Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 3
Atrasada de novo?


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Olá, meu povo!
Depois de descobrirmos como essas amigas chegaram aqui, querem ver mais sobre a Mari? Então vamos lá!
Só pra lembrar: as partes em itálico são referente a flashback.
Boa leitura ;)

Bia:
Uhu, flashbacks!
Boa leitura!



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Encostei a cabeça no vidro do metrô, deixando a mente voar, já que meus olhos não conseguiam enxergar praticamente nada no escuro do subterrâneo e num veículo tão rápido.

Tinha um pouco mais de uma semana — e um mês e meio desde aquele dia em julho, quando recebi a ligação de Júlia com a notícia da vaga — que eu morava em Paris e finalmente ia para o meu primeiro trabalho na agência. Só esperava que desse tudo certo dessa vez...

"Walkin' through a crowd, the village is a glow

Kaleidoscope of loud heartbeats under coats

Everybody here wanted somethin' more

Searchin' for a sound we hadn't heard before

And it said

 

Andando por uma multidão, o lugar é vibrante

Um caleidoscópio de batimentos cardíacos altos sob casacos

Todo mundo aqui queria algo mais

Procurando por um som que não havíamos ouvido antes

E ele dizia"

 

Aumentei o volume da música nos meus fones, pois o barulho do lado de fora era muito mais alto do que dentro do metrô. Sai da estação e fui saudada com a luz do sol diretamente na minha cara. Minha vontade era abrir os braços e saudar o sol ali mesmo de tanta felicidade, entretanto, é complicado numa rua com tanta gente andando apressada e prestes a te julgar por qualquer coisa. Decidi seguir a música e recomecei a andar com minha bolsa a tiracolo.

 

"Welcome to New York

It's been waitin' for you

Welcome to New York

 

Bem-vindo a Nova York

Ela estava esperando por você

Bem-vindo a Nova York"

 

Parecia que a Taylor Swift tinha músicas pra todos os momentos da minha vida. A diferença é que eu não estava em Nova York, mas em Paris. Minha cidade dos sonhos de qualquer jeito. Não tinha coisa melhor pra ouvir enquanto andava e observava o lugar que eu sempre quis conhecer. Que ninguém resolvesse acabar com meu momento, obrigada.

O que Taylor não poderia prever em Welcome to New York, porém, era que o brilho da cidade não ia me cegar, e sim fazer com que eu me perdesse. Não o brilho real, é claro. O brilho da cidade aos meus olhos.

 

"The lights are so bright but they never blind me

(Welcome to New York)

So bright, they never blind me

 

As luzes são tão brilhantes, mas elas nunca me cegam

(Bem-vindo a Nova York)

Tão brilhantes, elas nunca me cegam"

 

Desliguei a música, que estava até começando a enjoar depois de tanto ficar no repeat, e guardei o celular na bolsa. Parei em frente à vitrine de uma das lojas e tentei usar o reflexo do vidro para me deixar minimamente apresentável. Eu estava a cara da derrota depois de andar por um monte de ruas, pedir informação para um monte de pessoas — e não receber simpatia em retorno — e dar voltas e mais voltas com um sol quente na minha cabeça. Mesmo com a Jú tendo me dito exatamente em qual estação descer e qual endereço deveria ir, acabei fazendo o favor de me perder pelo caminho. Se eu estava feliz por não acordar atrasada, não adiantou muita coisa, pois me atrasei por causa daquilo. Quinze minutos. Que podiam fazer uma diferença enorme para uma entrevista de emprego. Eu podia perder a vaga por causa disso.

Anunciando minha entrada na B Agence, fui recebida na recepção por uma secretária em seu vestido salmão. Amália Mendes, segundo dizia seu crachá, me recebeu amigavelmente e, após instantes de aguardo, guiou-me para uma das salas da construção. 

Ao entrar no novo ambiente, fui capaz de ver uma moça loira e de pele levemente bronzeada me encarando da sala ao lado. Os dois cômodos eram separados por uma parede de vidro, dando a visão de tudo o que acontecia do outro lado. A outra sala provavelmente fazia parte do curso para modelos iniciantes, pelo que parecia. A moça me mediu de cima a baixo e eu reparei nas pulseiras em seus pulsos, nos brincos enormes em suas orelhas e nas roupas de grife. Pra piorar a situação, a moça loira encostou-se ao vidro, observando tudo o que acontecia. Ótimo, teria plateia…

— Srta. Garcia, bom dia. — Tirei o olhar do vidro, vendo uma moça estendendo-me a mão em um cumprimento. Assim como todo mundo naquele lugar, era linda. Pele morena, olhos claros e cabelos lisos cor de chocolate. — Sou Priya Adbella, booker da B Agence. Pronta para sua avaliação?

Tudo o que eu queria dizer era: nasci pronta pra esse momento, meu bem! Mas embolei um pouco as palavras no francês e tudo o que saiu foi:

— Gnhh… — Ou outro grunhido semelhante, que era pra ser alguma palavra. 

Priya apontou-me uma cadeira em frente à mesa e sentei-me. Ela fez o mesmo do outro lado. A sala era branca, com algumas plantas aqui e ali e poucos quadros decorando a parede, fotos de viagens…

— Então, Srta. Garcia, pelo que diz no e-mail que mandou, a senhorita trabalha como modelo a cinco anos, correto? — Priya questionou, analisando o composite que lhe entreguei. Basicamente, uma folha com quatro fotos minhas e todas as informações necessárias de medidas e tudo mais. Coloquei meu book sobre a mesa.

E assim seguiu-se uma entrevista de praxe, que minha mente fez questão de apagar a maioria das perguntas e respostas. Não que eu tenha ido mal, senão nem estaria aqui, mas digamos que me senti intimidada com a loira nos assistindo do lado de fora, com um olhar que quase fuzilava minhas costas…

Minhas lembranças foram interrompidas quando uma pessoa sentou-se no banco ao meu lado, quase atirando a mochila no meu colo. Olhei feio para o rapaz, mas ele estava mais distraído com o próprio celular. Odeio metrôs…

Próxima estação…

A voz robótica anunciou e me levantei, passando pelas pernas do rapaz com toda a leveza e delicadeza que ele não tinha, e saí do veículo quando este parou. 

 

"It's a new soundtrack I could dance to this beat, beat forevermore

The lights are so bright but they never blind me, me

Welcome to New York

It's been waitin' for you

 

É uma nova trilha sonora, eu poderia dançar ao som desta batida, para sempre

As luzes são tão brilhantes, mas elas nunca me cegam

Bem-vindo a Nova York

Ela estava esperando por você"

 

Igual ao dia da entrevista, aumentei o volume de Welcome to New York nos fones e sai pela estação. Dessa vez, acertei o caminho e cheguei na hora à agência. Mesmo que eu comemorasse internamente essa pequena vitória, ninguém se importou e todo mundo seguia seu trabalho de sempre. Retirei os fones e guardei na bolsa.

— Srta. Garcia, estão te esperando — a secretária anunciou e me guiou pela agência até um dos estúdios.

Esperava ser saudada com uma confusão de modelos, maquiadores, cabeleireiros, pessoas doidas… Mas tudo o que tinha lá dentro era um modelo sendo maquiado e Lysandre Revier, o cabeleireiro que conheci na festa de sábado, mexendo em seu celular, provavelmente me esperando. Nem a produtora executiva estava lá. Provavelmente tinha deixado tudo pronto e ido embora por algum motivo. 

Bem, era apenas uma pequena sessão de fotos para a promoção de uma marca de óculos aleatória, não era de se esperar uma mobilização enorme pra isso… Estava explicado porque nem precisei passar por um casting pra esse trabalho, não tinha quase ninguém.

Como modelo comercial e de catálogo, meu trabalho na agência seriam de comerciais, campanhas publicitárias, figuração, fotos para catálogo e etc. É, apesar de ter mais de 1m70, eu não tinha medidas suficientes para ser uma modelo de passarela ou fashion.

— Bom dia — cumprimentei, atraindo a atenção de Lysandre. Ele se levantou e sentei-me em seu lugar de outrora, vendo meu reflexo através do espelho redondo da penteadeira cinza.

— Bom dia — ele respondeu de volta e pôs-se a analisar o meu cabelo, provavelmente pensando no que iria fazer. Logo, decidiu-se e pegou pentes e um lenço verde escuro. — Está atrasada — comentou e estiquei a mão para pegar meu celular de dentro de minha bolsa, que deixei no chão.

— Mas são dez e cinco, estou quase na hora — reclamei e senti suas mãos na lateral de meu rosto, fazendo com que minha cabeça ficasse reta e eu encarasse meu próprio reflexo.

— E ficaremos mais atrasados se a senhorita continuar se mexendo tanto. — Após a repreensão, ficou calado e começou a pentear meus cachos, desembaraçando-os com uma destreza que eu mal sentia. 

Estranhei a certa rispidez, mas ele podia estar de mau humor e o atraso só ter piorado as coisas. 

— A festa no sábado foi maravilhosa, não foi? Quando vão começar os projetos com a Gavieira? Estou tão ansiosa… — comecei empolgada, tentando puxar algum papo.

— Saberá quando for a hora — respondeu seco e continuou seu trabalho, prendendo meu cabelo em um coque. 

Mordi o lábio, me forçando a ficar quieta, pois, aparentemente, Lysandre não queria papo nenhum. Bem, segundas-feiras não costumam ser os dias mais empolgantes, muita gente acorda de mau humor pelo final de semana ter acabado.

Em questão de minutos, o cabeleireiro terminou o que fazia, prendendo o coque com o lenço esverdeado e finalizando com um fixador. Saiu em silêncio e apenas vi que não estava mais lá por causa da minha imagem solitária no espelho.

— Olá olá. — O reflexo do maquiador, que tinha terminado o trabalho no outro modelo há muito tempo, se juntou a mim no espelho. Trocamos dois beijinhos no rosto. — Marimar Garcia… Só se fala de você nessa agência nos últimos dias.

— Falando do quase fiasco que foi minha entrevista, né? 

O maquiador riu e balançou a cabeça, fazendo com que as mechas azuis de seu cabelo se movessem junto. Amei aquela cor de tintura, com certeza ia perguntar depois qual era a marca.

— Apesar de meio atrapalhadinha, Priya falou muito bem de você na hora do café… É um prazer conhecê-la. Alexy Dupuis. — Ele curvou a cabeça em uma reverência teatral e depois ergueu-a novamente, com os olhos violetas — lentes de contato? — brilhando pra mim. Não aguentamos segurar o riso e caímos na gargalhada. — Agora vamos preparar essa pele e te deixar divina… — Alexy começou a separar alguns produtos.

Olhando para o lado, vi que era observada pelo modelo na penteadeira ao lado, já todo preparado para as fotos. Seu cabelo castanho escuro tinha um corte repicado e, mesmo sentado, dava pra ver que era alto e atlético, com as pernas estendidas. 

— Não quis me intrometer na conversa de vocês — disse de forma tímida e eu achei uma gracinha. Ele baixou o rosto, escondendo os olhos verdes de mim. — Kentin Egorov.

Apresentou-se e só não trocamos apertos de mão porque Alexy começou a trabalhar com o primer em meu rosto.

— Você tem um sotaque engraçado — comentei e consegui ouvir o modelo rir.

— Eu sou russo. Você vai descobrir gente de todas as nacionalidades por aqui.

Apenas respondi Kentin com um "hum hum" e tive que ficar quieta, senão Alexy também reclamaria que eu me mexia demais, assim como Lysandre. Falando nele, o cabeleireiro sumiu do estúdio por alguns minutos. Provavelmente voltaria depois.

— Ainda não acabei — o maquiador pontuou, mesmo depois de todo o trabalho feito no meu rosto. Retocou o batom e finalmente me olhei no espelho.

Como faria uma propaganda para uma marca de óculos, o foco não poderia ser olhos. Estes ficaram quase nude, afinal, o destaque eram os lábios laranja e as bochechas coradas com blush.

— Hora de brilhar — Alexy anunciou para nós e finalmente levantei-me da penteadeira.

Kentin já estava conversando com o fotógrafo, que eu sequer percebi chegar, mais focada na maquiagem que era feita em mim.

— My, my, o que temos aqui — o fotógrafo comentou assim que me aproximei dos dois. Americano, talvez? Os cabelos negros, os olhos castanhos e a pele branca não denunciavam muita coisa. — Finalmente temos um rosto novo aqui na agência. — Riu e estendeu-me a mão. — Viktor Carter.

— Marimar Garcia.

— A garota nova? Prazer em conhecê-la. — Finalizada as apresentações, Viktor retomou a postura de trabalho. — Coloque seu figurino, sim? Vou começar a sessão com o Kentin e logo mais te chamo.

Pra minha felicidade e comemoração interior, meu primeiro trabalho na B Agence ocorreu sem problemas nenhum. Tive duas trocas de roupa, enfrentei Lysandre no meu cabelo uma segunda vez e o cabeleireiro optou por deixá-lo solto, destacando os cachos com um moderador. 

Já passava da uma da tarde quando terminamos a sessão. Meu estômago berrava de fome dentro de mim.

— Vou levar isso aqui para o Armin, vejo vocês depois — Viktor anunciou enquanto desmontava o equipamento de fotografia.

— Temos alguém com fome? Porque eu conheço o lugar perfeito pra irmos almoçar — Alexy convidou assim que finalizamos toda a nossa parte.

Eu ainda trazia a maquiagem no rosto, mas trajava as roupas que vim de casa e peguei a minha bolsa.

— Onde o Lysandre foi? Ele estava aqui agora pouco — Kentin perguntou enquanto saíamos do estúdio. O cabeleireiro sumiu de novo. Parecia que ele era bom nessas coisas, quase um ninja da Vila da Folha.

— Olha ele lá. — Alexy apontou e eu vi Lysandre parado no corredor, papeando com Castiel.

Apesar de termos conversado no dia da festa — e de eu e Jú termos seguido os dois na saída, só que isso ninguém precisa saber —, ainda não conseguia acreditar que eu ia trabalhar no mesmo lugar que Castiel Perrot. E mais gente famosa, claro.

Se eu tinha um certo crush nele? Talvez…

— Castiel deve ter vindo pro casting do primeiro trabalho com a Gavieira — Kentin informou e saí do meu quase transe ao observar aqueles dois conversando com proximidade.

— Primeiro casting?! Mas como eu não fiquei sabendo de nada sobre a Gavieira? — exclamei de certa forma ofendida por ter sido deixada de fora de todo o bafafá com a empresa.

— Calma, Mari, vai chegar a sua vez. — Alexy passou o braço pelos meus ombros, guiando-me para fora, junto de Kentin. — Ainda vou te maquiar pra uma sessão da Gavieira. — Ele sorriu e eu devolvi, tentando me imaginar com os flahses na cara e vestindo as roupas chiques da marca.

É… Eu ia ter que rebolar muito pra chegar até lá. E não me atrasar, de preferência.


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Notas finais do capítulo

Ester:
A música que a Mari ouve é Welcome to New York da Taylor Swift: https://youtu.be/RvYysauPsMc
Lysandre sendo ninja? Jurava que esse era o papel do Nathaniel xD
Mari sendo atrapalhada = nada de novo sob o sol.
Até mais, povo o/

Bia:
Acho que não ficou óbvio que a Mari AMA o Castiel, né? Talvez um pouquinho xD
Até mais o/



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