Chance || Seth Clearwater escrita por Katherine


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Seth Clearwater.

 

Os Cullen haviam voltado à Forks na noite anterior. Soube disso quando meus pensamentos entraram em contato com os de Jacob enquanto ele corria em sua forma lupina para casa dos Black, estava confuso e com medo. Ao entrar em sua mente – involuntariamente – soube da novidade. Eles voltaram dois dias antes do retorno esperado, e tinham um bom motivo para isso. Aparentemente Carlisle e Esme adotaram uma hibrida, assim como Renesmee. Jacob não confiava completamente na garota e a única coisa que o confortava era saber que Edward estava o tempo todo dentro da cabeça da menina. Meu melhor amigo e irmão de bando não disse o nome dela ou pensou, à ponto de que nós também a víssemos, a sua mente era repleta de pensamentos que giravam em torno de Nessie, sua proteção e o receio que houvesse um novo confronto com os sanguessugas italianos. Nossas mentes perderam a conexão antes de uma boa conversa, tudo o que pude fazer foi saldá-lo. No tempo em que ele estava fora, eu como seu beta era o responsável pelo bando, mas já estava ficando de saco cheio daquilo, Jake sabia lidar muito melhor do que eu com a liderança. Pelo menos a sua volta antecipada foi boa nesse aspecto, eu poderia enfim descansar.

E foi o que fiz quando meu turno ao lado de Embry finalmente terminou, dando lugar para que Quil e Jered assumissem em nosso lugar. Leah não estava em casa quando cheguei, o que me fez perguntar onde poderia estar, talvez com minha mãe em sua nova casa com Charlie. Não que fosse realmente muito importante, minha irmã sabia se cuidar melhor do que muita gente.

Dormi mais horas do que era realmente necessário, acordando somente na metade da tarde de domingo. Ao sentir o cheiro de ovos vindo da cozinha notei que minha irmã já estava em casa e... cozinhando? Aquilo só podia significar uma coisa. Caminhei o mais rápido que pude para o andar debaixo, encontrando Leah com a geladeira aberta procurando algo no lado de dentro.

— Lê? O que está fazendo?

Ela não se virou para me olhar.

— Precisamos fazer compras – bufou fechando a porta da geladeira com força demais – Urgente.

Me aproximei ainda mais, por fim entrando na cozinha.

— Farei isso amanhã – sem nem perceber levei às mãos a nuca, coçando o local – Com quem você brigou dessa vez?

Leah me encarou estreitando os olhos.

— Com quem você acha que eu briguei, irmãozinho?

— Se está cozinhando só há uma opção – acusei – Ela ainda continua com a ideia fixa de que você precisa de um namorado?

— Sim! – rosnou aproximando-se do fogão – Sue simplesmente não consegue se conter com sua própria felicidade e acha que eu preciso de alguém pra isso.

— Vou conversar com ela sobre isso – prometi em um sussurro.

— Não se meta, Seth. Isso é entre eu e ela.

Joguei os braços ao ar em sinal de rendição.

— Soube da novidade? – perguntei e ela me encarou dando de ombros – Os Cullen adotaram mais uma.

Os olhos de Leah pegaram fogo por breves segundos. Eu sabia o quão contra ela ainda era aos vampiros, mesmo que sua relação com os Cullen houvesse evoluído consideravelmente nos últimos anos.

— Mais uma sanguessuga? – riu com desdém – Ótimo, teremos problemas.

— Hibrida – corrigi-a – Assim como a Nessie.

— Não faz diferença.

O silencio preencheu a cozinha novamente, enquanto minha irmã dedicava total atenção as panelas em sua frente. Voltei para o meu quarto a fim de tomar um banho rápido e me arrumar para ir até os Cullen. Diferente de Leah e da maioria esmagadora de meus irmãos, eu tinha um bom relacionamento com os vampiros e visitas eram frequentes. Edward deixava bem claro o quanto eu era bem vindo para todos eles. Não podia negar estar curioso sobre a nova filha de Carlisle e Esme, mas queria os oferecer o meu apoio caso precisassem de qualquer coisa. Além disso, eu tinha que conversar com Jake e contar como foram os dias em que ele esteve fora, e sabia que só o encontraria lá, colado em Renesmee. Depois de pronto avisei à Leah que estava saindo e ela me respondeu que estaria em ronda em algumas horas, caso não a encontrasse quando voltasse para casa. Em minha forma lupina, corri até a casa dos Cullen rapidamente sentindo a curiosidade crescer dentro do meu peito, misturando-se com uma ansiedade quase súbita, que não fazia o menor sentido.

Acalme-se, Seth.

Enquanto voltava a forma humana entre os arbustos reconheci o outro cheiro. Não cheiro de um vampiro, era somente um cheiro de uma pessoa comum. Assim como era com Nessie. Quando subi os degraus da mansão Carlisle já me esperava na porta com um sorriso amigável no rosto, que facilmente foi retribuído por mim.

— Como vai, Seth? – cumprimentou-me.

— Estou bem e você? Fizeram boa viagem?

O vampiro concordou, dando espaço para que eu entrasse.

— Creio que já saiba das novidades – disse enquanto caminhávamos para o interior da casa.

— Pouca coisa – dei de ombros deixando esse assunto de lado.

Renesmee – aparentando os seus dez anos de idade – correu ao meu alcance, jogando-se em meus braços quando eu os estendi para que ela pulasse. A garotinha me apertou com força demostrando através de seu toque que sentiu a minha falta.

— Eu também senti sua falta, Nessie – falei bagunçando seus cabelos quando a colocava no chão novamente.

Jacob apareceu logo atrás da menina.

— Assim vou ficar com ciúmes – disse fazendo cara de bravo.

A ruivinha virou-se na direção do melhor amigo e correu para os seus braços.

— Você é o meu lobo preferido, Jake – meu amigo riu abertamente com suas palavras, era fácil notar o quão feliz ele estava – Seth, você sabia que eu tenho uma nova tia? E que ela é igualzinha à mim?

— Aposto que você é mais bonita – pisquei para ela que riu baixinho.

Carlisle tocou o meu ombro com sua mão gelada, indicando que fossemos ao segundo andar, provavelmente onde os outros se encontravam. Tive minhas suspeitas confirmadas quando adentramos no cômodo, todos estavam entretidos demais em seus afazeres, mas nenhum deles parecia muito contente. Estavam tensos, tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse seus próprios pensamentos. Edward foi o primeiro a me cumprimentar, quando Renesmee correu para o seu colo sob o olhar atento de Bella, ao lado do vampiro. Jasper e Emmett desviaram a atenção do jogo de xadrez por um misero segundo, para também me cumprimentarem. Esme e Rosalie estavam sentadas ao sofá, comentando alguma coisa sobre a revista presa nas mãos da loira. Nenhum sinal de Alice ou da nova Cullen.

— Alice está torturando-a – Edward respondeu meus pensamentos com um sorriso cansado no rosto – Algo sobre ter todas as roupas do mundo. Coisa de mulheres, você não entenderia.

— Coisas de Alice – Esme o corrigiu deixando Rosalie e a revista de lado para caminhar aproximando-se de nós – Está com fome, Seth? Jacob, Renesmee e Louise devoraram todo o meu estoque de comida agora a pouco, mas posso preparar algo para você.

— Não se preocupe, Esme. Eu comi antes de vir pra cá. Obrigada!

Ela sorriu amorosamente.

— Não há de quê.

— Louise está pedindo socorro através dos pensamentos – o leitor de mentes murmurou para a esposa, sabendo que todos na sala o ouviriam – Devemos resgata-la?

A filha de Charlie assentiu rapidamente, beijando os cabelos de Renesmee antes de subir as escadas para o terceiro andar, de onde vinha o cheiro de Alice e da hibrida. Jacob e eu sentamos no sofá enquanto sem que eu o pedisse, ele começou a me contar sobre a viagem.

— Chegamos à dois dias atrás na Itália. Não podemos aproveitar muito porque fazia sol o tempo inteiro e os sanguessugas não podiam sair de casa. E também não era seguro que Nessie e eu saíssemos sozinhos, eles poderiam reconhece-la – deu de ombros não se abalando realmente pelo fato de não ter aproveitado nada, o seu Imprinting estava seguro e era tudo o que importava – No dia do tal noivado do drácula, onde os Cullen foram, eu fiquei no hotel como fora combinado. Durante a noite Alice me ligou ditando muitas ordens. Eles raptaram a noiva e eu fui cúmplice, aparentemente, essa foi a parte mais legal de toda a viagem.

Arregalei os olhos incrédulo. Não era possível que os Cullen haviam raptado alguém.

Edward soltou Renesmee que correu para sentar-se com Rosalie.

— Jacob você é muito exagerado – acusou – Nós não raptamos ninguém, Seth, que isso fique bem claro. Louise não queria estar na posição que estava. Os Volturi estavam usando-a para um bem comum... dar ainda mais poder à  um dos gêmeos. Não foi preciso mais de cinco minutos em seus pensamentos para que eu compartilhasse com toda a família e tomássemos essa decisão.

— Então... há uma grande possibilidade de voltarem para busca-la, certo? – perguntei temendo uma guerra contra os caras de capas pretas.

— Não exatamente – desta vez foi Carlisle quem respondeu – Contamos com a ajuda de uma bruxa para apagar a essência de Louise da memória de cada ser presente naquele castelo. Há uma possibilidade do efeito do feitiço deixar de existir, isso é verdade, e lidaremos com as consequências caso isso aconteça.

— Nos resta rezar à Deus, ou à sei lá quem, para que isso nunca aconteça – Alice disse ao descer as escadas.

Meus olhos automaticamente voaram em sua direção. A fadinha estava emburrada pela súbita interrupção de Bella em seus planos. A esposa de Edward estava logo atrás da mesma com um sorriso vitorioso nos lábios e de mãos dadas com uma garota. Eu soube que era a nova Cullen no momento em que meus olhos bateram nela, e consequentemente, os seus olhos azuis encontraram-se com o meu.

Eu tremi dentro do meu próprio corpo e tive certeza que se estivesse de pé teria caído. O ar fugiu dos meus pulmões e tudo o que consegui sentir quando voltei a respirar foi o seu cheiro. Queria sentir mais de perto, tocar o seu rosto tão perfeito quanto o de um anjo esculpido detalhadamente, mas eu não conseguia. Não tinha a menor força para fazer qualquer coisa, nem mesmo piscar. Era como se o meu corpo se desprendesse da terra e eu fosse capaz de flutuar, só não o fazia porque ela estava ali, me prendendo ao chão. Não existia mais a gravidade, ou qualquer outra coisa estupida que a ciência pudesse usar para explicar aquele fenômeno, era por ela que eu continuava ali. Louise. Percebi naquele momento que seria capaz de fazer qualquer coisa para mantê-la bem. Sã e salva. E feliz. Não importava o quanto esforço isso poderia me custar, eu faria o que fosse preciso por ela. Foi somente quando piscou que consegui desviar meus olhos de seu rosto perfeito para encarar o resto de seu corpo. Ela usava um vestido escuro, cor vinho de mangas cumpridas que davam um contraste forte com a pele branca, quase translucida. Jacob havia dito que ela era como Renesmee, o que significava que não brilhava em contato com o sol, o que era bastante estranho porque ela parecia brilhar ali mesmo, sem contato nenhum com a luz do dia, imaginei o quanto brilharia lá fora, no sol ou na lua. Não importava. Eu tinha certeza absoluta de que a sua beleza podia ser contemplada em qualquer um desses, de forma que até mesmo os astros sentiriam inveja dela.

Ouvi um rosnado.

Foi o suficiente para que eu ficasse de pé em estado de alerta. Seja o que quer que fosse não chegaria perto de machuca-la.

Percebi só então ser Rosalie, com seu olhar furioso sobre mim.

— Ela é nossa, cão – rosnou – Nem pense nisso.

— Rosalie... – Edward começou a dizer mais ela não deixou que continuasse.

— Como se o fato de Renesmee estar vinte e quatro horas com um pulguento não fosse o suficiente.

— Rosalie, tenha modos! – Esme a advertiu fazendo que ela se recompusesse na mesma hora.

Meu olhar voltou-se novamente para a garota e percebi que seus olhos continuavam presos em mim, de forma mais intensa dessa vez, como se estivesse querendo ler a minha alma. Senti uma pontada de felicidade por aquele ato, que não durou muito tempo. Bella sugeriu à Nessie que mostrasse o pequeno riacho que ficava nos fundos da casa para Louise. Perguntei-me se não era perigoso deixa-las sozinhas, devido às circunstâncias, mas Edward maneou a cabeça negativamente.

— Ainda conseguimos ouvi-las – justificou-se de forma que eu conseguisse me tranquilizar.

Ignorei todos os olhares que caiam sob o meu corpo, procurando somente por um par de olhos dourados.

— Carlisle, eu... – ele me interrompeu colocando uma das mãos sob o meu ombro.

— Eu sei, Seth. Só tenha cuidado e paciência, por favor. É tudo que eu, como pai de Louise, posso pedir.

Concordei com um aceno.

— Isso não quer dizer que nós não ficaremos de olhos bem abertos em você, cachorrão – Emmett disse com um sorriso travesso nos lábios – Ainda vai levar um tempo para que eu comece a me divertir com a cara de Ed e Jacob, então você vai servir como minha distração.

— Ah, muito legal, Emmett – bufei – Sinto-me lisonjeado.

— Se você fizer algo de idiota eu juro, com toda a minha vida medíocre, que acabo com a sua raça – Rosalie ameaçou-me – Estou falando sério. Muito sério!

— Vocês estão tensos demais – Jasper acusou e rapidamente senti a onda de calma me invadir – Isso deve ajudar.

Bella aproximou-me de mim.

— Deixem-no em paz – disse com os olhos ferozes sob Emmett e Rosalie – Seth é da família, e nós podemos confiar nele, então parem de uma vez por todas com essas ameaças.

Ela buscou apoio no olhar do marido que me fitou com uma expressão estranha.

— Não estou contente com isso. Louise é minha irmã mais nova, e naturalmente já sinto uma proteção familiar com ela... estarei em seus pensamentos, Seth.

— Muito reconfortante – agradeci ironicamente – Posso ir vê-la?

— Não! – Rosalie respondeu – Volte para o canil e leve o cachorro de estimação de Renesmee com você.

Esme pigarreou.

— Eu sou a mãe, por tanto, eu decido – sorriu em minha direção – Vá, querido. E todos vocês parem de me constranger na frente de outras pessoas, parecem um bando de animais primitivos, o que fizeram com a educação que lhes dei?

Sem esperar mais tempo caminhei em passos rápidos para a parte de trás da casa com Jacob no meu encalço. Eu sabia que tanto quanto eu ele queria ficar perto de seu Imprinting. Renesmee e Louise estavam sentadas em uma das pedras próximas ao riacho, enquanto a menor tinha as mãos presas no rosto da tia. Nessie estava mostrando algo à ela e instantaneamente ansiei por saber do que se tratava. Quando a pequena percebeu a nossa presença tirou a mão da pele de seda da loira e sorriu abertamente, com os olhos presos em mim. Louise também me fitou e sorriu discretamente, sem mostrar os dentes. Foi como se algo dentro do meu peito tomasse vida, algo que eu nem sabia que estava morto. O riacho parecia mais leve, o dia pareceu mais iluminado e nada mais importava no mundo quando seus olhos azuis celestiais se prenderam aos meus pela segunda vez. Tudo o que me importava era ela.

Louise.


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Notas finais do capítulo

Comentários me motivam a continuar :)