Valentine escrita por Ero Hime


Capítulo 2
Como vender seus princípios


Notas iniciais do capítulo

GOSTARAM DA CAPA NOVA????
Em clima de amorzinho, continuamos com essa short romântica para acalentar os corações de nós, sozinhos e solitários
Espero que estejam gostando, porque eu amo esse clichê ♥
E quanto as outras histórias CALMA NÃO ME BATAM AINDA EU VOU ATUALIZAR TODAS só vou terminar essa e Quimera antes ♥



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Como vender seus princípios

Hinata sequer se deu ao trabalho de surtar e ligar imediatamente para Sakura – como faria em dias úteis e comuns –, porque definitivamente não tinha como aquele número ser de Naruto Uzumaki. Naruto Uzumaki jamais mandaria mensagem para ela. Naruto Uzumaki jamais pediria sua ajuda para o que quer que fosse.

Malditos fakes desocupados.

Bloqueou a tela novamente, ignorando a mensagem falsa e, sinceramente, preguiçosa. Quer dizer, a pessoa só se importou em pegar uma foto qualquer das redes sociais e colocar em um número falso, pelo amor de Deus. Ela já tinha visto tentativas mais reais no computador da irmã dela.

Continuou provando cada doce enfeitado e emplumado que sua mãe colocava na bancada, conversando sobre coisas banais. Tentou não pensar na humilhação eminente de passar o jantar vendo sua irmã ser melosa com aquele garoto catarrento da sala dela, que, por incrível que pudesse ser, tinha aguentado a monstrinha por longos seis meses, então ele merecia algum crédito.

Quando sentiu que estava a beira de uma diabetes, subiu para o quarto de novo, fechando a porta enquanto ligava sua playlist de relaxamento e pegava um dos exemplares que ela estava cansada de ler, mas nunca totalmente cansada. A garota tímida e introvertida da escola acabava chamando a atenção de um herdeiro popular e, depois de muitos problemas – que, Hinata reiterava, poderiam ser facilmente resolvidos com diálogo e paciência – eles ficam juntos.

Era o roteiro mais batido e sem graça que existia, mas, de alguma maneira, Hinata sempre acabava com lágrimas nos olhos durante o discurso final do mocinho, se declarando para a garota.

Aquilo nunca aconteceria com ela.

Quer dizer, Hinata não era uma típica protagonista de romances clichês. Ela tirava boas notas, mas não era nerd. Era tímida, mas não introvertida – pelo menos não graças a Sakura, que a arrastava para todo tipo de evento. Embora ficasse vermelha com facilidade, e gaguejasse um pouco quando ficava nervosa, ela era plenamente capaz de manter uma conversa racional por dois ou três minutos – com muita dificuldade, admitia.

A questão era que ela sempre era um quase, mas nunca totalmente suficiente. Nenhum cavaleiro de armadura prateada e cavalo branco viria resgatá-la no dia dos namorados.

Restava apenas se afogar em seus livros e sonhar acordada comendo os doces que sua mãe preparava, porque ela não ganharia de ninguém mesmo.

Mais tarde, quando já tinha terminado toda a história mais uma vez, e completado os deveres de casa que Sakura pediria para copiar, teve que descer para a tortura. Não admitira para ninguém, mas o jantar foi suportável – Hanabi estava toda cintilante e inquieta, e usando batom, pelo amor de Deus –, e Konohamaru era um bom garoto, afinal. Seu pai, tranquilo como era, se limitou a uma ou duas piadas ultrapassadas e algumas ameaças, deixando o pobre do garoto com medo até as calças, e as duas irmãs tentando não rir.

Hinata fingiu não ver quando, ao se despedirem, Konohamaru beijou Hanabi e lhe entregou uma pequena caixinha, com um anel brilhante dentro. Era barato, certamente, mas aquela cena a deixou tão emocional que teve de sair antes que começasse a chorar alto. Foi a coisa mais linda que ela já tinha visto na vida real.

Seus pais nunca tinham sido do tipo carinhoso – embora fossem um dos casais que Hinata mais admirava. Eram parceiros, se ajudavam e se respeitavam mutuamente. Seu pai sempre apoiou o negócio de confeitaria da mãe, e ela nunca deixou de cozinhar suas comidas preferidas, mesmo quando o dia estava corrido. Os pequenos atos eram importantes para eles, mesmo que beijos e abraços o tempo todo.

Ver demonstrações explícitas de amor sempre deixava Hinata emocional.

No dia seguinte, quando o despertador tocou, tudo que Hinata foi capaz de pensar era que estava um dia mais perto do feriado, e ela não se sentia nem um pouco pronta para enfrentar aquilo.

Sakura mandou uma mensagem antes de sair, avisando que elas ficariam a tarde para ver o jogo do time de basquete em um amistoso – é claro que a garota mandou vários pontos de interrogação e xingamentos, mas sabia que era uma causa perdida. Nada tirava Sakura da arquibancada quando se tratava de Sasuke.

Tirou do armário a saia plissada que ganhou o ano passado, porque o dia seria quente e ela não queria sofrer usando calças, obrigada. Prendeu o cabelo e colocou a mesma camiseta branca que disfarçava os peitos gigantes e certamente não hereditários que ela odiava. Quer dizer, custava ter o corpo proporcional perfeito da sua irmã de quinze anos?

Seu pai já tinha saído para trabalhar quando passou roubar uma fruta na cozinha e correr para a porta, porque estava, como sempre, atrasada. Se fosse para ser uma protagonista de clichê, ela preferia não ficar só com as partes ruins.

Quando saiu, o sol já quente demais para ser verdade, ela avistou o carro de Sasuke, como sempre estacionado na frente da sua casa. Mas, quando caminhou para entrar, estranhou o fato de Sakura estar no banco de trás, e não no passageiro.

Deslizou para trás, desconfiada, enquanto Sakura evitava olhar em seu rosto, fingindo inocência.

— Bom dia... – sua voz morreu quando ela identificou o cabelo loiro no lugar dos costumeiros fios rosas que enxergava todos os dias.

— Bom dia, Hinata. – Naruto Uzumaki respondeu em tom animado.

A garota se encolheu, já com as maçãs corando violentamente. Apertou-se contra Sakura até sua mão apertar o pulso dela.

— Custava ter mandado uma mensagem, infeliz? – resmungou, indignada. A garota disfarçou a risada com uma tosse.

— Se eu avisasse, você não viria. – cochichou de volta.

— Exatamente!

Falou um pouco alto demais, e, quando Naruto se virou, ela pigarreou, recostando na janela e fingindo estar muito interessada na paisagem do lado de fora. O clima era tão denso que quase podia segurar ele.

Estar no mesmo carro que Naruto a deixava nervosa. Quer dizer, Sasuke também era um atleta, mas ele namorava Sakura e lhe dava caronas diárias por quase dois meses, o que os tornava, no mínimo, conhecidos.

Mas Naruto era o capitão. Era o rosto dele que estampava as faixas de fim de ano, e era seu nome nos folhetos de divulgação de cada evento, oficina e festa daquele colégio. Era seu sobrenome gigantesco que ela era obrigada a ver atrás da sua jaqueta, embora sempre estivesse muito quente para usar casaco. Ele era naturalmente intimidador, e, para ajudar, era bonito. Bonito demais para sua própria sanidade.

— Então... – Sakura falou, arrastando a voz apenas para matar Hinata de incredulidade – Naruto, por que veio com a gente hoje? – puxou assunto, como velhos conhecidos.

— Meu carro está na oficina, e aproveitei o serviço de táxi do Sasuke. – bateu em seu ombro, ouvindo-o bufar. Hinata riu por impulso, disfarçando logo em seguida.

Ok, Naruto Uzumaki faz piadas de vez em quando, grande coisa.

— Estou ansiosa pelo jogo de hoje. – Sakura continuou falando, ainda que Hinata estivesse lhe mandando indiretas desesperadas e mudas com o olhar.

— Sim, nós também. – Naruto continuou respondendo, virando ocasionalmente – Vocês vão ficar para ver o jogo inteiro? – ela tinha percebido aquele plural.

— Ah, sim, com certeza ficaremos. – Sakura se apressou a responder. Hinata quis esganá-la com suas próprias mãos – Viu, a Hinata até está arrumada hoje. – desgraçada!

— Ela está muito bonita mesmo. – sua voz ficou alguns tons mais rouca, e ela sentiu sua pele arrepiar – Inclusive, Hinata, eu não sei se você viu minha mensagem ontem, mas eu queria te pedir ajudar com uma coisa.

— Nossa, chegamos. Obrigada Sasuke, até mais! – antes do carro parar totalmente no estacionamento, Hinata saltou dele como se estivesse pegando fogo. Praticamente correu para o meio da multidão, misturando-se aos alunos enquanto suas pernas ainda permitiam que ela corresse.

A mensagem era de verdade? Mas o que diabos estava acontecendo?

Naruto Uzumaki queria a sua ajuda? Em que universo bizarro e alternativo ela tinha acordado?

Durante a manhã, foi bem-sucedida na missão de ignorar tanto Sakura quanto o dito cujo. Seu rosto queimava na simples menção da lembrança, como ela saiu igual uma louca, ou como Naruto a elogiou com aquela voz humanamente impossível.

Não. Simplesmente não. Ela não se permitiria ficar sonhando com coisas que estavam além do seu controle, para depois se decepcionar como todas as outras garotas do colégio que ela já tinha visto chorando com o coração quebrado.

Hinata conseguiu passar pelas aulas sem grandes emoções. Fez anotações, entregou seus deveres e seguiu para seu armário somente quando todos já tinham ido almoçar. O jogo aconteceria as duas, mas todos estavam animados, fazendo barulho desde muito cedo. Ela viu faixas e cartazes pendurados, e as líderes de torcida, com suas habilidades motoras e uniformes curtos demais, chacoalhando seus pompons para lá e para cá.

Quando já tinha devolvido seus livros e fechou o armário, gritou de susto com a figura absurdamente silenciosa e estranha parada do seu lado.

— Jesus, quer me matar de susto? – gritou, impulsivamente, apenas para se lembrar com quem estava falando, e terminar de morrer de vergonha.

Naruto Uzumaki já tinha trocado de roupa, vestindo aquele uniforme idiota de basquete que deixava seus braços estupidamente grossos e grandes. Sua pele parecia ter passado por um bronzeamento artificial permanente, e era realmente injusto que ele fosse tão alto.

— Desculpa! – ele exclamou, rapidamente – Mas você não respondeu minhas mensagens e está fugindo de mim igual ao demônio da cruz, precisei vir pessoalmente. – ela não se sentiria culpada por ser instinto de autopreservação, é claro.

— O-O que foi? – queria parecer durona e segura, mas tudo que conseguiu foi um tremelique na pálpebra.

— Eu já disse, preciso da sua ajuda. – era diferente quando ele olhava em seus olhos e falava sério. Naruto Uzumaki realmente precisava da ajuda. Mas para que? Bom, ela não queria descobrir.

— N-Não estou interessada. – deu as costas enquanto ainda tinha dignidade, mas ele a puxou pelo ombro antes que pudesse andar para longe dele e do seu perfume cítrico viciante.

— Espera! Eu nem disse do que preciso! – onde ele tocou, uma corrente de eletricidade arrepiou sua pele – Por favor, só me escuta. É importante. – Hinata suspirou, não respondendo, mas também não indo embora. Ele entendeu o recado e continuou: – Você sabe que eu sou o capitão do time de basquete, certo? – duh – Eu preciso estar com todas as minhas notas acima da média para conseguir uma boa carta de recomendação e continuar jogando, e eu reprovei na última prova da Kurenai. Eu sei que você é boa em literatura, então queria saber se pode me ajudar a passar.

Perdão?

Aquilo estava mesmo acontecendo? Não tinha sido uma alucinação de Hinata? Os livros finalmente teriam levado sua sanidade e substituído por constantes fantasias?

Em que mundo Naruto Uzumaki pediria a ela para ajudá-lo em literatura?

— P-Por que eu? Existem muitas pessoas boas na sala. – murmurou, apertando a alça da bolsa de nervosismo. Não conseguiria olhá-lo nos olhos nem se quisesse.

— Porque você é amiga da Sakura, que é namorada do Sasuke, e eu ficaria mais confortável se você me ajudasse, alguém que eu conheço. – olha quem estava falando, o senhor simpatia. Hinata não estava comprando aquela história, e, sinceramente, estava começando a ficar faminta, o que não ajudava nada em seu humor.

— Me desculpa, mas vai ter que procurar o-outra pessoa. – estava prestes a tentar ir embora de novo, quando ele voltou a falar, parecendo convincente em seu desespero.

— Eu faço qualquer coisa! – que história é essa? – Vou ficar devendo uma para você, e posso fazer qualquer coisa. Vamos lá, eu preciso mesmo dessa nota, e a Kurenai gosta de você.

Hinata ficou em silêncio, suspirando mentalmente. Por que ela? Tantas garotas matariam para ajudar Naruto Uzumaki, e lá estava ele, implorando para ela. Ela não tinha nada demais. Sabia que muitas pessoas atingiam sua médio com os olhos vendados. Tudo bem, ela era mesmo amiga de Sakura, e conhecida de Sasuke, mas esse era um bom motivo para aceitar essa dor de cabeça?

Tipos como ela e Naruto nunca davam certo.

— Eu te acompanho no baile do dia dos namorados.

Hinata se virou, atônita.

Como é que é?

— Perdão?

— Eu posso te ouvido da Sakura enquanto ela falava para o Sasuke... – coçou a cabeça, encabulado, enquanto Hinata planejava, mentalmente, uma forma eficiente de matar a melhor amiga – E eu sei que você quer muito ir ao baile com alguém. Eu posso ir com você!

— Mas é o dia dos namorados. – repetiu, quase chocada.

— Sim. – ele concordou, como se não entendesse o que aquilo significava.

— Você não vai, tipo, com a sua namorada? – ele certamente teria uma, ou várias.

— Não tenho namorada. – respondeu, dando de ombros – Não aceitei nenhum convite ainda, e, se você me ajudar, posso ser o namorado perfeito por um dia.

O namorado perfeito.

Hinata estava decidida a negar, mas ele tocou em seu ponto fraco. Em seus sonhos, tudo que ela queria era saber como era se sentir especial, principalmente naquela data. Só por uma noite. Ter o que as garotas nos livros tinham.

Talvez não fosse, de todo, ruim.

Talvez ela sobrevivesse.

— Tudo bem. – suspirou, por fim. Seus olhos arregalaram, como se não tivesse ouvido direito, e ela tentou não fazer uma careta – Te ajudo a passar em literatura, e você vai junto comigo no baile. isso.

O sorriso dele pareceu grande demais para Hinata ter confiança em suas próprias decisões.


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Notas finais do capítulo

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