Building Blocks escrita por Bia


Capítulo 1
Prólogo




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Prólogo

Estavam sentados diante da mesma mesa, no mesmo bar em que iam as sextas-feiras logo após o trabalho para comemorar com cerveja a chegada de mais um fim de semana quando Rony confessou, assim de repente, encarando o chão:

— Sabe, algumas vezes...sinto muita raiva e inveja de você.

— O que? — Harry questionou engasgando, espantado com a mudança repentina de assunto. Menos de dois segundos atrás, Rony e ele estavam discutindo quadribol amistosamente.

— Falo do seu relacionamento com Hermione, pra ser mais exato.

Como se recusava a encarar o amigo, não viu o cenho do Potter se franzindo.

— É impressionante de ver. — o Weasley comentou. — Claro, vocês eram muito amigos em Hogwarts, viviam juntos...mas, eu nunca achei que houvesse qualquer tipo de tensão sexual entre vocês... Me enganei completamente. — riu com desgosto. — Aí estão; juntos há treze anos e com dois filhos absurdamente parecidos com você, Harry.

Bebeu um grande gole de cerveja antes de continuar:

— Houve uma época em que eu pensei que o casal perfeito fosse Hermione e eu.

Rony ergueu a cabeça lentamente, pronto para enfrentar Harry. Como melhor amigo e homem, não era nenhum pouco difícil decifrar a expressão fechada, o estreitamento dos lábios e o brilho de alerta nos olhos verdes. No entanto, talvez já estivesse muito bêbado, ao ponto de ignorar os sinais de perigo.

— Porque você...tinha tantas opções. Todas as opções, na verdade! Todas as garotas queriam ser especiais para o menino que sobreviveu. Você sabe disso! E você aproveitou, não foi? Conhecendo uma ou outra garota mais intimamente...Eu também, claro, como seu amigo...Mas...De todas as garotas que você poderia escolher, jamais pensei que escolheria justamente nossa melhor amiga, a única garota que eu sentia que... — fez uma careta apertando os lábios e balançando a cabeça. — No fundo, eu entendo. Apesar de tudo, Hermione é bonita...

— Hermione sempre esteve ao meu lado, Rony. Me ensinou companheirismo. — Harry o interrompeu com firmeza, corrigindo-o. — Nunca me abandonou, sempre me motivava. É inteligente, determinada, corajosa e doce. Sem ela ao meu lado, eu nunca teria conseguido chegar tão longe.

Rony bebeu mais um pouco.

— Claro, claro. — concordou, balançando a mão esquerda em um gesto de tanto faz. — Eu iria chegar lá. Mas, na realidade... O que eu realmente fico pensando é que vocês não pareciam nada compatíveis e estão juntos desde os dezessete anos, enquanto eu e Lilá, que nos dávamos super bem, ficamos juntos apenas durante cinco anos e meio. E agora ela está casada com outro.

Apesar da compaixão que sentiu pelo amigo naquele momento, Harry não conseguiu disfarçar o aborrecimento estampado em seu rosto por aquela conversa. Expressão que se intensificou assim que o ruivo tornou a falar:

— Algumas vezes...Algumas vezes acho que devia ter ficado com Hermione e você com outra mulher... Com minha irmã, talvez. Apesar de estar casada com aquele nojento do Malfoy, eu sei que ela ainda te ama.

O Potter arregalou os olhos, incrédulo. Sem dizer uma única palavra, ergueu-se, tirou do bolso três moedas de ouro, jogou-as na mesa com brutalidade e se retirou.

Rony continuou bebendo.

 

Hermione percebeu que algo estava errado assim que Harry entrou no quarto.

Nem precisou desviar os olhos de seu livro para notar a atmosfera pesada que cercava o marido. Completamente distinto ao seu habitual comportamento, lhe desejou boa noite secamente e não se pôs a comentar sobre seu encontro com Rony como fazia todas as vezes. Ao invés disso, jogou o sobretudo com força no chão com uma expressão furiosa.

Por conhecer Harry tão bem, a mulher fingiu continuar a ler, esperando pacientemente o momento certo de abordá-lo.

Completamente nu, o Potter ergueu o edredom e se enfiou na cama. Deslizou o corpo para perto do da esposa, colocando a cabeça em seu colo e abraçando suas coxas com força. Hermione estremeceu ao sentir a respiração do marido entre suas pernas. Suspirando, fechou o livro e colocou-o na mesinha de cabeceira ao lado.

— Aconteceu alguma coisa? — perguntou com doçura, acariciando os cabelos negros.

O homem ficou incontáveis minutos em silêncio e não respondeu.

— Posso ver sua aliança? — perguntou.

Com a sobrancelha arqueada e uma expressão de dúvida, a Granger levantou a mão esquerda. Em seu anelar dois anéis brilhavam com delicadeza. Embaixo, a delicada argola dourada e em cima o anel de noivado com uma reluzente pedra verde.

— Ficam lindos na sua mão.

— Claro. Meu marido que escolheu e ele tem bom gosto. — Hermione comentou sorrindo.

Harry forçou um sorriso.

— O que aconteceu? — a castanha perguntou preocupada.

— Nada, bobagens.

Incrédula, a ministra deixou a cabeça cair para o lado. Intimamente, sabia que ele queria lhe dizer algo, mas parecia temeroso da consequência de suas palavras.

— Converse comigo, Harry. — Hermione pediu. Retirou a cabeça do marido de seu colo e deitou ao seu lado para que pudesse encará-lo.

Ficou aflita ao ver aqueles olhos tão atormentados.

Harry virou-se de costas para fugir do seu olhar. Passando os dedos bruscamente pelos cabelos negros começou:

— Rony me falou umas coisas absurdas hoje.

Hermione esperou em silêncio.

— Me disse que você deveria ter ficado com ele.

— O que? — exclamou com a voz aguda de perplexidade. — Você está brincando!

Cobrindo os olhos o Potter balançou a cabeça em sinal de ‘não’.

— Ele me disse. Palavra por palavra.

O queixo da castanha caiu enquanto ela tentava processar a informação. Que loucura! Nunca em sua vida cogitou que Rony pensaria e verbalizaria uma loucura daquelas e justamente para o melhor amigo, para Harry.

É verdade que, durante a escola, quando seu relacionamento com o Potter ainda era novo e secreto, Hermione tivera que escutar mil e uma vezes o quanto era perfeita para o Weasley e o quanto ela poderia fazê-lo feliz. Todos sabiam que eram opostos e todos acreditavam que os opostos se atraem. Ah! E as brigas, o pouco caso que Rony fazia de suas ideias, o quanto a subestimava ou dizia coisas rudes? Bobagem, ela devia aprender a ignorar; ele agia assim porque gostava dela.

Hermione só conseguia revirar os olhos diante de tamanha idiotice. Para ela, os opostos podiam até se atrair, mas se estressavam de igual maneira. E, honestamente, já era difícil demais ser de família trouxa em um mundo de bruxos, não precisava, nem queria um homem que menosprezasse suas conquistas ou desejos.

Ainda pasma, demorou um pouco para perceber que o marido tinha descoberto os olhos e agora olhava fixamente para o seu rosto. Parecia estar tentando adivinhar o que ela achava de tudo isso, tentando decifrar, pelo brilho nos seus olhos, se estava de acordo.

Hermione abaixou os olhos e mordeu o lábio inferior, sorrindo mais para si do que para Harry. Quase não podia acreditar que aquela situação tivesse feito com que se sentisse inseguro. Deus, era simplesmente ridículo! Porém, precisava admitir que, ainda que se sentisse um pouco culpada por querer se aproveitar da fragilidade do marido, também era muito bom saber que, depois de tantos anos, ele ainda possuía aquele tipo de sentimentos por ela.

— E...você acha que eu tenho chance? — perguntou de brincadeira deslizando os dedos pelos pêlos do peito do marido.

Harry ergueu o corpo no susto. No entanto, logo notou a maldade nos olhos castanhos e em seu sorriso travesso e resolveu entrar no jogo.

Se permitiu um sorriso e revirou os olhos. Segurou a mulher pela cintura e os virou na cama até ficar por cima.

— Acho sim. — sussurrou bem próximo a boca feminina sorridente. — E quando você for ficar com ele, eu terei que ficar com a Gina.

— O que? — Hermione exclamou voltando a seriedade.

Harry sorriu com malícia deixando todo seu corpo em cima do da mulher para poder sentir os seios macios contra o seu peito e seu joelho entre as coxas dela.

— Foi o que ele me disse. Que eu deveria ter ficado com Gina.

— Nunca! — Hermione disse segurando a cabeça do marido com ambas as mãos e puxando-o para um beijo lento.

Quando se separaram os olhos castanhos encaravam os olhos verdes com paixão e doçura.

— Você é meu, Harry Potter.

— Sou? — Harry perguntou sério tentando esconder a insegurança na voz; coisa na qual não foi bem sucedido. Só queria ter certeza de que era o único para Hermione.

E, como se pudesse ouvir seus pensamentos, foi exatamente o que ela lhe disse depois de esfregar seu nariz no dele e acariciar suas bochechas:

— Só existe você pra mim, Harry.


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