Cinderella escrita por Alina Black


Capítulo 8
Meus dois anjos


Notas iniciais do capítulo

Pov Jake



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Quando meus sentidos retornaram algo queimava em meu peito, a dor era insuportável, eu desejei mil vezes ter morrido e minha garganta seca me sufocava.

—Água...Sussurrei com dificuldades, até mesmo falar parecia algo impossível.

Senti algo macio e ao mesmo tempo frio tocando minha nuca, era como se uma pequena pedra de gelo tivesse caído sobre mim, em seguida a água molhava minha boca e institivamente eu engoli aliviando toda a sede que sentia, lentamente forcei meus olhos para que se abrissem e então vi a garota de cabelos cor de cobre e rosto de porcelana diante de mim.

Com certeza eu estava morto, e Deus realmente existia e tinha pedido a um de seus anjos para cuidar de mim.

— Oi!

A garota sussurrou com sua voz doce, enquanto afastava a caneca com água dos meus lábios.

—Eu...morri?

— Não! Ela sorriu, confesso que a muito tempo não sentia tanta paz ao ver um sorriso – Ao menos não por enquanto! Ela completou.

Tentei mover meu corpo mas senti dor, acabei deixando um gemido escapar – Bom estou a caminho da morte então...já tenho um anjo cuidando de mim.

A garota torceu os lábios e ignorou o que eu havia dito, mesmo arrebentado eu estava tentando ser gentil, fechei os olhos e logo senti algo frio sobre minha testa – Está com muita febre vou ver se consigo algum medicamento.

— Obrigado! Respondi sentindo o tecido molhado aliviar a temperatura do meu rosto, mantive os olhos fechados e o cansaço mais uma vez me dominou.

— Jake...

A voz distante chamava pelo meu nome, se tornando cada vez mais forte, eu reconhecia aquela voz e lentamente meus olhos se abriram mais uma vez.

— Leah...sussurrei

Leah sorriu sentando-se a minha frente e tocou minha testa – Meu Jay, você vai ficar bom logo, tem um anjo na terra cuidando de você.

— Eu senti tanto sua falta! Murmurei com dificuldades.

A mão de Leah deslizou pelo meu rosto e seu sorriso se alargou – Já faz muito tempo Jay! Leah falou mantendo o seu sorriso, aquele sorriso que me desarmava, que eu tanto amava – Você precisa viver!

— Eu deixei de viver quando você se foi...

— Eu sei! Ela desfez o sorriso – Mas eu não posso voltar porque não pertenço mais a esse mundo, mas tem alguém que vai te amar da forma que você merece.

— Eu sempre vou amar você! Respondi sentindo que as lagrimas começavam a me consumir.

— E eu a você, mas me prometa que vai viver.

— Não sei se posso...murmurei.

— Alguém está te devolvendo a vinda Jay, viva! Leah falou aproximando seu rosto do meu e seus lábios tocaram minha testa.

Fechei os olhos por alguns segundos e assim que os abri ela havia desaparecido.

— Leah!

Falei um pouco mais alto olhando para todos os lados do local onde eu estava, me arrastei com dificuldades e então percebi que era um celeiro, gemi alto conseguindo finalmente me sentar e me apoiei em um móvel velho e antigo mas o barulho do latir de um cachorro chamou minha atenção.

— Sério? Reclamei me apoiando sobre o móvel.

O pequeno poodle mordeu a bainha da minha calça, tentando me puxar, mas me mantive parado.

—Qual é cachorrinho! Murmurei – Eu só...só vou ao banheiro.

Ao me ouvir o poodle parou e correu em direção uma pequena porta a empurrando, franzi as sobrancelhas e lentamente caminhei até a porta, agora um cachorro estava me ajudando? Eu só podia estar realmente sonhando.

Após finalmente esvaziar a bexiga eu sai do banheiro me apoiando em tudo que via a minha frente voltando ao local onde eu estava, um pequeno colchonete no chão, me encostei na parede e deslizei lentamente até finalmente sentar.

O poodle caramelo me encarou.

— Você é minha enfermeira? Murmurei dando um sorriso, os lacinhos no poodle denunciavam que era uma cadelinha, muito inteligente por sinal.

A poodle levantou animada vindo para cima de mim e eu toquei seus pelos sorrindo em seguida ela se afastou ficando em silencio e olhou atenta para a porta do celeiro.

A porta se abriu.

—Cheguei!

A poodle correu pulando sobre a garota que conversava com ela como se a compreendesse, após por algumas sacolas sobre uma mesa ela caminhou em minha direção.

—Oi! Ela sussurrou.

— Oi! Respondi dando um leve sorriso.

— Como se sente?

— Mal! Respondi .

A menina se afastou indo novamente até a mesa e retornou com uma caneca nas mãos e mais algo que não consegui identificar de imediato.

— Precisa tomar isso! Ela falou se abaixando e aproximando-se de mim.

—O que é isso? Perguntei desconfiado.

—Precisa tomar, não vai passar mas vai aliviar! Ela respondeu colocando alguns comprimidos em minha boca e em seguida me ajudando a beber água, acabei tossindo e ela afastou a água.

—Desculpe! Murmurei.

— Tudo bem, descanse um pouco, está com fome...

—Como é seu nome? Perguntei a olhando fixamente.

— Pode me chamar de Nessie! Ela respondeu.

Apesar da dor eu sorri, achei o nome bem diferente me fazendo deduzir que ela havia omitido seu nome verdadeiro, senti dor no meu ferimento e voltei a gemer mas disfarcei – Você é muito linda para um monstro do lago Ness...

Ela rolou os olhos e me olhou de uma forma ameaçadora – Quer que eu te mande mais rápido pro céu?

— Faria isso com um pobre moribundo? A provoquei.

— Está falando a quase meia hora, já me cantou, fez piada, acho que vai sobreviver! Ela respondeu.

— Estou apenas tentando enganar a dor! Me justifiquei.

— Descanse! Ela falou me ajudando a deitar novamente e arrumou alguns lençóis debaixo da minha cabeça – Qual o seu nome? Ela perguntou.

—  Jake!

— Certo Jake, descanse! Ela sorriu e eu retribui ao sorriso fechando meus olhos, pela primeira vez desde o momento em que eu havia acordado naquele lugar senti que a dor diminuiu então acabei adormecendo.

Mas uma vez abri meus olhos e estava sozinho, olhei para meu peito e haviam gazes em meu ferimento, ela havia feito algum curativo, voltei a me sentar pensativo nas atitudes da garota desconhecida.

— Sua dona é generosa! Sussurrei para a poodle – Você se chama Honey, não é?

A Poodle levantou se aproximando e me cheirou, passei uma das mãos em seu pelo macio e sorri – Parece que você é tão gentil quanto sua dona.

A porta do celeiro se abriu e Nessie entrou, novamente colocava uma sacola sobre a mesa e caminhou em minha direção.

—Hey! Ela falou animada – Que bom que acordou.

—Preferiria não acordar! Respondi.

— Que humor! Ela respondeu pegando um prato e colocando uma maçã dentro então veio até mim, se abaixou sentando-se a minha frente enquanto descascava a fruta.

Ela era linda, tinha os cabelos em um tom acobreado e os olhos cor de chocolate, as maçãs do rosto rosadas, a olhei fixamente por alguns segundos, Nessie me lembrava alguém.

— Precisa comer alguma coisa! Ela me tirava de meu devaneio levando um pedaço de maça a minha boca, o mastiguei lentamente a olhando.

— Porque está me ajudando? Perguntei.

— Você chegou aqui ferido, não podia deixa-lo morrer! Ela respondeu me dando mais um pedaço de maçã.

Nessie não era linda somente por fora, tinha o coração mais puro o qual já havia conhecido, por outro lado era inocente, sua bondade podia lhe custar muito caro se ao invés de mim tivesse ajudado algum homem mal intencionado, por um breve momento me preocupei.

— Você realmente é um anjo! Sussurrei.

Ela cortou novamente a fruta me entregando – O que aconteceu com você?

A olhei em silencio mastigando, eu lembrava perfeitamente do que havia acontecido e as palavras daqueles homens, havia um chefe, o que significava que alguém estava tentando me matar, olhei novamente para Nessie, não podia coloca-la em perigo, ela era inocente – Eu não lembro! Respondi.

— Seja lá o que tenha acontecido você apanhou feio! Ela falou me entregando novamente um pedaço de maçã e água, assim que eu terminei me ajudou a deitar novamente.

—Descanse! Ela falou carinhosamente.

Concordei com a cabeça e fechei os olhos, mas não dormir, a garota se afastou indo para porta onde sentou ao lado da Poodle, ambas comeram juntas enquanto Nessie conversava com ela olhando para o céu.

— Você viu Honey? Mamãe sempre dizia que quando uma estrela candente aparece é porque coisas bonitas irão acontecer e por isso fazemos um pedido.

A poodle latiu e eu sorri enquanto as observava.

—Tenha certeza que sim anjo, eu prometo que coisas lindas irão acontecer! Falei em minha mente voltando a adormecer.


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