Não quero perder você escrita por LarissaMaiag


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal! Tudo bem?

Já escrevi algumas fanfics por aqui, com outros pseudônimos, mas essa é minha primeira ElsAnna!
Espero que gostem, de coração!

xoxo



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Há um ano Elsa acordava de sobressalto, com o coração inquieto e totalmente disparado. Pesadelos se tornaram frequentes desde a resolução do conflito com Hans e a aceitação de seu povo sobre seus poderes. Após liberar Arendelle de um inverno caótico, Elsa retornara como rainha e ocupara o posto para cuidar de todos. Há um ano que os portões estavam abertos e tudo estava “bem”.

Sabia disfarçar. Perante os moradores da vila e os funcionários do castelo, estava sempre sorridente, sempre muito atenciosa e cuidadosa com todos. Não haveria motivos para o contrário. Após tantos anos com ela e Anna afastada de todos, precisava aproveitar para quitar o débito que tinha com seu reino.

 

Ah, Anna...

 

Pensou na irmã. A jovem princesa era o motivo de seus pesadelos constantes. Seu cérebro insistia em criar imagens contínuas de Anna morta congelada e suas mãos cobertas de sangue. Achava completamente injusto tudo aquilo. Os Deuses eram prova de sua dor ao ver Anna como uma escultura de gelo, totalmente inerte, e desejou mais que tudo que aquilo não tivesse acontecido e ela voltasse. Daria a própria vida por ela, se possível. E o alívio tomou conta de seu coração ao vê-la viva, quente e sorrindo. Meus Deus, eu quase a matei e ela estava sorrindo, pensou Elsa. Porque foi o amor da jovem ruiva por sua irmã que havia quebrado o feitiço e aquecido seu coração.

Um soluço lhe escapou da garganta, talvez forte demais. Sentou-se na enorme cama e abraçou os joelhos. A noite ainda se fazia presente e seu quarto era apenas iluminado pela luz da lua. Temia que, a qualquer momento, seus poderes lhe enganassem e tudo aquilo aconteceria de novo. Mais um inverno tenebroso e sua irmã congelada.

 

“Você se sacrificou por mim?”, Elsa relembrou. “Eu te amo”, as três palavras saíram da boca de Anna, enquanto ela sorria e buscava as mãos de sua irmã mais velha, num aperto carinhoso.

 

Fechou os olhos. Seu corpo poderia se manter sempre em uma temperatura mais abaixo que o normal, por conta de seus poderes, mas este sempre se aquecia ao pensar em Anna. A visão sorridente de sua princesa, com aquelas sardas encantadoras, sempre lhe aquecia o mundo. Queria poder mantê-la sempre por perto. Moraria em seu abraço caloroso, afinal, em um pensamento um tanto quanto incomum, sentia que era Anna a causa do controle de seus poderes. Mas também poderia ser a causa de um possível descontrole, se ocorresse.

Sentiu seu coração dar uma trégua na força dos batimentos contra suas costelas. Os pesadelos pareciam tão reais que ela sentia uma produção de adrenalina quase absurda, o que sempre lhe fazia acordar de imediato. Se perguntava se gritava em todas as vezes. Ou, talvez, em tamanha angústia, sua voz simplesmente não encontrava o caminho para o externo de seu corpo. Deitou-se novamente, e sua mente divagou. Não percebeu que alguém se encontrava atrás da porta. A jovem princesa estava encostada na porta e estava preocupada. Ouvira o desespero de sua irmã em forma de grito e correra até o quarto. Mas nunca conseguia ultrapassar a barreira que esta havia levantado. Decidiu que conversaria com ela, definitivamente, ao amanhecer.

 

**

 

Após o sol aportar no horizonte, para iniciar um novo dia, a rainha já estava de pé. Tomou um breve banho, para afastar o cansaço que se acumulava, e seguiu pelos corredores. Seus pés seguiam a passos lentos, como quem aproveita o trajeto. Observava as esculturas nas paredes, os candelabros que se acendiam ao anoitecer. Ao olhar pela janela, o céu de um azul claro denunciava um dia ensolarado. Pensou em andar pelos jardins, não estava com fome no momento. Era muito cedo para seus funcionários iniciarem os trabalhos pelo castelo, portanto, não encontrou ninguém no caminho.

Muito verde se estendia, a grama cuidadosamente cortada estava levemente molhada pelo orvalho da manhã. As copas das árvores balançavam suavemente com o caminho que o vento realizava. Era simplesmente lindo. Sentou-se em um banco de madeira bem trabalhado, e aproveitaria aquilo para repor suas energias. Respirou fundo e fechou os olhos. Se perguntou se a princesa estava dormindo confortável.

Estava tão introspectiva, naquele momento, que não percebeu que estava sendo observada. Anna estava a alguns passos atrás da rainha, que decidia quando iria se aproximar. A jovem princesa admirava a beleza da irmã sob o sol da manhã. Os cabelos loiros, quase brancos, refletiam a luz do astro-rei e dava um brilho diferente para ela. O vento balançava alguns fios rebeldes e a ruiva suspirou. Deus, como ela é linda, pensou. Elsa estava tão distraída quando Anna decidiu dar alguns passos e se aproximar. Uma pequena mão pousou no ombro de Elsa e ela voltou à Terra mais rápido do que gostaria.

 

“Elsa...”, a princesa a chamou, em um sussurro.

 

“Anna...”, respondeu, buscando fitar aqueles olhos verdes tão profundos de sua irmã mais nova. Possuíam a mesma tranquilidade que o jardim que admirava. “Bom dia. Acordou cedo hoje”.

 

“Perdi o sono...”, resmungou, fazendo a rainha franzir o cenho.

 

“Está tudo bem, Anna?”

 

Elsa percebeu que Anna queria conversar. Seu semblante estava tenso, algo que não combinava com a princesa. Esta sempre fora o oposto de sua irmã mais velha. Enquanto Elsa era o inverno, Anna se assemelhava ao verão, com os cabelos ruivos e as sardas saltitantes. Se pudesse lhe comparar a uma flor, a princesa seria um girassol, sempre em busca do sol. Mas, naquele momento, a rainha percebeu que ela se sentia exatamente o contrário. Estava preocupada.

 

“Algo te aflige, minha irmã. Eu sinto”, a princesa revelou, sentando-se ao lado da rainha e encarando o mar azul que era os olhos de Elsa.

 

“Porque está dizendo isso?”, Elsa perguntou.

 

“Sou sua irmã, devo ter algum poder de irmã pra sentir o que você sente”, Anna falou, fazendo a rainha rir.

 

“Não somos gêmeas, Anna”.

 

“Estou preocupada com você, Elsa. Vejo dor e incomodo nos seus olhos. Você pode disfarçar para todos, mas não pode mentir para mim”.

 

Elsa sorriu. A sensibilidade que sua irmã apresentava para consigo ainda a impressionava. Possuíam uma sintonia tão sólida que talvez Anna fosse a única pessoa a perceber o quão perturbado estava o coração da rainha de Arendelle. Segurou a mão salpicada de pintas da ruiva e a levou aos lábios, com um leve beijo entre os nós dos dedos de Anna, gesto este que fez a jovem princesa ruborizar, o que passou totalmente despercebido pela rainha. Em seguida, fechou os olhos e suspirou. Não preocuparia Anna com seus sonhos obscuros, afinal, eram apenas sonhos.

 

“Ser rainha é um bocado de trabalho, Anna. Às vezes são divertidos e prazerosos. Às vezes, cansativos. Não se preocupe, estou bem”.

 

“Você é tão perfeita em gerar vida de gelo usando seus poderes, mas não tem o mesmo talento para mentir, Elsa”, disse Anna séria, fazendo a rainha rir e admirar o quão fofa sua irmã era de cara amarrada.

 

“Você realmente me conhece, não é? Só você...” a rainha sussurrou, se encantando com o vislumbre que era poder observar sua irmã lhe desvendando em plena manhã de primavera.

 

“Então, você vai me contar?” perguntou a princesa, inclinando a cabeça levemente para o lado e mantendo um olhar de curiosidade.

 

A rainha a fitou por um momento. Alguns segundos em silêncio que pareceram durar tão pouco em sua cabeça. Era isso que queria e almejava. Mais tempo com sua irmã sem a presença dos pesadelos lhe tirando o sono a noite.

 

“Me acompanha no desjejum, sim? Prometo que vou lhe contar” sorriu, para acalmar o coração de Anna.

 

**

 

A manhã naquele dia foi de muito trabalho para a rainha, que sequer pode terminar seu café da manhã sem ser informada que deveria participar de uma reunião naquele momento, com alguns parceiros comerciais. A princesa precisou comer sozinha enquanto mantinha seu olhar nas enormes janelas do salão de jantar. Sentia a irmã distante na maior parte do tempo, como se matutasse algo incômodo. Ela parecia viver um conflito interno o tempo todo e aquilo entristecia Anna. Queria ver a irmã feliz agora que tudo estava bem, os portões estavam abertos, o verão logo chegaria, o sol brilhava sobre uma Arendelle próspera. E o principal: estavam juntas.

Em meio a tantos pensamentos, seus olhos desceram para a mão que Elsa havia segurado e beijado horas atrás. Tal lembrança fez o rosto de Anna esquentar e seu coração apresentar uma batida irregular. O prato permaneceu intocado e já não tinha mais atenção da princesa, que divagou sobre a breve manhã que teve com a irmã.

Nas duas últimas semanas havia mudado seu quarto para um próximo ao da rainha, para retomar a aproximação com sua irmã. No último ano Elsa estava tão ocupada com todas as obrigações do reino, para retornar Arendelle aos eixos, que mal tinham tempo para conversar. Resolveu dar tempo à irmã, afinal, não teriam pressa para se aproximar. Mas nos últimos três dias acordou todas as noites no meio da madrugada com um grito de desespero de sua irmã. Queria muito entender o que estava acontecendo, mas nunca conseguia abrir a porta. Havia um bloqueio, por todas as vezes que sua irmã mantinha as portas fechadas para ela. Mas decidiu que naquele dia tudo mudaria. Mostraria para sua irmã que ela estava ali para ela e por ela e que não precisaria ter medo de nada.

Em um grande aposento, do outro lado do castelo, Elsa tentava se manter atenta às pautas recentes de discussão. Sentava-se à ponta da mesa e se via cercada de homens ambiciosos e astutos. Queriam firmar algum acordo de exportação de pesca de Arendelle, visto que é um reino localizado à beira-mar, com um grande fiorde. Havia muitos reinos localizados mais adentro do continente que precisavam da ajuda dela. Mas sua cabeça estava muito longe dali. Se perguntava como conversaria com Anna sobre seus pesadelos e que ela era o motivo de sua falta de sono e descanso. Não poderia manter a princesa longe por tanto tempo.

 

**

 

 

O dia pareceu se arrastar e a rainha não vira a princesa em lugar algum. Alguém, vagamente, havia comentado que a jovem estava na companhia do jovem Kristoff, Sven e Olaf, o boneco de neve que ambas haviam criado. Esta reconheceu que sentiu uma pontada de inveja em seu coração, adoraria passar um dia com sua irmã, para repor todos aqueles anos de distância.

Era noite e a lua já se localizada no centro do céu. Optou por tomar um banho demorado, pediu um chá quente para os funcionários e fez uma nota mental que dormiria cedo. Quando estava quase adentrando ao reino dos sonhos, ouviu a grande porta do seu quarto abrir de forma sorrateira e alguém de pés leves entrou. Soltou um riso, se perguntando se já estava sonhando.

 

“Elsa?”

 

A rainha virou e fitou sua irmã mais nova. Anna estava com uma camisola verde de um comprimento um pouco abaixo do joelho, as mangas até logo abaixo do cotovelo e os cabelos estavam soltos. Como Anna estava em uma posição de frente para a janela, que iluminava muito bem o quarto, Elsa notou que as pupilas dos olhos verdes de Anna estavam dilatadas. Que olhar, pensou. Havia um mistério ali.

 

“Não consegue dormir?”, Elsa perguntou.

 

“Sei que está tendo pesadelos nos últimos dias...”, Anna soltou, de uma única vez, com pesar no olhar. “O que tanto a incomoda, Elsa? Estou preocupada”.

 

 

Não estava preparada para o interrogatório que se iniciou. Pelo visto Anna só sabia de seus pesadelos que ocorreram recentemente. Agora ficou claro que ela gritava ao ser puxada para fora do sonho e, pela expressão de Anna, não deveria ser algo agradável de ouvir. Sua cabeça doía, tamanho cansaço do último ano, e apenas desejava, mais que tudo, uma noite tranquila.

Sentou-se e estendeu a mão para a princesa, que prontamente aceitou. A puxou com carinho, como quem a convida a lhe acompanhar na enorme cama. Elsa se aconchegou no ombro da princesa e deu um suspiro, longo demais. Estava esgotada.

 

“Tenho pesadelos todos os dias, Anna. Todos são sobre perder você”, a rainha liberou, com angústia na voz. “Sei que não faz sentido eu me fechar de novo em uma fortaleza emocional, mas meu medo é que meus poderes se descontrolem. Quase te perdi uma vez. Se isso acontecer de novo, eu morreria. Meu coração não aguentaria”.

 

 

Anna ouviu tudo com atenção e com um aperto no peito. Sua irmã estava enfrentando uma batalha quase que diária dentro da própria cabeça, provavelmente relembrando o dia que ela congelou, após ser atingida pelos poderes de gelo direto no coração. Como Elsa estava com a cabeça repousada levemente no ombro da ruiva, não mantinham contato visual. Em um gesto de carinho, Anna pousou a mão sobre a de Elsa e apertou. A temperatura da pele da rainha não se assemelhava à dela. Era mais como encostar em uma superfície de vidro. Encostou a bochecha no topo da cabeça de sua irmã, sentindo a textura dos macios cabeços loiros e inalando o perfume que lembrava o início do inverno.

 

“Estou aqui, minha Elsa. Eu confio em você. Mais que tudo e mais que em qualquer um. Sei que não fará mal algum para mim. Você sabe que eu te amo e meu amor por você não deixará nada disso acontecer”, sussurrou, com sua mão acariciando de leve os nós dos dedos e a palma da mão de Elsa.

 

 

Em um gesto de resposta, Elsa soltou as mãos de Anna e a abraçou pela cintura, se agarrando à roupa dela como uma pequena criança com medo do escuro. Sentiu uma pequena lágrima descer quente pela bochecha e se perguntou se merecia aquele amor. Anna tinha o calor que ela precisava.

 

“Eu também te amo...”, Elsa liberou, entre um soluço, e a princesa a abraçou com força. “Dorme comigo hoje?”

 

“É claro. Não sabe o quanto esperei por isso”, sorriu.

 

 

Anna deitou e Elsa se encolheu em seus braços. Ao fechar os olhos, sentiu os lábios de Anna lhe acariciarem os cabelos e aquilo fez seu coração pular dentro do peito. O calor que a jovem princesa emanava era recebido pelo corpo de Elsa como uma sensação de alívio gostosa e muito bem-vinda depois de encarar uma densa tempestade.

 

“Sabe, Elsa?” Anna começou, baixo o suficiente apenas para sua irmã ouvir. “Eu tenho pesadelos também... Se eu não estivesse naquele momento no fiorde, que Hans tentou te atacar pelas costas, eu...”, sua voz falhou e pareceu um tanto embargada. Elsa percebeu que ela poderia começar a chorar a qualquer momento. “Eu não suportaria te perder também”.

 

 

Quando Elsa levantou o rosto para encarar Anna, a princesa sorria. Apesar de vivenciar em sua cabeça todo o momento que quase culminou na morte de sua irmã, ela estava aliviada. Aliviada por estarem ali, em uma cama quente e macia, numa noite fresca de primavera, juntas. O final fora feliz, afinal.

Aquele sorriso. Poderia ser um tanto egoísmo gerado por sua mente, mas tinha sempre a impressão de que sua irmã tinha um sorriso exclusivo só para ela. Um carinho. Um amor. Só para ela. Se não fossem irmãs, juraria que elas poderiam ter algo a mais. Corou fortemente e se repreendeu por pensar algo assim. Que absurdo seria ter sentimentos românticos por sua irmã, ela pensou. Era uma questão fortemente reprovada e proibida pela maioria das civilizações e não era nada apropriado pensar naquilo.

Ambas não tiveram muito contato com pessoas do gênero oposto no tempo que os portões estiveram fechados. Tanto que, pela falta de experiência e na primeira oportunidade que teve, Anna se deixou enganar pelo príncipe das Ilhas do Sul, achando que aquilo poderia ser amor verdadeiro. Ao se ver enganada, Anna percebeu que deveria conhecer alguém realmente antes de começar a amar. E, no início, via em Kristoff essa oportunidade. O jovem vendedor de gelo havia vivenciado uma aventura com ela para trazer o verão de volta, e estavam começando a se aproximar. Mas Anna não percebeu que estava se afastando dele quando começou a tentar se aproximar de Elsa. Era estranho, mas tinha a sensação de que ambos não poderiam ocupar o mesmo lugar em seu coração. E mais cedo, naquela tarde, havia se encontrado com ele para explicar o que estava acontecendo com seu coração. Detalhes não foram expostos. Anna apenas revelou que não estava pronta e não saberia quando estaria para amar. Seu coração estava confuso.

Apesar de estar há algumas semanas pensando em como terminar com Kristoff, o gesto do beijo de Elsa em seus dedos pareceu ser o gatilho para sua atitude. Floresceu algo dentro da princesa e aquele sentimento não podia ser ignorado. Que ela amava Elsa, não havia como negar. Mas o que era aquela sensação de borboletas na boca do estômago e a quentura que subiu por seu pescoço até suas bochechas quando Elsa fez aquilo? Precisava descobrir.

Anna usou a bochecha e o nariz para acariciar o topo da cabeça de Elsa, como quem trilha um pequeno caminho pelos cabelos loiros. Sua irmã possuía um perfume que a fazia se sentir sempre em casa.  Com um braço a enlaçando pelo ombro, o outro pousou na cintura da rainha e iniciou um trajeto de carinho subindo por seu braço e voltando. A princesa estava de olhos fechados e aquele gesto parecia quase automático. Mas ela percebeu que aquilo havia causado certo arrepio em sua irmã mais velha e, por mais estranho que poderia ser, havia gostado da sensação.

 

“Anna...”, Elsa suspirou pesadamente e pareceu prender o fôlego. Seu corpo respondeu ao toque de sua irmã.

 

 

E essa foi a gota que fez o copo d’água de Anna transbordar. Ouvir sua irmã suspirar seu nome lhe causou sensações tão absurdas e sequer se comparavam ao primeiro beijo que teve com Kristoff. Sentiu um arrepio que subiu de seu ventre até seu coração e o fez acelerar. Suas bochechas esquentaram e ela quis, mais que qualquer coisa, ouvir sua irmã suspirando seu nome outra vez. Sentiu desejo, como quem sente por um amor, um amante, e ali estava o que queria saber. Estava apaixonada por Elsa. Era isso, não era? O amor que Olaf falou uma vez. Que amar alguém é colocar as necessidades da pessoa acima das suas. É querer proteger, mais que tudo. É querer estar presente. Querer ajudar. E doeu ter demorado tanto para perceber isso. Elsa fez florescer o amor que Anna tanto procurava.

A rainha não era boba. Sabia o que estava acontecendo. Ao ver seu corpo reagir a Anna se amaldiçoou ferozmente. Suas células responderam tão rapidamente às carícias da princesa que ela temeu não suportar a ausência delas. Sua cabeça gritava que era errado, mas seu ser queria muito mais. Queria descobrir, explorar, experimentar.

 

“Elsa, olhe para mim”, Anna pediu, num sussurro, no pé do ouvido da rainha.

 

 

Anna não afrouxou o abraço em sua irmã. Quando Elsa o fez, os olhos se encontraram. A mão da princesa, que antes acariciava os braços da rainha, agora repousavam na bochecha de Elsa. Com a ponta dos dedos e com seus olhos acompanhando o toque, Anna procurava sentir a textura da pele de sua irmã. Foi um gesto de muito carinho e ternura. Os dedos acariciaram o nariz, a maçã do rosto, o queixo. Até que, com o polegar, Anna passou por todo lábio inferior de Elsa.

 

“Não sei se vou suportar esperar até amanhã ou uma próxima oportunidade, Elsa”, a princesa falou, com a voz baixa e rouca.

 

“Anna...”, a rainha balbuciou. Sabia onde tudo aquilo iria chegar.

 

Elsa queria poder falar, se expressar. Mas tinha medo de estragar tudo. Algo, no atual momento, parecia ser muito decisivo. Um passo em direção ao desconhecido e a vida de ambas nunca mais seria a mesma. Poderia fugir. Ou se entregar.

 

“Eu amo quando você fala meu nome assim...”, Anna disse e sorriu, sem desviar os olhos dos lábios de Elsa.

 

 

O primeiro passo, para surpresa e deleite da princesa, foi dado pela rainha. Elsa suspendeu um pouco seu corpo de encontro ao de Anna, apenas o suficiente para que seus lábios se encontrassem. Anna apertou um pouco o ombro da irmã, que abraçava. E Elsa se agarrou à camisola da ruiva.

Ambas não sabiam muito o que fazer. O primeiro beijo foi um singelo selinho e, ao se separarem, sentiam que a temperatura estava muitos graus acima do esperado. Os corpos febris em contato, o olhar que se encontra que diz tanto sem necessitar de palavras. Até que Elsa arregalou os olhos e expressou culpa e surpresa através deles.

 

“Meu Deus, Anna! Me desculpe” Elsa se apressou em dizer. Sentia como se estivesse fora de si por 10 segundos, que foram ideais para que tomasse uma enorme quantidade de coragem para beijar Anna. “Eu não pensei, isso não dev...”

 

 

A princesa parecia não ouvir. A mão que acariciava o rosto da rainha se movimentou até a nuca da loira e a puxou para outro beijo. Um beijo de verdade. Um beijo que ela queria demonstrar o amor que sentia e que geraria uma descarga de todos hormônios do prazer que um corpo poderia produzir.

Com os lábios quentes novamente em contato, a rainha pareceu sair de si pela segunda vez. Quando esta pareceu seguir de encontro à princesa, Anna teve o consentimento para continuar, que a fez sorrir contra o lábio de Elsa. Enquanto a mão adentrou aos cabelos de Elsa, sentindo a textura macia dos fios loiros, Anna tomou a atitude em pedir passagem com a língua. Não sabia se aquela noite seria suficiente ou se precisaria de uma vida inteira, mas queria sentir sua irmã em toda sua essência. Quando Elsa permitiu, uma dança forte e intensa se iniciou. Era o primeiro beijo que a rainha experimentava, então Anna ditou o ritmo. A princesa não parecia ter a inocência que a outra achava existir. Era uma mulher com desejos por ela e que, talvez, não se saciaria até experimentar tudo. Mas a rainha também queria sentir, seguindo para uma troca de sensações.

Anna usou a língua para explorar toda a boca de Elsa e ouviu a rainha gemer contra seus lábios quando esta recebeu uma mordida mais ousada no lábio inferior.

 

“Por Deuses, Anna...” Elsa sussurrou, ao se afastar buscando um pouco de ar para os pulmões.

 

 

A cabeça de Anna girava. Ela não notava o quanto seu coração martelava contra as costelas. Batiam tão forte que podia jurar que sua irmã estava ouvindo.

 

“Que beijo gostoso...” Anna suspirou.

 

Queria beijar sua irmã de novo. Passar uma vida inteira fazendo isso. Sempre sonhara em conhecer alguém que lhe despertaria todas aquelas sensações. Os arrepios, o corpo esquentando, as pernas tensas, o desejo. Mas voltou a si quando sentiu Elsa erguer o corpo e sair de cima dela com tanta rapidez como se os corpos se repelissem naquele momento.

 

“Elsa? Mas o que...”

 

“Anna, não! Isso está errado! Não podíamos ter feito isso! Não podíamos sequer ter começado!” Elsa andava pelo quarto enquanto se expressava, com certo desespero na voz. Estava muito assustada.

 

 

A princesa se sentou na cama e procurava respirar com calma. Sua cabeça estava voltando ao lugar. Entendia o que a irmã estava dizendo. Uma relação entre duas irmãs, incesto, é muito malvista pela maioria das pessoas. Entre duas mulheres já não há a possibilidade de gerar herdeiros, vistos que vivem em uma monarquia e alguém deveria dar continuidade ao reino depois delas. Entre irmãs, então. Como poderiam se explicar para seu reino?

 

 

Elsa falava algo como a culpa era dela e que ela havia seduzido sua irmã mais nova. Anna percebeu que lagrimas desciam dos olhos azuis como cachoeiras e isso a quebrou. Não queria ver sua irmã sofrer mais uma vez. Até que ela parou, ao sentir o corpo de Anna contra o seu. A princesa a abraçava com carinho por trás. Os braços enlaçavam Elsa gentilmente logo abaixo dos seios e Anna estava com a cabeça deitada no ombro da rainha, com o rosto levemente virado para o pescoço dela. O hálito quente da princesa fez ondas elétricas percorrerem o corpo de Elsa.

 

“Eu te amo. Como minha irmã, como mulher, como minha família” Anna sussurrou para Elsa. Existia carinho e amor em sua voz. “Não posso negar meu coração, Elsa. Morreria, se o fizesse”.

 

 

Anna também chorava. Estreitou o abraço, aproximando seus corpos um pouco mais. Sabia tudo o que as pessoas poderiam pensar delas. O ser humano poderia ser terrivelmente cruel. Mas aquele amor parecia tão certo para ela. O que há de errado em amar alguém e ser amada de volta?

Elsa pousou as mãos sobre os braços de Anna e acariciou com as pontas do dedo. Virou de frente para a princesa e se permitiu mergulhar naquela floresta tão fresca e maravilhosa que era o olhar de sua irmã. A abraçou pelo pescoço e juntou a testa com a dela. Os narizes se encostando com sutileza. O contato visual em momento algum foi perdido. Ficaram ali por um momento, sentindo uma a outra. Desejaram, quase que ao mesmo tempo, que os céus pudessem abençoar aquele amor.

 

“Eu também te amo muito, minha Anna...”

 

xx


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Notas finais do capítulo

Eu me empolguei demais com Frozen 2. Vocês já foram assistir? Eu já fui umas 5x...
Enfim, gostaram?



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