Sangue de Arthur II escrita por MT
Notas iniciais do capítulo
Eu admito, Eli precisa de mais participação nessa fanfic!
Mas voltando ao assunto... Obrigado por voltar aqui! Isso é realmente gratificante!
Espero que curta o capítulo!
Com alguma dificuldade a cavaleira conseguira convencer Eli de que seria melhor usar uma roupa mais confortável do que o vestido longo de cor branca que deixava os ombros e parte do peitoral expostos, e as pernas quase atadas uma à outra, para a eventualidade de precisar lutar. Que fizera soar alta aos ouvidos da pequena. Que insitiu terrivelmente em ir junto.
A ´´uma hora mais cedo`` que tinham planejado fora reduzida a ´´em cima da hora``. Precisaram voltar duas dezenas de vezes para levar a garotinha dos Emiya de volta, em cinco delas foram ameaçados pela pirralha balançando a espada da seleção.
— Desculpa, dessa vez a deixarei amarrada. - Shirou falou quando bateram na porta com a menina sob o braço.
— Isso não é justo! - ouviram-na reclamar, enquanto Emiya a pegava, movendo os braços numa forma de protesto. - Você deixa onee-san ir! Por que eu não posso?!
— Ainda é muito nova, espere alguns anos. - foi o que recebeu pela pergunta e Mordred e seu mestre puseram-se a caminho do maid café, rezando para ser a última vez.
Um clima ruim pairava em volta deles enquanto andavam rumo ao encontro.
— Espero que não o façamos voltar para casa. - o mestre da cavaleira anunciou enquanto caminhavam. - Já são cinco horas e nem saímos de perto do muro dos Emiya.
Ele suspirou e as palavras ditas vagaram sem receber companhia. O dia ainda residia ali. A luz tocava as casas com seu véu alaranjado e pessoas passeavam pela rua. Carros movimentavam-se sobre o asfalto, fazendo o ronco de motores e buzinas soarem. Um cão ladrou para uma bicicleta que passara próxima a si e uma senhora foi auxiliada a atravessar para a calçada oposta.
— Aquele cachorro tá sempre por perto. - notou Mordred e o rapaz observou o animal de soslaio. Um pitbull robusto de cor negra e olhos claros.
— É.
Andaram em silêncio por mais um trecho enquanto os postes ganhavam vida. Ela não tinha nada em especial a dizer. Mas também o tinha. Desde que se alocaram na residência do rei Arthur vinha pensando naquilo. Nunca o dissera, apenas investira em quebrar as portas levadiças e escalar as paredes que o mantinham dentro do castelo de mentiras e mascaras. Mas talvez tudo que precisasse era falar com o responsável pela guarnição. Palavras por vezes abriam fortalezas que o aço fracassara em transpor.
— Ei, você… - começou, mas antes de prosseguir ele agarrou a mão da cavaleira e pôs-se a correr.
— Desculpe, mas estamos atrasados demais!
E assim desceram ruas e viraram esquinas. As palavras que diria morrendo a cada passada e olhar curioso. Depois de vinte minutos estavam no quarteirão do maid café.
O rapaz ofegante e molhado parou e curvou-se durante alguns segundos. Respirara profundamente duas vezes antes de erguer o tronco. Mordred sequer tivera que aumentar o ritmo dos pulmões.
— Má ideia? - perguntou o encarando.
— Má ideia, não deixe-me fazer isso de novo.
Quando ele se recuperou voltaram a caminhar. O destino estava logo a frente e as sombras cobriam mais da metade da rua. Logo seria noite e o movimento no distrito comercial aumentaria.
— Que horas? - a cavaleira imaginava que fossem cinco e quarenta.
O rapaz ergueu o pulso e suas íris caíram sobre a tela do relógio. A boca se abriu, os lábios moveram-se e as palavras vieram… sob o som de chamas e gritos.
Mordred empurrou o garoto para trás de si e recuou. A porta estava a dois passos, após se afastar cinco, deles e através dela um corpo escuro como carne queimada, com um grande buraco no peito, caiu deixando um singelo baque surdo. As janelas haviam explodido e chamas tinham a atravessado e mordido alguns do que passavam por sua frente. Pessoas rolavam no chão para apagar o fogo e as que apenas tombaram erguiam-se e tratavam de pôr distância dali. Curiosos tiraram celulares dos bolsos para filmar, traseuntes preocupados faziam ligações e os mais sensatos corriam para longe.
Não demorara muito para que a cavaleira o notasse. Por um momento confundiu a sensação com o calor da explosão, mas o engano foi breve. Viu as marcas, selos de comando ainda brilhando em carmim, na mão do sujeito carbonizado e soube que não era calor inundando o seu tato. Aquilo fora um assassinato e o responsável estava ali dentro.
— Há dezenas de testemunhas… - sussurou o rapaz como se tivesse deduzido tudo que ela tinha e ainda mais além, chegando a prever o que Mordred faria a seguir. - vamos recuar por hora.
A boca dela por um instante abriu-se, por um instante pensou em discordar e por um instante se esqueceu do motivo de não darem batalha ali. Então seus dentes encontraram-se e de punhos cerrados lembrou o porquê e não questionou a decisão.
— Para onde? - disse enquanto se punham a correr outra vez. O garoto parecia prestes a ter um infarto, a face tomara um tom avermelhado e a respiração provavelmente podia ser ouvida a um quarteirão de distância.
— O cemitério… - conseguiu responder. - deixe um rastro para o
inimigo…
Chamas ergueram-se no asfalto diante deles e dos poucos afortunados que fugiram na mesma direção. Mordred puxou a camisa do rapaz e o colocou no colo antes de pular sobre o telhado e continuar. Vislumbrou formas bruxuleantes cruzarem os céus e então caírem inundando com fogo sua passagem.
Ele quer fazer isso aqui, em meio a todas essas pessoas.
Mordred não se importava com aqueles rostos estranhos, mas ainda sentia um desconforto no estômago ao pensar em envolvê-los na sua batalha. Não tinha nada a ver com eles e mesmo assim tiraria suas vidas.
— Permaneça correndo, se ele insistir em tentar nos parar com tiros como esse só temos a ganhar. Mana não é infinita.
A cavaleira assentiu e logo contornara a parede flamejante. Outras surgiram como esperado que fizessem, tentando fazê-los fincar-se no lugar e encarar o atirador. Mas cada vez ficava mais simples ignorá-las e prosseguir. O obstáculo mantinha-se o mesmo.
Mas não pôde sorrir. Fugir, é como parecia e de certo modo era. O inimigo barra sua passagem e ela arranja outra. Sentia o toque das chamas que surgiam daçando a sua frente e ao invés de girar os calcanhares sobre o asfalto e lutar... comprava distância.
Seus lábios separaram-se novamente trazendo o objetivo de queixar-se. Quando viu uma garotinha agarrada a mão de sua mãe, eles perderam a convicção para fazê-lo. A menina chorava e as roupas da mulher haviam sido tocadas pela fumaça. Também corriam, corriam para não haver mais do que um pouco de sujeira e medo como prejuízo por um evento que não compreendiam ou provocaram. O terror tomavam-lhe as feições.
Engoliu a vergonha e virou o olhar para a frente. Iria lutar, mas não ali, definitivamente não ali.
O cemitério estava diante deles quando algo atingiu sua entrada como um míssil. Lascas dos portões e do asfalto voaram para longe e a cavaleira por pouco não fora de encontro ao chão. Fumaça se erguia enquanto restos de chamas dançavam timidamente em alguns cantos. E uma silhueta movia-se para fora daquilo.
A cavaleira sentiu um leve tremor percorrer sua coluna. Isto está brilhando em dourado. Mas quando o sujeito se afastou dos escombros era quase um homem normal. Loiro, olhos verdes e porte atlético, era praticamente como um modelo inglês. Uma versão masculina do rei Arthur com alguma idade e músculos a mais.
— Como ousam…! Por acaso não entendem um aviso de pare quando veem um?
Mordred pôs o mestre no chão e deu um passo a frente fazendo armadura e espada surgirem. Sua batalha estava bem ali e seu corpo começava a gemer de prazerosa expectativa.
— Espere. - Tatsuo disse a ela antes que a cavaleira avançasse e virou-se ao sujeito fumegante. - Quem é você e o que quer?
A cavaleira ficou sem palavras. Sentiu que tinha perdido o ar. Olhou para o garoto. Viu as íris negras, o cabelo bagunçado e a expressão neutra sob os restos da vermelhidão que havia tomado sua face.
Ele não soava a alguém cujo aliado fora morto há poucos minutos. Tinha calma. Ainda mantinha a mente funcionando racionalmente. Mas Mordred não compartilhava daquilo. Havia raiva inundando seu cérebro e também desejo.
Queria aquela briga.
— Esperar?! Esse bosta acabou de nos atacar e de matar o cara que fazia parte da nossa equipe! - gesticulou irritada para o homem. - Não há o que conversar aqui!
— Esse seu servo é bem barulhento hein? - o inimigo se manifestou. - Mas ela tem razão, não há o que conversar aqui. Sou o servo da classe Archer e quero um oponente para matar meu tédio. Ou simplesmente matar, o Assassin sozinho não faz guerra ganha. E também não é costume de um deus apenas ouvir desaforos docilmente, pagará por isso mulher.
Ela não precisou ouvir duas vezes. Com um impulso seus pés percorreram a distância que os separava e mana começou a inundar-lhe os músculos ao ponto de uma parte escorrer para fora como eletricidade carmim. Clarent desceu sobre o homem de cabelos loiros e encontrou um cilindro de ouro brilhando entre eles.
— Hoho, então isso é um servo de alta qualidade? - o sujeito empurrou a espada da cavaleira para esquerda com o curto bastão e o fez sumir para em seguida reaparecer na mão direita. - Talvez esse castigo do meu pai não vá ser assim tão ruim.
Mordred usou o pé que tocara o chão para ir ainda mais para esquerda, na direção do ponto cego da mão vazia. O projétil passou velozmente pelo local onde instantes atrás tinha a cabeça como imaginara que faria quando viu materializá-lo. Balançou a espada e a sentiu morder carne e triturar ossos. Mas o inimigo pulou para a direção oposta impedindo Clarent de dividir seu corpo ao meio.
O braço dele ficou para trás vertendo um líquido dourado ao invés de carmim.
— Isso me pegou de surpresa… - ele falava como se a falta do membro não doesse e Mordred podia ver que a parte que restara nele já cicatrizara. - Quando vi o servo da classe Assassin pensei que o nível da competição seria bem fraco. Mas imagino que Zeus não me forçaria a isso se fosse algo fácil, os dois últimos castigos dele tiveram algum propósito anti apocalíptico, se este for diferente acho que ficarei decepcionado. Então, prepare-se, pois verá agora o que um deus sério pode fazer.
Um arco de dupla curvatura surgiu na mão que lhe restava, tremulando e brilhando como se feito do próprio sol. Ele o ergueu na altura do peito. Fiapos de fumaça começaram a emerger do chão e o asfalto borbulhava. O calor distorcia a imagem, fazendo-a soar como se as formas balançassem.
Sob a armadura Mordred sentia seu corpo decompondo-se, aos poucos virando uma poça de carne derretida. Deu um passo a frente e foi como se entrasse no inferno. A água parecia ser sugada de sua carne e imediatamente transformada em vapor, sua pele queimava e a cabeça reclamou vigorosamente disso. Seus pés recuaram quase tropeçando um no outro.
A cavaleira ergueu o cabo da espada e a fez pairar a frente do coração. Os nervos pulsando como veias e os músculos tensos como rochas enquanto lotes de suor irrigavam-os. Não haviam pessoas por perto e árvores cobriam algumas centenas de metros até as residências mais próximas. O sol desaparecera dos céus e a escuridão tocava a terra onde o arco brilhante não despejava sua luz. Mana se elevava sobre a atmosfera, crescendo numa velocidade que ela diria ser impossível.
Mordred não conseguia alcançá-lo, o poder dele crescia num ritmo muito além daquele com qual podia acender o seu.
A cavaleira mordeu o lábio e apertou a espada. O garoto estava observando, o rosto esforçando-se para manter o aspecto frio e fracassando. Tentou gritar para que corresse, mas a boca estava tão seca que não conseguiu proferir mais que um sussurro.
Estava acabado. Assim que disparassem seu mestre e ela mesma seriam reduzidos a cinzas. Clarent emitia seu próprio brilho, uma coberta flamejante de mana vermelha que começara a tocar as nuvens e se condensava mais e mais conforme era alimentada por Mordred.
Mas ainda seria o fim.
—Merda! - praguejou o arqueiro. - Maldita seja!
A enorme montanha de energia subitamente desapareceu. O arco quebrou-se em minúsculas esferas amareladas nas mãos do servo inimigo e a temperatura aos poucos andou de volta ao frio da noite nipônica.
Mordred viu sua própria energia findar. A cena a roubou toda tensão e adrenalina. Clarent apagou-se.
O quê?
Destroços do portão enfeitavam o solo e a entrada do cemitério tornara-se um buraco na muralha pequena. O vento fazia-se ouvir ao passar pelas folhas das árvores. E os traços dos rostos escondiam-se nas sombras.
— Como vou usar meu arco com uma única mão?! - as palavras do sujeito ecoaram sobre o silêncio.
A cavaleira se viu quieta com a espada em mãos e a armadura sobre o corpo. Fitou o mestre, mas ele estava com os joelhos e as mãos no chão. Podia ouvi-lo puxar o ar com um toque de desespero.
Desfez a armadura e a espada.
— Não tô entendendo mais porra nenhuma… - anunciou. - Mestre, levante, sua vez. Converse ou sei lá o quê.
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A essa altura da guerra pelo graal e o cara ainda precisa de dois braços para usar seu arco mortal... triste. Tomara que ele morra no próximo capitulo. Mas não sei... Tatsuo é do tipo que finaliza seu inimigo ou é coração mole?
Obrigado por ler! O próximo capitulo saíra daqui a dois dias!