Daqui até a lua e volta - Romanogers escrita por Despercebida


Capítulo 1
Capítulo Único




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Empurrando o carrinho do mercado, Steve se aproxima do corredor mais cobiçado naquela época do ano, seguindo a ruiva concentrada nas anotações feitas em uma folha de papel.

Não muito diferente do restante do estabelecimento, aquela ala em especial, recheando as prateleiras de doces e afins, estava decorada para o dia mais aguardado dos últimos meses.

— Eu amo o halloween! – Steve comentou, ganhando alguns sorrisos por onde passava, parando, logo em seguida, no meio do corredor.

— Eu também, papai. – James concordou, retirando apressado o pirulito amarelo da boca, ficando sentado dentro do carrinho de compras, já bem abastecido de doces.

— Ainda consigo sentir o gosto da bala de caramelo que só a Wanda consegue fazer. – o mais velho sorriu para o garotinho, subindo o olhar até pousa-lo em sua companheira, deixando seus lábios, involuntariamente, se esticarem em um sorriso ao vê-la franzir o cenho ao fitar, indecisa, qual dos pacotes de bala levar – Natasha? – a chamou, sabendo que ela, em momento algum ouviu suas palavras.

Steve deixou seus ombros caírem e suspirou, sabia que ela estava se cobrando demais. Com um sorriso doce, o sorriso que era dela, ele se aproximou, trazendo consigo o carrinho e, consequentemente, James dentro dele.

— Meu amor?

As palavras pareciam não chegar aos ouvidos de Natasha. Sem notar a presença do loiro, a ruiva deu um passo para frente, pegando os pacotes de bala, antes indecisa. O pequeno corpo tenso somente relaxou quando a mão de Steve pousou em seu ombro esquerdo, e ela soube que não precisava se preocupar, estavam no mesmo barco, a preocupação era mútua, James passaria seu primeiro halloween com eles após a morte de Peggy.

— Ei... – chamou o loiro, a voz um pouco mais alta que um sussurro – Pegou tudo? – indicou a lista nas mãos dela, poucos antes de se aproximar para deixar um beijo casto nos fios ruivos.

O sorriso dela era tão apaixonante como da primeira vez que ele a viu, e naquele momento, não foi diferente. Ele poderia passar horas observando-a, sem se cansar e ela ainda causaria os mesmos efeitos de um ano atrás.

— Acha que é suficiente? – Natasha lhe lançou um olhar inquisidor, para depois mirá-lo no carrinho prateado.

— Acho que temos doces suficientes para três dias de halloween, baby. – brincou, e ela sorriu grata.

Eles caminharam lado a lado, rumo ao caixa, o braço sobre os ombros da ruiva e mão esquerda empurrando o pequeno automóvel. A pequena família tinha em mente que havia muito chão pela frente, mas eles tinham amor e isso bastava.

***

O sol tímido tingia o céu em diferentes tons de laranja enquanto as sacolas marrons eram depositadas, pelo casal, dentro do porta-malas do carro.

— Uma moeda por seus pensamentos, baby. – propôs o homem visivelmente apaixonado.

Natasha sorriu, mas seus olhos verdes beiravam a angustia. Os cachos bem definidos caiam sobre seu rosto e a própria tratou de suspendê-los atrás da orelha.

O final de semana chegava e com ele o dia mais esperado pelo garotinho que, nas devidas circunstâncias, habitava sua casa diariamente. James era uma criança tímida, e apesar de amorosa, tinha dificuldades em estabelecer contato com os outros, e com Natasha não foi diferente, no começo. Entretanto, com o falecimento daquela que era sua mãe, a miniatura de Steve lutava de maneira mais intensa contra esse problema. Ele era apenas uma criança, não compreendia de fato o que todo aquele acontecimento desencadeava, sentimentos até antes desconhecidos pelo pequeno mexiam com ele, o que a ruiva compreendia completamente.

— Acha que James gostou da fantasia? – involuntariamente, mordeu o lábio inferior, evitando encontrar a imensidão azul refletida no olhar do namorado.

— Claro que sim, Nat. Nunca o vi tão contente depois de provar uma roupa. – falou docemente, segurando a mão da ruiva, onde depositou um zeloso carinho – Nós estamos fazendo o nosso melhor, Romanoff, você está fazendo o seu melhor.

— É só que... – as palavras morreram em sua garganta. O suspiro pesado e os olhos angustiados entregavam o seu receio – É minha primeira vez fazendo isso, James nunca passou o halloween conosco e tem tanta coisa acontecendo. – pausou, os lábios se tornaram uma linha fina, ditava seus medos seguidamente a Steve – Eu só quero que ele tenha o melhor dia de todos, você entende?

O silencio gritante instalou-se. O loiro cobriu a distância que os separava, acolhendo a amada e seus braços. Estava orgulhoso dela e completamente apaixonado. Sentia-se o cara mais sortudo por tê-la, por ser quem era e por preocupar-se com seu filho como se fosse seu.

— Não se cobre tanto, ok? Você viu a alegria do nosso garotinho! Ele está feliz, James está feliz conosco, nós o amamos e estamos fazendo o certo. Um passo de cada vez, baby. – proferiu cada palavra com seu coração. O beijo demorado depositado na testa de Natasha, assim como suas palavras foram sentidas profundamente.

— Papai, eu fiquei irado com a fantasia que a Natasha comprou, não é? – gritou a criança dentro do carro, dando ênfase a palavra irado. O sorriso mal cabia no rosto babado pelo pirulito de outrora.

— Eu não te disse? – Steve piscou convencido, roubando um selinho da namorada, recebendo um revirar de olhos.

“Eu te amo.” – confidenciou ele, movendo apenas os lábios, sem emitir som.

***

— Nat! Nat!

A risada ecoava na escada onde James as descia apressado. Uma mãozinha estava apoiada no corrimão e a outra segurava firmemente o baldinho em formato de abobora, onde, durante à noite, seriam depositados os docinhos recolhidos pela vizinhança.

— O que você achou da minha fantasia? – perguntou depressa, quase ao fim dos degraus – Papai disse que eu pareço aquele cara do filme que vimos semana passada.

O contentamento no olhar da mais velha era perceptível, digamos que até estava emocionada. A pequena figura de James estava a sua frente, esperando uma resposta e tudo que ela tinha era um sorriso orgulhoso.

— Deixa eu ajeitar esse cabelo, seu pai não fez um bom trabalho nele. – pontuou e piscou. Natasha procurou sentar-se no sofá, analisando o traje do homem de ferro que revestia todo o corpinho da criança – Você está o bilionário mais charmoso que eu já vi.

James se encolheu, envergonhado pelo comentário.

Os passos pesados e a voz grave vieram da escada onde Steve as descia fingindo descontentamento.

—Ei, está roubando minha garota, parceiro?

Natasha limitou-se a revirar os olhos, mas o sorriso mínimo relampejou em seus lábios carnudos e avermelhados, logo voltando sua atenção para ajustar a fantasia de James.

— Não, papai, a Natasha é a nossa garota. - a resposta saiu natural do pequeno homem de ferro, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo – Você pode tirar uma foto minha e enviar para o tio Tony, por favorzinho?

De maneira levada, James reproduziu um pequeno biquinho idêntico ao da mulher a sua frente, sabendo que assim, a teria enrolada na palma da mão.

— Eu não resisto a tanta fofura. – rendeu-se Natasha, dando um cheirinho no pescoço do baixinho – Amor, pode pegar meu celular em cima da mesa, na cozinha?

— O que você não me pede chorando que eu não faço sorrindo, ein. – disse, enquanto caminhava para o cômodo ao lado, voltando de lá com o aparelho em mãos e um sorriso bobo – Aqui est... – sua fala foi interrompida pelo soar da campainha – Deve ser a Carol e a Torunn, ela disse que ia passar mais cedo para sair com as crianças. – desaparecendo pelo corredor, Steve ainda pediu – Depois quero ver essa foto, baixinho.

— Obrigada, capitão. – brincou, sua voz saindo no mesmo tom que a dele – Mas me diga, querido, por quê tenho que mandar a foto para Tony? – com a câmera aberta no aplicativo do celular, Natasha capturou a imagem, sorrindo com o resultado.

— Tio Tony adora o homem de ferro e ele precisa ver essa fantasia. – segredou, olhando para a tela do telefone – Você vai enviar, não é, Nat?

— Claro que sim, meu amor. – sorriu, beijando sua bochecha rosada.

Não muito diferente de todas as vezes que aparecia na casa da ruiva, Torunn ou melhor a Noiva Cadáver, rompeu a divisória do corredor com a sala e correu em direção a mais velha – Tia Nat!

Seu rosto totalmente branco por conta da maquiagem da personagem, ainda deixava seus traços infantis bem marcados, assim como seus olhos claro em evidencia, única característica física herdada de Thor, uma vez que Torunn era uma cópia fiel de Carol.

Mal tivera tempo de ver o conjunto de roupas que ela vestia, a loirinha já estava em seu colo, enlaçando os pequenos braços em seu pescoço, como se não a visse durante anos.

— A mamãe disse que você não vai com a gente pedir doces. – o olhar dela pousado nas mãos, agora fitava a ruiva de maneira chateada – Por quê?

— Meu amor, eu preciso ficar e ajudar o tio Steve a entregar os doces para as outras crianças. – ela a seguro pelo queixo, dando um leve beijinho em seu nariz arrebitado, ação essa que não passou despercebida pelo Rogers mais novo – Além do mais, James vai com você, vão se divertir muito, não é, querido?

Voltando sua atenção agora a James, a ruiva direcionou sua pergunta a ele, que apenas maneou a cabeça em concordância, sem olhá-la. A confusão no olho de Natasha era evidente, James tinha o semblante sério, idêntico ao pai quando estava chateado com algo, os braços cruzados em frente ao corpo e o biquinho pendendo os lábios.

— Vamos esperar o homem de ferro lá fora, está bem? Vem, Torunn, papai ficou nos esperando. – Carol chamou com um aceno. O riso nos lábios ao perceber o ciúme de James para com Natasha.

O olhar em agradecimento conectou as amigas, e logo Natasha tratou de puxar o pequeno ciumento para seu colo, surpreendendo-se pela maneira terna que fez a pergunta.

— O que foi, James? Não quer mais sair com a tia Carol e o tio Thor?

— Eu quero. – respondeu em um fio de voz, as mãos agora pousadas nas próprias perninhas, ele parecia refletir se lhe dizia algo – É que toda vez que a Torunn vem aqui, você dá mais atenção à ela.

Natasha ligou os pontos mentalmente, das ações as palavras de James, e uma luz parecia surgir em seu cérebro com o resultado. Aquela sensação diferente a manteve calada, inexplicável talvez fosse a palavra para descrever aquele sentimento que se apossava em seu interior.

Como explicar para aquele pingo de gente que não precisava sentir ciúmes? Que ele era seu garotinho e ninguém ocuparia o seu lugar? Ou, que seu amor era incondicional em relação a ele?

— James, olha para mim. – relutante, ele obedeceu, vendo nada mais que amor naqueles olhos verdes – Eu dou mais atenção à Torunn porque quase nunca a vejo, ela só aparece aqui aos finais de semana, e você está sempre comigo, entende? Dar mais atenção a ela não significa que eu goste menos de você, isso nunca irá acontecer, meu amor.

James concordou minimamente, sem desviar o olhar do dela.

— Você promete não ir embora também? – a pergunta saiu quase inaudível se Natasha estivesse mais afastada. Sem pensar suas vezes, ela o abrigou em seus braços, sentindo a respiração leve em seu pescoço, onde ele se aninhou.

— Eu prometo. – aquela resposta era tudo que ele precisava, no momento.

***

O barulho estranho que vinha do lado de fora do quarto despertou Natasha. Os braços protetores de Steve ao redor de seu corpo eram tão convidativos quanto a cama quente que estava deitada, queria ignorar a luz fraca que vinha do outro lado da porta. Mas, algo estava errado, ela sabia que sim.

Os olhos ainda ardendo em sono visualizaram o relógio ao lado da cama, pouco mais de duas da manhã. O som parecia mais claro conforme seu sono se dissipava. Em silêncio, abriu a porta do quarto, deixando a fresca imagem de um Rogers em sono pesado agarrar o travesseiro antes usado por ela.

O arrependimento de usar somente o fino tecido do pijama naquela noite fria sumiu tão rápido quanto chegou. O barulho, agora mais notório aos seus ouvidos, fora reconhecido. Ao final do corredor, a luz que passava por debaixo da porta do quarto de James ganhou sua total atenção.

Apressada em abrir a única barreira que a impedia de visualizar o interior do quarto, Natasha quase deixou os gemidos que a despertaram passar despercebido, a aflição de não saber o que estava acontecendo fora o estopim.

Por um momento, não conseguiu controlar suas ações, em pé, no quarto decorado exclusivamente para o garotinho, seus olhos verdes pousaram no corpinho de James contorcido na cama. A cena foi como um soco em seu estômago, a coerência ficou em segundo plano naquele momento.

Sem conseguir pronunciar uma palavra, a ruiva já estava sentada na cama, as mãos trêmulas o puxaram para seu colo, com delicadeza, notando o quão quente ele estava.

Os gemidos, agora misturados as lágrimas, quase não davam espaços para as palavras saírem.

— Eu não estou bem, Nat.

— Onde está doendo, meu amor? – sussurrou, a mão fazendo um leve carinho nas costas dele, em pequenos círculos.

A mãozinha prendia entre os dedos um pedaço da seda do pijama que Natasha usava, como um pedido silencioso para que não se afastasse.

As lágrimas rolavam pela bochecha pálida, mais uma vez, lutando contra elas, respondeu.

— Tudo.

— Por que não me chamou ou ao papai? – franziu o cenho, deixando os lábios pousarem no topo dos fios com cheirinho de bebê.

— Eu não queria acordar vocês, o tio Thor pediu que eu não comesse tantos doces, mas eu não fui obediente. – James observou Natasha com um olhar marejado, pedindo desculpas, mal sabia ele que a ideia de não poder acorda-los, a rasgou em culpa.

O som Natasha reconhecia, fazendo-a ficar em pé tão rápido quanto a luz, sendo obrigada a carregar James até o banheiro dele. No chão, vulnerável, a pequena criança vomitava todo o conteúdo que o fizera passar mal. Ao seu lado, a ruiva afagava suas costas, agoniada em vê-lo naquela situação.

O corpinho já vencido pelo cansaço escorregou para o colo de Natasha, abrigando-se no único lugar que lhe era seguro.

— Vai ficar tudo bem, o pior já passou. – tentou confortá-lo, mas o pequeno ser ainda tremia em seus braços, suando frio e de pele quente, algo ainda não estava certo – James, precisamos passar uma água fria em você, consegue me ajudar?

Ele apenas fungou manhoso, os braços levantados para que Natasha retirasse seu pijama listrado.

— Eu posso ficar no quarto com você e o papai? – agarrado ao corpo dela, a voz mais amena que antes, James revelava indícios da perda de sono após o banho.

— É para lá que estamos indo, anjinho. – o pijama molhado pelo banho que recebeu enquanto ajudava a criança não parecia incomodá-la, em instante o trocaria.

Desta vez, seu quarto era que emitia a luz no corredor. Os lábios deixavam beijos suaves no ombro de James, queria assegurar-se que ele estava quentinho em sua nova roupa para dormir e protegido em seu colo. A porta aberta dava passe livre para ela, Steve provavelmente havia despertado.

Seus olhos bateram de encontro ao homem no segundo seguinte que estava no quarto. Ele, em pé, segurava um copo de água em mãos, o rosto amassado pela noite de sono não conseguia disfarçar seu semblante confuso.

— O que aconteceu com ele? Escutei o barulho do chuveiro. – a rouquidão em sua voz estava misturada com a preocupação com os dois.

O loiro os ajudou a deitar, James não soltou Natasha por um momento sequer, deixava seu corpinho cansado descansar sobre o da ruiva, achando a proteção que necessitava.

— Acho que ele comeu doces demais para uma noite só, não é, rapazinho? – sorriu grata pela ajuda – Dei um banho rápido nele, estava febril, se até amanhã cedo não melhorar, acho melhor o levarmos ao hospital.

As mãos voltaram a afagar, em círculos, as costas de James. Natasha permitiu-se suspirar mais aliviada agora, percebendo que a tremedeira havia cessado, apesar do soluço baixo ainda soar pelo cômodo.

— Que susto você nos deu, ein campeão. – o pai sorriu, agora deitado na cama com seus dois amores.

As bochechas, voltando a tonalidade normal, exibiam as covinhas que herdara do pai. O sorriso saia de lado, a cabeça não levantaria tão cedo do peito de Natasha.

— Amor, pode segurá-lo por um momento? Preciso trocar meu pijama, está quase todo molhado. – pediu ao namorado, sentindo James se movimentar em protesto as mãos do pai que moldavam seu corpinho quente.

— Não, papai! Me deixa ficar com a Natasha. – pediu, fazendo biquinho, os olhos já transbordando em lágrimas. O choro era sentido, fazendo o coração da ruiva apertar-se.

— Calma, filho. – disse Steve, notando o quão manhoso ele estava – Ela já vem, está só trocando de roupa.

Suas palavras não surtiram efeito, além das lágrimas que manchavam o rosto do pequeno, o soluço lhe cortava a garganta. A figura de Natasha sumiu pelo closet, motivo esse para James desesperar-se, sentando na cama do casal ao lado do pai.

Dois minutos que pareciam uma eternidade para os três, Natasha voltou ao quarto, desta vez com uma camisola mais quentinha e olhos marejados.

A cena cortaria o coração de qualquer pessoa, o rostinho de James vermelho pelo choro, buscavam pela presença da ruiva no quarto, e quando a encontrou, os bracinhos levantaram-se em sua direção.

Sem hesitar, ela o tomou nos braços, tão dependente daquilo quanto a criança. Steve não sabia descrever aquele momento, tudo que ele queria era um bom relacionamento entre seu filho e Natasha, mas o que estava diante de seus olhos ia além de seus pedidos silenciosos, havia mais que amizade entre os dois, amor materno ele ariscaria.

Não querendo cortar aquele laço, o loiro apenas os ajudou a deitar sobre a cama, um beijo demorado ele depositou na testa de cada um.

— Está tudo bem, meu anjinho. Eu já estou aqui, não tem mais motivos para chorar. – sussurrou para o pequeno ser aninhado em seu peito, como outrora.

— Acho melhor descansarmos agora, ainda temos algumas horas antes do sol nascer.

— Eu não estou com sono, papai. – protestou dengoso, os olhinhos coçando denunciando o contrário.

“Genioso como o pai.” – pensou ela.

— Mas ficará, feche os olhinhos. – ele obedeceu – E agora relaxe. Papai e eu ficaremos acordados até que você durma, meu amor.

As mãos acariciavam os fios loiros de James, enquanto sua mão livre enlaçava-se as de Steve.

— Eu te amo, mamãe.

A mão em reflexo apertou a de Steve, tão sem reação quanto o loiro, palavra alguma conseguiu ser formulada por Natasha.

Três únicas palavras, tão puras e cheias de amor, ditas tão naturalmente e firme, deixando Natasha aérea.

A emoção, a surpresa de maneira sacana a deixou sem estruturas, tudo que quis, durante meses, era o amor daquela criança e agora, ele a dava de forma tão bela, que evitar as lágrimas nos cantos dos olhos era uma missão falha.

Natasha suspirou, pronta para dizer-lhe o quanto o amava também, que ele era seu garotinho charmoso e o amaria para sempre. Contudo, James já tirava suas próprias conclusões pelo extenso silêncio que recebeu.

— Desculpa, eu não vou mais dizer isso.

— Por que não, filho?

Suspirou, os olhinhos desanimados estavam presos na mão agarrada na roupa da ruiva. Incerto com suas palavras, a desolação era notória em sua voz.

— Eu não posso ter mais uma mamãe, porque eu já tenho uma. – fez um biquinho.

— É claro que você poder ter, James. Lembra que eu contei que sua mãe Peggy virou uma estrelinha e cuida de você lá do céu? – com um gemido dengoso ele acenou, Steve prosseguiu – Então, a Natasha pode ser sua mamãe que cuida de você aqui, como está fazendo agora.

O quarto silencioso ficou. A respostas de Steve mexeu com Natasha, o sorriso marcava seu rosto, o iluminando. Seus dedos frios pela madrugada enrolavam as mexas de James, que a olhava cheio de esperança.

— É verdade, Nat? – a ausência daquela palavra, deixava um buraco em seu peito.

— É verdade, sim, meu bem. – tocou a bochecha rosada dele e com carinho, Natasha afagou sua face, sendo agraciada ao vê-lo fechar os olhos, aproveitando aquele contato.

— Isso quer dizer que agora você pode me colocar para dormir todas as noites e contar historinhas, como o papai faz? – a ruiva assentiu, tamanha euforia do menor – Também vai poder me buscar depois da escola pra gente tomar sorvete de chocolate? – concordou mais uma vez, sorrindo, desta vez, com os olhos – E eu e o papai vamos poder fazer um super café da manhã pra você nos dias da mamães?

Os olhos verdes brilharam, não ousaria piscar diante aquele momento. A voz embargada teve dificuldade em sair.

— Tudo que você quiser, James. – beijou-lhe a ponta do nariz.

Seus olhos focaram em Steve. O silêncio dele era acolhedor, seus olhos azuis emanavam ternura. Ele queria aquilo tanto quanto ela.

A mão ainda enlaçada a dele foi de encontro aos lábios macios do loiro, o beijo no dorso foi suave. Sentia-se amada, como nunca antes.

— Mamãe, você e o papai podem ficar acordados até eu dormir? – James bocejou, deitando sobre Natasha, com a cabeça em cima dos seios da mesma, ouvindo seus batimentos. – Eu ainda estou com medo.

— Sua mãe e eu não vamos a lugar algum até você dormir, querido. – respondeu o loiro, gostando de como as palavras soavam em seus lábios.

Diante o silêncio de Natasha, que ainda processava as palavras dele, Steve beijou o rosto do filho, quase entregue ao sono, desejando-lhe bons sonhos, antes de selar seus lábios com os da namorada.

“Amo você!” – sussurraram juntos.

Com o corpo relaxado sobre a cama, aquecido pelo calor acolhedor de Steve, aconchegando o filho entre carinhos leves, Natasha agradecia aos céus por tê-los, seu coração transbordava amor ao ser agraciada pela última fala de seu filho.

— Eu te amo, papai. Te amo, mamãe, daqui até a lua e volta.


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Notas finais do capítulo

História de minha autoria postada também com outro casal no Spirit.
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