Caleidoscópio escrita por machadorisos


Capítulo 2
Cordões e anéis


Notas iniciais do capítulo

Heeeello everybody!
Eu sei que ando meio sumida e acreditem isso não é proposital. Eu já tinha esse capítulo planejado há 84 anos... But ando sem ânimo algum para escrever :C não só essa como outras histórias também :c
Anywayyy, vocês vão notar que algumas coisas são diferentes do universo original, pq a história é minha e eu sou louca; então é isso ai. Obrigada pelo apoio, espero que gostem.
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Enjoy



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Quando se tem 8 anos de idade, temos uma certa concepção de mundo. Tudo sempre parece ser fácil, e tudo parece ser eterno. Para Shouto Todoroki isso não era diferente.

Ele sempre via seus pais brigarem, todavia, por ser muito novo, nunca entedia os motivos. Mas mesmo em tenra idade, Shouto não gostava de ver sua mãe chorar; também não gostava de ver seu pai gritando com ela. Em meio ao caos de uma discussão, seu pai, Enji, bateu com o punho na mesa da cozinha, fazendo com que o bule de chá virasse e respigasse no rosto do menino.

Sua mãe, Rei, em meio ao desespero por ver seu filho chorando, usou sua quirk de gelo para abrandar a queimadura. Mas como nós sabemos, em áreas de queimaduras, com a pele já sensível, usar gelo ou água gelada faz com que a situação piore. Rei lembrou disso tarde demais e, Shouto ficou com uma terrível cicatriz em seu rosto.

Dias depois do acontecido, Rei pediu o divórcio e saiu da casa do marido; levando seus outros dois filhos, Natsuo e Fuyumi, consigo. Foram morar em uma casa simples e confortável, recomeçando sua vida longe de quem tanto lhes fez mal. 

Rei ainda se culpava, mas Shouto não tinha razão para tal. Para ele, só havia um errado na história e, esse era seu pai. O assunto era um tabu em sua casa e ninguém comentava. Eles estavam felizes assim, certas coisas devem permanecer no passado. 

Contudo, isso não impediu de outras crianças questionarem sobre sua cicatriz. Shouto nunca contava a ninguém, e não dizia ser filho do grande Endeavor. Se sentia sozinho na escola em que estava, e sua mãe, na tentativa de ajudá-lo, o transferiu para a escola do bairro, incentivada por sua amiga de trabalho, Keiko Kirishima. 

No primeiro dia de aula, Shouto conheceu Izuku. O garotinho de olhos verdes se apresentou de forma tímida, mas logo estava à vontade ao seu redor. Com Izuku vieram outras crianças, e quando Shouto deu por si, já era amiguinho de quase toda a classe, incluindo o explosivo Katsuki e o alegre Eijirou. 

Imaginem a surpresa de Shouto quando descobriu morar na mesma rua que seu novo melhor amigo? Ele sentiu seu coração bater mais forte quando Izuku já o convidava para ir à sua casa no fim de semana para lhe mostrar sua coleção de figuras de ação do All Might. 

Shouto tinha 8 anos de idade quando soube que a vida podia ser muito melhor do que ele sequer imaginara. 

...

A festa aniversário de 10 anos de Izuku Midoriya foi em um sábado ensolarado. O evento acontecia no jardim da família Bakugou, já que os Midoriya moravam em um pequeno apartamento no fim da rua. Obviamente Katsuki já fazia seus pais concordarem em ter uma festa grande ali também, em seu aniversário. 

Não era nenhuma surpresa que o tema era do super-herói All Might. A mesa de madeira sem toalha tinha um grande bolo em seu centro, decorado em pasta americana amarela e azul, com o nome de Izuku escrito na bandeja. Pirulitos, balas, pequenos doces e bombons estavam espalhados na superfície, juntamente com miniaturas de All Might; atrás da mesa tinha um arco de balões também nas cores azuis e amarelos, com um painel do herói número 1, se estendendo na parede. 

Inko Midoriya, rodava as mesas distribuindo salgadinhos, cachorros-quentes e refrigerante. Mitsuki e Keiko também a ajudavam, já que tinham muitas crianças super animadas no local. 

As crianças foram fantasiadas de seus heróis favoritos, e Eijirou estava muitíssimo másculo com seu cabelo lotado de gel para imitar o penteado de Crimson Riot. Katsuki estava fantasiado de All Might assim como muitas das outras crianças, mas Eijirou garantiu que sua fantasia era a mais legal de todas. 

Shouto foi fantasiado de Ectoplasm, totalmente confeccionado por sua mãe e sua irmã mais velha. Ele estava uma gracinha, e Izuku o encheu de elogios. 

Perto da mesa do bolo havia uma grande caixa, onde os convidados podiam depositar seus presentes. Somente os adultos os colocavam direto ali, as crianças não podiam conter a euforia, logo iam diretamente ao aniversariante lhe cobrando que abrisse na hora para ver sua reação. 

Katsuki sempre dizia que não gostava de Izuku, mas bem lá no fundo, ele o adorava. Era seu parceiro de troca de figurinhas do álbum de heróis todos os anos, e o defendia quando meninos da outra classe implicavam por ele ainda não ter uma individualidade. 

— Deku-aranha! — Katsuki o chamou, aproximando-se — Olha aqui meu presente! — entregou um embrulho azul com fita vermelha — abre agora! Vai!

Izuku com pressa abriu e sorriu feliz quando viu o conteúdo do pacote: era um pijama de edição especial do uniforme novo do All Might.

— Uau! Kacchan, eu adorei! Obrigado! 
— É claro que você gostou, eu mesmo escolhi — gabou-se. Eijirou balançava a cabeça entusiasmado, porém sua boca estava ocupada demais enquanto comia pipoca caramelizada. 

Shouto via a comoção mais de longe, sentado perto da sua mãe enquanto tomava seu refrigerante. Ele estava receoso quanto ao presente escolhido, então mantinha o pequeno embrulho prateado no bolso de sua fantasia. 

Não demorou muito para Izuku o arrastar pelo jardim enquanto seus outros amigos começavam uma brincadeira de pique. Katsuki estava animadíssimo, pois segundo ele, ninguém poderia combater sua equipe com Eijirou; mesmo que em pique-pega fosse cada um por si. 

Antes do bolo ser partido, Eijirou notou que Shouto estava mais quieto que o normal. Aproximou-se dando um tapinha nas costas do amigo e perguntou de forma direta:

— Cara, tá tudo bem? 
— Está sim. — Shouto não olhou em seus olhos. O primogênito Kirishima aprendeu depois de anos de convivência com Katsuki, que se alguém não olha nos olhos, nunca é bom sinal.
— Tem certeza? Você tá estranho...
— Eu... — o garotinho estava receoso em como abordar o assunto — estou com medo do Izuku não gostar do meu presente. 
— Por quê? — indagou curioso.
— Porque parece muito bobo... — seu tom de voz demonstrava todo seu descontentamento. 
— Eu duvido que ele não vá gostar! O que é? — Eijirou não tinha vergonha nenhuma.
— Então... — abaixou o tom de voz para lhe contar o segredo — é um cordão de melhores amigos. Eu fico com metade e o Izuku com outra metade. 
— Caramba isso é tão másculo! — exclamou o outro — Ele vai adorar, cara! Eu tenho certeza! Ei, 'Suki! — gritou convocando seu melhor amigo — vê se o presente do Shouto não é muito legal!
— Qual é o presente? — maior que a personalidade turrona de Katsuki, era sua curiosidade e ser suscetível a sempre ir quando Eijirou o chamava.
— Um cordão de melhores amigos, eu fico com metade e ele metade. — explicou Shouto.
— É um presente maneiro, Meio a Meio — concordou resignado por não ter dito essa ideia. — Deku-aranha vai gostar.
— Você comprou por que quer que ele seja seu melhor amigo para sempre? — Eijirou questionou inocentemente. 
— Eu quero sim! — Shouto sorriu de forma carinhosa.
— Então escute meu conselho. — disse em tom de um sábio que mora nas montanhas — Tudo que você quer que seja para sempre, tem que prometer de mindinho! É por isso que 'Suki vai ser meu melhor amigo para todo sempre! Né, 'Suki? — voltou os olhos para o loiro emburrado que comia cachorro-quente, vendo-o assentir com a boca suja de molho.

Antes que Shouto pudesse responder, Inko os chamava para cantar parabéns. As crianças se aglomeravam em torno da mesa, gritando a música e batendo palmas. O primeiro pedaço foi dado a Inko, que tinha os olhos marejados. 

As outras mães e pais se preparavam para irem embora, juntando pedaços de bolo e docinhos. Mitsuki entregava os saquinhos surpresas, que eram recebidos com total adoração pelos garotinhos animados que já os abriam para catar chicletes e outros doces. 

Shouto chamou Izuku de forma quase discreta, para lhe entregar seu presente. Encarava o aniversariante de forma esperançosa, com a promessa de Eijirou em mente.

Os olhos de Izuku brilharam quando viu o cordão com os pingentes redondos com as palavras Best Friends. Ele abraçou Shouto, que de início ficou surpreso pelo gesto de afeto, mas retribuiu em sequência. 

— Esse foi o melhor presente que já ganhei, Shouto-kun! Muito obrigado! Eu nunca vou tirar do meu pescoço! — disse de forma sincera. 
— Minha irmã me ajudou a escolher... — Shouto não podia esquecer de algo importante — me dá sua mão!
— Pra quê? — Izuku perguntou em confusão, mesmo estendendo a mão.
— Porque Kirishima disse que se quisermos que algo seja para sempre, temos que prometer de mindinho. — recordou-se.
— Caramba, que legal! 

Eles selaram os dedinhos sorrindo um para o outro. Shouto em seus 10 anos, achava que era o garoto mais feliz do mundo. 

...

Como a casa de Eijirou e Katsuki eram muito próximas, eles estavam sentados no degrau da cozinha dos Bakugou. Era noite e os adultos terminavam de limpar o jardim das sujeiras da festa. O loiro ainda estava irritado consigo mesmo por não ter tido uma ideia tão legal quanto Shouto, mas claro que ele não diria isso a ninguém. 

Ele pensava nisso de forma tão árdua que nem prestava atenção nas coisas que Eijirou dizia sobre o fabuloso bolo com recheio de chocolate, que por acaso já era seu quarto pedaço. Depois de desistir de queimar seus neurônios com o assunto, abriu seu saquinho surpresa, tirando um pirulito, e o colocando na boca. Olhou mais a fundo e viu que tinha um anél de plástico. Uma ideia então surgiu. 

— Eiji! Cadê seu saquinho surpresa? — perguntou de forma abrupta interrompendo o outro em seu discurso sobre o recheio do bolo.
— 'Suki, eu não vou te dar meu pingo de leite, nem adianta pedir!
— Eu não quero pingo de leite, sua besta! Quero ver outra coisa!
 

Como Eijirou não negava quase nada a Katsuki, exceto comida, entregou o saquinho de forma desconfiada. O garotinho abriu o olhando e sorriu satisfeito ao tirar outro anel de plástico do fundo. Pegou o que estava em seu saquinho, que era amarelo e estendeu para o amigo. 

— Toma!
— Pra que você tá me dando isso?
— Porque é uma promessa de amizade! Eu fico com o vermelho que veio no seu e você fica com o amarelo que veio no meu. — disse a lógica simples.
— Mas a gente já tem promessa de amizade! Não precisa do anel!
— Você vai pegar ou não? — paciência não era o forte de Katsuki, e humildade também não; logo ele se recusava a explicar o motivo de ser tão importante que seu amigo pegasse o anel. 
— Tá bom! Tá bom! — Eijirou pegou e colocou no dedo — Amarelo é uma cor muito máscula, né, Suki?
— É, mas o vermelho é mais! 

Entraram então em um debate sobre cores másculas e viris. Nem precisamos mencionar que o dito anel agarrou no dedo de Eijirou, que chorou para Keiko dizendo que perderia a mão. Sua mãe em extrema paciência, aplicou detergente na área, fazendo com que o anel deslizasse facilmente. 

No domingo Eijirou chegava na casa de Katsuki para brincar com o anel de plástico pendurado em um cordão. 

Não importa se o anel estava no dedo ou pendurado no pescoço. A amizade era eterna e verdadeira, e nenhum detergente com cheiro de limão da cozinha dos Kirishima podia mudar isso. 


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