Da corte ao Altar escrita por Alanna Drumond


Capítulo 12
Capítulo 12




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— Não senhor. 

— Como bem sabe, não tivemos outros filhos... 

— Nathan, não... 

— Ele precisa saber. Vai se casar com ela. 

— Manterei discrição – tranquilizou Anthony. 

— Eu não estava querendo ficar rico. Olhe em volta, meu patrimônio é o suficiente para manter minha família e as próximas gerações confortáveis. Ontem você disse que esse acordo era um meio de garantir ainda mais riquezas. 

— Eu não quis ofender senhor... 

— Tenho certeza que não. A questão é que... – Nathan olhou para a esposa que se levantou e se aproximou da janela, ficando de costas para os cavalheiros – Lucy é nossa única filha. Mas tentamos várias vezes ter filhos antes dela nascer. Minha esposa teve seis abortos antes de Lucy nascer e quando foi anunciada a sétima gestação, nós não tínhamos nenhuma esperança. – Nathan sorriu – Mas vingou, Lucy nasceu antes da hora, mas nasceu. E ela era tão forte. Você não faz ideia. – Anthony percebeu que o futuro sogro estava revisitando o passado e não disse nada. – Quando ela nasceu, você ainda era um menino de colo. Seu pai e eu éramos os únicos condes do rei. Não havia ninguém na linha de sucessão do trono. A rainha estava grávida de George, mas ninguém sabia que seria um menino. A família dela não muito conhecida por gerar meninos. Se fosse uma menina, seu pai... ou melhor, você herdaria o trono da Inglaterra. 

— O que? 

— A corte não era tão grande assim, não havia duques, marquês ou viscondes. Era o princípio de tudo. Seu pai quis assegurar seu casamento logo que nasceu como uma medida de garantir que herdariam o trono. Ele também não tinha fé na gestação de Anastácia, e eu soube na época que ele estava tentando firmar esse mesmo acordo que firmou comigo com uma família de exportadores do norte. Eles eram muito ricos, mas não tinham título. Quando anunciei o nascimento de Lucy ele me propôs o acordo. Não foi por interesse na possibilidade da minha filha se tornar rainha... Não... Nem de longe. Foi por amor. 

— Não sabíamos se iriamos conseguir ter outro filho. – disse Anastácia que havia começado a chorar e Anthony nem havia percebido – O parto foi terrível, foi muito difícil. Eu quase morri. Você sabe que mulheres não herdam títulos. Se não conseguíssemos ter outro bebê, o condado seria dado a algum primo distante e Lucy ficaria sem nada. Não poderíamos deixa-la na miséria. Eu sei que ela poderia ter encontrado algum rapaz de família boa que quisesse se casar com ela um dia, mas era arriscado. Quando seu pai fez a proposta, vimos a oportunidade de garantir que ela não tivesse um destino ruim. Que não fosse jogada ao relento, que não ficasse sem nada. Se quiser nos chamar de interesseiros, que seja... Ela é nossa filha, nossa única filha. Ela é o nosso milagre. Depois de perder seis filhos, nós faríamos qualquer coisa para cuidar e proteger Lucy. Aceitamos o acordo. 

— Mas as coisas mudaram... - continuou Nathan - George nasceu, outros nobres surgiram... Sempre tivemos medo de que seu pai voltasse atrás e rompesse com o acordo. E na noite passada, quando ele sugeriu que não se casasse com ela, ainda mais depois do beijo que vimos... Ela seria arruinada e não teria mais nenhuma chance. Você entende agora? 

— É claro. Mas independentemente do que meu pai diga, eu ainda escolheria Lucy como minha esposa conde Kress. Eu não menti, fui totalmente sincero e verdadeiro quando eu disse que amava Lucy. E prometo ao senhor, vou cuidar de sua filha. Vou amá-la, respeitá-la e ser fiel. Sei que começamos do jeito errado e impróprio, mas espero que confie sua filha a mim e tenha certeza de farei tudo o que estiver ao meu alcance para que ela, para que nossa família seja feliz. 

— Você é diferente de seu pai, sei que fará o melhor... 

 

Anthony tinha certeza que o futuro sogro diria mais alguma coisa quando ouviram um reboliço e um grito de Lucy em seguida. 

 

— PAPAAAAAAIIIII... – eles ouviram passos pesados como se alguém estivesse correndo, e logo Lucy apareceu na escada. Ela ainda não tinha visto Anthony, parecia afobada, aflita e nervosa.

 — Papai o moço acordou... Ele parece, ah... Anthony. Que surpresa vê-lo essa hora. 

— O que eu falei sobre correr e gritar pela casa Lucy? – Anastácia repreendeu a filha. 

— Desculpe. – Lucy fez uma reverencia. 

— O que houve minha filha? 

— O moço acordou. Ele parece confuso e assustado. 

— Ora, vamos lá vê-lo. – Nathan se levantou e saiu apressado acompanhado da esposa. 

— Mamãe estava chorando? – Lucy perguntou assim que ficou a sós com Anthony.

— Creio que não – mentiu Anthony, mas era para o bem de Lucy. Não havia necessidade de deixa-la preocupada a toa. 

— É claro que não, ela nunca chora. 

— Se me permite a curiosidade, quem acordou? 

— Ah, você não vai acreditar – Lucy se sentou e fez um sinal para que ele se sentasse também no sofá da frente, mas Anthony cruzou a sala e preferiu sentar no mesmo sofá que ela. Se ela se sentiu desconfortável, não transmitiu – Ontem enquanto voltávamos do palácio vimos um homem na estrada, desacordado e ferido. Houve um grave acidente com a carruagem dele e quem o provocou não deixou pistas nem prestou socorro. Foi embora, deixando-o sozinho ao relento. 

— Londres está cada vez mais perigosa, principalmente à noite. 

— Bem, não era o local mais seguro da cidade. 

— E o homem está bem? 

— Ele tinha um corte da cabeça, parece ter sofrido uma pancada. Limpei seus ferimentos, mas não pude fazer mais nada. O médico veio vê-lo durante a noite, disse que teríamos que esperar até ele acordar para ver se ele estava bem. A pancada parece ter sido bem forte. 

— Bem então é melhor enviar um mensageiro para chamar o médico novamente. 

— Tem razão. – Lucy tocou o sino e aguardou pelo criado 

— Já jantou? 

— Ainda não. 

— Nos daria a honra de sua companhia? 

— Honra? Creio que a honra seria para mim – Lucy sorriu. – Eu fico com vocês. – a dama de companhia de Lucy, Sarah, apareceu na porta. 

— Sim milady. 

— Sarah, peça a Olívia para colocar mais um prato na mesa, Anthony jantará conosco. E por favor, peça a Gaspar para ir até a vila buscar o médico o mais rápido possível, o rapaz acordou. 

— Sim senhorita. Olívia fez um caldo para o senhorio, devo levar até o quarto de hóspedes? – Lucy não sabia responder aquela pergunta. Será que podia comer? 

— É melhor esperar o médico chegar – opinou Anthony vendo a confusão na cabeça de Lucy. 

— Sim. Se o médico demorar muito, servimos algo. Mas por hora, vamos esperar — Sarah assentiu e partiu fechando a porta atrás de si.


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