Paradoxo Temporal 2: O Projeto K1 escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 18
A tempestade se intensifica




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Taichirou caiu pesadamente no chão enlameado, enquanto a mancha vermelha aumentava ao redor das marcas dos tiros recebidos. Os olhos arregalados de Ginmaru procuraram o autor daqueles tiros e encontraram uma mulher loira, olhos azuis, blusa cropped rosa com detalhes pretos, calças pretas e botas. Segurava em cada mão um revólver e o da mão direita ainda soltava uma fumacinha do cano, indicando que acabara de disparar.

― Vê se não acostuma, moleque! – ela disse ao jovem albino, que se levantava.

Ginmaru pegou a katana e se levantou, vendo que a tal loira estava acompanhada por mais duas pessoas. Reconhecera o trio da Batalha do Terminal meses atrás. Eram velhos conhecidos de seu pai, mais precisamente, seus desafetos. Apesar disso, Takasugi Shinsuke, Kawakami Bansai e Kijima Matako chegavam acompanhados do restante do Kiheitai e atacavam os inimigos restantes, ajudando o grupo de Kabuki.

À sua frente, viu Taichirou caído no chão e tomou-lhe o pulso. Ao constatar que não havia mais pulsação, ergueu-se e seus olhos encontraram os olhos de seu pai. E os olhos rubros dos dois Sakatas encararam os olhos azuis de Hijikata, como se dissessem “sinto muito”, sem palavras. Por seu turno, o Vice-Comandante do Shinsengumi parecia conformado; deu de ombros, um gesto que estava longe de soar desdenhoso. Estava em um campo de batalha. Não havia tempo de lamentar os mortos, e nem se quisesse conseguiria lamentar um filho que mal conhecera. A morte era uma realidade, e lamentava apenas que ele estivesse do lado errado da história.

Vendo que o líder fora abatido, os remanescentes da Quinta Divisão do Mimawarigumi recuaram. Tentaram fugir, mas o Kiheitai foi capaz de eliminá-los sem piedade. Ensopados da forte chuva, parte dos combatentes de Kabuki começou a comemorar a aparente vitória que tiveram, mas quem estava na linha de frente não se deixava contagiar.

Aquele barulho incomodava o Trio Yorozuya, levando Gintoki a se lembrar da conversa que tivera com Taichirou dias antes e avisar:

― Ainda não acabou.

A frase saíra meio abafada pelas comemorações, mas logo o Gintoki mais velho berrou:

― VOCÊS NÃO ACHAM QUE FOI FÁCIL DEMAIS? PAREM DE COMEMORAR, NÃO ACABOU!

 

*

 

Apesar de Terakado Tsuu ter se retirado do cenário musical anos atrás, suas músicas ainda faziam relativo sucesso até entre fãs mais jovens, o que se mostrava verdadeiro enquanto Ichiko cantava a plenos pulmões mais um hit. Não só cantava, como fazia a coreografia que aprendera de seu tio Shinpachi, dos tempos que liderava o fã-clube.

Sim – Hijikata pensava consigo mesmo – haviam criado um monstrinho.

Yamazaki ouviu alguma coisa, alertando discretamente Hijikata e Okita. Ambos entenderam o sinal do espião, o Vice-Comandante vindo do passado levou a mão à katana embainhada enquanto o Capitão da Primeira Divisão se posicionava para usar a bazuca. Embora ele fosse considerado o melhor espadachim do Shinsengumi, preferia explodir os inimigos para que não se aproximassem principalmente da garota.

Foi quando ouviram uma saraivada de tiros, como se viessem de uma metralhadora. Do lado de fora, ecoava o caos de uma invasão em andamento. Pelo jeito, realmente aconteceria o que parecia anunciado nas entrelinhas da investigação de Yamazaki em seu período infiltrado no lado inimigo: uma invasão ao Shinsengumi ao mesmo tempo em que ocorria o ataque ao Distrito Kabuki, ordenado pela Junta.

― Yamazaki-san, Hijikata-san – Okita disse com sua voz monocórdica de costume, embora seus olhos e ouvidos estivessem focados no que ocorria do lado de fora. – A meu sinal, levem a garota daqui. Vou tentar detê-los.

― Tem certeza, Sougo? – Toushirou questionou.

― Shimura-san mandou que protegêssemos a garota, mas também que você não morresse, por ser afetado pelo paradoxo temporal. Yamazaki-san vai precisar de ajuda e não é legal que você morra e cause a morte de sua versão daqui. – ele sorriu com um humor levemente sádico. – A única pessoa que pode matá-lo sou eu... Hijikata-san.

O moreno sorriu enquanto acendia um cigarro e desembainhava a Muramasha.

― Se quiser me matar, Sougo, vê se não morre.

Ele saiu correndo atrás de Yamazaki, que conduzia Ichiko pelo braço para percorrer a rota de fuga previamente planejada. As informações complementares ao relatório foram recebidas dois dias antes, o que possibilitou a montagem de um plano extra. Ouviram a porta sendo arrombada e, em resposta, um disparo de bazuca que causou uma explosão. O trio correu até algumas moitas situadas nos fundos do terreno do Quartel-General do Shinsengumi, sendo que após elas havia algumas árvores de um pequeno bosque.

Os dois homens e a menina, que já entendera a situação em que se encontrava, tentaram seguir silenciosamente a rota de fuga. Num breve relance, os olhos azuis do Vice-Comandante vislumbraram ao longe que os invasores possuíam fardas amarelas e, com eles, havia dois indivíduos portando guarda-chuvas.

Tal como a pirralha desaforada que andava com o Yorozuya.

Odiava ter que fugir de uma batalha, embora fosse algo necessário não só para proteção da filha de Kondo-san, mas também para sua própria proteção. O moleque de óculos também lhe explanara a respeito dos efeitos do paradoxo temporal que afetava também a ele e ao Yorozuya. O garoto Shimura lhe contara que o albino tivera uma luta perigosa com sua contraparte do futuro, na qual ficou gravemente ferido e isso afetou tanto o Yorozuya mais velho quanto o filho – basicamente, aqueles que carregavam seu DNA. E isso também afetaria o Hijikata mais velho, bem como Taichirou.

Sem contar que, uma vez que morresse, de fato sua existência seria eliminada de ambas as linhas de tempo e era óbvio que não queria que isso acontecesse.

Os três avançaram mais alguns metros, mas foram surpreendidos por inimigos de fardas amarelas que estavam escondidos nas moitas e nas árvores. Yamazaki sacou a katana, enquanto se postava bem próximo a Ichiko a fim de protegê-la. Os dois homens fardados abateram os inimigos sem muita dificuldade, embora não conseguissem evitar que a garota ficasse assustada com aquelas cenas.

Porém, uma saraivada de tiros de metralhadora fez com que os três fossem obrigados a fugir, pois vinham de um daqueles indivíduos usando guarda-chuva. Era inegável que tinha as características de um membro do clã Yato, pois não só carregava um guarda-chuva, como possuía uma pele pálida e um sorriso perturbador no rosto com feições retorcidas, como se estivesse possuído por uma espécie de loucura.

Isso era muito ruim.

― Yamazaki – Hijikata jogou o cigarro molhado e apagado no chão e o pisou decidido. – Siga o plano, vou distrair esse cara.

― Vice-Comandante, eu não posso fazer isso! – o espião contestou. – O Comandante ordenou que eu o protegesse também!

O Yato, de cabelo moicano castanho e aproximadamente um metro e oitenta de altura, foi ao ataque balançando seu guarda-chuva em meio à tempestade que aumentava de intensidade. Uma lufada de vento gerada por aquele movimento fez com que Toushirou se posicionasse defensivamente e ordenasse:

― FAÇA O QUE MANDO, YAMAZAKI, OU EU MESMO O OBRIGAREI A FAZER SEPPUKU!

Não foi preciso que Hijikata gritasse pela segunda vez, pois Sagaru agarrou firmemente a mão de Ichiko e continuou correndo, seguindo a rota de fuga planejada. Enquanto isso, o Vice-Comandante Demoníaco do Shinsengumi partia para o contra-ataque, buscando ganhar tempo para que o espião e a garota se afastassem com segurança.

Era uma luta arriscada, ele sabia. Mas faria de tudo para sobreviver e não comprometer as existências de sua contraparte mais velha e de Taichirou.

Além disso, queria voltar para o Shinsengumi de sua linha temporal, que era o seu lar.

 

*

 

A chuva caía cada vez mais forte, de tal modo que todos estavam ensopados e com a visibilidade um pouco prejudicada. Mas foi possível vislumbrar vultos se aproximando, sendo possível perceber que usavam guarda-chuvas abertos, tal como Kagura fazia, abrigando a si mesma e tentando abrigar seus companheiros de viagem temporal. De fato, não havia nada a ser comemorado após aquela vitória inicial.

― Gin-chan, Shinpachi – a garota murmurou. – Eles estão vindo.

― Agora a batalha começa de verdade. – Gintoki disse enquanto segurava com força sua bokutou. – Espero que estejam preparados.

― Estamos, sim, Gin-san – Shinpachi também segurava com força sua bokutou. – Vamos lutar juntos!

O Trio Yorozuya continuava na linha de frente, que se encarregaria de repelir os novos inimigos. Desta vez, eram cinco Yatos. Se já fora difícil derrotar um naquele ataque anterior, cinco seriam um desafio. Tanto o Gintoki do passado quanto o do futuro sabiam como era difícil enfrentar um. Ambos se lembravam da grande dificuldade da luta contra Housen. Se não houvesse apoio de Tsukuyo e da Hyakka, além da engenhosidade de Hinowa e o suporte de Shinpachi, Kagura e Seita, a derrota do autoproclamado Rei da Noite de Yoshiwara não seria possível. E o mais velho sabia que só conseguira matar Kamui anos atrás e aquele Yato que atingira Ginmaru em um momento de fúria enquanto o adversário estava de guarda baixa.

A tensão tomava conta de todos à medida que os novos inimigos se aproximavam. Mesmo assim, ninguém recuava em meio à tempestade que se intensificava.

A batalha pelo Distrito Kabuki ainda estava longe de terminar.


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