A eterna zoação escrita por Lux Noctis


Capítulo 1
Quando acha que não terá a zoeira... mas ela vem.




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A roupa não incomodava, era de seu costume usá-la (bem, talvez aquela calça não fosse de seu habitual vestuário). Os sapatos também não eram o problema, tampouco as luvas em suas mãos. O cheiro característico que se propagava conforme suava, nada daquilo era seu problema. Seu cabelo, ah sim, esse era. E o pior, aquele pequeno detalhe salientava o quanto a roupa parecia alinhadinha ao corpo, em como a calça parecia colada nas pernas e em como ficava um almofadinhas idiota. 

Cruzou os braços frente ao peito, as narinas infladas pela raiva que parecia romper até mesmo pelo ato de inspirar e expirar. 

No espelho via a face da babaquice, como havia chamado mais cedo. Best Jeanist o olhava de soslaio, o penteado impecável enquanto a pose fazia juz à sua imagem vinculada na mídia e entre os demais pró-heroes. Para Bakugō, era a postura dele que irritava, aquele cabelinho perfeitamente alinhado naquele penteado ridículo, o jeans que parecia ir desde o solado do sapato (o que sabia, no fundo, ser exagero e mentira) até lhe cobrir ⅔ do rosto. 

—  Impecável. 

Não via os lábios a moverem-se, mas podia jurar que tinha um sorriso triunfante por baixo daquele jeans ridículo no rosto. 

Bakugō, por outro lado, não parecia nada satisfeito. Fosse com aquele cabelinho ridículo que salientava como suas vestes pareciam coladas ao corpo, fosse à aparência certinha que aquilo lhe passava. Queria ser um herói, não um modelo de shampoo! 

Tirando sua RAIVA ao ser puxado aqui e acolá, de ter seus cabelos arduamente penteados, de ter excesso de gel e spray fixador que lhe havia até mesmo entupindo as vias aéreas. Tinha 0 planos de permanecer naquela peleja, de ter seu estilo modificado, de ter sua orelha puxada por ser insubordinado. Ao fim daquele (horroroso) dia, tinha a intenção de desfazer-se daquele jeans coladinho, daquele penteado de mauricinho e, sobretudo, de não encontrar ninguém conhecido!

Um tremendo azar, claro, ao sair da agência de de cara, não só com Shōto, como com seu pai. 

O olhar fora trocado, rápido. Shōto esboçou um mínimo sorriso, muito mais fácil confundir com um espasmo, mas Bakugō já conhecia certas peculiaridades do maldito meio a meio. 

O olhar de Bakugō serviu apenas como álcool em meio ao fogo. Shōto riu. Riu de modo estranho, destoante a sua figura blasè, atraindo até mesmo a atenção de Enji, que olhava para o filho como a quem olha algo pela primeira vez. 

—  Seu maldito! —  o rompante veio como uma explosão, passou batido dos olhos de Enji, captando apenas um borrão de roupas a saltar sobre Shōto e cair no chão da calçada. 

A chamada de atenção fora certa, Best Jeanist não deixaria uma falta como aquela passar, não sem uma merecida bronca sobre as boas - não tão boas - maneiras de Bakugō, salientando sempre que, um pró-hero deveria ser portar como tal, não ceder ao calor do momento e estragar tudo num rompante. Isso, mais tarde, também serviu como lenha para Shōto. 

—  Tinham que ter visto, parecia até que eram uma dupla há anos. —  Bakugō comentou em meio ao grupinho de amigos, escondendo o fato de que havia rolado no chão com Shōto, informativo este que, obviamente chegou aos ouvidos do “grupinho” do Shōto, Iida, Deku e Uraraka. 

 

Mais tarde, quando o silêncio tomava a noite e quando o terraço era proibido, mas ainda assim visitado, Bakugō encontrou-o olhando o horizonte escuro, as poucas estrelas visíveis no céu. 

—  Espalhou pra todo mundo que me viu engomadinho?

—  Hn? —  Sempre aéreo. Mas dessa vez de propósito num fingimento que conseguiu arrancar reação de Bakugō, levando o futuro heroi explosivo para seu lado, socando-lhe de leve o braço.  Sorriu, como só fazia quando havia intimidade para tal, quando sentia-se confortável em meio às pessoas, ali, próximo à ele. 

—  Maldito Pavê! 

A reclamação logo fora abafada por lábios a prensarem-se aos alheios. As línguas naquele movimento instigante e as mãos a tomar os corpos alheios como se a saudade do toque fosse impossível ignorar. O prensar suave contra o guarda-corpos que impedia uma queda feia. O calor juvenil que não dissipava-se nos amassos, pelo contrário, inflamava-se. 

Teria reclamado mais, teria soltando mais das palavras de baixo calão às quais seu aparente tutor havia lhe negado o uso por todo o dia na agência. Mas, honestamente, era mais proveitoso gastar saliva em meio à beijos, quando podia enfim ceder ao lado que buscava contato alheio, àquele em específico. 

As mãos de Shōto em suas costas, o deslizar das pontas dos dedos, vez quente vez frios. A língua a enroscar-se na sua. Eram momentos roubados que conseguiam, ainda escondendo o relacionamento relativamente novo. Quando despediram-se aquela noite, mais um beijo foi trocado, mantendo o clima ameno.

Tudo foi pelos ares na manhã seguinte, quando Shōto aproximou-se do grupinho de Bakugō, rodeado de seu próprio grupinho, perguntando se cabelinho lambido e calça colada seriam o novo uniforme patenteado por ele. 

Começando ali, o que Bakugō chamou de: A eterna zoação. 


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