Meu amor não pode amar

"Eu sei que você não pode amar", comecei, atraindo imediatamente sua atenção. Seus olhos estavam fixos na taça de bourbon em suas mãos, mas ao ouvir minha voz, ele os levantou, fixando aquelas orbes inexpressivas em meu rosto. "Mas se você pudesse...", Sai sorvia de uma vez o conteúdo de sua taça. Estaria ele nervoso? "Você me amaria?"

Apesar de ter durado apenas um átimo de segundo, eu vi quando sua expressão tornou-se tensa e seus olhos outrora impassíveis, arregalaram-se em minha direção.

"Que pergunta, Itachi!", exclamou. Ele estava claramente desconcertado, constrangido.

"Responda", insisti, melancólico. Sai desenhava no assoalho formas desconexas com a ponta dos dedos dos pés; um gesto tão infantil, tão incomum. Seus lábios se curvaram num sorriso triste. Um sorriso completamente diferente de todos os que já vira ele sorrir.

"Se eu pudesse amar, Itachi..."

Se ele pudesse amar, ele poderia então sonhar. Ou será que o sonho precedia o sentimento? De qualquer forma, Sai não me responderia àquela pergunta por que ele sequer era capaz de cogitar como seriam as coisas se o amor existisse. O amor simplesmente não existia. E assim, ele encheu novamente sua taça com vinho.