Eles tinham voltado há pouco tempo de um encontro oficial — não ocasional —, com direito a um filme no cinema, um jantar à luz de velas e uma corrida alegre através da chuva. 

Talvez para seres humanos aquela tempestade estragasse o encontro, mas não para eles. Já estavam acostumados com a constante companhia da má sorte. Desgraças ocorriam por onde quer que Kofuku passasse, e aquele temporal também havia sido culpa dela. Isso, entretanto, não os desanimou. Embora fossem sempre cautelosos — ou Daikoku fosse, já que era ele quem colocava rédeas na deusa —, haviam decidido se arriscar apenas por uma noite. 

Se fosse por ela, Daikoku arriscaria até sua eternidade. Mas, como sua prioridade era protegê-la a qualquer custo, ele preferia ser responsável e racional. Seria apenas uma noite. Uma noite em que aproveitariam cada instante como se fosse o último… Afinal, sabiam que não poderiam ter encontros como aquele habitualmente.

Estavam saindo do restaurante — onde a mesa em que sentavam, por sinal, pegou fogo após uma das velas cair do castiçal e entrar em contato com o pano do forro — quando o céu praticamente começou a cair. Kofuku olhou para Daikoku como quem pedia desculpas, apesar de isso não impedir o riso fácil que lhe escapou por entre os lábios. Com um “corre, Daikoku!”, ela arrancou uma risada grave do shinki e o puxou pela mão em meio à chuva. Os dois saíram correndo na direção de uma loja de conveniência e abrigaram-se das gotas espessas debaixo do toldo que havia no local. 

— Não lembrava de o Mundo Inferior ser tão frio assim… — a deusa observou, sua voz suave e trêmula denotando o calafrio que a atingia e arrepiava seus pelos. Abraçou o próprio corpo, ainda risonha. Na Margem Distante não havia estações, afinal de contas, e fazia tempo que não dava uma escapada dessas pelas ruas do mundo humano. Apesar de utilizarem um templo como moradia e trabalharem numa loja que eles mesmos abriram, ainda assim Kofuku e Daikoku eram habitantes do lado oposto da Margem. 

— Você tem sorte de eu estar aqui pra te esquentar — Daikoku brincou, sabendo que sua fala contradizia totalmente a realidade. 

Kofuku não possuía boa sorte; sendo uma Binbougami, ela era a personificação do azar. Presumia-se que tudo que ela tocasse se transformaria em infortúnio. Cada pequena coisa, em todos os mínimos detalhes. Mas ele não se importava com isso… Desde que a conhecera, enquanto vagava perdido e sem rumo pela Margem Distante, o único sortudo era ele. Porque Kofuku, independentemente de sua natureza, escolheu nomeá-lo como dela, e não importava se o motivo inicial tivesse sido totalmente... inapropriado — embora não tivesse vergonha alguma de admitir que o achava um tesão. 

Ela havia escolhido acolhê-lo, e ele, por sua vez, decidiu amá-la com tudo que tinha.

Era verdade que, às vezes, havia mais perdas do que ganhos… Mas, apesar dos altos e baixos, amavam-se incondicionalmente. 

E, como o bom companheiro que era, ao ver a pele de sua mulher ser castigada pelo frio da noite, Daikoku imediatamente moveu-se para detrás dela, retirando seu casaco grosso — mesmo ainda molhado — e colocando sobre os ombros encolhidos. Vestir aquela roupa havia sido, de longe, a melhor escolha que ele tinha feito em muito tempo. 

— Obrigada... — agradeceu Kofuku, sorrindo para ele, que se pegou admirando-a em silêncio. Os cabelos cor-de-rosa, ainda que encharcados e com seus habituais cachos desfeitos, ainda lhe pareciam perfeitos ao emoldurar o rosto delicado dela. Os olhos lilases o fitaram com um brilho difícil de explicar. Era como se um milhão de galáxias habitassem nas íris dela. Embora a noite estivesse gélida, aquele olhar era caloroso, profundo, recheado de ternura e alguma outra coisa que ele considerava indescritível. Uma verdadeira explosão de sentimentos. 

Daikoku, então, ergueu as mãos e utilizou suas palmas para esquentar os braços dela num lento atrito. E ficaram assim, em silêncio, recebendo calor um do outro enquanto esperavam o temporal cessar. 

— Está um pouco mais quente? — ele questionou depois de um tempo, com uma delicadeza no tom de voz que era destinada apenas a ela. A deusa da pobreza apenas assentiu com a cabeça. O rosto dela, contudo, ganhou traços leves de tristeza. — Ei, o que tem de errado? — Daikoku a olhou com certa preocupação. 

— Eu sinto muito por sempre causar uma confusão… — ela se desculpou, soltando um longo suspiro. Estava feliz de ter conseguido sair com ele depois de tanto tempo e, mesmo que fosse apenas por uma noite, ela queria fazê-lo feliz. Queria provar que as coisas nem sempre precisavam se transformar em desastre. Todavia, era impossível. A sina que carregava era insuperável, não tinha como mudar. — Apesar de sempre insistir que você me leve pra sair, eu entendo os motivos de toda essa restrição. — Ela gesticulou no ar, dando um sorriso conformado. 

Estava habituada àquilo, sua má sorte era algo que não lhe atingia; apenas sentia muito por ele. Era difícil alguma coisa deixá-la para baixo e, na realidade, ela não se importava muito com o azar que podia causar andando por aí. O único problema era não querer, de forma alguma, arranjar problemas para o homem que amava. Daikoku já cuidava dela o suficiente. Não queria ser um fardo ainda mais pesado… Tinha medo de que ele cansasse disso e viesse a abandoná-la, deixando-a sozinha como já estivera tantas vezes no passado. E, embora soubesse que ele jamais seria capaz de algo assim, muitas vezes essa insegurança, aparentemente boba, surgia em seu coração. 

Mas Daikoku nunca havia dito que isso importava. Talvez ela só estivesse cansada de si mesma.

— Do que você está falando…? — Ele soltou uma risada nasalada, balançando a cabeça numa negativa. Em seguida, fez questão de virar Kofuku de frente para ele, tocando a face feminina com as pontas dos dedos. — Kofuku, eu não me importo se você dá ou não azar. Também não ligo se acontece algo no mundo humano por sua causa  — afirmou, sincero, e assistiu o rosto dela ganhar um olhar totalmente confuso. — Os nossos melhores encontros são esses em que você comete algum deslize. 

— Como pode dizer isso, Daikokuuu? — ela reclamou, falsamente ofendida, um bico surgindo involuntariamente em seus lábios. Sabia que "esses em que você comete algum deslize" significava todos. Porque as ações dela sempre acarretavam problemas. 

Daikoku sorriu, direcionando a ela um olhar amável. 

— Porque, se não fosse assim, não seria você — ele explicou, surpreendendo-a. — E eu não quero estar com alguém que não seja essa mulher azarada à minha frente. — Ele abaixou a voz, olhando-a profundamente nos olhos. 

Kofuku não conseguiu evitar que seus lábios se abrissem em um largo sorriso. 

— Puxa, que galanteador! — Ela riu, enrubescida, segurando a mão dele que ainda estava em seu rosto e beijando-a com carinho. — Não posso mesmo ganhar de você, não é? — Ela sabia que era impossível ficar triste quando ele estava ao seu lado. 

— A razão de te restringir é porque é meu dever te proteger — Daikoku sussurrou, sério. Tudo que estava falando era verdade e não queria que ela pensasse de outra forma. — Se acontecer algum problema grave no mundo humano, os Céus definitivamente irão nos punir. E eu me recuso a deixar que algo assim aconteça. — Ele afastou com o dedo uma mecha molhada que grudava na bochecha dela, colocando-a atrás da orelha. — Eu ainda quero estar com você, assim — Ele entrelaçou a mão com a dela, mostrando-a —, durante muito tempo. 

A Binbougami anuiu admirada, sentindo um calorzinho gostoso invadir seu peito. Compreendia os sentimentos dele. Eram iguais aos seus, afinal. Queriam estar juntos independentemente de quaisquer circunstâncias. 

— Não se preocupe, Daikoku... — A voz dela saiu baixa e afável, e ela se apoiou nos braços fortes do shinki, erguendo-se nas pontas dos pés para tentar ficar na mesma altura que ele.  — Prometo ser cuidadosa. — Soltou um risinho. 

Daikoku duvidava muito, mas isso não importava naquele momento. Ele sorriu, inclinando-se sobre ela e deixando suas faces a centímetros de distância. 

— Não prometa o que não pode cumprir, minha deusa — sussurrou enquanto a fitava intensamente. — Apenas esteja onde eu possa te ver. 

Kofuku assentiu, completamente vermelha e entregue. Em seguida, veio o beijo que esquentou o corpo deles mais do que uma xícara de chá seria capaz. As bocas se uniram calmamente, e as línguas deslizaram uma sobre a outra com vontade. Daikoku apertou o corpo da mestra ainda mais contra o seu, auxiliando-a a continuar na ponta dos pés, e continuou a expressar todos os seus sentimentos através daqueles beijos úmidos e calorosos. 

Os dois se beijaram por um longo tempo. E, entre suspiros, leves carícias e sussurros de amor, a chuva finalmente parou. Eles se afastaram apenas o suficiente para olhar o céu escuro; as estrelas lentamente começavam a aparecer, brilhando sobre eles uma a uma, e a lua estava inegavelmente espetacular. 

Ambos sorriram. Kofuku estava feliz, então a natureza também estava. Quando suas emoções estavam bem controladas, isso significava que tudo iria ficar bem. Ou, pelo menos, mais ou menos bem. 

— Ainda está com frio? Quer tomar um café? — Daikoku indagou ainda sorrindo, apontando com o polegar para a loja de conveniência atrás deles. 

— Nah — Kofuku negou com uma leve careta. Em seguida, porém, um sorriso travesso apareceu em seus lábios. — Eu quero é ficar bêbada!!

Daikoku começou a rir com tal declaração, ponderando se deveria ou não acatar aquele desejo dela. Bem, não era tão ruim quando ela ficava bêbada… Ela apenas se tornava ainda mais barulhenta. Então, no fim, ele decidiu que iria, sim, comprar cerveja e sakê para a mulher que amava. Porque aquele era o primeiro encontro oficial deles depois de longos vinte anos, e ela merecia essa diversão. Era só por uma noite. Além do mais, ele estava ali para protegê-la e impedir que fizesse qualquer besteira. 

Sendo assim, os dois adentraram a loja e compraram várias bebidas, voltando para casa carregando algumas sacolas. Ao chegarem, a primeira coisa que fizeram foi expulsar as crianças — isto é, Yukine, Hiyori e Yato — dizendo que queriam ficar sozinhos e não deveriam ser perturbados. Aquela era a noite especial dos adultos. 

Claro que Yato tentou protestar, afinal, ele não era de fato uma criança, embora agisse como uma. Contudo, antes que Daikoku o colocasse pra fora a pontapés, foi só Hiyori dizer "vocês podem ficar na minha casa essa noite" que Yato se transformou completamente. O deus foi embora de bom grado na companhia da garota, com uma cara de bobo apaixonado que apenas ele mesmo não era capaz de perceber — e coitado do Yukine que tinha que ficar entre os dois. Yato e Hiyori eram um casal peculiar; eles se amavam, mas não entendiam isso ainda. 

Porém, não cabia a ninguém interferir.

— Novamente a sós! — Daikoku comemorou, ligando seu pequeno rádio numa estação de músicas antigas e estendendo a mão para Kofuku. 

Ela aceitou com um sorriso adorável — ele amava como ela sempre sorria assim quando estava em sua companhia —, e ele a trouxe para mais perto, envolvendo-a pela cintura. Assim, os dois começaram a se mover suavemente pela sala ao som de can't take my eyes off you, de Frankie Valli. 

Aquela era, definitivamente, a música deles.

Kofuku sabia que aquele não era o encontro perfeito, devido às coisas desagradáveis que haviam acontecido. Mas, ainda assim, era o ideal para ela, pois a única coisa que lhe importava era estar na companhia dele. De Daikoku. Ela sabia que, enquanto estivesse com ele, nenhuma preocupação poderia incomodá-la realmente. 

Eles dançaram, beberam e se divertiram, até que beijos já não eram mais o suficiente. As roupas foram rapidamente parar no chão e, carregando-a para o quarto, Daikoku mais uma vez amou Kofuku sobre seu futon. Amaram-se como nunca antes, doce e lentamente. E, em meio aos cabelos bagunçados e lábios inchados, Kofuku soltou um "eu te amo" com um brilho incrível nos olhos lilases. 

Sempre que ela dizia isso, Daikoku sentia como se fosse a primeira vez. Era impossível acreditar que, mesmo estando morto, havia alguém capaz de fazê-lo se sentir vivo

E ele sentia tantas coisas boas ao mesmo tempo... Sabia que devia tudo isso a ela. 

Kofuku apagou ao lado dele não muito depois, bêbada de álcool, mas também de amor. Um amor capaz de sustentar-se com êxito através dos séculos. Inquebrável, imutável. 

Suficiente. 

E Daikoku sorriu uma vez mais, tirando os cabelos dela da frente do rosto cuidadosamente. Então, cobrindo-a com um lençol, com um sussurro ele finalmente respondeu:

— Eu te amo mais do que tudo, Kofuku.


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Notas finais do capítulo

Betagem por Nevaeh- ♥



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