A noite foi longa, o rapaz falava coisas sem sentindo me fazendo acordar a cada cochilo que eu conseguia dar, quando os primeiros raios de sol surgiram na pequena janela do celeiro eu abri meus olhos lentamente enquanto Honey lambia meu rosto como de costume.

— Bom dia Honey! Murmurei sentando na cama, olhei para o chão próximo a minha cama e o rapaz se movia devagar, levantei rapidamente indo até ele.

— Água...Ele sussurrou com dificuldade.

Levantei as pressas e caminhei até a pequena mesa pegando uma jarra e uma caneca, enchi com água e me retornei até ele me ajoelhando ao seu lado, cuidadosamente levei a caneca aos seus lábios o ajudando a beber, uma das minhas mãos encostaram em seu rosto e pude sentir que ele estava com febre.

Então os olhos dele lentamente se abriram.

— Oi! Eu sussurrei baixinho tirando a caneca de seus lábios.

— Eu morri? Ele perguntou com a voz falha.

— Não! Respondi dando um leve sorriso – Ao menos não por enquanto.

O rapaz deu um gemido e sorriu em seguida – Bom estou a caminho da morte então! Ele deu uma pausa - Já tenho um anjo cuidando de mim.

Franzi as sobrancelhas e levantei pegando uma toalha e fui para o banheiro, após molha-la retornei colocando sobre sua testa – Está com muita febre, vou ver se consigo algum medicamento.

— Obrigado! Ele respondeu fechando novamente os olhos, acabou adormecendo.

O cobri com o lençol e levantei indo para o banheiro, após fazer minha higiene matinal e me vestir olhei para o rapaz pensando no que eu faria, tia Maeve não podia saber que tinha um homem no celeiro, também não fazia a menor ideia do porque eu estava fazendo aquilo, ele era um desconhecido, mas eu o achava lindo.

Dei o café da manhã de Honey e logo me preparei para ir para a mansão, precisava inventar uma desculpa para sair mais cedo e poder vê-lo – Honey cuida dele okay! Faleid e forma carinhosa com a poodle que latiu concordando com meu pedido -Isso boa menina! Falei dando um beijo na cachorrinha, olhei novamente para o rapaz e então sai em direção a grande casa.

Para minha sorte a bruxa Maeve e suas filhas iriam a cidade fazer compras, conhecendo as três como eu conhecia com certeza passariam o dia na cidade e só retornariam a noite, assim que elas partiram peguei alguns alimentos na dispensa e procurei por medicamentos em um armário onde mamãe sempre guardava os kits de primeiros socorros.

— Preciso de um antibiótico! Murmurei enquanto lia as embalagens dos medicamentos.

Peguei todos os medicamentos para dor ou febre e após preparar algo para comer arrumei tudo e retornei para o celeiro como sempre Honey me recebia pulando de felicidade.

— Cheguei! Falei dando um sorriso e deixando as coisas sobre a mesa, olhei na direção do rapaz e ele estava sentando encostado na parede.

—Oi! Murmurei me aproximando dele.

— Oi! Ele respondeu dando um sorriso leve.

— Como se sente?

— Mal! Ele respondeu fechando os olhos e respirou fundo.

Caminhei até a mesa e peguei os medicamentos em seguida um copo com água e novamente fui até ele me abaixando a sua frente – Precisa toma isso!

—O que é isso? Ele perguntou abrindo os olhos e olhou para minha mão.

— Precisa tomar isso, não vai passar, mas acho que vai aliviar.

Coloquei os comprimidos em sua boca e levei novamente a caneca com água o fazendo beber, ele tossiu me fazendo afastar – Desculpe! Ele murmurou.

— Tudo bem! Respondi gentilmente – Descanse um pouco, está com fome?

—Como é seu nome? Ele me interrompeu.

— Pode me chamar de Nessie! Respondi.

O rapaz sorriu novamente, mas gemeu em seguida – Você é muito linda para ser o monstro do lago Ness...

Rolei os olhos – Quer que eu te mande mais rápido pro céu?

— Faria isso com um pobre moribundo?

— Está falando a meia hora, já me cantou, fez piada, acho que você vai sobreviver! Respondi.

Ele voltou a gemer e fechou os olhos – Estou tentando enganar a dor...

— Descanse! Falei ajeitando os lençóis debaixo da cabeça dele – Como é seu nome?

— Jake! Ele murmurou.

— Certo Jake, descanse! Sussurrei me levantando, ele concordou com a cabeça e adormeceu.

Apesar dele parecer otimista o ferimento dele ainda estava aberto, fiz um curativo e ele não acordou, com certeza os medicamentos haviam o apagado, durante o resto do dia ele dormiu.

Já era finalzinho da tarde quando retornei a mansão, mas como esperado tia Maeve e as filhas não haviam chegado, peguei algumas frutas e então voltei ao celeiro, assim que cheguei Jake estava acordado conversando com Honey.

— Hey, que bom que acordou!

—Eu preferiria não acordar! Ele respondeu.

— Nossa, que mal humor! Peguei uma maçã e uma faca colocando dentro de um pequeno prato e me aproximei sentando ao seu lado – Precisa comer alguma coisa! Falei oferecendo a ele um pedaço de maça, com dificuldade ele pegou levando a boca.

— Porque está me ajudando? Ele perguntou com dificuldades.

Franzi as sobrancelhas e entreguei a ele mais um pedaço de maçã – Você chegou aqui ferido, não podia deixa-lo morrer!

Ele ficou em silencio enquanto comia mais um pedaço de maçã – Você realmente é um anjo.

— O que aconteceu com você?

Ele novamente ficou em silêncio enquanto pegava o outro pedaço de maçã que eu entregava a ele – Eu não lembro! Murmurou comendo em seguida.

— Seja lá o que tenha acontecido você apanhou feio! Falei dando um sorriso olhando o hematoma em seu rosto e levantei pegando um copo de água para ele, Jake pegou a caneca e agradeceu em seguida voltou a fechar os olhos.

Como Jake havia dormido novamente Honey e eu sentamos na porta do celeiro para mais uma noite olharmos o céu, uma estrela cadente passou e fechei os olhos fazendo um pedido.

— Você viu Honey, mamãe dizia que quando uma estrela cadente aparece é porque coisas bonitas irão acontecer, por isso fazemos um pedido a ela.

Honey latiu sentando em meu colo e acariciei seus pelos – Eu também amo você Honey! Falei sorrindo voltando a olhar as estrelas.