Porque não? - CIP escrita por Casais ImPossíveis


Capítulo 1
Capítulo Único - Por que não?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786564/chapter/1

Tanner era literalmente o garoto mais popular da escola. Era capitão do time de futebol americano, tinha um cabelo incrível e era o solteiro mais desejado por todas as tribos de Anchor Beach High School, desde as nerds até as líderes de torcida. Até mesmo os gays o queriam.

Ele tinha a obrigação social de ser feliz.

Mas será que era?

Já Leila, vizinha de Tanner, era literalmente a garota menos popular da escola. Os únicos clubes dos quais fazia parte eram o de teatro com todos aqueles musicais chatos que só serviam para ser zoados e os “Matem’Artistas”, já que não bastava só ser um clube de matemática, tinha que ter um nome ridículos também. Pouquíssimas pessoas daquele colégio sabiam quem seria este ser “Leila”, quanto mais o que era desejá-la.

Ela tinha a obrigação social de ser infeliz.

Mas será que era?

Não, ela não era infeliz.

Tanner chegava dos treinos de futebol todos os dias, tomava um bom banho e ia sentar no balanço da varanda, esperando a hora para sair e zoar com os amigos do time, mesmo que aquilo já não fizesse sentido há algum tempo. Alguns minutos depois Leila passava de volta para casa ao fim de alguma reunião dos clubes de perdedores que eram o teatro e a matemática de competição ou sabe-se lá o que.

O que Tanner não conseguia entender era o porquê de aquela garota, que ele mesmo só sabia o nome por ser sua vizinha desde que eram crianças, passava tão feliz.

A tal Leila vinha cantando e dançando as músicas que gritavam em seus fones de ouvido. E pior que ela era boa nisso, poderia entrar fácil n’As Leoas de Anchor Beach, as líderes de torcida do colégio, se quisesse. Mas ao invés disso, ela escolhia continuar sendo uma ninguém. Leila era simplesmente nada e parecia muito contente com essa escolha.

Que direito ela tinha?

Com esse pensamento, Tanner chamou o nome da garota. Falou duas vezes e na terceira gritou com impaciência para que sua voz ultrapassasse a música tosca de musical dos fones dela.

Leila baixou o volume da música e deu uma boa olhada ao redor.

— Tanner? — Perguntou em choque ao ver que a única pessoa por perto era Tanner, o tipo de pessoa socialmente proibida de interagir com ela.

— Posso fazer uma pergunta? — Ele replicou, ignorando a surpresa óbvia que a garota teve com aquela interação.

— Teoricamente já fez, mas fique à vontade. — Respondeu se aproximando e sentando em um dos degraus da escadinha da varanda enquanto pausava a música e tirava os fones.

— Porque você é tão feliz? — Indagou tentando não parecer angustiado.

— Bom... — Leila pensou um instante e abriu um sorriso. — Porque você não é?

— E quem disse que eu não sou feliz? — Tanner automaticamente entrou na defensiva.

— Os seus olhos. Talvez. — Leila replicou em tom presunçoso, ao que parecia, o teatro a havia ensinado a fazer frases de efeito.

— Não seja ridícula. — O loiro quase cuspiu as palavras, erguendo o queixo em orgulho. — Eu sou Tanner, o Leão Rei de Anchor Beach. É claro que eu sou feliz.

— Eu sou Leila, a cantora, dançarina e “atleta” de matemática. — A garota não vacilou em nada seu sorriso e manteve seu olhar preso ao dele. — E, sabe? Eu não acredito em você.

— Quer saber? Cai fora da minha varanda, sua perdedora. — O jogador resmungou entredentes. — Não sei porque to falando com uma formiga insignificante como você.

— Como o senhor quiser, Rei Tanner. — Leila ainda se levantava e fez uma reverência, debochando da cara dele sem se intimidar pelo ar superior que um Leão de Anchor Beach tinha, mesmo sendo o capitão, mas antes de estar afastar, disse. — Ah, e respondendo a sua pergunta: Eu sou feliz porque sou quem eu quero ser e estou cagando pro que as outras pessoas pensam sobre isso. Se eu quero dançar, danço. Cantar? Opa, sempre. Descobri que gosto de cálculos? O clube dos Matem’Artista é pra mim. Não ligo se vai me fazer popular ou não. Ser eu mesma basta pra me fazer feliz.

Tanner pela primeira vez ficou calado diante de uma provocação (não que tivesse de fato sido uma, mas vinda de alguém como ela para alguém como ele, era) e simplesmente olhou Leila andar até que sumisse porta adentro da casa vizinha.

No começo, ficou furioso. Que garotinha mais petulante. Como ela podia duvidar que o grande Leão Rei era feliz?

Mas então, o outro lado de sua mente replicou: — “Bom, Tanner... Você não é realmente feliz.”  — Seguido por um frustrado. — “Porque você não é feliz?”

(...)

Leila estava em um salinha do auditório guardando alguns fios do equipamento de áudio quando seu coração quase pulou da boca ao ouvir do nada:

— Ah, a resposta pra sua pergunta...

— Caralho que susto. — Resmungou saltando para trás e pondo uma mão sobre o peito antes de se virar para encarar Tanner. — Agora termina o que ia dizer

— A resposta é que eu não sou feliz por que... Eu não sou exatamente quem quero ser por que... Eu ligo e muito para o que as outras pessoas pensam. — Concluiu quase aos sussurros, envergonhado e ao mesmo tempo aliviado por finalmente dizer aquilo.

— A solução é bem simples, então. É só parar com isso. — Leila deu de ombros e voltou a arrumar os fios, fazendo pouco caso.

— Mas...

— Olha, as pessoas podem falar o que quiser de você, e elas vão falar não importa o que você faça. Só que isso não interfere no que você é. — A garota continuou falando sem encará-lo. — Eu sou eu mesma, faço tudo que gosto e quero. Isso rendeu piadas dos meio-cérebros do futebol e líderes de torcida, mas eu conheci muita gente legal que tem tudo a ver comigo. Meus dois namoros foram por interesse mútuo, não status. E acabaram tão bem que ainda nós todos ainda somos amigos.

— Pera, você namora? Mas você é nerd. — Tanner replicou, confuso.

— Pois é, reizinho. Nerds também gostam de beijar na boca, de transar e tudo mais. — Leila fechou a porta do armário ao terminar de arrumar e finalmente olhou para o jogador.

— Nossa.

— É. Não ligar pra opinião de ninguém é ótimo. Você devia experimentar.

— Mas eu nunca fiz isso na minha vida. — Tanner resmungou, passando a mão pelo topete bem arrumado. — Não sei nem como fazer ou por onde começar.

— Já que já está justamente aqui falando justamente comigo, você podia simplesmente me acompanhar e tomar uma vitamina comigo no Mãezona. — Sugeriu com uma piscadela.

— No Mãezona?! — Exclamou de olhos arregalados.

— É. Os meus amigos já tão lá, eu só to aqui ainda porque é meu dia de guardar tudo. — Leila respondeu, dando de ombros.

— Tá doida, garota!? O Mãezona é O Point pós-aula de Anchor Beach! Todo mundo da escola vai pra lá. — Replicou indignado.

— Exatamente. Tudo o que você tem que fazer é ficar e lembrar que ninguém que está lá tem nada a ver com a sua vida. — Afirmou sorrindo e o puxou para fora da sala. — E depois é só se divertir. Acha que pode fazer isso?

— Eu não sei, Leila. Talvez seja demais pra mim. — Tanner começava a se sentir ansioso com o mero pensamento do que seus “amigos” do time poderiam falar vendo-o com a nerd do clubinho brega de teatro.

— Vem, Tanner. Vai ser legal. — Leila estendeu a mão e deu um sorriso reconfortante, mostrando uma gentileza que os populares não tinha uns com os outros.

O grande Leão Rei de Anchor Beach respirou fundo e sorriu, mesmo hesitante, então disse. — Porque não?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Porque não? - CIP" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.