Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 40
Não há lugar como o nosso lar... E nossa própria época!




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Após dias de tensão e adrenalina, a paz reinava sobre o Distrito Kabuki na medida do possível. Energia elétrica, telefonia e água encanada foram restabelecidas, mesmo que de forma provisoriamente ilegal. Nada era melhor do que ver a entrada luminosa passando a noite acesa e se apagando ao raiar do sol.

E nada mais satisfatório do que ver que o Distrito Kabuki permanecia inteiro, apesar dos danos da véspera. A placa da Yorozuya Gin-chan era uma das coisas danificadas pelos combates e que necessitaria de reparos, visto que estava avariada e precariamente pendurada, presa apenas pelo canto superior esquerdo à balaustrada do segundo andar. Shinpachi subiu as escadas como de costume e destrancou a porta corrediça principal, deixando suas sandálias na entrada enquanto se anunciava. Sentiu um aroma bastante conhecido no ar, vindo da cozinha.

Viu sua versão mais jovem compenetrada enquanto preparava o café da manhã do jeito que cada um gostava. Para Gintoki – tanto o do passado quanto o do futuro – não podia faltar um açúcar extra. Ginmaru apreciava um sabor mais “normal”, embora uma ou outra coisa doce fosse apreciada pelo Sakata mais jovem. E para Kagura, o café da manhã era bastante generoso por razões bem óbvias.

― Bom dia! – o Shinpachi mais velho cumprimentou. – Precisa de uma mãozinha aí?

― Ah, bom dia! – o garoto de óculos respondeu enquanto ouvia o despertador de Gintoki soar do quarto. – Obrigado, eu já estou terminando. Só falta colocar ração para o Sadaharu e acordar o pessoal.

O ex-comandante do Shinsengumi pegou uma concha e uma frigideira cujo fundo estava amassado de tanto bater para acordar certo faz-tudo preguiçoso de cabelo prateado. Após dar ração ao cão gigante, que possuía alguns curativos para os ferimentos recebidos naquela incursão à base da Junta, ele viu Ginmaru sair bocejando até o banheiro. Respirou fundo e bateu três pancadas firmes com a concha contra a castigada frigideira.

O resultado foi imediato, pois as duas versões do fundador e presidente da Yorozuya Gin-chan acordaram antes que Shinpachi batesse na frigideira uma segunda vez. O Gintoki vindo do passado mais uma vez caiu do sofá em que dormia e o do futuro abria a porta do quarto esfregando os olhos pregados de sono. E o armário se abria, revelando uma Kagura que mal conseguia abrir seus olhos azuis.

Evidentemente, o café da manhã transcorreu sem maiores problemas além do que eles mesmos causavam, principalmente disputando o último pedaço de bolo confeitado. Kagura ganhou a disputa cuspindo no tal pedaço para que ninguém comesse.

Depois do café da manhã, todos desceram para a rua. Talvez a Yorozuya Gin-chan conseguisse fazer uns bicos durante os consertos de que o Distrito Kabuki precisava... Mas o pessoal vindo do passado precisava voltar para casa, por isso iriam ao QG do Shinsengumi para se encontrarem com Hijikata.

Assim como no restante do Distrito Kabuki, o Quartel-General também passava por reparos. Os danos não eram tão grandes como os de meses atrás, mas requeriam certa atenção. Todos arregaçavam as mangas para os consertos, com o de sempre: Sougo atentando contra Hijikata, algumas pancadas sobrando para Yamazaki, embora parecesse que o único que tinha algum juízo era Taichirou.

Aquele seria o único serviço que o Gintoki do futuro se recusaria a fazer. Ele e o agora Comandante do Shinsengumi dividindo um mesmo espaço era certamente garantia de encrenca.

― Não precisamos de seus serviços, Yorozuya. – Toushirou se adiantou. – Nós damos conta de fazer.

Nisso, uma tábua se despregou e quase caiu na cabeça do moreno, que berrou:

― QUEM FOI QUE DEIXOU ESSA TÁBUA CAIR?!

― Ops, malz aê, pai! – Taichirou se desculpou. – Juro que foi sem querer!

Ao mais velho apenas restou suspirar resignado. Taichirou era bem esforçado, mas se atrapalhava em algumas coisas tentando mostrar serviço e geralmente atingia o pai de forma involuntária. O jeito era aceitar que o sangue Okita era bem forte, querendo ou não. Deu de ombros enquanto pensava nessas coisas.

Sua contraparte mais jovem saiu de dentro de um dos pavilhões enquanto vestia o casaco preto da farda e acendia um cigarro. Guardou o isqueiro em forma de frasco de maionese no bolso e se aproximou do Trio Yorozuya de sua época, deixando escapar um suspiro aborrecido. A vinda para o futuro com o faz-tudo destrambelhado e sua trupe fora a experiência mais louca que já tivera em sua vida. O problema era estar no mesmo lugar que aquele idiota de cabelo prateado, pois os dois não se suportavam.

Mas... Já que tinha que voltar com eles para casa, que assim fosse, então. Só se perguntava como iria explicar seu desaparecimento para Kondou, Sougo e Yamazaki.

― Ei, Alter-Ego. – Gintoki chamou sua versão mais jovem.

― Diga.

― Com essa bagunça que fizemos nas nossas linhas de tempo, talvez as coisas em vinte anos sejam diferentes para vocês. Pode ser que a partir daqui nós tenhamos criado não só outra linha de tempo, igual aconteceu com Trunks quando foi ao passado alertar os Guerreiros Z sobre os androides... E criou outra linha de tempo.

― Aonde você quer chegar dizendo isso?

― Por um acidente, meses atrás nós fomos parar em outra dimensão. – Ginmaru respondeu. – Todos vocês eram diferentes em algum grau, ainda que fossem reconhecíveis. Foram marcados por várias coisas que aconteceram.

― Era um futuro alternativo, tal como nossa linha de tempo é o futuro para vocês. – Shinpachi prosseguiu olhando para o quarteto vindo do passado. – Ficamos sabendo que várias coisas aconteceram e mudaram em relação ao que vocês vivenciaram até agora.

― Não quero spoilers do futuro, desta vez eu dispenso. – o Gintoki mais jovem levantou a mão sinalizando para que parassem por ali. – Acho que já tivemos spoilers demais para lidar.

O Gintoki mais velho sorriu.

― Eu sabia que diria isso. Mas quero que pelo menos ouça quem viveu vinte anos a mais... Lembre-se de que você, Sakata Gintoki, jamais estará sozinho... Nem mesmo nos seus piores momentos da vida. A família Yorozuya é a sua família, assim como é a família de Shinpachi e Kagura. Nunca esqueça isso.

― Quem é que vai esquecer com dois pirralhos irritantes fazendo barulho nas minhas orelhas o tempo todo? – o mais jovem retribuiu o sorriso após olhar para aqueles adolescentes que o acompanhavam para cima e para baixo. – Eles parecem fazer questão de não me deixar esquecer.

― Obrigado por tudo, pessoal. – Ginmaru agradeceu enquanto ativava o gerador de portais. – Se não fosse a ajuda de vocês, com certeza as coisas seriam bem diferentes aqui... E bem tristes.

― Ficamos felizes por ajudar vocês, Ginmaru-san. – Shinpachi respondeu. – E, seja como for nosso futuro, vamos encarar o que vier.

― Eu prometo que vou ser mais forte ainda e que não vou morrer daqui a dois anos! – Kagura disse com um sorriso largo, enquanto Sadaharu latiu em concordância e recebeu um afago da Yato.

― Bem... – Hijikata terminava seu cigarro, liberando a fumaça do último trago. – Eu ainda nem faço ideia de como vou lidar com tudo isso, principalmente me explicar com Kondou-san e os outros.

― Se precisar, a gente te ajuda nisso. Afinal, foi por nossa culpa – o jovem Shimura lançou um olhar sugestivo para Gintoki e Kagura. – Que você veio pra cá, Hijikata-san.

Antes que Toushirou e Gintoki se atracassem em mais uma briga, o quarteto tratou de entrar pelo portal que os transportaria de volta para casa após mais uma aventura no futuro.

 

*

 

O portal intertemporal se abriu, jogando seus “passageiros” no chão, como um montinho, mas com Hijikata novamente embaixo de todo mundo e disposto a bater em Gintoki, cujo peso era obrigado a suportar enquanto Kagura e Shinpachi se levantavam. Como o faz-tudo já estava com preguiça de brigar com o Vice-Comandante do Shinsengumi, levantou-se, mesmo reclamando de como era um porre cair em cima de um cara como ele.

Enquanto o Trio Yorozuya discutia sobre um ter ficado em cima do outro, Toushirou seguiu seu caminho após acender outro cigarro. Estava pensativo sobre tudo o que vivenciara naquela viagem maluca no tempo. Não sabia quanto tempo ficara ausente, mas com certeza fora o suficiente para que o estivessem procurando, como podia perceber pelos cartazes com sua foto.

Quando os encontrasse, diria tudo o que viu naquela linha de tempo? Ponderou bastante a respeito, quando se lembrou de Taichirou. Naquela linha de tempo, ele existia, mas na sua ele jamais existiu.

― Não, melhor não contar sobre a viagem no tempo. – murmurou a si mesmo. – Vou inventar outra desculpa. Um teletransporte acidental para outro planeta faz mais sentido, porque eles viram tudo... Um teletransporte acidental para outro planeta muito remoto quase nos confins do universo onde fiquei com amnésia. É isso. Parece que vai ser convincente... espero.

Ouviu a voz de Yamazaki no mesmo instante:

― Comandante, Capitão! O Vice-Comandante apareceu!

Em uma das esquinas, Kondou e Okita, junto com outros homens do Shinsengumi, apareceram e corriam para saudar o oficial que estivera desaparecido por algum tempo. Entretanto, as boas-vindas foram interrompidas por uma explosão. Toushirou se jogou ao chão e descobriu que o jovem com cabelos cor de areia portava uma bazuca fumegante, indicando o autor daquele ataque.

― MAS QUE MERDA É ESSA, SOUGO?! – Hijikata esbravejou enquanto se levantava. – ISSO É RECEPÇÃO QUE SE FAÇA?!

― Malz aê, Hijikata-san. – ele se justificou. – Meu dedo escorregou no gatilho.

E assim se seguiu a discussão entre os dois, intercalada com saudações calorosas de Yamazaki e Kondou. O grupo foi embora para o Quartel-General, comemorando o fato de terem encontrado seu Vice-Comandante desaparecido.

Gintoki, Shinpachi e Kagura seguiram seu caminho para a Yorozuya Gin-chan, onde Sadaharu os saudava efusivamente, principalmente a Yato. Foram dias bem loucos os últimos em que viajaram no tempo, onde vivenciaram experiências bastante intensas. Entretanto, para o faz-tudo, ficou em sua cabeça tudo o que sua contraparte do futuro lhe dissera antes de se despedirem.

Enquanto via a ruiva se queixando de fome para o garoto de óculos, lembou-se daquele momento em que fora salvo pelos pirralhos quando estava prestes a sucumbir no mar. Nunca esqueceria aquele abraço que dera nos dois logo em seguida, porque apenas reforçava o que sua versão mais velha lhe dissera sobre a Yorozuya Gin-chan ser sua família.

― Como eu disse – murmurou enquanto se divertia com a discussão entre Shinpachi e Kagura. – Eles são barulhentos demais para eu esquecer que são minha família.

 

Fim!


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Notas finais do capítulo

Pessoal, depois de mais de um ano e meio, chegamos ao final de mais uma aventura da Yorozuya Gin-chan pelo tempo... Foi uma aventura muito deliciosa de escrever, e espero que vocês tenham se divertido, vibrado e se emocionado tanto quanto aconteceu durante meu processo de escrita. Comecei a escrever esta fanfic em 2020, tive percalços durante esse período, mas segui firme e forte.

Se consegui chegar até aqui, concluindo esta história, devo isso a vocês que me acompanharam tanto aqui quanto em outras plataformas. Termino esta fanfic já com saudade, mas também com gratidão. Se não fossem vocês, talvez não tivesse o incentivo que fizesse a diferença para que eu nem pensasse em desistir.

Se eu penso em fazer outra fanfic da saga "Paradoxo Temporal"? Não descarto essa possibilidade, hein? Pode ser que eu faça, só que mais para a frente.

Mais uma vez, agradeço a todos por me apoiarem a cada capítulo! Muito obrigada a todos e vejo vocês nas minhas outras histórias!



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