Draco Malfoy viu Hermione Granger chorar três vezes. Foram três vezes em que ele teve de olhar aqueles olhos castanhos úmidos, por conta das lágrimas. Três vezes, nas quais quis correr ao seu encontro e a reconfortar. Três vezes, que se sentiu sem poder nenhum.

A guerra havia começado oficialmente, durante o casamento de Gui Weasley e Fleur Delacour, o Ministério havia caído e os convidados foram atacados, a missão iniciara.

Hermione já vinha se preparando para isso, guardou as roupas dos três, os pertences que mais utilizados, seus livros e os presentes que Dumbledore deixara em seu testamento, tudo em sua bolsa de contas, que tinha sido enfeitiçada com um feitiço indetectável de expansão. Colocou também poções que tinha feito alguns dias antes.

A caça as Horcruxes havia começado e eles já tinham uma em mãos, mas sabiam que demorariam meses até achar a próxima. Não tinham ideia de por onde começar a procurar, depois que pegaram o medalhão, a ficha dos três caiu, aquela havia sido a última vez que Dumbledore os ajudaria e os guiaria, pela primeira vez em sete anos, teriam que fazer tudo sozinhos. Por sorte, Hermione tinha livros e conhecimento, Ron era teimoso e não desistia fácil e Harry tinha uma intuição para problemas jamais vista antes, neste caso, ela seria necessária.

Muitos meses se passaram, brigas aconteceram e sequestradores os encontraram. Ela teve que pensar rápido e lançou um feitiço que deformou Harry, também guardou a Espada de Grifinória em sua bolsa, antes de ser refém daqueles homens. Com nomes falsos, foram levados para a Mansão Malfoy e sentiu-se estremecer. Se lembrava da irmã de Narcisa, como não se esquecer de Bellatrix Lestrange? A braço-direito de Voldemort.

Chegando na Mansão, Draco foi chamado para reconhecer Harry e mesmo que soubesse quem era Hermione e Ron, ele negou conhecer a terceira pessoa. Ela constatou que os donos do lugar não eram lá muito inteligentes, afinal, por que motivo os dois andariam com uma outra pessoa que não fosse Harry Potter? Melhor para eles, pensou Mione.

Ela reparou que a tia de seu colega, não prestava atenção na cena que ocorria quanto ao debate era ele ou não. Estava mais preocupada com a Espada de Grifinória e como haviam a achado, mandou até mesmo chamar Grampo, o duende que cuidava dos cofres em Gringottes. Segundo ela, a arma estava em seu cofre.

Pegou Hermione pelo braço e mandou que os dois garotos fossem levados ao porão. No andar de cima, a menina era torturada. Ela levou três tapas na cara, antes de ser arremessada no chão. Bellatrix a prendeu dentre suas pernas e com uma das mãos, pressionou o braço esquerdo de Hermione no chão.

Com a pequena adaga, cravou as palavras “sangue-ruim” no braço da bruxa mais nova. Granger não iria se permitir chorar, não na frente daquelas pessoas, não iria se mostrar mais fraca e mais debilitada que eles, sabia que era forte e sabia que podia aguentar a tortura sem cair no choro.

Draco Malfoy, dessa vez, foi obrigado a olhar a cena e não podia fazer nada a respeito. Das outras vezes, ele olhou e não fez nada, mas não fora forçada. Ele já a tinha visto chorando em dois momentos, os únicos nos quais ela já não suportava mais a pressão. Achava que ela ia desabar a qualquer momento, enquanto o sangue escorria por seus braços e Lestrange pressionava ainda mais a adaga em sua pele branca.

Sua tia e seus pais saíram da sala, ele continuou por alguns minutos. O rosto dela estava virado para o lado oposto, ela não queria olhar nos olhos das pessoas que a torturaram e quando ela já achou que estava sozinha, deixou que uma única lágrima solitária escorresse por seu olho direito. Não a secou, não se mexeu e não se levantou. Esperou seus amigos viram a salvar, ela tinha certeza de que iriam.

Essa foi a terceira vez que Draco Malfoy viu Hermione Granger chorar.