Flor de Lótus escrita por Fizban


Capítulo 1
Capítulo Único




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O rio levava suavemente as pétalas brancas de cerejeira enquanto provocava um ruído baixo que acalmava os dois. Mestre e Aluno. Ambos contemplavam a beleza da natureza e o espetáculo que os Deuses lhes proporcionavam aquele dia.

Entretanto era outra flor alva que chamou a atenção do discípulo. Perto da beirada do rio estava uma, apenas uma, Flor de Lótus. Era lindo ver as flores caídas da árvore tocá-la delicadamente.

O espadachim respirou fundo. Fechou os olhos e tentou se harmonizar mais uma vez com o universo à sua volta. Meditou. Descobriu que não conseguia manter a mente vazia, como deveria, pois vinha sempre a imagem da Flor de Lótus.

Abriu os olhos.

- Mestre?

- Sim?

- Não consigo meditar!

- Por quê?

- Não me sai da mente aquela Flor de Lótus...

O aluno apontou para a flor e o mestre olhou admirado que tal beleza tinha sido percebida por seu jovem samurai e não por ele mesmo!

- Uma Flor de Lótus! – exclamou o velho mestre. – Sabia que esta planta é considerada sagrada na Índia?

- Não!

- Claro que não sabia! Não é mesmo?

O discípulo abaixou o rosto envergonhado. Era bom com a espada. Considerado o melhor de todo Japão. No entanto, faltava-lhe a cultura que era exigida dos outros samurais, pois tinha se dedicado muito ao caminho da espada.

- Não se preocupe! – tranqüilizou o mestre. – Vou lhe contar a história.

O velho se sentou, com as pernas cruzadas, em frente ao jovem. Era uma postura estranha, pois a forma respeitosa de um samurai se sentar era sobre os joelhos. O espadachim titubeou, mas fez o mesmo.

- Essa flor, meu jovem, está ligada ao grande Buda. Existe uma base para se sentar, esta que estamos usando, que é chamada pelos indianos de postura da Flor de Lótus. Foi assim que Buda atingiu seu estado mais elevado e chamamos esta forma aqui de Seiza no Kamae. Mas desconfio que esta base seja anterior ao budismo.

O aluno tentou manter a posição, mas percebeu o quanto era difícil. Perseverante, continuou firme tentando imitar seu mestre que voltou a falar:

- A mística sobre essa planta está na forma que ela cresce. Veja! – o velho apontou para a planta – A Flor de Lótus nasce na beirada do rio, em meio a toda lama. Mesmo assim ela desabrocha, sobre a água, ainda branca e límpida!

- Impressionante! – surpreendeu-se o discípulo. – Como se a sujeira que tem em sua volta não maculasse suas pétalas!

- Exatamente! – animou-se o mestre. – Exatamente! Mesmo que todo o mal nos cerque, que todas as impurezas nos rodeiem, devemos ser como a Flor de Lótus! Devemos sempre nos manter puros!

- Sim, eu entendo!

- Este é o caminho da espada! O caminho da perfeição! O caminho do guerreiro!

- Bushido!

- Correto! Diminua, reflita e aprenda!

Ambos se levantaram em silêncio. Estavam cansados. O aluno imaginava que as lições tinham acabado naquele dia, mas o mestre sabia que sempre existiam mais a aprender. Caminharam calmamente para a ponte a fim de voltar à vila.

 


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