Fique escrita por Fhany Malfoy


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi meus xuxu's, tudo bem com vocês??

Eu deveria estar atualizando as outras fics? Deveria.

Mas eu estava num bloqueio criativo lascado e sai agora com essa fic fresquinha do forno.

Aproveitem.



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Narrador

Samuel Uley era um Quileute, sempre conheceu as lendas, mas nunca deu crédito de que elas fossem reais.

Até o dia que em que se transformou no grande lobo.

Isabella Swan sempre foi avançada demais para o seu tempo. Criada por sua vó Marie, sabia tudo sobre a bruxaria, era uma bruxa. Conhecia as lendas sobre os lobisomens, transfiguradores, metamorfos, vampiros. Nunca tinha visto nenhum desses seres, pelo menos não até um vampiro ataca-la, não até ela mesma ter se tornado uma bebedora de sangue.

          Isabella

Estava correndo por dias, nenhum lugar era o certo, já estava cansada de vagar sem rumo, sem saber porque tinha tido aquela sensação de perigo, desespero, medo. Em meus 300 anos essa era a primeira vez que isso acontecia. Nem quando fui transformada me senti desse jeito.

Eu precisava seguir, correndo, buscando. Mesmo que ainda não soubesse o que...

         Sam

Leah e eu namoramos por quase um ano, ambos decidimos terminar, não queríamos as mesmas coisas, éramos ótimos amigos e não funcionávamos mais como companheiros.

Foi um término calmo, ninguém saiu machucado.

Depois de 3 meses separados fiz algo que não fazia há muito tempo, pedi ajuda de Leah no meio da noite. Comecei a me sentir mal, liguei para ela, era a única outra pessoa que podia confiar sem ser minha mãe, e como a mesma não estava em casa, resolvi pedir ajuda de minha amiga. Meia hora depois Leah estacionou com seu carro e entrou.

Estava deitado no sofá. Tremendo, nervoso. Lee se assustou assim que me viu naquele estado, veio correndo e colocou a mão na minha testa.

— Você está queimando, Uley. Como pode ficar nesse estado? – perguntou com a voz zangada.

— Liguei para você, Lee. Disse que não estava me sentindo bem, pedi sua ajuda. Então, sem dar bronca. – ouvi Lee bufando, tenho certeza de que se eu estivesse um pouquinho melhor, teria me socado.

— Os remédios continuam no mesmo lugar? – perguntou-me.

— Sim. – ofeguei.

— Vai tomar um banho gelado. Agora, Uley. – disse mandona e se encaminhando para a cozinha. – Vou preparar algum chá e te dar um comprimido.

— Okay. – sussurrei enquanto seguia para o banheiro. Meu corpo tremia violentamente, senti minha temperatura subir ainda mais.

Sai do banheiro e o cheiro do chá de freixo invadiu meu nariz, predominava todo o ambiente de minha pequena casa.

Leah estava no sofá, me deu uma xícara cheia e um dipirona, tomei os dois rapidamente.

— Obrigada. – falei baixo. Dormi logo em seguida.

Acordei tremendo ainda mais que antes, olhei o relógio na parede e já haviam se passado duas horas. Leah já tinha ido embora, tinha um bilhete em cima do gaveteiro que falava que tinha que me manter tomando o chá, ela voltaria na manhã seguinte ver como eu estava, e se não estivesse melhor, ela me levava nem que fosse amarrado para o hospital.

Levantei e estava indo para a cozinha pegar mais chá quando uma dor tão intensa me atingiu que arquei meu corpo caindo logo em seguida de quatro no chão. Parecia que estava prestes a convulsionar, me debatia inteiro.

 De repente, eu enxergava melhor, ainda estava de quatro, mas no lugar de minhas mãos agora haviam patas pretas, peludas e grandes. Era eu, mas não era. Estava apavorado, a janela da cozinha estava aberta, pulei por ela e corri, corri sem rumo, as árvores passavam como borrões enquanto corria, mas mesmo assim, consegui distinguir claramente o caminho que deveria tomar sem me machucar.

Em algum momento meu corpo cansou, desabei no chão me encolhendo rapidamente, usei uma árvore grande para proteger minhas costas, estava tremendo, com medo, em desespero. Tudo gritava perigo. Eu era perigoso.

Passei dias no mesmo lugar, eu não era mais humano, era algum ser, um monstro. Uma aberração.

Até ela aparecer acreditava que ficaria daquele jeito para sempre, sem escolhas, temendo cada dia. Me achando a pior coisa.

Era linda, cabelos avermelhados que caiam em cascata até a cintura, rosto em forma de coração, pele de porcelana, olhos estranhamente dourados e a rapidez na qual se movia era assustadora.

Meus pelos se eriçaram, como se todo meu corpo gritasse perigo, ataque, coloquei-me de pé, em estado de alerta, ela recuou alguns passos, andando de costas, olhando em meus olhos e foi naquele momento que algo dentro de mim mudou, já não sentia mais o perigo, meus pelos voltaram ao normal, agora eu tinha necessidade dela, era como se tivesse encontrado algum significado para tudo, o meu destino, minha garota. Ela continuava a se afastar, aquilo doeu, não queria machuca-la, nunca iria machuca-la.

Meu corpo voltou a tremer, suavemente e de repente, era eu de novo.

— Fique. – sussurrei, depois dessa pequena palavra tudo escureceu e cai na inconsciência.

        Isabella

Ainda corria, corria como se minha própria vida dependesse disso, fui atraída para a pequena cidade de Forks. Ainda corria, ainda buscava, mas agora parecia que eu tinha um rumo, a floresta, eu sabia que tinha que chegar em algum lugar da floresta e estava percorrendo-a inteira. Até que avistei um lobo, negro, gigante. Ao mesmo tempo que parecia um lobo, tinha algo de muito estranho nele, os olhos eram humanos demais, um transfigurador me olhava, os pelos ficaram eriçados, dei alguns passos para trás, precisava me proteger se ele atacasse, olhei em seus olhos enquanto me afastava. E foi então que entendi. Tudo tinha me levado até esse momento, até esse encontro, era isso que eu estava buscando com tanto afinco, era esse transfigurador que estava sentindo todas aquelas coisas. Acho que depois de 300 anos, eu finalmente tinha encontrado alguém.

Seus pelos foram baixando suavemente, só que ainda assim eu me afastava, era melhor prevenir, ainda mais se teríamos algo um com o outro. O ‘lobo’ tremeu e em seu lugar apareceu um garoto, forte, pele queimada pelo sol, olhos escuros, cabelos negros igual o pelo do lobo, era lindo.

— Fique. – sussurrou e desmaiou logo em seguida, antes que sua cabeça tocasse as raízes da árvore, eu já o segurava. Deitei sua cabeça em minhas pernas e encostei meu tronco na árvore. Agora era o momento de esperar que ele acordasse.

Passamos o que acho que foi umas três horas naquela posição, ele ressonava baixo, suave. Acariciava seu cabelo, era grosso, mas extremamente gostoso de mexer, estava um pouco grande, ele parecia que estava na floresta por dias, eu tinha tantas perguntas.

O garoto começou a se mexer tirando minha jaqueta de cima de sua cintura nua. Acordou. Prendi a respiração. Ele se afastou de mim derrubando de vez a jaqueta, aquilo doeu.

— Quem... quem é você? E porque estou nu? – perguntou-me, sua voz era grossa quando falava sem sussurrar. Captou a jaqueta com o olhar e usou-a para cobrir suas partes novamente.

— Isabella Swan. E você? – perguntei de volta.

— Samuel... Sam Uley. Quero dizer, o que é você? Você se mexia rapidamente. – seus olhos me avaliavam, dava para ver o lobo à espreita naquele olhar. 

— Se me dizer o que você é, te digo o que sou. – dei de ombros.

— Eu não sei... Essa é a verdade. Mas e você?

— Sou uma vampira, 300 anos nessa vida, me transformaram com 16. Acho que ele não tinha muita prática, acabou me deixando viva e nisso fui transformada. – divaguei enquanto me lembrava daquela época.

— Acho que não devo ficar perto de você. – falou devagar. – Mas quero tanto. – sussurrou tão fraco que se não fosse minha super audição não teria captado.

— Você tem para onde voltar? – perguntei. – Parece que já está há muitos dias na floresta.

— Acho que tenho, não faço ideia de quantos dias estou por aqui, eu me transformei naquilo e não conseguia mais ser eu... não conseguia voltar, mas consegui quando você apareceu. Obrigado por isso. – sua voz estava forte.

— De nada, tenho uma vaga ideia do que você seja. Existem muitas lendas, acho que você é um transfigurador, um humano que tem no sangue o poder de se transformar em algum animal. E acho que o povo da sua tribo escolheu o lobo por algum motivo. – seus olhos brilharam em entendimento.

— É claro, as lendas. Tenho para quem perguntar se é verdade ou não. – seus olhos pretos me fitavam, agradecidos. – Você vem comigo?

— Acho que não serei bem-vinda. Vá você, ficarei pela cidade, tenho certeza que conseguirá me achar pelo cheiro, ele é um tanto enjoativo, já ouvi falar. – dei de ombros pela segunda vez naquela conversa.

— Voltarei para te encontrar, tenho certeza que você me ajudou muito. Irei agradecer.

— Então até mais, Sam. – disse-lhe.

— Até mais, Bella. – levantou levando a jaqueta junto consigo para cobrir suas partes.

— Ah, sei que ainda pode me escutar, te darei uma jaqueta nova. Obrigado novamente. – sorri com aquilo.

Voltei para Forks, estava na hora de buscar uma casa para morar, mostrar meus documentos de emancipação e o óbito de minha avó. Óbvio que tem algumas pequenas alterações na data, nada que esses humanos precisem saber.

Era muito agradecida pelos 300 anos juntando dinheiro e mais ainda por não ter perdido meus dons de bruxa quando aquele idiota me transformou, isso me dava uma leve vantagem de ver alguns números vencedores em sorteios milionários. E minha ótima capacidade de fazer bons investimentos também ajudavam.

Dei uma volta pela cidade inteira e achei uma casa, bem na saída da cidade que estava à venda, dois andares, dois quartos, um banheiro, uma cozinha e uma sala, grande até demais para mim, mas tinha me encantado tanto por ela. Iria comprar.

Fui na imobiliária que aparecia na placa e acertei tudo, mas só depois de três horas deles terem conferido todos os meus documentos. Essas coisas eram tão exaustivas. Fui para um hotel em Seattle, já que a casa não tinha mobília nenhuma, amanhã passaria em algumas lojas e mandaria entregar tudo lá. 

Uma semana depois de ter chego nessa cidade, enfim estava acomodada, a casa exatamente do meu jeito, móveis rústicos, simples. Cortinas brancas na sala, cozinha e nos quartos, jogo de cama preto para o quarto de hóspedes, vermelho no meu.

Mais uma casa minha, mais uma casa com a minha cara. Pequenos sonhos realizados, algo me dizia que iria ficar muito tempo nessa cidade.

        Sam

Fui indo para longe de Isabella, minha Bella e a dor no peito era desconfortável, como se devesse voltar para seu lado e não sair de lá.

Voltei para casa usando sua jaqueta como proteção para minhas partes baixas. Teria que devolver uma nova jaqueta que fosse à sua altura.

Cheguei em casa e minha mãe estava em prantos, corri para abraçá-la. Eu não tinha respostas para dar, só queria abraçar minha mãe e não responder nada. Me tornei recluso. Não podia responder ninguém, achariam que eu estava louco, mandariam me internar.

Não tinha com quem conversar, quer dizer, tinha Isabella, mas ainda não havia ganhado minhas respostas, não poderia ir encontrar com ela. O Velho Quill um dia encostou em mim, foi por acaso, foi sem querer, mas seu olhar, eu sabia que ele tinha um segredo, eu sabia que ele sabia sobre o meu segredo. 

— Sam, poderia me encontrar em casa, ao anoitecer? – o Velho Quill me perguntou olhando para os lados.

— Sim – respondi simples. Quando anoiteceu sai para a casa de Quill. Chegando lá encontrei com o Velho Quill, Harry e Billy.

— Acho que você tem escondido algo de todos nós. – Billy Black disse assim que passei pela porta.

— Não, claro que não. – disse tentando manter minha voz sem alteração.

— Nós sabemos, Sam Uley. – Harry disse.

— O que sou? – perguntei por fim.

— Um lobisomem. – disseram os três.

— Conheço uma pessoa que discordaria de todos vocês. – dei de ombros com suas caras de espantados.

— Creio que agora sabe que todas as lendas que contamos são reais. – Velho Quill disse. – Mas, quem é essa pessoa? E como alguém já sabe de sua condição.

E foi assim que contei para os três como tudo aconteceu, desde eu achar que estava doente, a ajuda de Leah, eu me transformando e fugindo pela janela da cozinha, voltando ao normal quando Isabella apareceu. Contei o que ela era, o que tinha dito que eu era. Quando terminei, seus olhares eram curiosos, ainda mais interessados.

— Se ela de fato é uma vampira, como você não atacou-a? Esse é nosso instinto mais básico. – Billy disse.

— Até senti essa vontade, por um momento, até olhar em seus olhos e ficar calmo, saber que podia confiar nela.

— O que? Um imprinting? Tão cedo? Com uma vampira? Acho que isso nunca nos aconteceu. – os três começaram a discutir, era como se eu não estivesse mais ali, resolvi me fazer presente pigarreando.

— Oi? Porque discutem tanto? O que é imprinting?

— Na lenda de nossa tribo, essa condição de lobo te dá o dom de encontrar sua companheira, aquela pessoa ideal para você. E pelo jeito, os ancestrais escolheram uma vampira para você. Nunca antes um lobo sofreu imprinting tão cedo e muito menos pela raça inimiga. Acho que você precisa trazê-la aqui. Para todos conversarmos, ter uma conversa com os ancestrais também. – Quill me respondeu.

Tudo que conseguia pensar é que veria Bella de novo, agora eu tinha algumas respostas e até obteríamos mais se ela quisesse vir aqui se apresentar e descobrir.

Fiquei ansioso por essa novidade. Voltei para casa feliz.

Mamãe notou, mas não falou nada.

Dormi com o coração leve, um sono sem sonhos.

Acordei cedo, me arrumei, peguei meu carro e fui para Seattle, precisava procurar uma jaqueta que combinasse com Bella.

Passei por algumas lojas, mulheres bem ‘prestativas’ vinham me atender. Atiradas... Já estava desistindo de encontrar a jaqueta perfeita quando passei por uma loja e na vitrine tinha uma jaqueta preta. Era essa, eu sabia que sim. Parecia que ficaria ajustada no corpo, não entendia de modelos e de nomes difíceis, mas tinha certeza que tinha sido feita para ela.

Entrei na loja, falei para a vendedora qual a jaqueta que queria, pedi para embrulhar para presente e sai de Seattle de volta para Forks. Ela disse que eu a encontraria pelo cheiro, por ser enjoativo. Realmente encontrei-a pelo cheiro, mas não tinha nada de enjoativo, tinha um toque adocicado, mas era tão atrativo para mim. Puxando-me de encontro a ela.

Parei em frente uma casa de dois andares, pintada de marrom escuro, imitando a cor natural da madeira que provavelmente estava descascada. Sorri. Era a cara dela.

Ia tocar a campainha quando a porta se abriu.

— Você veio. – sorriu pra mim.

— Eu disse que viria, isso é pra você. – entreguei o embrulho e fiquei ansioso por sua reação. Ela abriu o pacote lentamente, parecia saber que queria ver logo sua reação.

— É lindo. – disse assim que terminou de tirar a jaqueta de dentro do embrulho. Arrancou a jaqueta verde escuro que vestia e colocou a que eu tinha acabado de te entregar. – Nossa, caiu perfeitamente em mim, obrigado por isso, Sam. – Bella me abraçou mais logo se afastou, senti uma corrente percorrer seu corpo, será que ela também havia sentido?!

— Posso entrar? – perguntei encabulado.

— Claro que sim, que falta de educação a minha. – deu espaço para que eu passasse e entrou fechando a porta atrás de si. - Fique à vontade. Já volto. – saiu me deixando no sofá da sala.

Depois de quinze minutos ela voltou, um prato de sanduiches nas mãos e uma jarra e dois copos flutuando ao seu lado. Me assustei.

— Ops, desculpe. Acho que não te contei que também sou bruxa. – sorriu amarelo.

— Não, você não disse. – sussurrei.

— Olha, como já disse, eu sou bem velha.

— Não parece velha pra mim. – interrompi sua fala.

— Na aparência não, tenho 16, mas de vida. 316 anos, muito velha. – sorriu ainda mais amarelo que antes. – Meu pai morreu na guerra, minha mãe morreu no meu parto, minha avó por parte de pai me criou, ela era uma bruxa, o que queria dizer que eu também era, ela me ensinou quase tudo que sei, devo dizer que uns anos nessa terra também ensinam coisas bem valiosas, continuando. Eu conhecia todas as lendas, sobre todos os seres místicos, mas devo confessar que conhecer e vê-los cara a cara ou ser um deles é algo bem diferente. Estava na floresta, praticando magia de cura, um vampiro me encontrou, acho que era novo naquilo, ele realmente me deixou à beira da morte, só que eu tinha sangue suficiente para definhar até me transformar, voltei para casa três dias depois, transformada. Os olhos vermelho sangue, a partir daquele momento eu havia me tornado um ser da noite, uma sanguessuga. Vovó me aceitou de braços abertos, é claro. Ela conhecia esses mundos. – Isabella suspirou alto. – Se quiser me interromper, fique à vontade.

— Não quero, continue. – respondi.

— Ela me aceitou de volta e fez de tudo para que eu não precisasse matar humanos, e conseguiu, ela me ensinou a beber de sangue animal, conseguia me sentir quase normal, mas sentia falta da comida humana, ela foi fazendo umas misturas, muito sangue animal com comida humana comum, meu organismo foi aceitando, ela foi diminuindo o sangue animal até que consegui voltar a comer comida humana sem passar mal nenhum. Hoje posso me alimentar dos dois, meus olhos dourados são por causa disso, o sangue animal que ingiro. Mas normalmente quando estou fazendo magia ou me alimentando, eles ficam castanhos, como eram.

— Ual, não sei nem o que dizer. Toda bruxa que vira vampira consegue continuar praticando? – perguntei curioso.

— Na verdade não, até eu, não descobrimos nenhum outro que manteve toda a magia, alguns vampiros tem dons, mas continuar praticando a magia completa como consigo, só conheço a mim mesma. Vovó nunca soube essa resposta, transfigurador. – sorriu marota. – Descobriu mais sobre si mesmo?

— Sim e não. Sim, falei com o que chamamos de conselho em minha tribo, eles me contaram que sou um lobisomem, falei que conhecia uma pessoa que discordaria disso, contei tudo o que me disse, inclusive que você é vampira. – olhei em seus olhos pedindo desculpas com os meus.

— Te perdoo, como você é uma criatura que também tem que manter sigilo, não terei problemas com isso. – me respondeu.

— E o não é porque eles disseram que sou o primeiro a sofrer um imprinting tão cedo e logo por uma vampira, nossa inimiga mortal.

— O que é imprinting e porque sou a inimiga mortal de vocês? – seus olhos eram curiosos, receosos.

— Imprinting para minha raça é o que os humanos conhecem como amor à primeira vista, ou melhor classificando, alma gêmea. E o conselho diz que os lobos que dividem a pele com o homem só surgiu para proteger a tribo e de forma geral, os zumbis deixam-nos em alerta, vocês são bebedores de sangue, assassino de humanos e nós somos guardiões, por isso somos inimigos mortais.

— Aaaah. – Isabella entrou em um estado de transe, ela estava ali e ao mesmo tempo não estava, era como se fosse uma meditação muito longa. Uma comunicação com outro alguém. – Quero conhecer esse conselho, saber melhor sobre essas lendas. – Bella me olhava pedindo permissão.

— Eles também querem te conhecer, podemos ir agora se quiser, só preciso avisá-los.

— Aceito. Só preciso pegar uma coisa lá em cima. – subiu as escadas correndo em sua velocidade anormal e em poucos segundos estava em minha frente, cabelo preso em um rabo de cavalo alto e uma mini bolsa nas mãos. – Estou pronta, vamos? – perguntou.

— Claro. – quando passávamos pela porta Bella pegou as chaves do que achei que fosse seu carro, já que tinha um estacionado na frente da casa. – Estou com o meu, não precisa ir com o seu.

— Preciso sim, você está de carro e vou com você, mas ai depois não tenho como voltar.

— Sim, você tem, te trarei de volta, não se preocupe. – tirei as chaves de sua mão pendurando-a novamente e puxando Bella pela mão, a corrente elétrica voltou a passar entre meus dedos para os dela, mas não soltei.

     Isabella

Sam Uley estava na frente de casa, abri a porta antes mesmo que ele tocasse a campainha. Conversamos, foi interessante, me sentia livre. Contei sobre ser bruxa também, minha alimentação, perguntei sobre ele.

Estávamos indo agora para sua tribo, eu iria conhecer o conselho, queria conhece-los tanto quanto eles queriam me conhecer, eu era um enigma e sabia bem disso.

Sam não me deixou ir no meu carro, estava segurando minha mão e me levando para o seu. Não reclamei, só fiquei aproveitando o choque de energia que nossos corpos emitiam.

Fizemos a viagem toda rapidamente, em silêncio, cada um com os próprios pensamentos. Sempre que possível Sam voltava a pegar em minha mão.

Chegamos e me senti nervosa. Muito nervosa.

Sam me abraçou e se afastou calmamente. Subiu os três degraus da casa de madeira onde havíamos parado, abriu a porta e olhou em minha direção.

— Vamos? Não precisa ficar nervosa, eu estou aqui. – disse calmo, devagar, como alguém que fala com uma criança e promete que tudo vai ficar bem, sem maldade, só sinceridade. Subi os degraus e voltei a pegar em sua mão, me sentia mais segura assim. Entramos.

Tinha três senhores na sala, um na cadeira de rodas e os outros dois no sofá de dois lugares.

— Velho Quill, essa é Isabella Swan. – me apresentou para o primeiro senhor sentado no sofá. Estiquei minha mão direita e cumprimentei.

— Oh, ela não é tão fria. – sussurrou olhando espantado para os outros dois senhores.

— Esse é Harry. – apertei sua mão também e o mesmo olhar de espanto predominou seu rosto.

— E por último e não menos importante, esse é Billy. – apertei sua mão.

— Definitivamente ela não é como os outros e nem como a família Cullen, vocês sentem também, não? – Billy perguntou para os outros dois. Eles confirmaram com a cabeça.

— Conte-nos sua história pequena criança. – Velho Quill disse e eu abri um sorriso, eu definitivamente era mais velha que eles, mas as aparências enganam.

Contei tudo que já havia contado para Sam, sobre ser bruxa, minha idade, transformação, minha avó e o que mais eles queriam saber, minha alimentação. 

— Você é diferente de tudo que já conhecemos, os ancestrais devem estar planejando algo grande. Você é o acréscimo mais maravilhoso que temos o prazer de receber em nossas terras. Creio que Sam já te contou sobre o imprinting, e para você estar aqui, creio que aceitou muito bem. – Harry disse.

— Sim, ele já me contou, e sim, aceitei, eu o procurei. Estava no Brasil, e fui trazida para Forks, viajei durante duas semanas, correndo sem parar, nadando para chegar aqui. Eu o encontrei, eu o fiz voltar a ser humano, ele me gritou assim que a transformação ocorreu. Foi algo mais forte do que nossa consciência sequer tinha imaginado. Algo mais forte do que uma simples vida poderia explicar. Isso foi algo inacreditavelmente premeditado pelos ancestrais. As bruxas me falaram para vir conhece-los. – disse, como se explicasse a coisa mais simples e óbvia do mundo.

— É minha querida, creio que seu lugar é aqui. Conosco.

— Creio que sim. – respondi de volta - Comprei uma casa na saída de Forks, vou me matricular na escola, as aulas voltam em duas semanas pelo que sondei, tenho que manter a aparência. – dei uma piscada marota, o que fez os velhos rirem e Sam gargalhar.

— Garota decidida. – Velho Quill disse.

— Tenho que ser, com a idade que tenho, uma indecisão pode me matar.

***

Sam e eu começamos namorar uma semana depois, ele fez o pedido na minha casa, cheguei do serviço que tinha arrumado e a porta estava entreaberta, meu corpo todo entrou em estado de alerta, empurrei a porta lentamente, mas assim que reconheci o cheiro de Sam relaxei, o chão estava coberto de velas que me guiavam por um caminho, subi para meu quarto. Sam estava ajoelhado, uma rosa inteira na mão e uma caixinha com aliança. Óbvio que disse sim.

Passamos a ficar muito tempo juntos, ele basicamente não saia mais de minha casa, já tinha uma cômoda completa com suas roupas, toalhas e afins. Nunca reclamaria disso, queria mais que ele viesse morar logo aqui, ele queria terminar a escola primeiro, era a primeira vez dele nessa fase, não iria estragar. Fiquei muito feliz quando ele se formou com honras. Vibrei e gritei demais.

Outros se transformaram em transfiguradores também, eu era mulher do alfa, ninguém tinha repulsa de mim, minha casa e de Sam virou um ponto de encontro da matilha, eu cozinhava bem e conseguia alimentar esses lobos famintos, éramos uma família estranha mais feliz.

O melhor dia da minha vida foi quando Sam me pediu em casamento, não... O melhor dia foi quando eu disse sim no altar. Mas voltando para a história do casamento. Fui trabalhar como em outro dia qualquer. Cheguei lá e Jacob Black me esperava, fiquei preocupada, algo podia ter acontecido com algum deles.

— Oi Jake, o que aconteceu? – perguntei alarmada.

— Nada Bells, Sam só me pediu pra perguntar se você podia comprar vinho hoje e mandou te entregar isso. – Jake me estendeu um lírio roxo, peguei e fiquei emocionada.

— Fale que posso comprar sim. E diga obrigada pela flor. Até mais. – dei um beijo na testa de Jake e entrei no serviço. Comprei um vasinho com o desconto de funcionário, coloquei água e deixei minha flor dentro. Trabalhei sorrindo à toa.

Sai do serviço e fui direto para o mercado, peguei o vinho, paguei e sai. Encostado em meu carro estava Paul Lahote com um buque enorme em mãos.

— Sam mandou te entregar. – Paul sorria, e ele era o mais difícil dos meninos.

— Obrigada, Paul. Quer carona? Estou indo para casa, hoje vai ter macarronada.

— Por mais que ame sua macarronada, não posso, tenho ronda agora, só estava te esperando para entregar. Tchau Bells. Até mais. Guarda um pouco para mim, se der. – saiu sorrindo.

Esses meninos eram tudo doidos. Entrei no carro e fui para casa. Chegando lá, estava tudo apagado, achei estranho, normalmente Sam já estava em casa e até um dos meninos estava junto. Será mesmo que não tinha acontecido nada?! Essa pergunta martelava minha cabeça enquanto ia entrando em casa.

Fui para a cozinha, coloquei o vinho na geladeira, subi para meu quarto, peguei minha toalha e fui para o banheiro, quando entrei tive uma surpresa, a banheira estava cheia, água quente, sais de camomila predominavam com seu cheiro no banheiro, tinha pétalas pelo chão e um envelope vermelho preso no vidro. Peguei-o.

“Você é a mulher mais maravilhosa que conheço, espero que aproveite o banho que preparei, com todo amor e carinho. Seu, Sam.”

Esse homem ainda ia me fazer derreter de tanto amor.

Entrei na banheira e deixei que a água levasse embora toda preocupação que tinha passado por minha cabeça, me enrolei no roupão e sai. O corredor estava cheio de pétalas e velas, elas passavam direto por meu quarto e iam em direção da escada, fui seguindo-as, Sam estava na sala, de terno e gravata, um buque ainda maior do que o que Paul tinha me entregado, rosas brancas, minhas favoritas de todas as flores. Comecei a chorar.

— Amor, o que é tudo isso? – perguntei soluçando.

— Algo especial para uma mulher especial. – deu um beijo delicado em meus lábios e voltou a se afastar. – Posso dizer com toda certeza que foi você Isabella que me tirou do meu maior medo, você me transformou em homem de novo, trouxe meu lado humano que tinha ficado adormecido e com medo demais dentro do lobo, você mais do que ninguém me ensinou sobre mim, sobre você, sobre família, liderança, como cuidar da matilha, sem você, não poderíamos ser nós e eu não estaria feliz desse jeito. E é por isso que quero te perguntar. Aceita casar comigo?

— Sim, sim. – disse em meio aos meus soluços. – Sam me abraçou tirando-me do chão.

— Pode aparecer galera, ela disse sim, como bem sei que ouviram. – a porta dos fundos abriu e a matilha toda entrou, inclusive tia Sue, tio Harry, tio Billy e tio Quill, depois de algum tempo de convivência escolhi por chama-los assim. A mãe de Sam também estava lá, ela me abraçou apertado e eu retribui.

Nos casamos um ano depois, na praia de La Push, que ficava dentro da tribo Quileute. Infelizmente nesse meio tempo a mãe de Sam morreu. Ele ficou arrasado, tive que muitas vezes fazer chás que o fariam dormir, pois senão ele passava noites e mais noites em claro, sofrendo, se culpando.

Sam me convidou para morar com ele, decidi que sim, era o que queria. Morar na tribo, perto da matilha, fizemos algumas reformas na casa, compramos móveis que eram a nossa cara. A casa em Forks ficou alugada, um dinheiro extra que teríamos.

Fiz uma conta conjunta com Sam. Dividi minha fortuna com ele, no início ele ficou bem relutante, não queria aceitar, mas dei meu jeitinho e ele aceitou.

Agora eu era Isabella Uley, mãe postiça de garotos lobos gigantes, morava em uma tribo indígena que mantinha suas lendas e tradições bem vivas. Era vampira, bruxa e mulher de um transmorfo. Melhor decisão da minha vida foi ter ficado após aquele pedido, foi ter buscado com tanto afinco algo que nem sabia o que era ou onde me levaria.

— Amor? – olhei para onde Sam estava.

— Fique. – ele sussurrou e sorriu.

— Para sempre. – fui de encontro a ele e coloquei sua cabeça em minhas pernas, assim como a primeira vez, assim como muitas outras, assim como faríamos pela eternidade.


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Notas finais do capítulo

Chegaram até aqui? Muito obrigada aos que me deram uma chance.

Pode existir alguns erros, não tenho beta, se encontrarem, não fiquem com receio de contar, agradeço desde agora.

O que acharam?
Comentários construtivos são sempre bem-vindos.



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