Sangue de Arthur II escrita por MT


Capítulo 6
6- Capítulo, Era uma vez


Notas iniciais do capítulo

Era uma vez um garoto expulso do grupo do Nyah no facebook, ele não sabe o que fez, mas espera poder descobrir...
Enquanto isso espero que possam aproveitar esse capítulo!



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Romanel, Elisa -Mestre do Berserker

Era uma vez um livro sobre as aventuras de uma garota vampiro, filha de um lorde vampiro, com presas afiadas e olhos carmim. Elfos maus destruíram sua cidade e monstros terríveis atormentaram sua jornada para salvar o mundo. 

Mas ela foi feroz, brava e assustou mesmo os heróis que partilhavam do mesmo objetivo.

No fim da aventura, porém, ela morreu. Não sem deixar para trás a chave para cessar o fim dos tempos. Não, a heroína não teria perdido a vida por menos que isso. E seu companheiro naquela empreitada fez uso dela, um mercador qualquer sem nenhuma habilidade combativa tornou-se o homem que mudou o destino mortal que os esperava. Mas quando ele contou do feito foi tachado mentiroso e aqueles que sabiam da verdade naquilo mantiveram silêncio.

A história os esqueceu e o povo nunca os reconheceu como seus salvadores.

— Um desfecho cruel não acha?

A garota deu uma mordida no sanduíche e pareceu ponderar enquanto mastigava. As bochechas inchadas pela comida aos poucos regrediam de volta a ligeira semi circunferência.

— Nem tanto, - disse terminando de engolir. - conseguiram o que queriam. Salvaram o mundo. A vampira morreu de forma honrosa e o mercador fez valer seu sacrifício, muito mais feliz do que outros podem se gabar.

Elisa sorriu para a resposta da jovem loira e suja. Uma boa conclusão para o tanto que contei. Havia encontrado-a abaixo de uma árvore e simpatizara com seu olhar de cão de rua. 

E eu soube imediatamente que era um servo.

Começou puxando conversa e depois pagou-lhe um lanche. Em pouco tempo já falavam como velhas conhecidas que finalmente deram-se a chance de conhecerem-se de verdade.

A menina contou sua história sobre o pai e fora quase o suficiente para Elisa pensar se tratar apenas de uma garota qualquer, mas as estranhas razões pelas quais morava com um adolescente depressivo manteve um pouco da possibilidade em questão.

Mas aquela noite não era para mortes e ela simplesmente escolhera por jogar conversa fora sem segundas intenções, aproveitando a chance para ser só uma mulher mais velha dividindo experiência com uma mais nova.

Foi bom apesar de termos tocado em alguns assuntos bastante melancólicos.

Agora toda aquela relação naufragaria no sangue de uma delas. Na verdade Elisa já começara a sentir-se mal pelo desfecho óbvio que se seguiria e também a planejar a construção de alguma espécie de memorial para a garota.

Talvez até inclua a salvação do mestre dela no meu pedido. 

O Berserker começou a todo vapor, usando uma dúzia de dragões. Ela podia ver os enormes pescoços emergindo do sombrio vácuo negro que parecia compor seu corpo. A maioria poderia engolir um homem montado em sua moto, outros um carro e metade possuía olhos mágicos.

Mas não inocentes olhos de análise como o meu, não, esses eram do tipo que inflige paralisia por terror.

Eram como faróis, emitindo uma luz tão potente que viasse mesmo durante a manhã. A anormalidade fora suficiente para que a garota focasse em ficar oculta daquele olhar. Indo para as laterais e tentando se manter ao menos na diagonal das criaturas que lançavam botes como as imensas cobras que soavam ser. Cada investida deixava um buraco no solo e já devia haver algumas dezenas deles. E pouco mais de trinta segundos pareciam ter passado.

A luta se desenrolava sob movimentos terrivelmente rápidos. O Berserker movia seus dragões de forma a parecerem enormes borrões durante os avanços. A cavaleira era um pequeno ratinho branco dançando em volta das serpentes emanando eletricidade carmim. Estava começando a ficar com menos espaço, o servo de Elisa começou a bloquear cada vez mais as rotas que usava para mover-se.

Ele tem apenas testado a água, percebeu notando como facilmente aumentava a pressão, não quer correr riscos ao tentar obter uma morte rápida.

Fechou os olhos e tentou gravar na memória a imagem da garota. Uma menina envergando armadura, como a vampira do livro que escreveu. Forte, como ela. Determinada, como ela. Uma garotinha que só queria um pouco de amor, só um pouco para sentir que era importante, que era desejada.

Uma jovem garota que morrerá sem alcançar nada, assim como a vampira do livro. Ergueu as pálpebras para fitar seu borrão. Eu lhe digo adeus.

Foi quando escutou um som diferente. Um baque mórbido e o esguicho e gemido agudo, uma sinfonia de morte. Viu um dos pescoços reptilianos regredir de volta ao Berserker. 

Sem a cabeça.

 

Pendragon, Arthuria

— Shir...Em… - vê-lo agora a deixava extremamente desconfortável. - Archer. Você também faz parte disso?

Ele assentiu fracamente, com a face meio inclinada para baixo.

Estavam num carro indo em direção ao confronto final pelo cálice sagrado. Medusa também tinha um assento ali, tal qual Sasaki Kojiro.

— Por que? Por que todos vocês se uniriam para pegar o cálice? - perguntou sentindo o estômago contrair como que prevendo um soco. - Essa segunda vida que o Shi… - não conseguiu dizer o nome, ele ficou entalado na garganta. O trarei de volta, disse a si mesma, eu vou trazê-lo de volta.— que ganharam, não basta?

— ´´Segunda vida`` - repetiu Sasaki Kojiro pesando cada letra enquanto falava. - Diga, Saber, o que bonecos fazem quando ganham uma mente e algemas? 

O olhou com cautela. Vestia um quimono lilás por baixo de uma jaqueta roxa de gola para cima. Tinha o cabelo preso num rabo de cavalo e o olhar perdido no lado de fora da janela. A Katana repousava diagonalmente ao seu lado.

Arthuria fez um esforço para encontrar o porquê daquela pergunta, qual a razão para a comparação esquisita e só conseguiu um absurdo motivo. 

Eles não são eles.

— Quem são vocês?

Ouviu-o deixar escapar uma ligeira ameaça de riso.

— Exatamente quem quer que sejamos.

Aquilo não respondia nada e a curiosidade tornava-se impaciência. De quem era a limousine? O que as respostas enigmáticas significavam? E as perguntas?

Decidiu acabar com a névoa que impedia-a de ver o que estava acontecendo. Girou para a área do motorista e mandou Kirei desligar o carro. Quando ele não obedeceu Arthuria pôs a mão sobre seu pescoço, apertando o suficiente para doer, e repetiu a ordem.

Kirei parou o veículo após um minuto de hesitação.

— Eu quero a verdade, sem rodeios ou poesia. Só prosseguiremos quando me contarem o que está havendo.

— Parece sensato, mas talvez deva esperar um pouco mais. - Arthuria apertou o pescoço dele, sentindo os dedos começarem a afundar no músculo.

 — Ele tem razão. - Archer interveio. - Já chegamos ao local.

 

Pendragon, Mordred

Desviar, observar e entender. Repetiu. Desviar, observar e entender. Repetiu. Desviar, observar e entender.

Mordred entendeu e Clarent desceu sobre o grosso conjunto de músculos, veias e ossos que constituiam o pescoço reptiliano que falhou em abocanhá-la. A fera guinchou quando desacoplou-se do restante de seu corpo e as demais cabeças investiram ao mesmo tempo, sedentas pela súbita abertura. Viram-na deixar o ombro virado para o Berserker ao qual estavam ligadas, se ela olhasse descuidada para o ataque seria paralisada, se tentasse esquivar olhando para direção oposta seria pega. Ali tinham sua chance dourada.

Devem estar pensando.

De olhos fechados girou na direção das cabeças monstruosas, com Clarent derramando sua fúria escarlate sobre elas. 

— Eu venci. - disse fitando a mancha negra abaixo do manto com capuz quando a rajada extinguiu-se junto às feras. 

No momento que o golpe veio ele não teve opção a não ser fazer suas cobras levarem-no. Não tinha tempo para pensar numa defesa melhor e se desviasse sua mestra e talvez até si próprio fossem esmagados. Agora sua reserva mágica provavelmente pendia numa situação ruim e o desempenho geral não conseguiria ser suficiente para lidar com ela.

— O que te faz pensar assim? - respondeu Elisa. 

A cavaleira reduziu a distância até o Berserker mais rápido do que as novas serpentes conseguiram erguer-se e as cortou enquanto mal tinham o tamanho de uma mão.  O servo tentou recuar, mas Mordred acompanhou e lançou-o ao fundo do lago com um segundo golpe do seu nobre fantasma. 

Depois saltou, girando no ar e indo na direção oposta ao lago, aterrissando a frente da mestra do Berserker. A mulher ainda estava sentada sobre uma toalha colorida de piquenique e a criança continuava a seu lado, comendo mesmo quando Mordred pousara a espada no pescoço daquela que acompanhava. 

Apenas a ponta do aço tocava a fina pele branca. Um fio vermelho desceu partindo de onde espada e pomo de adão encontravam-se.

— Mande-o morrer ou morra. - ofereceu em honra a conversa que um dia tiveram.

— Deveria matá-la, Saber. - a garotinha falou com migalhas de comida saltando para fora. - Pessoas como ela geralmente acabam se envolvendo em vinganças sanguinárias.

Mordred ignorou a criança e silenciosa manteve-se fitando as íris cinzentas. 

A mulher levantou a mão esquerda e proferiu as palavras. Um dos selos vermelhos murchou até findar nuns pontos e traços pouco notáveis.

Mas aquela não era sua voz. Estava grossa e cheia de malícia, era uma rouquidão retumbante como um trovão sob tempestade.

Os nervos da cavaleira caíram em súbita tensão e a barriga pareceu ter sido exposta a uma massa de ar glacial. Suas pálpebras levantaram por completo e maldosamente suor escorreu frio pelas costas do seu pescoço.

E a espada atravessou a mulher.

Mas não, não Elisa. Nem sequer uma ´´ela``. Com os cabelos ruivos e as íris baças de um morto, um homem que conhecia via-se transpassado por Clarent.

— Mordred, eu confiei em você! - também conhecia essa voz, vinda de alguns passos a sua retaguarda, mesmo abaixo da exclamação ruidosa de tristeza e raiva. 

Sentiu o corpo empalidecer e esfriar como se o sangue houvesse coagulado a tempos.

— Por que? - agora um som choroso e torcido pelo som de respiração pesada. - Por que matou o papai!?

Não olhou para o lado, não se atreveu. A aquela altura sabia que não encontraria ali a criança albina e que talvez desmoronasse ao fitar a expressão que Eli devia ter no momento.

Ao menos Shirou manteve-se quieto e a cavaleira achou em alguma parte de si um agradecimento para ele.


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Notas finais do capítulo

Tô meio triste... deixe um comentário e alegre meu dia, por favor...

Obrigado por ler! Até o próximo capítulo!



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