Como Carly suspeitava, no dia seguinte Sam simplesmente sumiu de sua casa e não precisava ser nenhum gênio para adivinhar que era para fugir da conversa com Freddie. Não ia ser tão fácil assim. 

Suspirou e se arrumou, descendo para tomar café. Não muito tempo depois Gibby passou por sua porta com um olhar preocupado.

— A Sam tá aqui?

— Não, ela saiu para não encontrar com o Freddie — Carly suspirou mais uma vez —Tá impossível lidar com ela no momento.

— Hã, eu que o diga! Ela anda dez vezes mais agressiva do que quando namoravam — revelou com frustração — Eu ando fugindo dela por isso, sabe eu aguento muita coisa, mas a Sam tá passando dos limites, Carly. Passando. Dos. Limites — disse pausadamente a última parte. 

— Tá legal, relaxa — Carly puxou Gibby para se sentar no sofá — Quer uma pêra?

— Por que eu ia querer uma pêra? — a voz saiu indignada — Me dá uma laranja... E uma caneta.

Carly buscou os itens e os entregou, vendo o rapaz desenhar rosto nas frutas, Gibby fazia isto para se acalmar. 

Spencer entrou só de cueca samba canção na sala, uma de patinhos. 

— Bom dia, Carly. Gibby…

— Bela cueca — debochou Carly.

— Ei! Não se atreva a falar dos meus patinhos! — ele foi até a geladeira — Ah não! Alguém acabou com a torta — em meio segundo depois começou a gritar — Sam!

— Ela já foi. Fugindo do Freddie, como sempre.

Spencer fez um bico com os lábios por não ter mais torta e decidiu ir tomar um banho para se acalmar. Ele gostava de Sam, mas ela passava do limite as vezes. Pensava se ter dado toda aquela liberdade para os amigos de Carly era uma coisa boa. Quer dizer, nem dez horas da manhã e Gibby já está em seu sofá desenhando em uma laranja. 

— Vou comprar mais torta! — gritou Carly para que seu irmão ouvisse antes de ir até a cozinha pegar um dinheiro dentro do pote, por pura preguiça de subir e pegar sua carteira e seguiu rumo a porta de casa — Vem Gibby!

O garoto deixou as coisas que segurava na mesinha de centro e seguiu Carly até a loja de tortas favoritas do Spencer, ao menos alguém precisava se acalmar naquele dia.

Quando finalmente deixaram o andar foi que Carly se virou para Gibby para contar seus planos, já que ele estava tão frustrado quanto ela mesma, mesmo que por razões absurdamente diferentes, ele poderia ajudar a executar. 

— Precisamos fazer Sam e Freddie conversarem.

Gibby olhou para Carly e começou a gargalhar, a barriga chegando a doer. 

— E como pretende fazer isso? Trancando os dois em uma sala — disse em meio a risada.

— Hã, é! E você vai me ajudar.

A risada morreu. Gibby olhou sério para Carly e pensou seriamente em sair correndo, mas conhecendo seu amigo, a morena imediatamente segurou o braço de Gibby o impedindo de fugir.

— Você ficou completamente maluca. A Sam vai me matar! 

— Não vai, eu cuido da Sam — explicou — E você do Freddie. 

Gibby parou para analisar, é lidar com Freddie não era um problema, não havia nenhum risco de morte por meia de manteiga. 

— Você jura que Sam não vai saber do meu envolvimento nisso? — a voz saia temerosa, ele era muito jovem e bonito para morrer.

— Não vai. E mesmo que soubesse, eu lido com Sam há anos, deixa comigo.

— Tenho certeza que ela não te mataria.

Ambos finalmente chegaram à loja. Carly pediu dois pedaços de torta de coco para agora e uma completa para a viagem, pagou adiantado. Logo o funcionário lhes servia as fatias na mesa. 

— Mas vai, conta ai seu plano — Gibby deu uma garfada em seu pedaço se deliciando com o gosto — Afinal o que eu vou dizer para o Freddie.

— Bom, eu tive uma ideia que pode dar certo — Carly fez uma pausa breve para comer um pedaço — Bom, com a briga muda entre os dois, depois de uma conversa que tive com Freddie ele deu a ideia de Brad assumir a parte técnica do ICarly, ao menos por um tempo, para que ele e Sam pudessem se recuperar melhor.

— É o Freddie tá mal mesmo, ele tem faltado algumas aulas inclusive — Gibby deu um suspiro triste e comeu mais um pedaço — Se continuar assim, a escola vai avisar a mãe dele e ele vai se encrencar.

— Por isso que temos que resolver essa situação, Gibby — Carly implorou — Mas como eu ia dizendo, eu posso me aproveitar da situação e pedir a você para avisar a Freddie que o Brad queria uma monitoria de reforço antes de assumir sozinho o ICarly, óbvio que o Freddie vai entender e nem suspeitar — Ela comeu mais um pedaço e depois apontou o garfo para o Gibby — Isso se você fizer sua parte direito.

Gibby rolou os olhos em deboche e apontou os dois dedões do mão para o próprio peito.

— Hã Gibbay! 

Carly riu por um breve momento. Gibby já havia resolvido vários problemas entre eles e sempre se saiu muito bem, então não tinha com o que se preocupar. 

— Quanto a minha parte, eu vou ligar para Sam pedindo para ela vir passar comigo e o Brad movimentos de câmera e os efeitos especiais do ICarly, para que dê tudo certo — Carly ficou nervosa por um momento e finalizou a torta — Espero que ela acredite.

— Desde que você garanta que o Freddie vai estar lá… Mas o caso dela, e se ao invés de você o Brad falasse com ela?

Era um boa ideia, mas será que o Brad ia conseguir mentir para Sam? Talvez, se fosse para o bem do ICarly. 

— Você faz o seguinte, chama o Brad para sua casa e pede para ele ligar para Sam de lá, assim quando ela chegar ela vai ver ele e nem vai desconfiar.

— Boa Gibby! 

Gibby finalizou a própria fatia e Carly pegou sua encomenda para viagem. Ambos começaram a voltar para o prédio da garota.

— Mas como vamos prender os dois no estúdio? — Gibby perguntou.

— Bom, a Sam tem que subir primeiro — Carly analisou — Depois eu posso subir com Freddie pelo elevador e jogar ele lá dentro e descer. Aí a gente desliga o elevador e garante que a porta esteja trancada antes disso.

— Boa Carly. 

Ambos continuaram conversando sobre o problema “seddie” até voltar para a casa da morena. Onde Spencer lhes recebeu já de banho tomado e devidamente vestido. Ao ver a torta seus olhos brilharam, ele abraçou Carly agradecendo e foi comer sua torta. Quase chorando.

Ela definitivamente vivia com loucos.

Ouviu alguém bater na porta estranhou, geralmente pessoal só ia entrando. Abriu a porta e deu de cara com Freddie. As olheiras em seus olhos indicavam que ele não tinha dormido bem, mas fora isso, tudo parecia normal.

— A Sam está aí? 

— Não, mas pelo visto tá todo mundo fugindo dela hoje — Carly deu espaço para Freddie entrar e assim ele o fez — Sam está se escondendo de mim.

Freddie quis perguntar por quê, mas tinha uma ideia do motivo. Resolveu só ir direto ao ponto de ter ido até ali.

— Você… Falou com ela sobre o que conversamos? — ele coçou a nuca nervoso.

— Falei que você queria se afastar em vez de afastar ela — Carly explicou e soltou um longo suspiro, mirou Freddie com os olhos igualmente cansados, também não tinha dormido direito graças a longa conversa de madrugada — Ela te chamou de idiota, mas que opções nós temos, né?

Freddie deu um sorriso lateral imaginando Sam o chamando de idiota, bom, ela era tanto quanto ele. Que fique claro. 

— Bom, então é isso — Freddie disse por fim — Tenho certeza que o Brad vai mandar muito bem. 

Carly trocou um rápido olhar com Gibby antes de responder.

— Freddie, você também está faltando na escola — Carly disse com pesar — Isso também não pode continuar.

— Eu sei — a voz saiu baixa.

— Daqui a pouco o diretor Franklin manda chamar sua mãe — declarou — Me promete que não vai mais faltar.

— Ok, eu prometo — deu um longo suspirar cansado.

Freddie ainda passou mais um tempo por ali, assim como Gibby. Os três conversaram sobre qualquer coisa que não tivesse haver com escola, ICarly ou a Sam, mas Freddie teve que ir e Gibby também não se demorou, mas antes Carly explicou que fariam o que combinaram na quarta, um dia antes da gravação do ICarly. 

Spencer via a preocupação da irmã e se sentou ao lado dela no sofá, a abraçando. 

— Vai ficar tudo bem, eles vão se resolver, mas se você continuar com essa cara, acho que o monstro das cócegas vai ter que fazer uma visita — Spencer disse já fazendo um pouco de cócegas em Carly, a mesma dando risada na mesma hora.

— Para Spencer — Carly afastou o irmão ainda rindo — Obrigada.

— Não por isso — ele se levantou — Eu vou ter que continuar com a escultura do E.T de latas de ervilha, quer me ajudar.

Carly deu de ombros e foi ajudar o irmão, o melhor era se distrair por enquanto. 

Os dias até quarta foram se arrastando, como prometido Freddie não faltou mais ao colégio, mas sentava distante dela e, claro, de Sam. E por falar em Sam, a mesma tentou fugir várias vezes de Carly no colégio, mas não conseguiu. Sam tentou fugir pelo seu “lugar secreto” o muro atrás da arquibancada na quadra Carly conseguiu convencê-la que ela não insistiria mais no que conversaram.

Em segredo, ela e Gibby conversaram com Brad. 

— Ai galera, não sei —  Brad coçou a nuca — Eu fico meio mal e mentir para Sam e para o Freddie.

—  Brad, pensa que é por algo maior —  Carly insistiu — Eles dois se gostam, a gente tá…

— Dando um empurrãozinho —  completou Gibby 

— Vocês não acham que isso é um assunto deles e que eles deveriam resolver entre si. Galera, a gente nem devia estar se metendo isso.

— Brad, escuta —  Carly pegou na mão do garoto — Eles vão resolver entre eles, só o que nós vamos fazer é forçar um pouquinho os dois a ter essa conversa. 

—  Ainda assim…

—  Olha, eu conheço a Sam e conheço o Freddie, ambos estão tristes e são orgulhosos demais para conversar e resolver o problema, cara, a Sam foi capaz e se internar pois não queria admitir nem para si mesma que gostava do Freddie, e no final os dois acabaram namorando, quando foram forçados a se encarar —  Carly encarou Brad desesperada — Esses dois são como duas crianças, esconderam o próprio sentimento por muito tempo, o primeiro beijo, o fato de se gostarem, e depois de finalmente terem a chance de ficar juntos a desperdiçaram por bobeiras, intrigas bestas. Temos que ajuda-los a ficar juntos.

—  Pense nas pobres pessoas que a Sam está machucando — Gibby fez uma expressão chorosa.

—  Gibby! —  bronqueou Carly.

—  Ok —  Brad suspirou —  Eu ajudo.

Carly e Gibby comemoraram. Carly subiu até seu quarto e voltou com cartazes que ela havia feito mais cedo.

—  Olha, você vai ligar para Sam e falar o que está nesses cartazes, só tem que parecer natural —  explicou a morena já com o primeiro cartaz em mãos.

Brad franziu a testa, mas deu de ombros, fazia tempo que trabalhava com o ICarly, já estava se acostumando com as ideias malucas daquele pessoal. Pegou o celular no bolso da calça e ligou para o contato de Sam. Ela atendeu só no quinto toque.

—  Que é? — a voz dela soou irritada.

— O-oi Sam, aqui é o Brad —  ele leu a primeira frase.

—  Eu sei que é você, meu celular tem identificador de chamadas, o que tu quer? Fala logo que minha mãe tá me enchendo o saco para raspar as axilas dela — a voz em seguida pareceu afastada do telefone, mesmo que Sam estivesse gritando —  Eu já falei que é para deixar o produto agir, mãe! Deixa coçar! — a voz voltou — Fala logo Brad!

— É, então como eu vou assumir o ICarly essa semana, por causa do…

— Tá, já sei....Hã? — interrompeu a loira impaciente.

— Queria testar os efeitos especiais, aqueles novos.

— Brad, o Benson não já te explicou tudo isso?

— Explicar —  olhou desesperado para Carly que procurou a placa que combinava com a resposta de Sam — Bem, ele explicou sim, mas estou nervoso de assumir sozinho, e tem o enquadramento da câmera também. Por isso queria testar hoje, para dar tempo de corrigir qualquer coisa. Você sabe, o ICarly é ao vivo…

— Tá — Sam deu um suspiro cansado —  E o nerd ai tá lá?

— Se o Freddie vai tá lá? — Novamente Carly ergueu outra placa.

— Não, o Jimmy Neutron… É claro que é o Freddie!

— Não! Vai ser só eu, você e Carly. 

— Ok, chego em uma hora.

— Valeu Sa...

A mesma desligou antes que ele pudesse agradecer direito.

— Ela vai estar aqui em uma hora — anunciou aos amigos.

— Ótimo, temos tempo — Carly disse e começou a se agitar — Vou fazer biscoitos com gotas e chocolate. Gibby vai lá em cima e tranca a porta principal o estúdio, a chave tá aí na mesinha e centro —  apontou.

—  Deixa comigo —  Gibby pegou o molho e chaves, presa em um chaveiro especial que Spencer tinha feito com o nome dela, e rumou escada acima.

—  Verifica se trancou direito — gritou antes que Gibby subisse de fato.

Brad resolveu ir ajudar, afinal amava fazer doces para as pessoas, ainda mais agora que se sentia culpado em mentir para Sam. Ele mais fez o preparo da massa sozinho, enquanto Carly se ocupava com as formas e as gotas e chocolate. Gibby se ocupou em ver TV, enquanto a loira não dava as caras.

— Que tipo de desenho a gente faz para os biscoitos? —  Brad perguntou

— A gente podia fazer uns em formato de bigode, biscoito mustache!

Brad riu e concordou, com certeza a Sam ia adorar o formato dos biscoitos. Com a massa cortada e no forno, Carly aproveitou enquanto fazia o merengue para dizer a Brad que quando Sam chegasse ele inventasse que teria que ir no banheiro para Sam subir com ela primeiro. E que Gibby já esperasse escondido no corredor e ficar atento ao sinal por mensagem que Carly mandaria quando a barra tivesse limpa para chamar o Freddie.

Com os biscoitos devidamente assados, Carly colocou na geladeira antes de pôr o merengue neles. Foi quando tava cobrindo eles que Sam passou pela porta.

— E aí Carlota! — cumprimentou com o olhar direto nos biscoitos — Hm, a mamãe gosta — disse já quase pegando um, quando sua mão foi estapeada por Carly.

— São para um quadro que quero testar hoje — declarou pegando um e colocando contra a boca, revelando um bigode de biscoito — Hola, señorita — piscou um olho para Sam.

— Pô, me dá só um Carly, sou sua amiga! — insistiu.

Carly eu um a ela, afinal era tudo mentira, os biscoitos eram para distrair Sam a verdade, sabia que se amiga ficasse na tentação e pegar os biscoitos nem ia desconfiar o plano de Carly ou de alguma mentira contada.

— E ai, Brad — cumprimentou de boca cheia, devorando o biscoito. 

— Sam, valeu por ter vindo —  disse nervoso coçando a nuca.

— Tranquilo, mas e ai, bora? —  olhou para Carly, que finaliza com os biscoitos —  Pode deixar que eu levo lá para cima.

— Ata, daí você acaba com tudo antes a gente chegar no estúdio, eu mesma levo —  pegou a bandeja e chamou o elevador.

 — Vão na frente, ou rapidinho no banheiro e já vou — anunciou o garoto já indo em direção ao recinto.

Carly e Sam subiram de elevador para o terceiro andar, assim que adentraram o estúdio Carly colou os biscoitos em cima a mesa e eu um sorriso rápido, antes de se virar para Sam com uma expressão inconformada, bateu a mão na própria testa.

— Esqueci uma coisa para o quadro — se dirigiu até o elevador — Vou lá embaixo buscar, não toca nos biscoitos.

A porta do elevador fechou e mandou a mensagem para Gibby. Agora era com ele para convencer Freddie.