A Caçadora de Olhos Castanhos escrita por Amante de livros


Capítulo 18
Volturi


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal,
Desculpe a demora, desânimo tava grande.
Boa leitura !



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"Te vejo
Pintar o meu,
Chão de vermelho sangue, brilhante
Você diz, me ajuda Deus,
Meu corpo se perdeu,
Aos montes"- Vermelho Brilhante— Kamaitachi

Lembranças...

As chamas se refletiam nos olhos de Bella. Ela estava paralisada. Parecia tudo tão irreal, como se não estivesse acontecendo com ela. Com certeza não era real. Seus pais não estariam queimando como as folhas de outono que sua mãe fazia questão de queimar para deixar tudo mais bonito.
Ela tinha certeza, aquilo só podia ser um daqueles sonhos ruins, em que ela acordava chorando e seu pai vinha abraçar a ela, forte e bem apertado.

Tão imersa estava em seu choque e negação, que ela não viu os mantos negros se aproximando. Os vampiros ali presentes se viraram de repente. Não havia saída, não havia como escapar. Acharam que eles iam levar mais tempo para descobrir, mas não. A condenação viria mais rápido do que eles pensavam. Se é que eles pensavam que haveria uma condenação.

Bella ouviu um sussurrar próximo a ela. Levou um minuto para entender que tinham alguém tentando chamar a sua atenção. Saiu de onde estava escondida e encontrou uma pessoa muito semelhante as que tinham machucado seus pais. Ela não entendia a morte ainda, não sabia o que era a morte. Mais isso mudaria muito em breve.

Bella se assustou e deu um passo para trás.

A voz que a chamou era de um homem um pouco mais baixo que seu pai. Sua pele era branca e pálida como a neve no inverno. Os olhos eram assustadores, vermelhos brilhantes, e o cabelo preto e mais longo que o comum. Bella estava com medo, mas muito fascinada ao mesmo tempo para sair correndo, e além do mais, seus pais estavam ali. Não podia abandona-los.

— Minha pequena criança - disse o estranho em uma voz leve como um suspiro. Ele enxugou as lágrimas de Bella, e colocou a mão no seu rosto. Durante alguns segundos, era apenas o silêncio e o crepitar das chamas. O rosto do homem assumiu uma expressão de pura perplexidade.

— Mas como...- disse ele parecendo falar consigo mesmo. Em todo o seu tempo de vampiro, e antes dele, Aro Volturi nunca tinha visto alguém que não pudesse ler a mente. Homens, mulheres, idosos, adultos e crianças. E o fato de não conseguir ler a mente da menina a sua frente, o deixou muito surpreso. - Qual o seu nome, pequena ?

Bella ponderou se respondia a pergunta, mas foi ensinada a ser sempre educada com as pessoas e responder os seus questionamentos.

— Bella, senhor. - respondeu de cabeça baixa. Aro olhou novamente para aquela pequena criatura. Parecia tão frágil... Tão indefesa. Ele se virou para onde seus irmãos davam a devida punição aos transgressores que se alimentaram e destruíram uma das cidades protegidas pelos Volturi. Uma nova fogueira tinha sido acesa.

Com um só aceno de cabeça, Eleazar veio até ele.

— Sim, mestre ?-

— Me diga, Eleazar, consegue sentir o dom dessa criança ?

O homem olhou com curiosidade para pequena que apenas olhava tudo com atenção.

— Sim, mestre. Creio que é um escudo. - Sussurrou.

— Um escudo... - repetiu Aro pra si mesmo. - Um dom muito interessante, e muito raro também... Me pergunto... - E depois, se dirigindo a Bella, se agachou a altura dela, para lhe deixar mais confortável. - Onde estão seus pais ?

As lágrimas voltaram aos olhos dela, que apenas apontou para chamas. Aro olhou em direção, e logo após dispensou Eleazar com um aceno.

— Sinto muito, Bella. - Seus olhos encontraram os dela, e naquele segundo, vendo ela alí, tão frágil, tão sem chão... Ele sentiu uma coisa que não sentia a muito tempo: afeto.

Aro sentiu um estranho impulso, uma estranha vontade de cuidar daquela menina. Ao mesmo tempo um plano já tinha sido formulado na sua mente. Ela seria uma incrível caçadora, só precisava ser treinada.

— A partir de hoje, você fará parte da minha família, a partir de hoje, eu vou cuidar de você.

— E os meus pais ? - perguntou Bella soluçando.

— Eles estão no céu, agora - respondeu Aro com certa dó dela.

— No... céu? Eles me abandonaram? Não quiseram ficar comigo? - ela simplesmente não entendia aquilo, seus pais diziam que a amavam. Porque tinham ido embora ? Ela fixou seu olhar em tudo que sobrou do caos a alguns minutos atrás. Os amigos do homem a sua frente já tinham limpado toda a bagunça. Ela só não sabia a onde tinham ido as pessoas estranhas que machucaram seus pais.

— Eles não tiveram escolha, mas agora você tem a mim. - Aro esticou sua mão, e depois de pensar um pouquinho, ela pegou. Era um contraste estranho. A pele dura e fria do vampiro, com a quente e macia da criança.

Aro sorriu com aprovação, e guiando Bella saíram dali.     

Cinco anos depois...

Dor.

Dor.

Dor.

A dor era como um buraco negro, sugando tudo nela. Ela não conseguia pensar, não conseguia raciocinar. Seus membros eram como chumbo, não conseguia movê-los nem mesmo para pedir que alguém acabasse com aquela tortura. Ela tinha a sensação de estar sendo esmagada por uma pedra, queimada por lava quente e ao mesmo tempo, sendo resfriada por gelo.

Mas tinha uma coisa que a confortava: alguém segurava sua mão.

"Shiii, vai dar tudo certo, pequena, isso já vai passar" uma voz ecoou ao longe.

Bella tentou se agarrar ao conforto que aquelas palavras traziam.

Quanto tempo tinham se passado com ela alí? Sendo congelada e queimada ao mesmo tempo ? Quanto tempo tinha que ela não tinha certeza se tinha ar nos seus pulmões ? Que estava sentindo como se cada gota de sangue fosse uma agulha seguindo o fluxo interminável em suas veias.

Seu coração.

Seu coração batia tão rápido como se estivesse em uma corrida em que deveria vencer, mas em alguns momentos ele batia bem devagar... Como se estivesse desistindo.

Ela sabia exatamente o que estava acontecendo, é claro. Era um experimento, para que pudesse de vez ser o que estava destinada a ser.

Assim que chegou até ali, teve que lidar com o fato de que não veria mais seus pais. Eles tinham ido embora para sempre, e seu irmãozinho nunca veria o seu rosto, e nem provaria da torta de maçã deliciosa que a mãe fazia. Teve que lidar com o luto a sua própria maneira. Aprendeu que reprimir emoções, mandar elas pros recantos mais escondidos da mente, era a melhor saída.

Aro explicou que queria que Bella fosse parte dos caçadores, responsáveis por punir pessoas que quebravam as regras, e até mesmo, para calar testemunhas. Era um trabalho importante, e demandava muita frieza. E era nisso que a criança tinha sido transformada, em uma caçadora fria. Bella já tinha sangue nas mãos...

E agora, depois de todo o treinamento e a danificação da sua alma, ela iria pro último estágio: a transformação de mortal, para imortal. E era exatamente por isso que sentia dores e sensações tão conflitantes, tinha sido misturado veneno de vampiro de uma espécie muito rara - quase extinta - com veneno de lobisomem. Os autênticos que viviam nas montanhas.

A sensação piorou.

Um grito agonizante, que saia do fundo do seu ser, no cerne da sua alma, escapou pelos lábios de Bella. Era muita dor. Esmagava sua consciência, seu corpo... Tudo... O frio entorpecia os seus sentidos, o calor queimava seus sentidos. Ela não ia conseguir aguentar. Via a escuridão querendo mantê-la presa... Sabia que talvez lá não doeria tanto... Porque não deixar a escuridão levar a melhor? Bella só queria que aquela dupla tortura, parasse.

Aos poucos, seu coração achou um ritmo, leve e rápido como as asas de um colibri. As dores foram indo embora... A sensação de congelamento saindo da sua garganta, e as agulhas abandonando o seu sangue... Aos poucos... Bem aos poucos... Seus olhos foram se abrindo.

Uma nova caçadora surgia.


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Notas finais do capítulo

Nem todo mundo gosta dessa música, mas ela me ajudou bastante kkkkk
Me digam o que acharam.
Bjs. Até a proxima!!!



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