Sweet and bitter love escrita por Ka Howiks


Capítulo 14
Um passo de cada vez


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Olha o presente em plena véspera de Natal kkkk. Aqui estou eu mais uma vez, primeiramente, batemos mais de 100 COMENTÁRIOS AAAAAA! Eu estou tão feliz! Muito obrigada a todos e todas que estão lendo, comentando e recomendando a história, isso é simplesmente maravilhoso.
Sobre o capítulo: no passado, Felicity ganhará um presente interessante, enquanto a do presente enfrentará questionamentos.
Beijos e boa leitura ❤️



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Star City 2015

 

   Natal 

 

  Suas vidas estavam tão corriqueiras que nem haviam notado o quão próximo as datas comemorativas estavam, sendo surpreendidos por William quando perguntou onde passariam o Natal. A pergunta deixou Oliver incerto, seria o primeiro natal que passariam juntos, porém havia outro problema.

 

   Moira.

 

  Thea conversou com o irmão, alegando que Moira andava abatida desde seu último encontro com o filho, Felicity teve uma ideia então, chamaram todos para festejarem em seu apartamento, e quando ela mencionou todos era realmente todos. Donna havia pegado uma semana de férias e não pestanejou a aceitar o convite, três dias antes da véspera a mamãe Smoak já pisava no solo de Star City, com suas roupas extravagantes e a energia que todos amavam. Seu primeiro trabalho foi tratar de enfeitar a casa, segundo ela a decoração estava pior do que o bar em que ela trabalhava. Thea a ajudou, ambas se gostavam muito e os conselhos que Donna a dava deixavam Felicity vermelha, mas sua cunhada gostava, muito, seria divertido William conhecê-la. Samantha havia ficado meio relutante ao saber da presença de Moira, porém cedeu, fazia muito tempo, elas precisavam de acertar. Samantha e William foram os primeiros a chegarem. A família Lance já estava chegando, assim como Caitlin, Ray, Tommy, John e Lyla.

   Felicity terminava de enfeitar os biscoitos quando escutou os risos animados de Donna, seguidamente por William e Samantha que estavam na sala. Oliver adentrou o cômodo logo depois e Felicity entendeu exatamente o motivo, uma sorriso a escapou ao notar a touca do papai Noel em sua cabeça.

 

   - Não consegue dizer não pra ela, não é?- perguntou colocando a mão na cintura.- Não importa o que Donna Smoak fale, você faz.

 

   - Deve ser algum encanto nas Smoaks.- justificou sorrindo de canto.- Achou que ficou ruim?

 

   - Você é o papai Noel mais sexy que eu já vi.- comentou com um sorriso travesso quando se encostou no armário, Oliver curvou levemente o corpo em sua direção.- Ollie...

 

    - Pode parecer que eu estou querendo beijar você mas...- murmurou quando sorriu em sua direção.- Eu acabei de pegar um biscoito aqui na mesa.

 

   - Oliver!

 

   Era tarde para repreendê-lo, o biscoito em forma de boneco de neve já não continha mais um braço, tampou uma perna, Felicity o olhava horrorizada.

 

   - Você o matou!

 

   - Estava delicioso.- sorriu quando limpou a calda de chocolate em sua boca.- Mas agora eu quero um beijo.

 

   Felicity sorriu de canto com o puxou. Novamente suas costas bateram no armário com o corpo de Oliver curvado, apertando sua cintura, escutaram um limpar de garganta quando se separaram, Oliver suspirou quando notou quem era.

 

   - Natal animado Ollie.- falou Tommy arqueando as sobrancelhas, Felicity ficou vermelha.

 

   - De onde você veio?- perguntou Oliver incrédulo.- Não iria chegar...

 

   - Quis aparecer mais cedo, a propósito cunhadinha você está uma de... Uma deusa.- se corrigiu ao sentir o olhar afiado do amigo em si.

 

   - Como vai Tommy?.- falou Felicity o abraçando, o mesmo a fez dar uma rodadinha para mostrar o vestido tubinho vermelho.- Eu deveria bater em você.

 

   - Por quê?- perguntou confuso.

 

    - Por quê?- aumentou a voz o fazendo se encolher.- Quando finalmente a Caitlin aceita sair você faz aquela palhaçada?

 

   - Eu...

 

   - Chegou atrasado e uma garota ainda apareceu?- deu dois passos em sua direção, Tommy quase tropeçou para se distanciar.- E você nem a levou pra casa!

 

   - Ela não queria!

 

   - Deveria ter insistido!- aumentou a voz mais uma vez.- Francamente Tommy...

 

   - Me desculpe.- pediu fazendo cara inocente.- Lis, me perdoa?

 

   - Não é pra mim a pessoa que você precisa conversar.- rebateu seria o fazendo arrumar a postura, a campainha tocou.- Já volto.

 

   - Salvo pelo gongo.- falou Oliver batendo no ombro do amigo.

 

   - Como ela é brava.

 

   - Você não tem ideia.

 

   A família Lance juntamente com Caitlin e Ray haviam chegado, todos se cumprimentaram e estavam sorridentes, Donna e Quentin se olharam por alguns segundos quando se abraçaram desengonçados, perguntando como a vida estava, Felicity trocou um olhar significativo com as irmãs Lances que sorriram em sua direção, fazendo um coração para o “casal”.

 

   - Feliz Natal querida.- falou Quentin a abraçando depois de falar com William.- Como você está?

 

   - Bem.- sorriu de canto.- E você? Soube que teve um confronto de máfias nos Glades, e que você estava na muvuca, fiquei preocupada.

 

   - Não foi nada demais, vocês podem achar que não, mas eu ainda aguento muita adrenalina.- falou na tentativa de confortá-la, Felicity sorriu.- Queen!

 

   - Senhor Lance.- sorriu quando o abraçou.

 

    - O garoto é bem parecido com você.- comentou observando William que conversava com Ray e Laurel ao lado de Samantha.

 

   - É.- sorriu Oliver orgulhoso.- Felicity me contou que não ficou muito surpreso sobre o Will.

 

   - Pelo seu histórico é sorte não haver uma creche de Queens por aí.- comentou deixando Oliver sem graça, Sara repreendeu o pai.- O quê?

 

    - Diggle deve ter chegado, vou atendê-los.- sorriu Oliver nervosamente se retirando.

 

   Caminhou até a porta quando viu Thea, a irmã usava um vestido rosa claro de seda, e abraçou o irmão rapidamente.

 

   - Oi Speedy.

 

   - Oi Ollie.- sorriu quando se afastou.- Tá bonitão.

 

    - Obrigado, você sabe, tenho que estar.- piscou em sua direção a fazendo rir.

 

   - Seja paciente com ela.- sussurrou o dando um beijo na bochecha quando entrou para falar com o restante dos convidados, William correu em sua direção.

 

   - Filho.

 

   - Oi mãe.

 

   Moira ao invés de entrar o guiou para fora, Oliver encostou a porta, a mesma parecia um pouco triste, rosto cansado, mas sua postura se mantinha reta, sempre elegante.

 

   - Está confortável comigo aqui?

 

   - Claro que sim, você é a minha mãe.- confessou a fazendo sorrir de canto.

 

    - Sobre o último encontro...

 

   - Eu estava estressado e acabei descontando em você.- interrompeu Oliver soltando um suspiro pesado.- Me desculpe mãe.

 

   - Me desculpe também querido.

 

   Oliver a deu um abraço apertado, fechado os olhos, era bom estar falando com ela outra vez, Moira era uma das poucas que sabia com veracidade o caos que a vida de Oliver se encontrava. John e Lyla haviam aparecido no corredor, se surpreendendo por encontrá-los ali.

 

   - Queens.

 

   - Como vai Lyla?

 

  Oliver a abraçou e a mãe fez o mesmo, os cumprimentando. Entraram para o cômodo quando o olhar de Moira caiu em William, parecia apreensiva.

 

   - Ele vai gostar de você.- murmurou a passando confiança.- Wiil? Quero que conheça uma pessoa.

 

    William parecia curioso, porém o toque forte de Samantha em seu ombro o trazendo para perto de si fez Moira recuar um pouco. Oliver insistiu mais uma vez, olhou para Samantha que a contragosto assentiu, deixando William livre.

 

   - Mãe, esse aqui é o Wiliam.- apresentou deixando o menino com vergonha.- Will? Essa aqui é a minha mãe.

 

   - Como vai? Thea tem falando muito de você em casa.- comentou o fazendo sorrir.- Pelo o que entendi vocês dois já são bons amigos.

 

   - A tia Thea é bem legal.- comentou a lançando um sorriso de canto.

 

   - Acredito que sim.- sorriu Moira.- Pelo o que entendo ela que é a sua cúmplice em pegar os doces da casa.

 

   - É, mais ou menos.- respondeu os fazendo rir.

 

   - Isso explica muita coisa.-falou Samantha sorrindo com a cena.- Como vai senhora Queen?

 

   - Apenas Moira querida.- sorriu de canto quando olhou para a varanda.- Posso ter uma conversinha com você?

 

    - Claro.

 

  Ambas seguiram até a varanda e fecharam a porta de vidro, Felicity segurou fortemente na mão de Oliver e sorriu em sua direção.

 

    A pior parte havia ido.

 

   Eles finalmente haviam se conhecido.

 

    ***

 O decorrer da festa foi extremamente divertido, principalmente por Donna que fez todos utilizarem a touca do papai Noel. No momento estavam na sala ouvindo as histórias engraçadas que Tommy contava. A ceia já estava pronta, somente os esperando, Felicity foi ao quarto rapidamente para arrumar o brinco quando decidiu checar os e-mails do celular, era seu dia de folga, não deveria estar fazendo isso. Ignorou o pensamento, haviam somente E-mails que a mesma já havia visto, porém um bem no comecinho, escrito “ sem assunto” a chamou atenção. Clicou confusa quando notou uma foto anexada, sua legenda a assustou.

 

   “Sarab

 

   Um homem de cabelos longos e pretos trajando um terno social a fez olhar atentamente a imagem, o homem tinha um cavanhaque e falava ao telefone. Felicity saiu do anexo procurando mais informações, mas a pessoa que havia enviado não deixou claro mais nada, somente escreveu em duas linhas abaixo.

 

   “ Boas festas agente Smoak,

 

   Espero que aproveite o meu presente.”

 

   Felicity continuou estática, leu e releu diversas vezes o conteúdo.

 

   Quem havia mandado aquilo?

 

    Por que havia mandado aquilo?

 

   Seu coração se sobressaltou ao escutar a voz de Oliver na porta, a observando com as sobrancelhas arqueadas.

 

    - Eu? O que foi?- perguntou se recompondo.

 

   - A ceia está pronta... Tá tudo bem?

 

   - Sim, está tudo bem.- sorriu quando olhou para o celular mais uma vez.- Só estava checando alguns e-mails, nada demais, vamos? 

 

   - Vamos.

 

   Seguiram novamente para o ambiente animado, logo se sentaram à mesa posta ao lado da porta de vidro da varanda, os dando o vislumbre do céu estrelado, Felicity aceitou prontamente o vinho que Ray a ofereceu, porém seus pensamentos estavam em outro lugar.

 

   Alguém havia a dado uma informação, se era verídica ou não ela iria descobrir depois, mas e se fosse verdade? Alguém estava tentando ajudá-la?

 

     Ou atrasa-la?

 

  Felicity iria descobrir, mas por hora decidiu não contar a ninguém, não até saber com o que estavam lidando.

 

   ***

Atualmente 

 

  Uma neve fina caia na movimentada Nova York. Suas temperaturas baixas não impediam as pessoas a entrarem no clima natalino. As ruas estavam lotadas com o leve e trás de presentes, e alguns casais brincavam na neve com suas famílias. A equipe estava em casa, com a aproximação das datas comemorativas era de se esperar que entrassem em um recesso, mas isso não aconteceu. Receberam do vice-diretor da A.R.G.U.S um aviso de que seriam atualizados, o que ocasionou em uma decepção enorme da parte dos agentes, que faziam planos em como decorar a casa para se tornar realmente uma “casa”, não apenas uma base. Curtis, assim como as meninas estava sentado ao redor do balcão. Felicity o ajudava com ideias para seu projeto, enquanto o restante conversavam sobre coisas aleatórias. Sara deu um suspiro desgostoso ao checar a data, eles realmente teriam que ir a campo tão em cima do Natal assim?

 

    - Onde estão os outros?- perguntou Laurel entediada.

 

   - Treinando.- respondeu Curtis.- Devem estar terminado agora.

 

    - Todos estão treinando?- perguntou Caitlin.- Como sabe disso Curtis?

 

    - Eu desci lá pra pegar umas coisas... A visão foi maravilhosa.- respondeu dando de ombros as fazendo rir.

 

   - Todos sem camisa?- perguntou Laurel ganhando um aceno positivo.- Que delícia.

 

   - Laurel!- repreendeu Felicity se policiando para não sorrir.

 

    - Vai dizer que não acha?- perguntou Caitlin arqueando as sobrancelhas.

 

  - Eu... Vão se ferrar.- respondeu as fazendo rir.

 

   - Laurel tem sorte, Ray além de um gênio tem um corpo invejável.- comentou Curtis.

 

   - Realmente, temos ótimos... Companheiros de equipe.- falou Sara em tom malicioso, escutaram passos subindo as escadas.- Olha eles aí.

 

   O primeiro a aparecer foi Ray, já vestido. Seus cabelos estavam um pouco molhados por conta do suor, porém já havia  tratado de colocar seu casaco por conta da temperatura amena. Tommy também surgiu, sua camisa estava um pouco molhada assim como seu rosto, logo depois subiram Oliver e John.

 

   - O que estão fazendo?- perguntou Ray dando um selinho rápido em Laurel.

 

   - Nada.- respondeu Sara as lançando um olhar cúmplice.

 

   - Bizarro.- comentou Tommy as observando.

 

    - Alguma novidade sobre a missão?- perguntou John cruzando os braços.

 

   - Na verdade...- falou Oliver olhando o celular, seu olhar caiu até Felicity.- Agora.

 

   - Tá.- se levantou.- Já voltamos.  

 

   Os agentes esperaram pacientemente até ouvirem o chamado de Oliver e Felicity na sala de reuniões. Todos adentraram em silêncio e se posicionaram, Felicity e Oliver murmuravam em tom baixo, focados nas informações disponibilizadas no tablet. 

 

   - E então?- perguntou Caitlin curiosa.

 

   - Nossa missão dessa vez se passará na cidade de Berlim, Alemanha.- começou Oliver.- Prenderemos um homem chamado Christopher Price, americano de 26 anos.- A imagem de um homem de cabelos loiros em um corte Chanel em uma delegacia apareceu. Seus olhos eram verdes e sua pele era clara, e aparentemente o mesmo não estava nem um pouco feliz por ter sido pego.

 

   - Christopher Price tem uma ficha criminal extensa. Roubo, furto, assassinato, afiliações com organizações terroristas.- suspirou Felicity.- Nos últimos três anos andou sumido do mapa, as agências desde então estão de olho em Christopher, tentando a todo custo achar uma brecha que revele sua localização, e bom, isso aconteceu.

 

   - Como já falamos, ele estará em Berlim, na Alemanha. Informantes nos disseram que ele está armando outro atentado, precisamos detê-lo.

 

   - Desculpe, outro?- perguntou Tommy cruzando os braços.- Esse cara já fez isso outra vez?

 

   - Já, e como íamos dizendo...

 

   - Quantos mortos?- perguntou Sara notando que Oliver e Felicity estavam fugindo de responder àquilo.- Quantos mortos?

 

   - 70.

 

   Um suspiro em choque os escapou, cada um dos agentes se entreolhavam, horrorizados. Oliver olhou para Felicity, que fez sinal para que continuasse.

 

   - Precisamos pegá-lo pessoal, Christopher quer aproveitar a época natalina para matar a maior quantidade de pessoas possíveis, e nós vamos detê-lo.

 

   - Analisaremos cada informação passada com o máximo de cautela. Arrumem suas coisas, partimos amanhã cedo.- completou Felicity.

 

   - Alemanha, já não basta Nova York ser frio.- reclamou Tommy.- O cara escolhe o lugar que está a quase abaixo de zero nessa época do ano.

 

   - Só vocês ficarem pulando igual fazem aqui.- sugeriu Felicity distraída.- Nos treinamentos não ficam com frio.

 

   - Está querendo que fiquemos sem camisa Felicity?- perguntou Oliver arqueando as sobrancelhas, sorrindo de canto.

 

   - Eu não disse isso.- se defendeu, Laurel se segurava para não rir.

 

   - Eu faria isso, mas sei que vocês ficariam me olhando, perderiam o foco da missão, seria desconcertante.- comentou Tommy.

 

   - Como sempre o Merlyn e sua autoestima impecável.- brincou John.

 

    - Mas é verdade.- sorriu quando seu olhar caiu em Caitlin.- Se vocês quiserem tirar as suas também....

 

   - Cala boca Tommy!- falaram todos juntos.

 

   - Calma, quanto estresse.- revirou os olhos.

 

   - Se arrumem, e peguem casacos.- falou Oliver.- Dispensados.

 

   ***

  Tommy não exagerou ao mencionar o frio. O vento cortante os atingiu assim que deixaram o aeroporto pelo horário das 15:00 horas. Pequenos raios solares atravessavam as nuvens, porém não continham calor algum. Se hospedaram no Clipper City Home, conseguindo um apartamento com três quartos, uma sala, uma kitchenette e ainda uma varanda para observarem a rua.

  As informações passadas pelas agências estavam os ajudando a formar o possível cenário que Christopher estava planejando, duas coisas eles tinham certeza. A primeira, o terrorista atacaria na véspera do Natal, e segundo, o local do atentado seria a praça Gendarmenmarkt, conhecida por suas enormes feiras natalinas. A praça era composta por três monumentos, a Konzerthaus, a Französischer Dom( catedral francesa) e a Deutscher Dom( Catedral Alemã), os três pontos mais altos com grande visibilidade da praça. Decidiram fazer um reconhecimento do local. A praça estava lotada, diversas pessoas passavam apressadas fazendo suas compras de última hora. Haviam tendas brancas e vermelhas estendidas por todos os lugares, com uma estrela amarela em suas pontas. No ponto central da praça, havia um enorme pinheiro enfeitado com piscas-piscas. Ray parou em uma das barraquinhas onde alguns restaurantes locais se instalaram para venderem suas comidas. Oliver caminhava ao lado de Felicity, atento, seu rosto se endureceu brevemente ao se focalizar em uma família à sua frente.

 

   - Tudo bem?- perguntou Felicity notando sua mudança de postura.

 

   - Sim só... Não gosto dessas datas.- respondeu os fazendo voltar a caminhar.

 

   - Sua irmã que foi sempre animada para essas coisas.- comentou Felicity nostálgica ao se lembrar de Thea.

 

   - É, sua mãe também.- sorriu em sua direção.- Donna sendo Donna.

 

   - Eu nem acredito que sou filha dela.- riu quando levantou a cabeça, tentando achar um ponto onde Christopher acharia vantagem.

 

   - Aqui.- falou Oliver parando um pouco atrás da mesma, sua mão pegou o braço direito de Felicity e o levantou até o ponto de uma janela. Suas costas se encostaram no peito do loiro, e sentir sua respiração tão próxima de seu ouvido não estava a ajudando em nada para se concentrar.- Está vendo?

 

   - Uhum.- foi tudo o que conseguiu responder, Oliver se aproximou mais.

 

    - Dependendo da mira que ele estiver, esse ponto aqui vai lhe dar maior visibilidade.- continuou.- Mas se ele for para ali.- guiou seus corpos ao terceiro monumento.- A visibilidade será duas vezes maior.

 

   - Já foi Sniper?- perguntou de repente, Oliver soltou seu braço e deu um passo para trás, Felicity se virou em sua direção.

 

   - Uma vez.- deu de ombros.- Você já?

 

   - Tenho amigos, mas participei uma vez.- respondeu um pouco desconfortável.- Odiei.

 

   - Medo do gatilho?

 

   - Altura.

 

   Oliver inevitavelmente riu de sua explicação. Era estranho como de uma hora para outra saiam de um assunto sério para algo totalmente aleatório, isso geralmente só acontecia quando ele estava com ela.

 

    - Foi apavorante!

 

   - Eu lembro da Bulgária, você realmente estava apavorada.- a provocou, Felicity revirou os olhos.

 

   - Se concentre lá.- apontou para o alto.- E me deixe em paz.

 

   - Tudo bem Smoak, até porque se eu olhar lá pra cima fica difícil ver você aqui.- murmurou, Felicity lhe mostrou o dedo do meio que foi visto por uma criança, a mãe a lançou um olhar feio e saiu apressada, Oliver riu mais uma vez.- Esse não é o espírito do Natal.

 

    - Vamos logo, se eu ficar mais um minuto com você vou acabar te jogando no meio daquele pinheiro enorme.

 

   - Como você quiser.- falou colocando suas mãos no bolso.- Farei isso pelas crianças alemãs, você está a menos de uma hora aqui e já está manchando a imagem dos americanos.

 

   - Oliver, vá se....

 

   - Isso também é feio.- a cortou divertido.- Mas não se preocupe, sei o que quis dizer.- piscou em sua direção, Felicity sentiu suas bochechas queimarem.- Agora vamos, tenho certeza que os outros devem estar distraídos por aí.

 

   ***

 

  Após fazerem o reconhecimento do local, retornaram ao apartamento. Curtis havia colocado um aviso em todas as câmeras da cidade para os alertarem assim que Christopher fosse visto, já que não havia dado sinais de vida ainda. Todos se encontravam na sala, observando a planta das três catedrais. Haviam pequenos pinos de plástico das cores preto e vermelho espalhados pelo papel. Os pontos vermelhos eram os agentes, e o preto representava Chris, ainda sem um lugar correto.

 

    - Bom, temos três pontos como já sabemos.- falou Oliver.- Precisamos entrar lá para termos mais ou menos uma ideia de como funciona, porém já sabemos que se ele escolher a catedral alemã, a varanda que ele estará será essa aqui.- apontou.- John?

 

   - Temos que ter cuidado com as armas. Se ele quer matar a maior quantidade de pessoas possíveis usará as automáticas.

 

   - Há como rastrear esses armamentos?- perguntou Tommy.

 

   - É difícil, porém não impossível.- suspirou Curtis.- Chris deve ter usado um nome falso, mas descobrir a loja que ele as comprou...

 

   - E se foi aqui?- insistiu Felicity.- É difícil passar pela segurança dos aeroportos com uma coisa dessas. Christopher deve ter as comprado aqui.

 

   - Faz sentido.- concordou Ray pensativo.- Se fizermos um mapeamento dos pontos em que ele foi visto aqui...

 

   - Talvez possamos encontrar a loja em que ele as comprou!- concluiu Curtis animado.- Eu já disse o quanto eu amo trabalhar com vocês dois?

 

   - Obrigada pela parte que nos toca.- sorriu Sara em tom sarcástico.

 

   - Você também mora no meu coração Lance, não tenha ciúme.- piscou em sua direção.

 

   - E quanto a nós? O que fazemos?- perguntou Laurel.

 

   - Enquanto Curtis faz o mapeamento, nós iremos entrar nos monumentos.- continuou Oliver.- Mas suspeito que seja um pouco tarde para entrarmos, faremos isso amanhã.

 

   - Temos alguns registros telefônicos, a A.R.G.U.S insistiu que ficássemos de olho.- falou Felicity.- Então isso significa...

 

    - Tocaia.- responderam juntos.

 

    - Quem fica com o turno da noite?- perguntou Caitlin.

 

   - Eu posso ficar.- se prontificou Felicity.

 

   - Eu também.- falou Sara a surpreendendo, Laurel lançou um olhar rápido a Ray e Caitlin.- Algum problema?

 

   - Não.- respondeu Felicity rapidamente.- Ficaremos... Ficaremos nós duas então.- suspirou.

 

    - Isso vai ser interessante.- murmurou Ray para Laurel.

 

    - Espero que as duas conversem.

 

   ***

 

  Era pouco mais de duas da manhã. As luzes dos postes eram a única claridade vinda das ruas desertas e gélidas de Berlim. Felicity e Sara estavam praticamente empacotadas em seus casacos, o espaço era quente, porém não o suficiente para um frio de -2 graus. Um silêncio constrangedor pairava pela sala, onde os únicos sons presentes eram de suas respirações e dos dedos de Felicity que batiam levemente na mesa. Sara arrumou sua postura na cadeira impaciente, se virando para a loira.

 

   - O que foi?- perguntou Felicity.- Quer mais café?

 

   - Não.- sorriu de canto, sua expressão se mudou para preocupação, parecia incerta sobre algo que gostaria de dizer.

 

   - O que foi Sara?- perguntou também arrumando sua postura.

 

   - É que...- se interrompeu, Felicity suspirou impaciente.- Já percebeu uma coisa?

 

   - O quê?

 

   - Quase não conversamos quando estamos sozinhas.

 

  Felicity se surpreendeu com seu comentário. Sua boca ficou entreaberta, sem ter muito o que dizer. Se pegou repassando os últimos meses, realmente sempre que conversavam havia alguém com elas.

 

   Isso era algo ruim?

 

   - Sabe, nós duas bem que podíamos conversar sobre... sobre aquilo.- continuou incerta sem olhá-la, Felicity se retraiu.

 

   - Temos um acordo, esqueceu?- a lembrou.- Um pacto de paz, sem menções.

 

   - Você e Oliver decidiram isso na verdade.- contrapôs.- Não significa que para o restante esteja bom.

 

   A atmosfera amigável se transformou em algo totalmente oposto. Seus olhares se cruzaram e o conflito, por tanto tempo adiado, finalmente começava a acontecer. O rádio as chamou atenção, Felicity colocou os fones, assim como Sara.

 

   “- Q.A.P?- falou a primeira voz masculina.- Q.A.P?”

 

   “- Q.R.X.”

 

   Alguns minutos em silêncio passaram. A respiração da primeira voz continuava presente na linha, cansado, logo a segunda linha voltou a ficar ocupada.

 

  “- Q.R.U?

 

  “- Q.T.C.- respondeu limpando a garganta, Felicity gravava a ligação e a escutava com atenção.- 01001111 01110000 01100101 01110010 01100001 11100111 11100011 01101111 00100000 01100101 01101101 00100000 01110000 01110010 01101111 01100111 01110010 01100101 01110011 01110011 01101111 00100000.”

 

   Uma ruga surgiu entre as sobrancelhas de Sara, encarou Felicity confusa, a mesma fez sinal de silêncio para que esperasse.

 

   “- Q.S.L.- comentou a segunda voz.- Q.A.R.”

 

   A ligação foi finalizada. Felicity se levantou apressada, derrubou alguns itens da sala à procura de uma caneta. Voltou com um bloco de notas nas mãos e pediu para que Sara repetisse a ligação.

 

  - O que está fazendo?- perguntou Sara ao ver Felicity anotando as letras.

 

   - Já ouviu falar em código Q?- perguntou Felicity com o rosto praticamente em cima da folha.

 

    - Já, mas nunca usei.- deu de ombros.- Eles usaram?

 

   - Sim.

 

   - E os números?- continuou curiosa.- O que são?

 

   - Christopher é mais inteligente do que eu imaginava.- comentou.- Conhece a linguagem dos computadores, e soube usá-la para passar uma informação, fantástico.

 

   Sara não a interrompeu, deixou que fizesse sua tradução. As letras ganhavam seus significados ao lado, e os números, que para sua curiosidade foram traduzidos em uma linha pequena, mostraram seu conteúdo. Felicity parou de escrever, empurrou um pouco o caderno em direção à Sara, para que pudesse ler.

 

   - “Operação em progresso'' .- leu em voz alta, seu olhar se direcionou a Felicity.- Ele não está trabalhando sozinho.

 

   - Não, mas a conversa com o chefe nos deu uma clareada. Christopher já tem tudo organizado, precisamos ficar atentos, ele está pronto.

 

   ***

 

   Uma neblina baixa cobria a cidade de Berlim. Tommy foi o primeiro a acordar dessa vez, para ficar no lugar das meninas que se encontravam praticamente adormecidas nas cadeiras. Tommy estava distraído, olhava a varanda com atenção, se focalizando nas pequenas gotas d’água que escorriam no vidro. Uma mão em seu ombro o fez despertar, sorriu ao encontrar uma Caitlin com um sorriso preguiçoso em seu rosto. A puxou para se sentar em seu colo, onde tombou a cabeça na curvatura de seu pescoço e suspirou, segurando sua mão.

 

   - Bom dia.- sussurrou Tommy.

 

   - Bom dia.- respondeu quando se espreguiçou, ergueu o rosto para observá-lo.- Dormiu bem?

 

   - Mais ou menos.- fez um biquinho qual a ocasionou um riso baixo.- Está sendo um porre mentir pra eles, mas eu entendo.- se apressou em responder quando a viu abrir a boca.- Quando você quiser, contaremos.

 

  - Aqui é realmente muito frio.- reclamou esfregando as mãos, Tommy as pegou e as assoprou com seu ar quente

 

    .- Acho que deve melhorar.

 

   Caitlin levou suas mãos até a parte debaixo de seu casaco e o subiu, espalmando suas duas mãos na pele quente de Tommy, que se retraiu ao sentir seu toque, Caitlin tratou de tirá-las porém foi impedida.

 

   - Gosto que você toque em mim.

 

   - Mesmo quando minhas mãos estão um cubo de gelo?- perguntou divertida, Tommy assentiu.- Você é louco.

 

   - Por você? Com certeza.- respondeu a fazendo sorrir de canto, Caitlin curvou seu corpo para beijá-lo rapidamente.

 

    - Fica.- pediu quando a mesma se levantou.

 

   - Devemos trabalhar, esqueceu?

 

   - Elas já fizeram isso, tem uns números e umas letras aí, não entendi muito bem.- comentou confuso, Caitlin analisou o bloco de notas com atenção, levantou a folha revelando a mensagem.

 

   - Você procurou muito bem.- brincou Caitlin o entregando o caderno.- O dia será cheio.

 

   - É, pelo visto o nosso amiguinho aqui teve uma conversa sinistra, espero que a Lis saiba responder como foi.

 

   ***

  O restante dos agentes logo se levantaram. Curtis continuou com sua busca por Chris e a origem dos armamentos. Oliver montava com John o esquema que seguiriam no dia da operação, que se aproximava. Se dividiram em grupos para irem aos três monumentos, Oliver iria com John a Konzerthaus, Laurel com Ray a catedral francesa e Caitlin e Tommy a catedral alemã. Sara e Felicity acordaram horas depois, recuperadas do turno noturno. O clima entre ambas continuava tenso, tomaram café em silêncio, trocando poucas palavras.

 

  - Eles foram aos monumentos.- respondeu Curtis a dúvida de Felicity.- Faz um tempo já.

 

    - Alguma novidade?- perguntou Sara.- Sobre as armas.

 

   - Na verdade....- se interrompeu. Seus dedos começaram a teclar freneticamente.- Sim! Hahaha.

 

   - Achou?- perguntou Felicity quase se engasgando com seu pão, se levantou e caminhou em sua direção.

 

—  Fica na Alte Schönhau.... Alte... Ah eu não sei falar essa droga aqui.

 

    - Fica no bairro do Mitte.- murmurou Felicity ao ler a localização.

 

   - Lá não tem só um monte de cafés e prédios antigos?- perguntou Sara confusa.

 

   - Nossa loja fica em um café.- sorriu Curtis.- Tá vendo isso aqui?- apontou para a lojinha charmosa.- Tudo fachada, tem outra ala onde eles vendem os armamentos, vão precisar ser duronas.

 

   - Se veste.- falou Felicity para Sara que assentiu.- E você.- apontou para Curtis.- Nossos olhos e ouvidos.

 

   - Como sempre chefinha.- sorriu de canto.- Devo avisar o outro chefinho?

 

   - Se ele perguntar.- deu de ombros.

 

   - Ok, mas é melhor uma de vocês duas saberem falar alemão, eu estou sofrendo aqui.

 

   *****

  A rua Alte Schönhauser Straße não continha muitas pessoas comparada a praça Gendarmenmarkt. Alguns prédios medianos e de cor desbotada se enfileiravam. Felicity e Sara andavam atentas, suas bochechas estavam rosadas por conta do frio, mas continuaram pisando firme. Pararam em frente à lojinha quando se entreolharam, Felicity parou hesitante com a mão na maçaneta quando a abriu, fazendo Sara segui-la. As luzes fluorescentes deixavam o ambiente um pouco misterioso, alguns homens bem vestidos sentavam em volta de mesas, conversando, com suas xícaras de café ao lado. Uma moça os servia, pareceu notar a presença das agentes quando se dirigiu a bancada, cutucando o homem que se encontrava distraído em moer os grãos de café. Seu olhar se levantou, haviam linhas de expressões ao redor de seus olhos, assim como em sua testa que estava franzida. Largou o que estava fazendo e se pôs no balcão, às esperando, Sara e Felicity se entreolharam mais uma vez quando se aproximaram.

 

   - Guten Tag meine Damen, was wollen Sie?

 

   - Nós não falamos muito alemão.- respondeu Sara confusa.- Consegue me entender?

 

   - Americanas.- murmurou interessado.- Como eu ia dizendo, boa tarde senhoritas, o que desejam?

 

   - Queremos algo forte...- murmurou Felicity em tom baixo, curvando seu rosto em sua direção.- De preferência com um bom calibre.

 

   Sua fala o deixou confuso. As observou em silêncio, quando em um gesto cansado chamou a mulher que servia as mesas. A mesma ficou em seu lugar quando discretamente as indicou que seguissem para o outro cômodo. Uma porta de madeira ao fundo do corredor foi aberta, mostrando uma quantidade significativa de armamentos. Todos estavam em prateleiras, outros em caixas, o homem então contornou outro balcão e as observou, aguardando o pedido.

 

   - E então?

 

   - Você realmente tem muitas opções aqui.- murmurou Sara olhando as prateleiras.- Como consegue manter sem que ninguém saiba?

 

   - Suborno, mas isso não é da conta de vocês.

 

   - Como sempre a corrupção anda em todos os países.- falou Felicity que também caminhava pelo local, se focalizou em uma metralhadora.- Quantas balas por segundo?

 

  - Quantidade o suficiente para fazer um estrago.- respondeu o homem.- Mas eu tenho uma melhor, se é isso que procura.

 

   Sara e Felicity esperam atentas, tiraram algumas fotos do local discretamente, guardando o telefone quando o homem surgiu novamente.

 

   “- O nome dele é Charles Sperb, a mulher que trabalha com ele é sua filha, Martha Sperb.- informou Curtis.”

 

   - Essa aqui é uma metralhadora automática, a consegui de um amigo, realmente tem uma potência impressionante.

 

    Sara a segurou com interesse, analisando cada ponto, notou que sua numeração estava raspada.

 

   - Consegue atingir muita gente do alto?- perguntou Sara com indiferença.

 

   - Centenas.

 

   - Então foi esta arma que você vendeu para este homem?

 

   O rosto de Chris na tela do celular de Felicity o deixou pálido. Seu olhar caiu sobre as duas novamente, depois a porta, deu dois passos quando congelou ao escutar a arma que Sara segurava sendo engatilhada.

 

   - Não queremos confusão.- sorriu Felicity.- Só informações senhor Sperb. Quantas?

 

   - Eu...

 

   - Ela fez uma pergunta.- insistiu Sara mirando em sua direção.- Fale.

 

   - Eu... Ele...

 

  - Não parece querer cooperar.- insistiu a loira dando um passo em sua direção, Felicity o lançou um olhar duro.

 

   - Posso fazê-la atirar.- o ameaçou.- Fale, e nunca mais nos verá.

 

   - 5.- respondeu com a voz trêmula.- 5, foi isso que ele levou.

 

   - Te falou mais alguma coisa?- perguntou Felicity.

 

   - Só isso, eu juro.- clamou desesperado.

 

   Sara abaixou a arma e retirou suas balas, as fazendo cair no chão, segurando apenas uma para levarem. Felicity continuou a observá-lo, sorriu de canto quando se aproximou.

 

   - Nunca estivemos aqui.- murmurou o fazendo assentir rapidamente.- Entendido?

 

    - Entendido.

 

  Retornaram novamente à área principal. Caminharam tranquilamente quando abriram a porta, voltando a sentir a brisa gelada que soprava pelas ruas. 

 

   - Vamos ter muitas novidades.- sorriu Sara.

 

   - É.- concordou Felicity contente.- Charles ficou apavorado.

 

   - Fomos umas loiras bem loucas.- brincou divertida.- Espero que ele não tenha fantasias com isso.

 

   - Com as duas mulheres que quase mataram ele? Duvido muito.

 

   - Bom, vamos ter um tempo até chegarmos na base...- comentou Sara incerta, respirou fundo ao continuar.- Precisamos conversar.

 

   - Não precisamos não.- falou Felicity na defensiva apertando o passo.- É tão difícil conseguir um uber por aqui?

 

   - Felicity.

 

   Sara segurou em seu braço, a fazendo parar, se entreolharam em silêncio, Felicity suspirou quando recolheu seu braço, os cruzando.

 

   - Sara...

 

   - Eu não sou que nem você e o Oliver, ok?- a interrompeu.- Não consigo fingir que nada aconteceu, eu... Eu preciso falar com você Felicity.

 

   - Eu não quero falar sobre isso Sara.

 

   - E por que não?

 

   - Porque eu não quero lembrar.- respondeu rudemente.- Eu não quero sentir o que eu senti, eu não quero lembrar o quão idiota eu fui, e como eu fiquei quando descobri que minha melhor amiga estava me apunhalando pelas costas.

 

    Suas palavras dispararam, a fazendo puxar o ar. Sara ficou estática, seus olhares estavam presos, sua boca se entreabriu e nada foi dito.

 

   - E é por isso que eu não quero conversar.- continuou Felicity em tom baixo a lançando um olhar gélido.

 

   - Eu sinto muito.- falou Sara em tom baixo, parecia inquieta.- Muito mesmo Lis. Espero que um dia você volte a confiar em mim, e que acredite que minhas palavras são verdadeiras.

 

   Felicity não respondeu. Voltou a caminhar com Sara atrás de si, aquilo estava a tirando do sério.

 

   Era a primeira vez que deixava um pouco de sua fúria guardada por tanto tempo, remoída tantas vezes sair nem que fosse um pouco, uma parte sua estava contente com isso, porém a outra, mais centrada, sabia nos problemas que isso acarretaria. Sara queria conversar.

 

   Estaria Felicity pronta para ouvi-la?

 

   ***

   A volta para a base foi silenciosa. Nenhuma das duas ousou conversar, tampouco se olharam. Uma garoa fina caía na cidade, aumentando o frio. Assim que abriram a porta o restante dos agentes estavam espalhados, dispersos, Oliver conversava com Curtis quando levantou o olhar, parecendo aliviado ao vê-las.

 

   - Vocês estão bem?- perguntou preocupado.- Curtis me falou que vocês foram atrás das armas... Deveriam ter ido com mais apoio.

 

   - Ocorreu tudo bem.- sorriu Sara retirando a bala guardado em seu bolso.- São essas belezinhas aqui que Chris vai usar.

 

   - Nossa.- falou John a segurando.- Dá pra fazer um estrago.

 

   - Vi suas anotações sobre a ligação.- falou Oliver pegando o bloco de notas.- Código Q? Interessante.

 

   - Se olhar os números vai ver que ele usou a linguagem do computador.- falou se aproximando.- Ficou um pouco extenso? Sim, mas ele deu o recado que queria sem chamar atenção.

 

   - Ele é tipo um lobo solitário? É assim que chamam, né?- perguntou Caitlin.- Esses caras que fazem essas coisas sozinhos.

 

   - É, às vezes fazem isso pra chamar atenção.- respondeu Laurel.- Pelo o que a Lis mostrou ele estava falando com alguém importante.

 

   - Talvez de alguma organização terrorista.- sugeriu Ray sentado no sofá.- Pode ser um teste.

 

   - Um teste em matar 200 pessoas?- perguntou Curtis incrédulo.

 

   - Precisa se mostrar de confiança pra entrar nesses grupos Curtis.- respondeu Oliver.- Se o pegarmos...

 

   - Ele pode revelar para qual grupo iria integrar.- completou Felicity.

 

   - Eu amo quando vocês dois fazem isso.- sorriu Tommy de forma provocativa.- Parecem que seus pensamentos estão interligados, tão bonitinho.

 

   - Tommy, no que eu estou pensando?- perguntou Oliver o lançando um olhar carrancudo.

 

   - Nossa, quantos palavrões!- respondeu o moreno.- Mas eu também te amo, e se o palavrão que você falou mandar eu me f...

 

   - Chega, eu sinceramente não quero saber da vida sexual de vocês.- interrompeu Laurel os fazendo rir.- Intimidade demais gente.

 

   - E sobre as armas?- perguntou Curtis de repente.- Não dá pra localizar?

 

   - Não.- suspirou Felicity.- A metade eram contrabandeadas, não ajuda muito.

 

   - Que tipo de armas ele pegou?- perguntou John.

 

    - Metralhadoras automáticas.- respondeu Sara o fazendo arregalar os olhos.- 5.

 

   - Nossa.- murmurou Curtis surpreso.- Isso é muito ruim.

 

   - Vamos pegá-los.- assegurou Oliver.- Por enquanto vamos continuar estudando as plantas e as demais informações de Chris, a véspera é amanhã, estaremos preparados.

 

   ***

 

   Felicity estava estranhamente pensativa. Olhou para o seu celular soltando um suspiro desgostoso, a noite estava demorando cair em um tempo consideravelmente maior comparado as outras missões. Seus pensamentos estavam mórbidos, não sabia se eram por conta da chuva ou pela época natalina, talvez os dois, ou talvez fosse por uma situação, um nome.

 

    Sara.

 

   Mas afinal, o que diabos havia dado nela?

 

   Ambas não conversaram mais desde sua pequena discussão à tarde. Felicity não entendia o porquê desse seu comportamento, por que justo agora a mesma queria lembrar águas passadas? Estaria ela com remorso?

 

   Arrependimento?

 

   O trato não havia sido o suficiente para apaziguar as coisas?

 

  Com ela e Oliver vinha funcionando perfeitamente, perfeitamente seria um termo exagerado, mas estavam lidando bem com a presença um do outro. Seu coração se sobressaltou ao lembrar da última missão, fazia tempo que não se sentia assim, tão protegida. Nenhum dos dois comentaram com ninguém o que foi vivenciado em Capri, o que de modo mútuo funcionou como um acordo silencioso entre ambos. Haviam tido um momento particular com confissões e de uma certa forma, se sentiam mais próximos.

 

   Era complicado.

 

   Principalmente agora por Sara querer trazer o assunto à tona.

 

   Conversar seria como lembrar, e lembrar seria como revirar aquelas sensações horríveis quais sentiu e que tanto tentou esconder. Notou que estava olhando tempo demais a sacada quando Ray se sentou ao seu lado, observando a mesma direção que a loira a tanto tempo encarava.

 

   - As partículas de água parecem um programa muito satisfatório de se assistir.- comentou com humor.- Sabe, quando eu era pequeno e aconteciam as viagens de carro com garoa, eu sempre ficava imaginei uma corrida entre elas, torcendo para que a minha fosse a primeira.

 

    - Eu também fazia isso.- sorriu Felicity nostálgica.

 

    - Chove em Vegas?

 

   - É claro que sim.- sorriu dando um empurrãozinho em seu ombro, um suspiro a escapou.

 

   - O que foi Lis? Você e a Sara chegaram com uma cara...

 

   - Tivemos uma conversa um pouco tensa.- comentou em tom baixo.- Ela quer falar daquilo.

 

   - Daquilo?- perguntou quando a mesma assentiu.- Talvez seja a hora.

 

    - Eu não quero, fizemos um trato.

 

   - Você e Oliver o impuseram na realidade.- murmurou em tom baixo quando a mesma o lançou um olhar repreensível.- O quê?

 

   -  De qual lado você está afinal?

 

   - Em nenhum.- se defendeu.- Mas talvez Lis, já parou pra pensar que o que funciona pra você e o Oliver não tenha a mesma eficácia que a dela?

 

   - Eu... Não.- assumiu ao sentir seu olhar.

 

    - Talvez ela precise desse encerramento, Lis.- continuou.

 

    - As vezes eu te odeio.- respondeu o fazendo rir.

 

    - Também te amo.- sorriu de canto.- Quer um abraço?

 

   - Não... Sai daqui Palmer!- mandou quando o mesmo a abraçou relutante.

 

   - Um abraço consegue acalmar as mais antigas feras.- sussurrou quando a viu relaxar, segundos depois de sua fala seu corpo foi levado ao chão em um movimento rápido.- Aí Lis!

 

   - Isso é o que acontece por você falar demais.- comentou se pondo de pé.

 

   - Não vai me ajudar?- perguntou quando a viu caminhar.- Laurel vai reclamar que estou com hematomas no meu corpo!

 

— Eu explico pra ela, temos uma relação muito aberta.- piscou em sua direção.- Como eu disse, Quentin me apoiaria mais com ela do que com você.

 

—Isso, toca na ferida seu ser maquiavélico.

 

O mesmo se levantou ao som de sua risada ao fundo. Laurel apareceu, parecia confusa, arqueou as sobrancelhas ao notar Palmer parado no meio da sala, com as mãos na cintura.

 

   - Seu pai gosta de mim?- perguntou a deixando surpresa.

 

   - Ele... Por que essa pergunta?

 

   - Ele gosta de mim?- repetiu mais uma vez, se aproximando.

 

   - Gosta.- respondeu dando de ombros.- Claro que ele tem aquele jeito super protetor... E isso não importa.- se interrompeu quando colocou suas mãos nos ombros do moreno que a encarava com atenção.- Sabe o que importa?

 

  - O quê?- sussurrou.

 

  - O que eu sinto por você.- murmurou em tom baixo contornando suas mãos ao redor de seu pescoço.

 

   - E o que você sente?

 

   - Você sabe, aquela coisa que deixam as pessoas com o batimento acelerado.- comentou dando de ombros.

 

   - Ataque cardíaco?- perguntou a fazendo rir.

 

   - Não seu bobo, amor.- respondeu divertida o observando.- Eu amo você.

 

   - Eu também te amo.- sorriu de canto quando se beijaram brevemente, afastou seu rosto alguns sentimentos quando murmurou.- Mas seu pai...

 

   - Ah Ray!- falou se afastando.

 

   - O quê? Ter a confiança do sogro é fundamental.- argumentou a fazendo suspirar.

 

  - Você é inacreditável.

 

   - Devo mandar um presente de Natal pra ele?

 

   - Não, ele não gosta muito de presentes.- deu de ombros.- Quer agradá-lo? Continue sendo esse agente maravilhoso que você é, seja você mesmo e pare de se preocupar com isso.

 

   - Devo anotar em um bloco de notas?- brincou a fazendo sorrir de canto.- Certo, eu vou tentar parar de ter medo do seu pai, mas a cena dele me pegando na sua casa há alguns anos atrás continua viva na minha memória.

 

   - Foi engraçado.- sorriu nostálgica.- Você ficou apavorado.

 

   - Não deveria?- perguntou incrédulo.- Ele é capitão da polícia.

 

   - Vocês dois vão se dar bem.- deu de ombros.

 

   - Como tem tanta certeza?- perguntou inseguro.

 

  - Porque eu amo vocês dois, e tenho certeza que os dois homens da minha vida farão de tudo para conviverem bem.

 

   - Sentimentalismo, bom ponto.- murmurou quando sentiu um olhar de repreensão.- Quer dizer, claro amor, vamos fazer isso sim.

 

   - Ótimo.- sorriu quando caminhou até a cozinha, seu corpo voltou novamente em sua direção.- Quem te fez pensar sobre isso?

 

   - Felicity.

 

   - Claro, tinha que ser.- balançou a cabeça negativamente.- Aquela loira vai ver.

 

  ***

O dia amanheceu um pouco mórbido para a véspera de Natal. A temperatura não passava dos 7 graus, e com a garoa contínua deixava o clima ainda menos desagradável. A equipe se mobilizava, sabiam que Christopher estaria em um dos monumentos, e que suas armas poderiam ser acessadas remotamente, porém há uma distância considerável, o que os davam certeza que o terrorista estaria lá.

 

    Assistindo ao espetáculo de horrores.

 

   A informação das 5 armas havia os feito pensar muito. Christopher queria atenção, isso era óbvio, fazer um ataque terrorista em plena véspera de Natal iria repercutir nos jornais do mundo inteiro, ele não queria acertar um pequeno número de pessoas até a polícia alemã tivesse localizado o ponto ao alto, ao contrário, ele queria os deixar perdidos, desesperados sem saberem ao certo de qual monumento seria a origem dos disparos, foi então que surgiu a ideia, Christopher não usaria somente um dos monumentos.

 

   Ele usaria os três.

 

   E estaria escondido em um.

 

   As plantas dos monumentos foram estendidas sobe a mesa da cozinha,os pinos( vermelhos que representavam os agentes, e pretos que representavam Chris) ainda estavam espalhados, sem um lugar exato, a equipe precisava ser certeira.

 

    - Mais alguma informação nova da linha?- perguntou Felicity a Curtis que negou.- Câmeras nem nada?

 

   - Nada, o cara realmente esta indo bem.- respondeu.

 

   - Bom, temos três monumentos.- apontou Oliver os chamando atenção.- Cada um já estudado, sabemos quais áreas Christopher terá vantagem.

 

   - Mas se ele espalhar as armas como estamos achando, como vamos impedi-lo? Quero dizer, não podemos todos estar no mesmo lugar ao mesmo tempo.

 

   - Por isso vamos nos dividir.- falou Felicity.- Curtis vai ser nossos olhos e ouvidos, nos mantendo informados de toda a movimentação, e além de cuidarmos do alto precisamos alguém na parte baixa, caso algo dê errado, a população precisa manter a calma. Quem se oferece?

   

   - Eu e Tommy podemos ficar.- assegurou Caitlin, o moreno ao seu lado assentiu.

 

    - Se alguma coisa der errado... Vocês estarão na linha de tiro.- comentou Felicity vendo seus rostos ficarem tensos.- Tem certeza de que querem ficar nessa posição?

 

   - Vamos ficar Lis.- afirmou Tommy olhando para Caitlin.

 

   - E quanto a nós?- perguntou Laurel para Oliver e Felicity.

 

  - Vamos nos dividir em duplas.- respondeu o Queen.- Você e Palmer ficarão na Konzerthaus, agora na catedral francesa...

 

   - Eu posso ficar com a Lis.- sugeriu Sara levantando a mão.- Tudo bem?

 

   - É... Claro, tanto faz.- respondeu Felicity confusa dando de ombros.

 

   - Eu e Oliver na catedral alemã então.- comentou John, se curvou diante das plantas, colocando os pinos em suas devidas posições.- Temos o plano.

 

    - Temos.- repetiu Oliver.- Bom, se vistam, vamos garantir que Christopher Price fique atrás das grades, e isso começa hoje.

 

   *****

 

  Após horas e horas se preparando, a equipe se dirigiu até a praça Gendarmenmarkt poucas horas antes do entardecer, para se infiltrarem com mais facilidade nos monumentos. A praça estava lotada, uma banda cantava animadamente pare turistas que aplaudiam, encantados com o show. A chuva agora não passava de uma garoa fina, porém com o cair da noite a temperatura também voltou a ficar amena, o que não interferiu de maneira alguma na animação das pessoas que circulavam. Bebidas quentes eram servidas, muitas alcoólicas pelo o que Tommy pode notar ao passear com Caitlin pelas ruas. As pequenas estrelas nas pontas das tendas agora emanavam um brilho dourado, da mesma tonalidade de cores que eram refletidas pelos três monumentos, dando um verdadeiro espetáculo de cores. O enorme Pinheiro também estava acesso, com centenas de luzes em seus arredores. Infelizmente essa quantidade de luzes deixaram a equipe um pouco apreensiva, já que para deixar a atmosfera mais natalina o possível, a iluminação da praça não era uma das melhores, o que dava uma vantagem a Christopher. 

  Flocos pequenos de neve começaram a cair, Oliver as observava, distante, voltou a realidade quando escutou John ao seu lado, deixando sua arma atravessada em suas costas e parando ao seu lado, esfregando as mãos.

 

   - É realmente lindo aqui.- murmurou John observando as pessoas lá embaixo.

 

   - É.- concordou Oliver.- Não sei te dizer John, mas estou sentindo uma coisa estranha.- suspirou resignado.- Alguma coisa parece errada.

 

   - Não é o Natal que o deixou assim?- perguntou.- Você sabe, não é sua data preferida.- brincou o fazendo sorrir de canto.- Falou com William?

 

   - Thea está com ele, eu também mandei um presente mas... Vou ligar amanhã.- falou desconfortável.- Ou talvez eu faça um vídeo, se ele quiser falar comigo é claro.

 

   - Ele sente sua falta.- falou John.- É normal essa reação dele, e ele não era de falar muito, não é?

 

   - É.- concordou.- Conversamos realmente pouco, mas talvez seja melhor assim.- assumiu amargo.

 

   - Não pode se culpar pelo o que aconteceu.

 

   - Eu podia ter o perdido.- rebateu.- Os dois.

 

   - Waller jamais deixaria isso acontecer.

 

   - E desde quando acredita nas promessas dela?- perguntou sarcástico.- Poderia ter sido muito pior e eu...- suspirou.- Eu não fiz nada.

 

   - Você tentou.

 

   - Deveria ter tentado mais.- coçou a cabeça e logo em seguida passou a mão no rosto.- Mas isso foi há 5 anos.

 

   - Está na hora de resolver essas coisas.

 

   - Talvez.- deu de ombros, John revirou os olhos.

 

   - Você e sua teimosia.- comentou o fazendo sorrir de canto.

 

    - Não seria eu se não tivesse.- brincou quando ligou a escuta.- “ Atualização.”

 

  “- Estou checando as ruas e avenidas próximas, tudo normal.- informou Curtis.”

 

   “- Snow na linha, tudo certo por aqui.”

 

   “- Palmer, encontramos duas das cinco metralhadoras, uma ala abaixo da nossa, deem uma olhada.”

 

   “- Entendido.- falou Oliver, John contornou a sacada e entrou na porta, descendo as escadas.- As interceptaram?”

 

    “- Travadas como o previsto, só serão ligadas remotamente.- respondeu Laurel, mas não mexemos ainda, Christopher vai desconfiar se chegar e não encontrá-las.”

 

    “- Continuem atentos.- falou Oliver.- “ John?”

 

   “- Duas.- informou.- Melhor trocarmos de postos, se ele aparecer será aqui.”

 

   “- Certo, já estou a caminho.- falou quando olhou mais uma vez a catedral francesa.- “ Smoak?”

 

  “- Três.- respondeu imediatamente.- Na sacada marcada como o previsto, acho que Christopher queria nos confundir.”

 

   “- Mantenham-as em sua linha de visão, qualquer movimentação nos avise.”

 

   “- Entendido.”

 

   ***

 

   - Bom, achamos três.- comentou Sara quando a viu falar com Oliver.- Sorte ou azar?

 

   - Um pouco dos dois.- suspirou voltando a se encostar na parede.- Ele colocou as armas em lugares diferentes, devíamos ter pensado nisso.

 

   - Pelo menos a encontramos a tempo.- deu de ombros quando suspirou.- Felicity...

 

   - Não é o momento.- a cortou olhando para o lado.

 

   - Vamos enfrentar um terrorista, talvez não haja outro momento.- contrapôs angustiada, Felicity a encarou.- Eu totalmente entendo a sua situação Lis. Nós éramos amigas, uma família, e eu traí você.- continuou quando sua voz falhou.- Não só você, eu menti pro meu pai, pra minha irmã, Caitlin, Ray, e ainda tive que fazer aquela outra coisa que era tão importante pra vocês dois...- suspirou quando puxou o cabelo em gesto nervoso.- Eu fui uma péssima pessoa e...- se calou quando escutou passos, limpou o rosto quando Felicity a puxou para a parede novamente.

 

   “- Lance na linha.- sussurrou.- Movimentação, podem retirar as outras armas dos monumentos, ele está aqui.”

 

   Um homem apareceu, não um jovem como elas esperavam, mas sim um senhor, com uma barba branca, barriga redonda e roupa de papai Noel. Se entreolharam confusas, mas suas dúvidas se foram quando ouviram o mesmo pegando mais uma arma e um controle, arrumando suas miras para o chão. Felicity fez sinal para que andassem devagar agachadas, precisavam do controle. Felicity foi na frente, aproveitou o breve momento em que Price guardou novamente o controle no bolso e olhou o horário, aguardando o momento exato para o atentado. A agente se levantou rapidamente e colocou o cano de sua arma na cabeça do terrorista, que arqueou as costas.

 

   - Quieto e se afasta.- mandou, ainda com a arma o fez dar passos para trás, se retirando da sacada.- Christopher Price, você está preso....

 

   - Não, ainda não estou.- sorriu sarcasticamente se virando em sua direção.- O que foi? Seus superiores não a deixam atirar em mim agente?- brincou dando um passo em sua direção.- O alvo você tem na mira.- brincou agarrando o cano da arma e o colocando no meio de sua testa.- Só basta o gatilho, então atire.- falou entredentes.- Vamos, acabe logo com isso. Atire!

 

   Felicity hesitou, olhou diretamente as esferas verdes do homem à sua frente. Ele não parecia com medo, ou qualquer sentimento parecido, mas sim certo, até um pouco aliviado, foi então quando Felicity percebeu.

 

    Ele queria morrer.

 

   Queria que aquilo acabasse logo, fácil.

 

     Ele estava se punindo.

 

  Sara aproveitou o momento dos dois e retirou as armas, sabia que as mesmas seriam disparadas, tratou de as mirar para uma das janelas da catedral, ao menos machucaria a construção, não vidas. Felicity então abaixou a arma, suspirando.

 

    - Eu não vou matar.

 

    - Tem que fazer isso, você não entende?- perguntou agarrando seu braço em desespero.- Vamos, coloque uma bala no meio da minha cabeça.

 

   - Eu não vou matar você.- repetiu firme.- Há outras maneiras de resolver isso.

 

   - Sua compaixão será sua ruína, vai chegar um momento em que não haverá escolha, ou você mata, ou perde alguém.- argumentou a vendo trincar o maxilar, riu vendo que a atingiu.- Isso já aconteceu, não é? Que você perdeu agente? A mamãe? Não, o papai? Namorado?

 

   - Está tentando me irritar para que eu perca a paciência de faça o que você quer.- rebateu ainda o fitando.- Não vai funcionar Chris, se há alguém no mundo que eu queira ver com o corpo estendido em um chão frio não é você.

 

    - Que pena.- sorriu quando abaixou sua mão.- Eu não queria ter que fazer isso, realmente, eu te dei chance, sabe? Realmente uma pena...- balbuciava sozinho.- Uma pena.- apertou o botão, disparos foram executados quando começou a gargalhar, porém estranhou uma coisa.- Mas por que não há gritos?- perguntou olhando para trás, notando pela primeira vez que havia mais uma pessoa ali, estragando seu plano.

 

   - Acha que sou idiota?- perguntou Felicity.- Tivemos essa conversa somente para nos conhecermos?

 

   - Dos outros pontos...

 

   - As tiramos.- sorriu Sara.- Ninguém vai morrer hoje.

 

   - Lá embaixo não, mas aqui.- riu pegando sua arma do bolso.- Eu não teria tanta certeza loirinha.

 

   Felicity o deu um chute, tentando desestabiliza-lo. Suas mãos se encontraram, e disparos foram efetuados para cima, Sara tentou imobiliza-lo, porém levou uma cabeçada, a fazendo se afastar zonza com o nariz sangrando para trás, tentou ficar sua visão. Felicity e Chris ainda lutavam, mesmo vestido de papai Noel estava conseguindo se equilibrar. Foi então quando notou que atirar no peito do homem não adiantaria, ele estava protegido, e suas mãos( que continham um soco inglês, acertaram Felicity em cheio, o dando vantagem para se levantar e recuperar o revólver.

 

   - Como eu disse, uma hora vai ter que fazer uma escolha.- murmurou quando mirou em sua direção.- Feliz Natal loirinha.

 

    Sara o impediu, o golpeando diversas vezes no rosto. Acabaram por cair no chão, fazendo seus corpos rolarem, emaranhados. Felicity não continha mais visibilidade da arma, e nem sabia em qual mão estava. Um disparo foi efetuado e juntamente com ele um zumbido surgiu em seus ouvidos. Sara empurrou Christopher, tentou se levantar porém caiu, foi então que Felicity notou que o sangue que escorria não era do criminoso, e uma sensação de terror a atingiu.

 

   - Sara!

 

   ***

O coração de Oliver estava a mil. Nem o mesmo soube como desceu do topo da catedral alemã em apenas alguns minutos. A adrenalina o fazia correr cada vez mais rápido, se locomovendo com agilidade dentre as pessoas da praça, e as empurrando algumas vezes. Encontrou Caitlin e Tommy também acelerados. A cada lance de escada seu coração se apertava, o sentimento de dor e principalmente medo o assombravam. Foi então quando a viu, seu corpo estava sentado no chão, debruçado sobre Sara que gemia de dor. Christopher estava ao lado, algemado, com o nariz sangrando. Se apressou a ir ao seu encontro, tentando ver a real condição de Sara.

 

   - Sara, preciso que se mantenha acordada , ok?- falou Oliver quando Caitlin se agauchou ao seu lado, abrindo o casaco da loira.

 

   - Foi fora do colete, precisamos levá-la a um hospital agora.- informou tentando manter a calma.- Sara? Olhos abertos.

 

    - Onde a bala pegou?- perguntou Oliver a vendo pegar o kit de primeiros socorros.

 

   - Ombro, mas ela está perdendo muito sangue.- falou concentrada pegando o torniquete.- Vou deixar apertado para diminuir a perca de sangue, isso nos dá duas horas antes que...

 

   - Iremos resolver antes disso.- assegurou Tommy ao seu lado, notando seu nervosismo.- Você é boa nisso, apenas faça o que precisa fazer, ok? 

 

   Caitlin continuou a fazer os procedimentos. Felicity ainda a segurava em seu colo, tentando acalma-lá. Laurel e Ray chegaram logo depois, e ao notar sua irmã no chão a deixou desestabilizada. Oliver precisou retomar o controle, John desceu com Sara, já tendo Curtis os esperando para levá-los ao hospital mais próximo. Felicity os acompanhou, deixando o restante dos agentes cuidarem do terrorista.

 

   - Ela é sua irmã, sei o que está sentindo, mas precisa ser forte agora.- falou Oliver para Laurel.

 

   - Vou pro hospital quando tiver certeza que esse homem estará atrás das grades.- garantiu.- Não se preocupem, não farei nada com ele.

 

   - Sei que não.- sorriu Oliver de canto.- Leva seu trabalho muito a sério. Agora vão, nos encontramos depois.

 

    - Mandamos notícias.- falou Ray.- Alguém vai ser deportado hoje.

 

   ***

 

Já se passava mais ou menos das três da manhã. Felicity estava sentada em um dos diversos bancos do hospital. O corredor que a mesma se encontrava estava vazio. John e Curtis haviam saído após um chamado da equipe e ainda não haviam retornado. Olhou a hora impaciente, esperando qualquer informação.

 

   Sara já estava lá há muito tempo.

 

   E o pior é que a mesma nem sabia alemão.

 

   Onde diabos Ray estava nessas horas?

 

   Controlou sua irritação, sabia que nada mais era a preocupação com sua colega de equipe.

 

   A colega de equipe que havia tomado um tiro por ela.

 

   Felicity estava se sentindo inútil, e mais ainda,

 

   Estava se sentindo culpada.

 

  Culpada por não escuta-la, culpada que por sua hesitação aquele homem teve a oportunidade de fazer o que fez. Se sentia nostálgica com um tempo passado, tempo que havia a marcado profundamente. Era a segunda vez que ela havia se encontrado nessa situação, a primeira havia sido fatal, sobre Sara ela não sabia. Se ela tivesse atirado...

 

   Se ela tivesse a escutado...

 

   Fechou os olhos com força. Remorso é uma das coisas mais destrutivas para um ser humano. Ele nos acompanha durante anos, nos fazendo questionar o que fizemos e o que abrimos mão de fazer. Pela primeira vez em anos, Felicity sentiu que estava na hora de escuta-la.

 

   De entender seu lado.

 

   Sara não havia tomado um tiro somente para parecer uma boa moça, sabia dos riscos, e quando viu a arma apontada para Felicity a mesma não pensou duas vezes antes de salvá-la, e se acontecesse alguma coisa, mera complicação, talvez ela nunca mais a escutasse. Seu coração acelerou, assim como sua respiração. Inspirou profundamente e apertou as mãos. Oliver surgiu, parecia cansado, se sentou à cadeira ao seu lado e sorriu de canto.

 

   - Estávamos resolvendo os detalhes, tudo certo, Christopher está preso.

 

   - Bom.- sorriu forçadamente.- Uma prisão com uma cama quentinha é o que ele merece.- comentou sarcasticamente.

 

   - Sei que está chateada...

 

   - Eu não estou chateada.- o cortou.- Mas eu não acho justo criminosos como aquele ficarem em uma cela, ganhando comida e uma cama enquanto milhares de pessoas perdem a vida por eles!

 

   - Você está mentindo.- contrapôs a observando, sorriu de canto ao notar que a mesma mordia levemente o lábio inferior, um costume que jamais havia se apagado.- Se você realmente achasse isso verdade, não teria pensado em atirar em Christopher.- comentou vendo uma ruga surgir entre suas sobrancelhas.- John me contou.- explicou.

 

   - Eu fui fraca.

 

   - Não foi não.- segurou em seu ombro.- Podia ter escolhido o caminho mais rápido, porém mesmo com a oportunidade decidiu fazer o que julgava ser certo.

 

   - Ela tomou um tiro por mim Oliver, e se der alguma coisa errada, e se ela ficar mal? E se...

 

  - Fe-li-ci-ty.- falou seu nome segurando com ambas as mãos seu rosto, limpando as grossas lágrimas que desciam.- Tudo isso são possibilidades e probabilidades, deveremos nos agarrar no que é concreto no momento.

 

  - E o que é?- perguntou com a voz embargada.

 

   - Não foi sua culpa e que Sara vai ficar bem, ok?- falou a fazendo assentir.- Não foi sua culpa, e se mais agentes tivessem sua humanidade, nosso mundo seria bem melhor.

 

   Felicity o surpreendeu ao abraçá-lo. Oliver suspirou, a apertando, a maneira como seus corpos se encaixam sem muito esforço era algo que sempre se passava em sua mente.

 

   - É a segunda vez que nos abraçamos assim.- murmurou abafado.

 

   - O que eu posso dizer? Tenho um colo bom.- brincou a fazendo soltar um riso baixo.

 

   - Estou cansada demais para responder isso.- respondeu bocejando.

 

    - Por que não dorme um pouco?- perguntou quando a sentiu se afastar.- São três da manhã Felicity, descanse um pouco, te aviso qualquer coisa.

 

   - Mesmo?- perguntou como uma criança que queria ter certeza que ganharia o presente prometido.

 

   - Mesmo.- garantiu, a viu relaxar.- Vem.- abriu os braços, Felicity não se moveu.- Prefere um banco frio a minha presença?

 

   - Eu não disse isso.- se defendeu quando se deu por vencida.- Está frio.- justificou ao deitar sua cabeça em seu ombro.- E por mais que eu odeie admitir, você está quente.- comentou de olhos fechados quando xingou baixinho ao escutar Oliver rir.- Você entendeu Queen.

 

   - Eu entendi, você me acha quente.- brincou arrumando seu corpo e braço para a mesma se aconchegar.- Dorme Lis.

 

   - Não deixe de me chamar.

 

    - Pode deixar.- sorriu de canto quando a fez um cafuné.- E feliz Natal Lis.

 

   - Feliz Natal.

 

    *****

 

   Caitlin e Tommy foram os primeiros a chegarem. Oliver soltou um “oi” mudo, não querendo acordar Felicity. Ambos se sentaram em cadeiras opostas ao seu lado do corredor, os observando de frente. Um sorriso brincou nos lábios de Caitlin ao olhar a cena, dando um empurrãozinho em Tommy que também assentiu sorrindo. Suas mãos estavam entrelaçadas, o moreno tentou recolhê-la quando os outros agentes chegaram, porém Caitlin o impediu, dando de ombros, precisava de algo que deixasse calma, Tommy não contestou. Laurel estava abatida, seus olhos vermelhos e olheiras escuras mostravam seu real estado de espírito. John e Curtis mantiveram uma conversa, tentando entretê-la, Ray agradeceu por isso em um gesto discreto. 

  Após o primeiro sinal de raios solares, o hospital voltou a ficar movimentado. A doutora responsável por Sara saiu, imediatamente os fazendo ficar de pé. Oliver cutucou Felicity que resmungou.

 

   - Hey.- sussurrou.- Lis?

 

    - O dragão não.- balbuciou com o cenho franzido.

 

    - Felicity?

 

   - Não, ele não...

 

   - Felicity?- a chamou mais forte, a loira arregalou os olhos, assustada, suas feições se suavizaram ao encontrar o olhar de Oliver.- A doutora está aqui.

 

   - E então?- perguntou agitada se pondo de pé, caminhando para a roda que havia se formado. Olhou para Oliver confusa, por não entender uma palavra.- Mas o que...

 

   - Ray vai traduzir.- deu de ombros, Felicity escutou seu nome.

 

   - Eu sou Felicity.- falou apressada.- O que tem eu?

 

   - Sara está fora de perigo.- respondeu Ray os fazendo soltar um suspiro aliviado.- Não nos chamaram antes porque ela precisava descansar, mas agora está acordada e quer ver você.

 

   Felicity engoliu em seco. Ray a lançou um olhar significativo quando a loira seguiu a doutora, com passos rápidos. A mesma a deixou na porta, Felicity bateu duas vezes quando apareceu. Sara sorriu em sua direção. Estava mais pálida que o normal e seus lábios estavam ressecados. Estendeu a mão para Felicity que a segurou, aliviada ao vê-la com vida.

 

   - Oi.

 

   - Oi Lis.- falou rouca, limpou a garganta.- Minha voz está horrível, desculpe.

 

   - Você levou um tiro, e me pede desculpas?- perguntou incrédula a fazendo sorrir.- Aquela bala era pra mim.

 

   - Não, era minha.- rebateu.- E não vamos brigar por uma bala.- a interrompeu, Felicity sorriu de canto.- Lis eu... Eu sinto muito.- pediu mais uma vez, seus olhos lacrimejaram.- Por tudo, eu não só menti pra você, mas pra todo mundo, destrui algo super importante pra você e pro Ray...

 

   - Hey, tá tudo bem.- assegurou Felicity segurando firmemente em sua mão.- Tudo isso que aconteceu me fez pensar muito, muito.- comentou, Sara a olhava com atenção.- Eu nunca quis pensar sobre isso, ou falar sobre isso, porque me machucava muito, mas isso funciona pra mim, não pra você.- suspirou.- Eu não vou mentir, saber que você sabia me destruiu, mas você mudou, levou um tiro por mim.- sorriu fazendo uma enorme lágrima rolar por sua bochecha.- Eu também sinto muito Sara.

 

   - Não foram só você e o Oliver que perderam alguma coisa naquele dia, eu também perdi.- murmurou com a voz embargada.- Eu perdi a minha melhor amiga, e tudo o que eu mais quero na vida é que você me perdoe, e que possamos ter uma amizade.

 

   - Eu estava pensando em arrependimentos, coisas que fizemos ou deixamos de fazer.- suspirou.- Eu não posso te prometer que eu esqueci tudo, porque simplesmente seria mentira, e eu não quero mais mentiras.- falou a fazendo assentir.- Mas eu quero tentar, de novo.

 

   - Eu fico muito feliz com isso.- sorriu Sara apertando seus dedos.- Se pensou sobre mim, poderia...

 

   - Não.- a interrompeu.- Uma coisa de cada vez.

 

   - Vocês dois são dois tapados.- resmungou.- Ficam nessa coisa de “ o que não deve ser nomeado”, por favor Lis.

 

   - Você fazendo uma referência a Harry Potter? Uau.- brincou a vendo dar de ombros.

 

   - A secretária do ministro de Londres me ensinou muita coisa.- falou maliciosa fazendo Felicity arregalar os olhos.

 

   - Certo, você já está bem pelo visto.- brincou.- Vou chamar os outros.

 

   Felicity caminhou até o corredor e chamou o restante dos agentes. Laurel foi a primeira a entrar, correu em direção a irmã e a abraçou, ganhando um murmurou de dor.

 

   - Me desculpe.- pediu envergonhada afrouxando o aperto.- Eu fiquei tão preocupada.

 

   - Não foi dessa vez que vocês se livraram de mim.- brincou.

 

   - Por mais que você seja extremamente irritante...- murmurou Tommy.- Eu fiquei preocupado com você, sua criatura desprezível.

 

   - Tommy e suas doces palavras.- sorriu de canto.

 

   - Ficamos preocupados.- falou Curtis parando ao seu lado.- Foi horrível dirigir e te ver daquele jeito, jamais faça isso de novo.

 

   - Entendido senhor incrível. John, você me carregou?

 

   - Parecia uma bonequinha.- sorriu de canto.

 

   - Dig sendo Dig, é por isso que eu te amo.

 

    - Ela ainda está inconsciente?- perguntou Oliver.- Está tão amável.

 

   - Poderíamos repetir isso.

 

   - Não!- falaram todos juntos.

 

   - Jamais repita isso.- repreendeu Caitlin.

 

   - Nem em sonho.- falou Ray.- Não acha melhor avisar seu pai?

 

   - E dizer que o papai Noel tentou me matar?- perguntou os fazendo rir.- Não, depois eu conto, e por falar nisso, já é natal?

 

   - Já.- sorriu Laurel.- Feliz Natal.

 

   - Que você se comporte melhor ano que vem Sarinha.- provocou Tommy ganhando um dedo do meio em resposta.- É, o efeito dos medicamentos passou, ela voltou.

 

    - Não ligue pra ele.- sorriu Felicity.- O importante é que estamos bem, e juntos.

 

    - Minha segunda memória favorita em um hospital.- cochichou Tommy para Caitlin que sorriu de canto.- Feliz Natal pessoal.

 

   - Feliz Natal.

 


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Notas finais do capítulo

Sara se tornará uma grande aliada para o nosso casal, podem ter certeza kkk. Esse é o nosso último capítulo do ano pessoal, obrigada a todos que me acompanharam até aqui, e eu espero que minha história tenha os ajudado um pouco nesse ano tão terrível, e que 2021 seja maravilhoso.
Boas festas ❤️



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