Da corte ao Altar escrita por Alanna Drumond


Capítulo 6
Capítulo 6




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Um pulo. Um pulo necessário foi dado por Lucy quando ela ouviu o barulho de passos se aproximando. Se seus pais chegassem e a vissem naquela posição com Anthony ela estaria seriamente encrencada. O que ela estava fazendo? O que eles estavam fazendo? Anthony parecia atordoado com a fuga dela. Lucy tentou interpretar seus olhares. Decepção? Quebra de expectativa? Rejeição? Ele ia mesmo beijá-la? Isso seria algo ruim? 

 

Anthony estava tão pensativo quanto Lucy. Em um minuto ela estava ali, com os lábios a poucos centímetros dos dele. Agora ela respirava fundo e estava segurando fortemente uma cadeira alemã de Lady Kress com toda a força que tinha. Beijá-lo seria tão repugnante assim? Por isso ela fugiu? Ele se sentia envergonhado e certamente não tentaria outra vez. Ela provavelmente não estava pronta para isso. Anthony sabia que Lucy nunca havia beijado ninguém e ele não deveria tê-la pressionado. Ele queria se desculpar. Seria o certo a fazer. E ele faria se não tivesse sido atrapalhado pela chegada de seus pais e dos pais de Lucy. 

 

— Pronto para ir Anthony?- perguntou Vincent. – Temos que ir até o palácio ver como estão as coisas. George certamente precisa de você. – Ele se virou para o conde de Kress e não deu a oportunidade para Anthony responder – Estamos acertados Sr. Kress? 

— É claro que sim. Vou esperar seu aviso e começar os preparativos – Nathan disse apertando a mão de Vincent. – Lucy quis perguntar quais preparativos eram, mas ainda recuperava a respiração. 

— Assim que eu tiver novidades eu mando um bilhete. 

 

Vincent deu um tapinha no ombro do filho e assim eles partiram. Antes de passar pela porta Anthony deu uma ultima olhada para Lucy que tinha o rosto sem nenhuma expressão. Lucy passou o dia pensando sobre o que aconteceu. Ou melhor, sobre o que quase aconteceu. Se seus pais não tivessem chegado eles teriam se beijado de verdade. Como seria? Ela sempre esperou que seu primeiro beijo fosse ser com Anthony, ela só nunca pensou em como seria isso. Na verdade ela nem queria imaginar como seria isso. Então fugiu.

 

Foi na biblioteca e tentou ler um livro, não deu certo. Foi dar um passeio com sua dama de companhia, também não deu certo. Tentou costurar, mas abandonou assim que furou seu dedo indicador. Foi quando sua mãe anunciou que dariam um baile. 

 

— Por que? 

— Para animar o pessoal. Depois do atentado do rei, o clima ficou muito pesado. Tudo o que as pessoas precisam é de um baile para se distrair. 

— O atentado foi na noite passada. Está muito recente, isso pode parecer desrespeitoso. 

— Vamos planejar, será daqui a uns dias. O reino não pode ficar assim para sempre. O rei já está se recuperando. Temos que comemorar isso. 

 

Depois disso, Lucy passou o dia planejando a festa com sua mãe. Preparar um baile era de longe uma das tarefas mais cansativas do mundo, mas assim evitava que ela pensasse em Anthony. Pelo menos foi assim que Lucy se enganou. Não muito longe dali, Anthony estava no palácio com George na sala do trono. Ele também tentava não pensar em Lucy, assim os assuntos do reino se pareceram muito mais atraentes. Seu pai também estava no palácio. Vincent St. Clair estava reunido com a corte e estavam trabalhando na investigação pelo atentado do rei com o aval de George. O amigo, tão jovem quanto ele, agora tinha a responsabilidade de conduzir a Inglaterra. 

 

— Preciso te fazer uma pergunta. – disse George 

— O que quiser... 

— Você confia nos conselheiros de meu pai? 

— Não sei. Não os conheço o suficiente para opinar. 

— Sempre diplomata Anthony. Às vezes não tem a menor graça conversar com você. 

— Imagino que você não confie já que me fez essa pergunta. 

— Tenho medo que o atentado tenha sido orquestrado aqui de dentro. 

— Desconfia de alguém? 

— Duque Simon, Marquês Carlos... Não sei, estou ficando louco. – ele suspirou e tirou a coroa da cabeça. 

— Passou por muita coisa meu príncipe. Por quê não se deita um pouco? Enquanto isso eu converso com meu pai e vejo se ele tem alguma desconfiança. 

— Não. Eu não quero que pergunte. Não quero que suspeitas sejam levantadas. Mas preciso que você apure isso para mim. 

— Como quiser, mas pergunto-me como alteza. 

— Tenho uma proposta à você: desejo nomeá-lo meu conselheiro. Assim ficará por dentro de todos os assuntos da corte. Mas mais que isso, será meu homem de confiança. Eu já tinha planos de nomeá-lo quando assumisse o trono, mas o farei agora. Preciso de você meu amigo. 

— Mais que um amigo você é o príncipe e meu futuro rei. É meu dever como súdito... 

— Anthony não! Preciso de um amigo. Eu estou sozinho em um covil de cobras. Meu pai quase morreu, minha mãe está em seu leito de morte. Tenho uma irmã em idade de se casar e outra que sequer sabe os deveres de uma princesa. Além disso, eu tenho um país pra cuidar. Vizinhos em guerra e outros reis querendo nos derrubar. Eu preciso de mais que um súdito. 

— Me perdoa. Eu não estou muito bem. 

— Eu sei. Sei também que o motivo é Lucy Kress. Eu te dou a minha benção, peça a mão dela logo. 

— Não me lembro de pedir sua benção George. 

— Era só pra te irritar – George sorriu – precisava do meu amigo de volta. 

— Eu aceito. Serei seu conselheiro e homem de confiança. 

 

No final da noite, toda a corte se reuniu no palácio com seus familiares para o anuncio do primeiro decreto do príncipe George. Isso incluía Lucy e sua família. Era a primeira vez de Lucy no palácio. Os guardas vestiam trajes vermelhos e estavam espalhados por todos os cantos. Medida de prevenção, Lucy pensou. Depois do ocorrido, a família real não arriscaria outro atentado. 

 

Na sala do trono tudo estava muito formal. Cada integrante da corte tinha um lugar definido. Como os condes mais importantes do reino, Vincent e Nathan tinham lugares de destaque e ficaram frente a frente. Lucy não pôde deixar de notar como Anthony estava bonito. Usando um traje branco do tipo militar, ele mantinha posição ao lado de seu pai. Estava sério, concentrado. Lucy olhou para ele e sorriu e teve como resposta um leve aceno de cabeça. Ela estava se preparando para cruzar o salão e cumprimenta-lo, quando as trombetas começaram a tocar.


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