Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 25
Morena com limão


Notas iniciais do capítulo

Ester:
O Ministério da Fanfic adverte: o capítulo a seguir possui altos riscos de ataques de fangirlzice, leia por sua conta e risco e prepare-se para o surto.

É só isso mesmo xD O aesthetic de hoje é do Castiel :3
Boa leitura ;)



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— Mari, seu último look já está pronto pra você — Chani me avisou, sumindo em questão de segundos para fora do trailer.

— Não sei como você tá se aguentando em pé, correndo pra lá e pra cá — comentei para Alexy, que finalizava os últimos retoques da minha maquiagem.

— Prática — ele respondeu, terminando o trabalho com o pincel. — No dia que você ficar seis horas em pé, arrumando a cara de modelos frescas e com gente gritando no seu ouvido, a gente conversa — finalizou, apoiando a mão com o pincel na cintura.

Gargalhei e quase levei uma "pozada" na cara, pra ficar quieta.

Se está pensando que chegou o dia que você está pensando, então pensou na mosca! Sim, estávamos em plena gravação do comercial da River Street e eu estava só o pó, depois de mais de três horas e meia de trabalho. 

Começamos no final da tarde e passamos por takes na rua, em becos, numa casa abandonada e íamos finalizar na fonte de uma praça. Já era quase dez da noite e eu não aguentava mais ter que trocar de roupa, Lysandre mexendo no meu cabelo — apesar das mãos suaves — e Alexy retocando minha maquiagem, mesmo que ele fosse o único que me fazia rir ali. Acho que o maquiador percebia como eu me sentia deslocada…

Éramos oito modelos, quatro mulheres e quatro homens, e parecia que o dono da marca fez questão de escolher os mais nariz empinados daquele casting, com exceção de mim e do Castiel. Para meu azar, não trocamos mais do que algumas palavras em um take curto que gravamos na rua. E ele também passou o restante do tempo que podia junto de Lysandre. É, os dois não se largam por nada.

— Agora tira essa cara de derrota e arrasa, querida. — Alexy mandou um beijo no ar, assim que me levantei da cadeira em frente ao espelho. 

Sorri para ele e saí pela porta apertada do trailer para o vento frio daquela noite de outono. Inventaram de me fazer usar um vestido preto que batia no final das coxas e um par de botas da mesma cor, que chegava alguns centímetros acima do joelho, deixando um pouco de pele da perna exposta, onde eu estava congelando com a temperatura. Pelo menos me deram um ponche xadrez pra colocar por cima da peça, indo até perto da cintura.

Ah, o trailer! Talvez fosse normal pra takes externos, mas como eu nunca tinha participado desse tipo de trabalho, pra mim era novidade. Basicamente, era uma unidade móvel toda prateada, onde tínhamos divisórias para preparar cabelo/maquiagem e outra para nos trocarmos. Quem quisesse descansar que se virasse.

Chani apareceu para me passar novas orientações.

— Mari, esse último take vai começar com você e o Castiel vindo de lá — Apontou para o começo da rua —, até a fonte, onde se juntam com os outros. 

De longe, vi uma figura parada e a câmera também, em um daqueles carrinhos para ajudar a mover aquele trambolho. Os demais modelos estavam sentados na beira da fonte, conversando entre si e esperando o momento para atuar.

— A produção tá querendo ir embora e temos que terminar isso logo. — Ela foi me empurrando para o começo da rua, nos desviando do pessoal das luzes. 

— Nem um pouco de pressão, né? — comentei, rindo nervoso e apenas ganhei um sorriso fraco da produtora executiva como consolo.

Ela me posicionou ao lado de Castiel, parado com as mãos nos bolsos da calça jeans rasgada de seu look. Também usava uma blusa de flanela xadrez sobre uma camiseta branca. Se as roupas não fossem novas, direto da loja, ele poderia se passar por um integrante do movimento grunge de Seattle.

Berrei por dentro quando ele me dirigiu um olhar que, parafraseando minha querida Taylor Swift em Style, era um olhar à lá James Dean. Continuei berrando por dentro e botei um sorriso na cara. Eu devia estar parecendo uma boba. 

— Alguém até que tá indo bem, pro primeiro comercial — ele comentou baixinho, enquanto esperávamos lado a lado pelo "gravando!". 

— Tive alguém experiente pra me dar uns conselhos — retruquei e vi-o dar aquele sorriso novamente.

Aquilo foi mesmo um flerte com o Castiel, produção? Eles provavelmente estavam mais preocupados em preparar a filmagem, então isso fica só entre a gente. 

E nesse momento alguém poderia me perguntar: você já superou o Nathaniel pra sair flertando com os outros por aí, Marimar? A resposta seria não. Já havia se passado duas semanas desde aquele dia na calçada da agência e eu não estava mais na bad. Em parte graças à Júlia, Kentin e Micalina. Mesmo que os dois últimos não soubessem do ocorrido entre mim e nosso chefe. Porém, a gente vai levando a vida, né?

E não era novidade pra ninguém que eu tinha um crush no Castiel há tempos.

Ouvimos a voz de Chani e começamos a fazer o orientado, com aquele carão de modelos estampado na cara. Minha vontade era de olhar de canto de olho para Castiel, porém, íamos gravar aquilo em plano sequência, então era melhor não errar, se não quisesse os cinegrafistas mais irritados do que já estavam.

— Corta pra 2 — Chani gritou e vi pela visão periférica a câmera passando.

Eu e Castiel nos juntamos aos outros modelos e demos um daqueles sorrisos falsos de propaganda, fingindo que estávamos todos felizes e comemorando. 

— Antonella, engancha seu braço no do Hector — Chani gritou. — Castiel, segura a cintura da Marimar.

Naquele momento eu gelei e meu estômago deu um pulo dentro de mim. Olhei um pouco para cima, vendo Castiel sorrir. Devia ser parte da propaganda, né? Era só isso, apenas isso… E eu devia fazer o mesmo, já que estávamos gravando!

— Corta! — o diretor berrou e todos nós pudemos respirar aliviados. Não erramos nenhuma vez! 

— Estão liberados, gente! — Chani anunciou, assim que os modelos começaram a se espalhar e se afastar da fonte. — Podem ir pro trailer pra se trocarem e estão dispensados.

Já que provavelmente todos não aguentavam mais ficar ali, fizeram o orientado por Chani sem nem pensar duas vezes. Como eu fui a última, tive que esperar as três bonitas para chegar a minha vez. Agradeci mentalmente por ter vindo de calça comprida e trazido um casaquinho fresco para quando fosse embora.

Me despedi de Alexy, que ainda guardava toda a parafernália de maquiagem, e saí do trailer, vendo Lysandre e Castiel parados perto da porta, conversando. 

— Que o Gerald falou… — o modelo interrompeu algo que falava para o cabeleireiro e virou o rosto para mim, parada na porta e com cara de idiota.

Desci do trailer, caso alguém quisesse sair depois de mim.

— Por que não convida Marimar para conhecer o pub com você? — Lysandre propôs para Castiel, apontando para mim com a cabeça. — Ela sem dúvidas é uma melhor guia da cultura brasileira do que eu.

— Do que vocês tão falando? — questionei, parando ao lado de Castiel, perdida no meio de tudo.

O Lysandre tava propondo o que? Será que agora ele ia mais com a minha cara? Influência do Castiel, talvez? Vai entender aquela pessoa...

— A namorada do Gerald, o baterista da minha banda, disse pra gente se encontrar num pub brasileiro que ela descobriu semana passada — Castiel explicou. Ele estava novamente com as mãos nos bolsos da calça jeans, mas dessa vez ela era mais surrada. Trajava uma jaqueta do mesmo material, agora parecendo mesmo que era alguém do movimento grunge de Seattle. — Mas o Lysandre aqui tá mais a fim de dormir com as galinhas. — Apontou para o amigo, que apenas balançou a cabeça com o comentário do outro.

— Estou exausto, Castiel — o cabeleireiro se explicou. — Mal pude parar hoje, preciso descansar. — Olhei para ele, vendo que era verdade. Ele e Alexy estavam a pura cara da derrota de tanto cansaço. — Talvez outro dia — se evadiu com um sorriso. — Marimar poderia ser uma melhor companhia do que eu nessa ocasião.

Minha cara se iluminou no mesmo instante e um sorriso bobo brotou. Eu precisava agradecer o Lysandre por isso na próxima vez que ele fosse pôr as mãos no meu cabelo.

— Isso se ela quiser…

— Eu quero ir! — interrompi Castiel na hora, fazendo-o erguer as sobrancelhas, surpreso. — Digo, é bom se divertir de vez em quando, né? — Soltei um riso nervoso. — Ainda mais quando a gente tá estressado assim.

Castiel me encarou com um sorriso de canto e se voltou para Lysandre.

— Nos vemos amanhã, Castiel. — Com essa, o cabeleireiro se despediu de nós com um aceno de cabeça e desejando um boa noite educado, indo embora com seus materiais de trabalho em uma bolsa a tiracolo.

— Pra onde a gente vai? — questionei, percebendo que aceitei o convite sem nem saber ao certo onde era aquele tal pub.

— É aqui por perto mesmo — ele respondeu e nos pusemos a caminhar. Viramos uma esquina qualquer e Castiel parecia saber exatamente para onde íamos. — Você foi bem, pra um primeiro comercial.

Sorri de orelha a orelha com o elogio. Se um modelo experiente me elogiasse, com certeza eu comemoraria por uns bons minutos, agora, o Castiel me elogiando? Meu estômago deu um novo pulo dentro de mim.

— Eu segui as dicas que você me deu aquele dia. — Sorri feito uma idiota e me censurei pela resposta. Isso parecia bajulação?

Ele sorriu de canto. É, não mandei tão mal assim…

— Você fez bem.

 Já havíamos andado pelo que parecia um labirinto de ruas àquela altura e o comércio ia mudando, ficando mais "vida noturna". Percebi o que parecia um restaurante mexicano, um colombiano e uma pastelaria chinesa, que era a única fechada. Já passava das dez da noite.

— Tem gente que chega na agência com o nariz empinado e não dá certo, porque não sabe ouvir quem tem mais experiência do que eles — disse como se soubesse do assunto.

Eu apenas me contive em assentir com a cabeça. Vai que eu falava algo que não devia?

— É aqui — Castiel anunciou, apontando com a cabeça para um estabelecimento com um letreiro verde e amarelo. — Ipanema Struts — disse o nome em voz alta e riu para si mesmo. — Até que não parece tão ruim.

Com isso, ele empurrou a porta do pub e entramos. Lá dentro era mais escuro do que do lado de fora e um pagode tocava em um volume agradável, com uma ou outra pessoa dançando. Havia várias mesas espalhadas e não estava tão cheio assim. As cadeiras em frente ao balcão estavam todas vazias.

— Seu amigo e a namorada dele não iam tá aqui? — questionei e nos dirigimos para as cadeiras do balcão. 

Castiel pegou o celular do bolso de trás e olhou, guardando-o de volta após.

— Só falta me dar o cano — reclamou e puxou o menu para perto. Analisou rapidamente e depois passou pra mim. — Um gim com tônica — pediu para o cara atrás do balcão. — Vai querer alguma coisa? — questionou para mim.

Encarei as opções em inglês e francês e, mesmo que entendesse o que estava escrito, não fazia ideia do que pedir. Eu não era das mais experientes em bebidas.

— Uma caipiroska — pedi por fim e o barman se virou para preparar nossos pedidos. — Deve ser parecido com a caipirinha, né?

— Não sei. — Ele riu. — Você que é brasileira, esperava que soubesse. — Bola fora, Marimar. Bola fora…

Castiel tirou o celular do bolso de trás e deslizou o dedo na tela. Em menos de trinta segundos, guardou de volta e bufou.

— O que foi? 

— Ele disse que não vai mais vir. — Suas sobrancelhas franziram em irritação. — Ele deu certeza que já ia tá aqui!

— Pelo menos você não tá sozinho, né? — disse, referindo-me a mim mesma e fiz questão de consertar. — Digo, é mais legal beber acompanhando do que sozinho, né? 

Ri e nesse exato momento nossas bebidas foram postas à nossa frente. 

— Depende da companhia — respondeu, bebendo de seu gim com tônica. 

Peguei meu copo e dei uma golada, sentindo o álcool descer queimando tudo por dentro. Meu rosto se contraiu numa careta, porém tentei sorrir, com certeza ficando uma expressão totalmente estranha.

— Isso aqui é bom! — Ainda disse pra tentar disfarçar.

Castiel riu. 

— Você parece que nem sabe beber e ainda pede vodca, garota! — debochou e percebi que sequer tinha reparado o que é que vinha naquela bebida. — Cuidado pra não se dar mal — advertiu e continuou bebendo, como se não sentisse nada.

— Não precisa se preocupar. — Bebi mais um pouco e suprimi outra careta. Criei coragem e virei o copo todo de uma vez. Tive impressão que soltei um resmungo junto. — Viu? — Sorri vitoriosa e pedi mais uma pro barman.

Castiel balançou a cabeça e também fez o mesmo que eu, já que terminou sua bebida.

—Por que você é assim? — ele questionou de repente.

— Assim como?

— Assim… — ele quase gesticulou no ar, parecendo não saber como expressar muito bem o que estava pensando. — Desse jeito, espontânea. Parece que não mede as coisas que faz, que não se importa com o que os outros falam…

Nossas bebidas chegaram e ele parou de falar.

— Eu não sei… — disse sem jeito, um pouco constrangida. Bebi da caipiroska e desceu queimando outra vez. Quanto mais tomava, menos ruim ia ficando. — Só sou assim.

— Eu não tô te censurando, não! — exclamou com o copo na mão e me surpreendi. — Só é difícil ver gente assim. As pessoas que se aproximam de mim não costumam ter esse tipo de coisa. São… Falsas.

Então era por isso que ele era reservado desse jeito? Bem, considerando que esse tipo de coisa era normal no mundo da fama…

— E o Lysandre? Também é assim?

— Vai querer falar do Lysandre agora? — Riu-se e terminou de beber. Pediu mais uma pro barman. Fiz o mesmo que ele. 

— Ah, sei lá. — Ri, como se fosse engraçado. — Você quase não fala com ninguém e vive grudado nele.

Nossas bebidas chegaram outra vez e tomei mais um gole. 

— Eu te disse aquela vez, que a gente se conhece desde o ensino médio. 

— Ah é! — exclamei alto e virei outro gole. — Não é que isso aqui é bom? — falei sorrindo e ergui o copo para um brinde. O modelo não seguiu e bebi sozinha.

— Toma cuidado com isso. Você vai acabar passando mal — Castiel advertiu e eu ri.

— Que nada! — Terminei de beber mais uma. — Tá vendo só? Eu tô bem. — Me coloquei de pé, pra provar que conseguia andar. — Viu? 

Ri alto e Castiel me encarou com o cenho franzido.

— Não faz essa cara… — reclamei com um bico.

A música continuava tocando e mais algumas pessoas foram pra pista de dança. As luzes lá eram amarelas e pareciam brilhar mais do que o normal. 

— Eu não acredito que vão tocar essa música! — Quase gritei e Castiel me encarou estranho. — Vem, vamos dançar.

— Tá doida? — Se soltou e continuou me olhando com o cenho franzido.

— Nem é tão difícil, olha só. — Fiz uns passos nada a ver e ri da minha própria graça. Ele se alternou entre um sorriso, mas não me seguiu. 

Saí para a pista de dança, esperando que ele se juntasse em algum momento.

É a partir desse momento que as coisas começam a ficar um pouco confusas. Digo, eu ainda me lembro razoavelmente bem do que que aconteceu no pub. Entretanto, é a partir daqui que essa narração não vai acompanhar meu estado de espírito no momento porque, bem…. Ninguém merece ler algo narrado por um bêbado.

— Então me ajude a segurar, essa barra que é gostar de você. — Abri os braços e rodei na pista de dança, tendo a impressão que tudo girava junto comigo. — Então me ajude a segurar, essa barra que é gostar de você, iê. — Cantei feito uma desvairada e fiz uns passos horrorosos, por muita sorte não caindo no meio da pista. O universo parecia mesmo gostar muito de mim. — Dididiê iê iê.

O pessoal por perto olhou pra mim e começou a rir. Eu, claramente sem noção do ridículo, cheguei perto e dancei junto deles. Talvez eles também estivessem bêbados ou talvez apenas quisessem entrar na graça, mas dançamos todos juntos.

Olhei pra trás e vi Castiel rindo da gente. 

— Então me ajude a segurar, essa barra que é gostar de você, iê. — Fui cantando na direção dele, quase como uma declaração. Pra minha sorte, ele provavelmente não entendeu uma palavra sequer. — Vem dançar comigo — choraminguei e puxei sua mão outra vez.

— Deixa de ser louca, garota — disse entre risos. Ficava a dúvida o quão bêbado ele estava, já que havia um copo pela metade no balcão. Com certeza estava mais lúcido do que eu. 

— Tá com medo de passar vergonha? — Gargalhei alto e continuei puxando-o, já que Castiel havia se levantado.

— E eu me importo com isso? — Ele riu, provavelmente se deixando levar pra pista de dança, já que eu dificilmente conseguiria arrastá-lo pra lugar algum.

Outra música começou, com uma guitarra mais calma. Apontei pra cima. 

— Essa dá pra dançar, vai. — Passei meus braços ao redor do seu pescoço e comecei a mover a cintura pra lá e pra cá. — Ou você é todo duro assim? — provoquei e comecei a rir.

Castiel me encarou com um sorriso de "chalenge acepted" e colocou as mãos na minha cintura, seguindo meu ritmo na dança. 

 

"[...] Da manga rosa quero o gosto e o sumo

Melão maduro sapoti juá

Jabuticaba teu olhar noturno

Beijo travoso de umbu-cajá"

 

— Que música é essa? — ele perguntou, olhando pra cima. 

— Não faço a mínima ideia — respondi rindo. Por que quando estamos bêbados, achamos graça de qualquer coisa? Besta.

Castiel me encarou com seus olhos cinzentos e eu não abaixei o olhar, parcialmente hipnotizada e algo que eu não consigo me lembrar. Desculpe, não consigo me recordar de tudo com detalhes.  Já é muito eu me lembrar de tudo isso.

— Morena tropicana, eu quero teu sabor oioioi! — gritei a letra da música. Sim, quase no ouvido do Castiel. Onde eu me enterro? 

— Você disse que não sabia que música era essa — ele soltou aos risos, seus dedos dançando pelo tecido da minha blusa. Como eu não tinha noção do que estava acontecendo? É uma boa pergunta.

— Impossível não reconhecer esse refrão! 

— É mesmo? — Ergueu o queixo igual aquele povo que fica no "ah é, é?". — E fala do que?

— De alguém que quer beijar a morena tropicana — disse isso olhando para os olhos dele e ri.

Sim, isso mesmo que você leu. Sem vergonha nenhuma nessa minha cara. Não bebam e, principalmente, não fiquem bêbados.

 

"Linda morena fruta de vez temporana

Caldo de cana-caiana

Vem me desfrutar"

 

— Morena, é? — repetiu e eu assenti com a cabeça, sorrindo para ele feito uma idiota. Castiel riu. Claramente não estava no seu melhor dos juízos também.

Não fiquem bêbados, pessoas! Principalmente se o seu crush-mor estiver junto. 

— E que gosto ele diz que tem? — questionou, numa pergunta que poderia ser interpretada em duplo sentido. Obviamente, eu não interpretei por esse lado, a inocente.

E aquilo poderia ficar realmente estranho fora de contexto.

— Ele compara com um monte de coisa lá — respondi e apertei mais meus braços ao redor do pescoço dele. 

Castiel era quem mais estava guiando aquilo, já que as coisas estavam começando a ficar estranhas pra mim. 

 

"Linda morena fruta de vez temporana

Caldo de cana-caiana

Vou te desfrutar"

 

— Sabe que gosto eu acho que a morena tropicana tem? — questionou, um sorriso meia boca passando por seus lábios.

— Qual? — perguntei na inocência. 

— O seu.

Antes que meu cérebro — mais lento do que o normal àquela altura — tivesse tempo pra processar qualquer coisa, Castiel colou seus lábios nos meus e eu arregalei os olhos, dando tilt. Antes que ele se afastasse, achando que eu não queria, consegui voltar um pouco de consciência e correspondi o beijo.

Bem, nunca na vida que eu iria negar um beijo do crush, não é mesmo? Na hora eu nem pensava se iria me arrepender disso depois. Provavelmente a resposta seria não, mesmo sóbria. Não me arrependeria.

Nossas cinturas continuavam se mexendo com o ritmo da música, seus dedos dançando pelo tecido da minha blusa e os meus sentindo o calor do seu pescoço. Tinha a impressão que foi ficando mais quente com o passar dos minutos.

— Que gosto tem? — questionei quando separamos nossos lábios.

Pelo lado bom de eu não estar sóbria naquele momento, era que eu falei algo coerente após beijar o Castiel. O lado ruim é que era algo que poderia ter duplo sentido.

— Vodca com limão — respondeu e eu gargalhei. — Mas acho que não deu pra provar direito.

E de novo aquele sorriso à lá James Dean. E de novo juntamos nossos lábios num beijo meio desgovernado, já que cada um parecia querer um ritmo. Eu toda desesperada e ele como se desfrutasse o momento. 

As coisas pareciam girar ao meu redor. E não, isso não é uma metáfora pra sensação de ser beijada pelo Castiel. 

Fui obrigada a finalizar o beijo e o modelo teve que segurar minha cintura com mais força dessa vez, já que o chão parecia querer se aproximar da minha cara.

— É melhor você se sentar — ele disse preocupado e me guiou para a cadeira de uma das mesas.

— Eu tô bem! — Ri e me sentei. — Eu acabei de te beijar, é claro que eu tô bem! — Noção zero, Marimar, noção zero. Me mudar pra China não era uma má ideia depois disso.

Um sorriso rápido passou pelo rosto dele e virou preocupação no instante seguinte.

— Eu vou chamar um Uber pra te levar pra casa. — Pegou o celular do bolso de trás da calça, parecendo não saber em qual aplicativo clicar. Ele com certeza estava menos bêbado do que eu, mas ainda tinha seu estado um pouco alterado.

— Essas luzes não são engraçadas? Nunca vi luzes que brilhassem assim. — Apontei para o teto, rindo.

Desculpe pela repetição da palavra "rindo", mas não tenho culpa se eu achava graça de qualquer coisa. 

— Daqui a pouco o Uber chega — ele disse, sentando-se ao meu lado. 

— Você tá com essa sensação de que tá tudo girando? — questionei e ele franziu o cenho.

— Do que você tá falando?

— Que eu acho que vou vomitar.

No instante seguinte, eu estava despejando o conteúdo do meu estômago no chão do pub.

Não fiquem bêbados, pessoas. Mesmo que isso te dê coragem pra beijar o seu crush, nada vale a pena a vergonha que você vai passar depois. 

 


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Notas finais do capítulo

A música que os dois dançam é Tropicana do Alceu Valença: https://youtu.be/lBceTwMECxY

Ester:
Sigam as dicas de dona Marimar e não passem vergonha no primeiro encontro com o crush -q
Quem mais tá no chão depois desse capítulo, levanta a mão o/ Vamos tentar reanimar a Mari e voltamos no sábado xD
Até mais, povo o/

Bia:
Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaa ~surtando like a fangirl
Climão que fala, né? Ai esses dois! Uma pena que a Mari tenha botado tudo pra fora, mas foi incrível enquanto durou kkkk
Vocês também deram gritinhos? hihi xD
Até mais o/



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